Você está na página 1de 6
esta de onganismo-totalizado nos leva a pensar 0 quanto tals marcas também tém estado presentes nas formulagées grupalista. [Nao podemos nos esquecer que a insttuig2o-grupo € produzida no calor da polémica individuo versus sociedade e que sew lugar de ‘ntermediario lhe d, como destino a ser cumprid, a irda tarefa de ora satisfazer a um polo, ora a outro, Perguntamo-nos se satisfizer a dois amos nao implica concess6es que impedem a construgio de uma autonomia-ruptura que pudesse afirmar wn Iugae singular. ‘Tomemos, por exemplo, a critica feita pelos psicanalistas de ‘grupo aos psicanalistas no grupo, de que esses apenas estariam realizando uma psicandlise individual, com a tnica diferenga de estacem na presenga de outras pessoas. Fernandez (1989) diz que ppoder-se-ia pensar que os primeiros, 20 tomarem 0 grupo como. destinatirio de toda interpretagio, estariam superando o eventual individualismo da outra corrente, jf que “ao tomarem 0 grupo. como um todo, haveriam resgatado a especificidade do grupo". Segundo a autora, entretanto, “interpretar 0 todo-grupo. no & sgarantia ce que esta totalidade, o grupo, tenha conseguido algura, igrau de especificdade ou particularizagio”(ibidem, p.91), Assim, nem psicandlise ne grupo, nema psicanilise de grupo teriam resolvido o dilema que mareara a emengéncia do objeto~ ‘grupo: a primeira, por se manter no polo-individuo e a segunda, por trataro grupo como otodo-sociedade, Atéai o grupo nao teria fandaclo sua especificidade. Com as experitneias lewinianas poueo também se teria avangado, pois, apesar da diferenciagso entre expetiéncia grupal e conceito de grupo, esse ainda estava marcado por um manejo peadagigico e/ou sociolbgico ao destacara consciéneia/raziio como ‘mote para a mudanga de comportamento. Esse tipo de manejo tomava o grupo como alvo do trabalho do coordenador e, como esse também era parte daquele espago-vital, era pelo grupo que as ‘modangas se dasiam. 140 Nese ponto, gostariamos de levantar um problema: Fer~ ninder diz que o to de se interpreta a totalidade do grupo io ¢arantva que essa toaldade vesse ganhado especificdade ~algo {que demarease o campo grupal como tal. Nossa questo €: no Cstaria ainda ai colocada wma ideia de grupo-todo? Buscar a ‘rupalidade como algo em si, como uma expécie de essénca, ito Significaria caminhar pelos mesmos trasados da doalidade instaurads individuo x socedade? Indvidu ers todo? E por fim, individuo versus grupo? Sigamos um pouco mais no desenho do diagrama do inconscientegrupal, que sus primerostragados (no grupo, de ‘grupo foram sufcientemente fortes para seraificarem em outras importantes elaborasdes. Bion € considerado como um dos pricanalistas que term, pela primera vez, formulado conceitos sicanaliticos vottados especificamente para a situasio grupal ‘alguns grupalistas!® consideram, por exemplo, os supostos bysicos’” como importantes operadores desse campo. ara iss, Bion se apoiou nas eonribuigdes pscanalitias de Freud, por um lado, ede M. Klein, por outro. Assim, na stuagio rapa, 0 individu reviveri ansiedades psicticas tipicas das primeins fses do desenvolvimento infant: Qualquer que ej a suposigio biscn ava, . ainvestigayo even que os elementos da siuagio éemocinal se acham to intimamentelgados a fantasias das primeitasansiedades que o grupo & ido, sempre que a pressio da ansidade se tomar grande demas, empreender uma agio defensiva Bion, 1961). Como jf assinalado, € durante a Segunda Guerra Mundial que Bion, psiquatra inglés, realiza sua primeira experiéncia com grupos. Estava em um hospital com 400 homens, segundo ele, indsciplinadose rebelde, Oconee tomar aque comunidad como paciente, considerando a atitude dos sldados como resitécia clei, Seu objetivo fi obrigar esa cletvdade a toma. consicia de suas dificuldadese conttir um grupo que tomas cspazde ato-onganizagio, Dizi que a tae do pitty neseasczcunstncas, esa de "procair homens ques epeteh 2simesmor,ocialment shustador comunidades des mancita decjoios de estar suas responsabldades tanto nap quanta ta guera” Bion, 1961), Neseaexpericin, Bion extabeleceu regulamentor de que os homens deveriam se reat em grupos pata desenolveralguma tarefa em comum © todos os das tvaliaiam as avid, em como o fancanarento dos upon O remit dest experncn desis semanas dev s Bion a primeira fundamentigbes par sa tora, jl que esses homens haviam desenvolvido um bom eit de gro, o que inca ter tum propSst commun ter um seconeciment comm; desenvaler 4 capaci de absorver novos membros reconhece o vale dos subgrupos; valorzar cada membro individualmente, por sua contrbuist ao grupo; desenvolver a capacidade de enfrentar © pa evidence moses de carter primitive que alteram o racocinio eco. O objeto do edo dos pore, eti,a investiga ds endmenon ‘que produziam ess aleragie. CConesbert 0 grupo como uma totalidade psicoligjcaeujas expresses poderam ser interpretadas pelo terapeuta, Bion mo slvige 0 grupo; limitase a interpreta os fendmenos emergentes como um acontecer global do grupo ou de partes em fungio do tod, Crt ain, wm nov amp operon ‘Na eriaglo desse campo, aspects relativos& técnica passam também a ser relevantes. Por exemplo, quando ele se refere 30 rnimero de paticipantes e a0 grau de dispersio no grupo: esses tleveriam ser em nimerolimitado apenas porque sio condigoes “que permitem aos individuosestarem expostos ao mesmo tempo 3 mesmas eircunstancias de owvirem as interpretagbes. 1850, ‘entretanto, nio possuiria sgnicagio para produgio dos fend- menos grapals. : "A atividade mental de um grupo teria dois tipos de caac- tevstieas: dum lado, aquelaschamalas manifests, as do grupo de trabalho, com eaacterstias semelbantesas do eg; de outro aquelas tm que @ atvidade de trabalho est obstruida por aspoctos mais ‘earesivos epimirios, movimentada basicamente peas emg No primeiro modo de funcionamento, o intercimbio verbal existe os indvidostendem a cooper: No segundo, emocionalidade & jntensa¢ os indi entram em uma *combingso instaninea com outros individaos segunclo um padrio estabelecido de omportamento ~ a suposigoeshiscas” (Bion, 1961). WO grup ¢ een par eiago a sida do home, A grupalidade (groupisbness) 6 uma qualidade inalienével do ser ‘jumano, Existem caracteisticas no indviduo cua sgnfieagios6 pode ser entendida quando ee esti em grupo: © sgeupo, no sentido de uma reunitio de pessoas dentro de uma sala, nfo acrescenta nada 20 individuo ou a0 conjunto de individuos, mas simplesmente revel algo que nto ¢ visivel de foutra maneira (Bion, 1961): Bion aproxima-se da ideias de McDougall quando esse refere 3s condigoes do grupo onganizado equvalentes is do Grupo de Trabalho, Nesse sentido, discorda da afirnayo de Freud acerca dda redugio da capacidade intelectual do individuo quando em grupo: iso dependeria do tipo de estrutura que o grupo estiver vivendo,sendo possvelaaividade intelectual no grupo de trabalho. Além disso, encara “o emprego freudiano do termo libido como, correto apenas para uma fase" (Bion, 1961); no caso, para o grupo) de acasalamento. Quanto ao lider, Bion diz ser, tanto ee, quanto «qualquer outro membro do grupo, uma criagto da suposiio bisica. Para tanto, presentifica-se no apenas introjegi, mas um processo simultineo de identificagio projetva. Diferencia-se, nesse cas, tanto de Le Bon ~para quem o lider deveriapossuir uma vontade forte © imponente =, quanto de Freud ~ para quem ele seria uma cspécie de hipnotizador. (ides, assim como outros paps possves de serem exercdos (bode expiatrio, rival, aliado et), aparece porque se produz uma

Você também pode gostar