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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE SUL

FACULDADE DE FARMÁCIA
DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO E CONTROLE DE MEDICAMENTOS
DISCIPLINA DE SAÚDE COLETIVA

SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE
(LEI 8.080/90; 8142/90)

Profa. Christiane
Colet
CONSTITUIÇÃO
BRASILEIRA

 Conforme o Artigo 196 da Constituição Brasileira


fica definida a obrigação de quem deve prover a
saúde no país:

“ Saúde é um direito de todos e dever do Estado,


garantido por políticas sociais e econômicas que
visem a redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário as ações
e serviços para a sua promoção, proteção e
recuperação”.
CONSTITUIÇÃO
BRASILEIRA
UNIVERSALIDADE

Regionalizado
Hierarquizado
Descentralizado

Participação Popular

EQUIDADE INTEGRALIDADE
LEI 8080/90
DISPOSIÇÕES GERAIS

(...) DAS DISPOSIÇÕES GERAIS


 
             Art.  2º  A  saúde  é  um  direito  fundamental 
do  ser   humano,  devendo  o  Estado  prover  as 
condições indispensáveis ao seu pleno exercício. 
LEI 8080/90
DISPOSIÇÕES GERAIS

§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde


consiste na formulação e execução de
políticas econômicas e sociais que visem à
redução de riscos de doenças e de outros
agravos e no estabelecimento de condições
que assegurem acesso universal e igualitário
às ações e aos serviços para a sua promoção,
proteção e recuperação.
LEI 8080/90
OBJETIVOS

I  –  a  identificação  e  divulgação  dos  fatores 


condicionantes e determinantes da saúde;

II  –  a  formulação  de  política  de  saúde  destinada  a 


promover,  nos  campos  econômico  e  social,  a 
observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei;

III  –  a  assistência  às  pessoas  por  intermédio  de 


ações  de  promoção,  proteção  e  recuperação  da 
saúde,  com  a  realização  integrada  das  ações 
assistenciais e das atividades preventivas.
LEI 8080/90
CAMPOS DE ATUAÇÃO DO SUS

I – a execução de ações:
a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
c) de saúde do trabalhador; e
d)  de  assistência  terapêutica  integral,  inclusive 
farmacêutica;

II  –  a  participação  na  formulação  da  política  e  na 


execução de ações de saneamento básico;

III – a ordenação da formação de recursos humanos 
na área de saúde;
LEI 8080/90
CAMPOS DE ATUAÇÃO DO SUS

VI  –  a  formulação  da  política  de  medicamentos, 


equipamentos,  imunobiológicos  e  outros  insumos  de 
interesse  para  a  saúde  e  a  participação  na  sua 
produção;

VII – o controle e a fiscalização de serviços, produtos 
e substâncias de interesse para a saúde;

VIII – a fiscalização e a inspeção de alimentos, água 
e bebidas para consumo humano;
LEI 8080/90
PRINCIPIOS E DIRETRIZES

I - universalidade

II - integralidade de assistência 

III – preservação da autonomia das


pessoas na defesa de sua integridade
física e moral
LEI 8080/90
PRINCIPIOS E DIRETRIZES

IV – igualdade da assistência à saúde,


sem preconceitos ou privilégios de
qualquer espécie

V – direito à informação, às pessoas


assistidas, sobre sua saúde

VI – divulgação de informações quanto


ao potencial dos serviços de saúde e a
sua utilização pelo usuário 
LEI 8080/90
PRINCIPIOS E DIRETRIZES

VII – utilização da epidemiologia para o


estabelecimento de prioridades, a
alocação de recursos e a orientação
programática

VIII – participação da comunidade

IX–descentralização político-
administrativa
LEI 8080/90
PRINCIPIOS E DIRETRIZES

X – integração em nível executivo das


ações de saúde, meio ambiente e
saneamento básico 

XI – conjugação dos recursos


financeiros, tecnológicos, materiais e
humanos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios na
prestação de serviços de assistência à
saúde da população
LEI 8080/90
PRINCIPIOS E DIRETRIZES

XII – capacidade de resolução dos


serviços em todos os níveis de
assistência 

XIII – organização dos serviços


públicos de modo a evitar duplicidade
de meios para fins idênticos.
LEI 8080/90
DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO

Art. 8º  As  ações  e  serviços  de  saúde, 


executados  pelo  Sistema  Único  de  Saúde 
(SUS),  seja  diretamente  ou  mediante 
participação  complementar  da  iniciativa 
privada,  serão  organizados  de  forma 
regionalizada  e  hierarquizada  em  níveis  de 
complexidade crescente.
LEI 8080/90
DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO

Art. 9º  A  direção  do  Sistema  Único  de 


Saúde (SUS) é única:
I – União, pelo Ministério da Saúde;
II  –  no  âmbito  dos  Estados  e  do  Distrito 
Federal,  pela  respectiva  Secretaria  de 
Saúde ou órgão equivalente; e
III  –  no  âmbito  dos  Municípios,  pela 
respectiva  Secretaria  de  Saúde  ou  órgão 
equivalente
LEI 8080/90
DO FUNCIONAMENTO

Art. 21.  A  assistência  à  saúde  é  livre  à 


iniciativa privada.

Art. 22.  Na  prestação  de  serviços  privados 


de assistência à saúde, serão observados os
princípios éticos e as normas expedidas pelo 
órgão  de  direção  do  Sistema  Único  de 
Saúde-SUS  quanto  às  condições  para  seu 
funcionamento.
LEI 8080/90
PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR

Art. 24.  Quando  as  suas  disponibilidades 


forem  insuficientes  para  garantir  a 
cobertura  assistencial  à  população  de  uma 
determinada  área,  o  Sistema  Único  de 
Saúde  poderá  recorrer  aos  serviços 
ofertados pela iniciativa privada.
LEI 8080/90
RECURSOS

Art. 31.  O  orçamento  da  Seguridade  Social 


destinará  ao  Sistema  Único  de  Saúde,  de 
acordo  com  a  receita  estimada,  os  recursos 
necessários  à  realização  de  suas  finalidades, 
previstos  em  propostas  elaborada  pela  sua 
direção  nacional,  com  a  participação  dos 
órgãos  de  previdência  social  e  da  assistência 
social,  tendo  em  vista  as  metas  e  prioridades 
estabelecidas  na  Lei  de  Diretrizes 
Orçamentárias.
LEI 8080/90
GESTÃO FINANCEIRA

Art. 33.  Os  recursos  financeiros  do 


Sistema Único de Saúde serão depositados 
em  conta  especial,  em  cada  esfera  de  sua 
atuação,  e  movimentados  sob  fiscalização 
dos respectivos conselhos de saúde.
LEI 8080/90
GESTÃO FINANCEIRA

Art. 35.  Para  o  estabelecimento  de  valores  a  serem  transferidos  a 


Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combinação dos 
seguintes critérios, segundo análise técnica de programas e projetos:
I - perfil demográfico da região;
II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
III  -  características  quantitativas  e  qualitativas  da  rede  de  saúde  na 
área;
IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período anterior;
V  -  níveis  de  participação  do  setor  saúde  nos  orçamentos  estaduais  e 
municipais;
VI - previsão do plano qüinqüenal de investimentos da rede;
VII  -  ressarcimento  do  atendimento  a  serviços  prestados  para  outras 
esferas de governo.
LEI 8142/90

Dispõe  sobre  a  participação  da 


comunidade  na  gestão  do
Sistema Único de Saúde – SUS e sobre as 
transferências  intergovernamentais
de recursos financeiros na área de saúde e 
outras providências 
LEI 8142/90

•  O Conselho de Saúde, em caráter permanente e 
deliberativo,  órgão  colegiado  composto  por 
representantes  do  governo,  prestadores  de 
serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na 
formulação  de  estratégias  e  no  controle  da 
execução  da  política  de  saúde  na  instância 
correspondente, inclusive nos aspectos econômicos 
e  financeiros,  cujas  decisões  serão  homologadas 
pelo  chefe  do  poder  legalmente  constituído  em 
cada esfera de governo.
LEI 8142/90

Art. 4 Para  receberem  os  recursos  de  que  trata  o  art.  3º 
desta  Lei,  os  municípios,  os  estados  e  o  Distrito  Federal 
deverão contar com:
•  Fundo de Saúde;
•   Conselho  de  Saúde,  com  composição  paritária  de  acordo 
com o Decreto nº 99.438 de 7 de agosto de 1990.
•  Plano de Saúde ;
•  relatórios de gestão que permitam o controle de que trata 
o  §  4º  do  art.  33  da  Lei  nº  8.080  de  19  de  setembro  de 
1990;
•   contrapartida  de  recursos  para  a  saúde  no  respectivo 
orçamento;
•   Comissão  de  elaboração  do  Plano  de  Carreira,  Cargos  e 
Salários  (PCCS),  pre-visto  o  prazo  de  dois  anos  para  sua 
implantação.
QUESTÕES ATUAIS

Judicialização do processo de saúde


1
Medicamentos de alto custo

Uso de medicamentos off label

Exemplo: bevacizumabe
QUESTÕES ATUAIS

 Planos de saúde x SUS


QUESTÕES ATUAIS
2

ARTIGO – SITE MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Decisões judiciais afetam equidade na distribuição de medicamentos, dizem


especialistas
Decisões judiciais obrigando o Poder Público a fornecer medicamentos caros e não
incluídos na relação de fármacos básicos do Sistema Único de Saúde (SUS) ou na
relação de medicamentos registrados na Anvisa, vêm impedindo os estados de cumprir
adequadamente os planos de distribuição de medicamentos mediante observância dos
princípios da universalidade e equidade.

Atendimentos individuais caros prejudicam a assistência universalizada de populações


vítimas de doenças endêmicas como hanseníase, malária e tuberculose, por exemplo.

Revisão dos protocolos clínicos (elemento preferencial nas decisões).


QUESTÕES ATUAIS
ARTIGO – SITE MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Problemas no RS
-Entendimento engessado da legislação
-Procuradoria Geral do Rio Grande do Sul não contesta as ações em que são demandados medicamentos excepcionais
prescritos de acordo com os protocolos do Ministério da Saúde. Entretanto, segundo ela, a maioria das ações judiciais
propostas no país reclamando o fornecimento de medicamentos excepcionais não observa esses protocolos.
-No RS, em 2008, 41% do orçamento daquele órgão são gastos com a política de assistência farmacêutica. Há, segundo
tais dados, 87.966 pacientes atendidos pela via administrativa e 20.497 pela via judicial.
- Ela ressaltou que, na via judicial, apenas 14,31% dos processos envolvem demanda de medicamentos especiais e 9,4%
de excepcionais, prescritos de acordo com os protocolos do Ministério da Saúde, que são os medicamentos cujo
fornecimento compete ao estado. Enquanto isso, 76,23% das demandas judiciais contra o estado abrangem medicamentos
que não são de sua competência, sendo que 18,25% são relativas a medicamentos prescritos em desacordo com os
protocolos clínicos e 46,84% a produtos que não são fornecidos pelo SUS, entre eles medicamentos importados e sem
registro na Anvisa.
Em razão das decisões judiciais, o estado é obrigado a fornecer 3.300 apresentações farmacêuticas, das quais somente
cerca de 500 fazem parte dos elencos atendidos administrativamente e 2.800 são fornecidos por força de decisões judiciais,
em antecipação de tutela para fornecimento em 48 ou 72 horas, sob pena de bloqueio de verbas orçamentárias.
Ela propôs que só seja permitido o acesso a medicamento pela via judicial quando o produto for registrado na Anvisa e que,
fora da lista do SUS ou com registro na Anvisa, só se determine o fornecimento em casos muito excepcionais e somente em
sentença final.
QUESTÕES ATUAIS

CASO HEPATITE C

A prevalência da hepatite viral crônica C no Brasil é estimada em 1% da


população geral. A população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), era de 186.770.562 de pessoas em julho de
2006. Portanto, cerca de 1.867.706 delas possuem o vírus da hepatite C por esta
aproximação. Supondo-se que o SUS trate 25% (466.927) dessas pessoas com
o medicamento interferon peguilado e como o tratamento deve ser feito com a
aplicação de 180 mcg, uma vez por semana durante 48 semanas e, o preço da
seringa preenchida de 180 mcg é de R$ 1.107,49,5 o custo estimado é de 24,8
bilhões de reais. Se esta situação tivesse acontecido, este valor corresponderia a
64% do gasto total executado pelo Ministério da Saúde em 2006 (38,8 bilhões de
reais). Ou seja, dois terços do orçamento federal da saúde seriam gastos para a
oferta de um único produto farmacêutico com cobertura de 0,25% da população.
QUESTÕES ATUAIS
3

REGRAS PARA ACESSO JUDICIAL A MEDICAMENTOS

As listas de medicamentos fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e protocolos de


usos das drogas são questionáveis e permitem contestações judiciais que busquem o
financiamento de remédios não previstos no sistema público. Foi o entendimento do Supremo
Tribunal Federal (STF) na primeira vez em que a corte se manifestou após promover, em maio,
audiência pública sobre o acesso à saúde e a judicialização do setor - o aumento de ações
judiciais para obtenção de insumos, terapias e medicamentos não fornecidos pelo SUS.

A corte decidiu não atender reivindicações para limitar o acesso a remédios por via judicial. Mas
enfatizou, porém, que “deverá ser privilegiado o tratamento fornecido pelo SUS em detrimento de
opção diversa escolhida pelo paciente sempre que não for comprovada a ineficácia ou a
impropriedade da política de saúde existente”.

“Como ressaltado pelo próprio ministro da Saúde na audiência pública, há necessidade de revisão
periódica dos protocolos existentes e de elaboração de novos protocolos. Assim, não se pode afirmar
que os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas do SUS são inquestionáveis, o que permite sua
contestação judicial”, anotou o presidente do STF, Gilmar Mendes, ao determinar que um
medicamento não coberto pelo SUS fosse fornecido a um paciente. Três decisões do ministro
favoráveis aos pacientes foram divulgadas no site do STF no último sábado.

FONTE: Estado de S. Paulo


QUESTÕES ATUAIS
4

ENTREVISTA COM LORE LAMB (ASSESSORA TÉCNICA DO CONSELHO NACIONAL DE


SECRETÁRIOS DE SAÚDE)

Em primeiro lugar, no SUS não é possível que você disponibilize medicamentos para os quais
você não tem evidências cientificas suficientes. Eles têm que ser seguros e eficazes.
Preferencialmente, o fornecimento tem que ter por base protocolos clínicos e diretrizes
terapêuticas que sejam elaborados pelos gestores, com base na melhor evidência, mas que
sejam submetidos à consulta publica que permitam a participação da sociedade cientifica e
até civil, para que o Ministério da Saúde possa responder aceitando ou não as sugestões que
vêm da sociedade.

Outra questão é fazer com que os pacientes que tenham iniciado seus tratamentos e tenham
tido acesso a tratamentos mediante estudos clínicos, tenham assegurado o seu tratamento
posterior pela própria indústria farmacêutica. É muito comum que pacientes participem de
estudos clínicos e trabalhos clínicos, e a industria, depois, larga esses pacientes e, para
continuarem seus tratamentos, venham para a área publica demandando que o fornecimento
seja feito pelo gestor. Isso não é justo; ao menos enquanto esse medicamento não tenha sido
incorporado oficialmente para fornecimento pelo SUS.

Deve ser feita na academia maior divulgação de como o SUS se estrutura, quais as suas
normas, etc. Eu acho que, muitas vezes, deixamos de lado a figura central da questão da
judicialização que é o prescritor. Sem prescrição não há judicialização.
QUESTÕES ATUAIS
5

NOTICIA RBS NOTICIAS – 20/10/2009

GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO

PRONTO ATENDIMENTO

GRANDE PORTO ALEGRE

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