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APOSTILA NOÇÕES DE DIREITO

CONCURSO TRT 19ª REGIÃO 2008

SUMÁRIO

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Constituição Federal...............................................................................................................................2

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Atos Administrativos..............................................................................................................................27
Exercícios..............................................................................................................................................41
Regime Jurídico dos Servidores Públicos.............................................................................................57
Processo Administrativo........................................................................................................................66

NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO


CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas..........................................................................................72

FONTES................................................................................................................................................91

Editado por: Alex Rodrigues


Junho/2008
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============================================= estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL – CF/88 à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
============================================= propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,
nos termos desta Constituição;
TÍTULO I II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela desumano ou degradante;
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e anonimato;
tem como fundamentos: V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
I - a soberania; agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
II - a cidadania; imagem;
III - a dignidade da pessoa humana; VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
V - o pluralismo político. garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o a suas liturgias;
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
nos termos desta Constituição. assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva;
Art. 2º São Poderes da União, independentes e VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
Judiciário. invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
Federativa do Brasil: científica e de comunicação, independentemente de
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; censura ou licença;
II - garantir o desenvolvimento nacional; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
desigualdades sociais e regionais; pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
discriminação. em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
relações internacionais pelos seguintes princípios: comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
I - independência nacional; telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
II - prevalência dos direitos humanos; hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
III - autodeterminação dos povos; investigação criminal ou instrução processual penal;
IV - não-intervenção; XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
V - igualdade entre os Estados; profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
VI - defesa da paz; estabelecer;
VII - solução pacífica dos conflitos; XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
IX - cooperação entre os povos para o progresso da exercício profissional;
humanidade; XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de
X - concessão de asilo político. paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
a integração econômica, política, social e cultural dos povos XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
da América Latina, visando à formação de uma locais abertos ao público, independentemente de
comunidade latino-americana de nações. autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
TÍTULO II XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
Dos Direitos e Garantias Fundamentais vedada a de caráter paramilitar;
CAPÍTULO I XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
interferência estatal em seu funcionamento;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão
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judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
julgado; jurídico perfeito e a coisa julgada;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
permanecer associado; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
XXI - as entidades associativas, quando expressamente organização que lhe der a lei, assegurados:
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados a) a plenitude de defesa;
judicial ou extrajudicialmente; b) o sigilo das votações;
XXII - é garantido o direito de propriedade; c) a soberania dos veredictos;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para contra a vida;
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
por interesse social, mediante justa e prévia indenização pena sem prévia cominação legal;
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Constituição; XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade direitos e liberdades fundamentais;
competente poderá usar de propriedade particular, XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
dano; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de
desde que trabalhada pela família, não será objeto de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua como crimes hediondos, por eles respondendo os
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
financiar o seu desenvolvimento; omitirem;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; constitucional e o Estado Democrático;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
a) a proteção às participações individuais em obras podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
inclusive nas atividades desportivas; sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico do patrimônio transferido;
das obras que criarem ou de que participarem aos XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações entre outras, as seguintes:
sindicais e associativas; a) privação ou restrição da liberdade;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais b) perda de bens;
privilégio temporário para sua utilização, bem como c) multa;
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, d) prestação social alternativa;
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo e) suspensão ou interdição de direitos;
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico XLVII - não haverá penas:
e econômico do País; a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
XXX - é garantido o direito de herança; termos do Art. 84, XIX;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no b) de caráter perpétuo;
País será regulada pela lei brasileira em benefício do c) de trabalhos forçados;
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja d) de banimento;
mais favorável a lei pessoal do "de cujus"; e) cruéis;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
consumidor; distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos sexo do apenado;
informações de seu interesse particular, ou de interesse XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob física e moral;
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo L - às presidiárias serão asseguradas condições para que
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; possam permanecer com seus filhos durante o período de
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do amamentação;
pagamento de taxas: LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
defesa de direitos e esclarecimento de situações de LII - não será concedida extradição de estrangeiro por
interesse pessoal; crime político ou de opinião;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
lesão ou ameaça a direito; pela autoridade competente;
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LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens a) para assegurar o conhecimento de informações relativas
sem o devido processo legal; à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e de dados de entidades governamentais ou de caráter
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e público;
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
meios ilícitos; LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público
julgado de sentença penal condenatória; ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
pública, se esta não for intentada no prazo legal; LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário,
social o exigirem; assim como o que ficar preso além do tempo fixado na
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por sentença;
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou forma da lei:
crime propriamente militar, definidos em lei; a) o registro civil de nascimento;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se b) a certidão de óbito;
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e
competente e à família do preso ou à pessoa por ele "habeas-data", e, na forma da lei, os atos necessários ao
indicada; exercício da cidadania.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assegurados a razoável duração do processo e os meios
assistência da família e de advogado; que garantam a celeridade de sua tramitação.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias
por sua prisão ou por seu interrogatório policial; fundamentais têm aplicação imediata.
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
autoridade judiciária; não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem República Federativa do Brasil seja parte.
fiança; § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do humanos que forem aprovados, em cada Casa do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que emendas constitucionais.
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" CAPÍTULO II
ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade DOS DIREITOS SOCIAIS
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho,
Público; a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
impetrado por: desamparados, na forma desta Constituição.
a) partido político com representação no Congresso
Nacional; Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
b) organização sindical, entidade de classe ou associação além de outros que visem à melhoria de sua condição
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos social:
um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou I - relação de emprego protegida contra despedida
associados; arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a complementar, que preverá indenização compensatória,
falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dentre outros direitos;
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; involuntário;
LXXII - conceder-se-á "habeas-data": III - fundo de garantia do tempo de serviço;
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IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
de sua família com moradia, alimentação, educação, idade, cor ou estado civil;
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a
social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; deficiência;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
do trabalho; técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
convenção ou acordo coletivo; insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os menores de dezesseis anos, salvo na condição de
que percebem remuneração variável; aprendiz, a partir de quatorze anos;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
integral ou no valor da aposentadoria; vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
sua retenção dolosa; IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da sua integração à previdência social.
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão
da empresa, conforme definido em lei; Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
XII - salário-família pago em razão do dependente do observado o seguinte:
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
compensação de horários e a redução da jornada, intervenção na organização sindical;
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; II - é vedada a criação de mais de uma organização
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
coletiva; será definida pelos trabalhadores ou empregadores
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos interessados, não podendo ser inferior à área de um
domingos; Município;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, judiciais ou administrativas;
um terço a mais do que o salário normal; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do tratando de categoria profissional, será descontada em
salário, com a duração de cento e vinte dias; folha, para custeio do sistema confederativo da
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; representação sindical respectiva, independentemente da
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante contribuição prevista em lei;
incentivos específicos, nos termos da lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo a sindicato;
no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio negociações coletivas de trabalho;
de normas de saúde, higiene e segurança; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado
XXIII - adicional de remuneração para as atividades nas organizações sindicais;
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a
XXIV - aposentadoria; partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até
o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré- um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
escolas; grave nos termos da lei.
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
de trabalho; organização de sindicatos rurais e de colônias de
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do
empregador, sem excluir a indenização a que este está Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações sobre os interesses que devam por meio dele defender.
de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
após a extinção do contrato de trabalho; da comunidade.
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§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira,
penas da lei. ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como
condição para permanência em seu território ou para o
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e exercício de direitos civis;
empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
seus interesses profissionais ou previdenciários sejam Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República
objeto de discussão e deliberação. Federativa do Brasil.
§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
assegurada a eleição de um representante destes com a § 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento poderão ter símbolos próprios.
direto com os empregadores.
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO III DOS DIREITOS POLÍTICOS
DA NACIONALIDADE
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
Art. 12. São brasileiros: universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
I - natos: todos, e, nos termos da lei, mediante:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda I - plebiscito;
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a II - referendo;
serviço de seu país; III - iniciativa popular.
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe § 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
República Federativa do Brasil; II - facultativos para:
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de a) os analfabetos;
mãebrasileira, desde que sejam registrados em repartição b) os maiores de setenta anos;
brasileira competente ou venham a residir na República c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois § 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros
de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; e, durante o período do serviço militar obrigatório, os
II - naturalizados: conscritos.
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade § 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
brasileira, exigidas aos originários de países de língua I - a nacionalidade brasileira;
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e II - o pleno exercício dos direitos políticos;
idoneidade moral; III - o alistamento eleitoral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos V - a filiação partidária;
ininterruptos e sem condenação penal, desde que VI - a idade mínima de:
requeiram a nacionalidade brasileira. a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no República e Senador;
País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os Estado e do Distrito Federal;
casos previstos nesta Constituição. c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos d) dezoito anos para Vereador.
nesta Constituição. § 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: § 5º O Presidente da República, os Governadores de
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão
III - de Presidente do Senado Federal; ser reeleitos para um único período subseqüente.
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; § 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
V - da carreira diplomática; República, os Governadores de Estado e do Distrito
VI - de oficial das Forças Armadas. Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
VII - de Ministro de Estado da Defesa mandatos até seis meses antes do pleito.
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do § 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
brasileiro que: cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal,
II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
estrangeira; eletivo e candidato à reeleição.
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§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após
condições: divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar- apresentados e publicados na forma da lei.
se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
pela autoridade superior e, se eleito, passará e aos Municípios:
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de seus representantes relações de dependência ou aliança,
proteger a probidade administrativa, a moralidade para ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse
exercício de mandato considerada vida pregressa do público;
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições II - recusar fé aos documentos públicos;
contra a influência do poder econômico ou o abuso do III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre
exercício de função, cargo ou emprego na administração si.
direta ou indireta.
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da CAPÍTULO II
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do DA UNIÃO
poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em Art. 20. São bens da União:
segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a
se temerária ou de manifesta má-fé. ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja fronteiras, das fortificações e construções militares, das
perda ou suspensão só se dará nos casos de: vias federais de comunicação e à preservação ambiental,
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada definidas em lei;
em julgado; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
II - incapacidade civil absoluta; terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
durarem seus efeitos; estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou como os terrenos marginais e as praias fluviais;
prestação alternativa, nos termos do Art. 5º, VIII; IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
V - improbidade administrativa, nos termos do Art. 37, § 4º. outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
que ocorra até um ano da data de sua vigência. público e a unidade ambiental federal, e as referidas no Art.
26, II;
V - os recursos naturais da plataforma continental e da
TÍTULO III zona econômica exclusiva;
Da Organização do Estado VI - o mar territorial;
CAPÍTULO I VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
Art. 18. A organização político-administrativa da República X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o arqueológicos e pré-históricos;
Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
termos desta Constituição. § 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao
§ 1º - Brasília é a Capital Federal. Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da
§ 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua administração direta da União, participação no resultado da
criação, transformação em Estado ou reintegração ao exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos
Estado de origem serão reguladas em lei complementar. para fins de geração de energia elétrica e de outros
§ 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir- recursos minerais no respectivo território, plataforma
se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou
formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante compensação financeira por essa exploração.
aprovação da população diretamente interessada, através § 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de
de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como
complementar. faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o do território nacional, e sua ocupação e utilização serão
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, reguladas em lei.
dentro do período determinado por Lei Complementar
Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante Art. 21. Compete à União:
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I - manter relações com Estados estrangeiros e participar XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano,
de organizações internacionais; inclusive habitação, saneamento básico e transportes
II - declarar a guerra e celebrar a paz; urbanos;
III - assegurar a defesa nacional; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que nacional de viação;
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele XXII - executar os serviços de polícia marítima,
permaneçam temporariamente; aeroportuária e de fronteiras;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de
intervenção federal; qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
material bélico; industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
VII - emitir moeda; derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar a) toda atividade nuclear em território nacional somente
as operações de natureza financeira, especialmente as de será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do
crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e Congresso Nacional;
de previdência privada; b) sob regime de permissão, são autorizadas a
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de comercialização e a utilização de radioisótopos para a
ordenação do território e de desenvolvimento econômico e pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
social; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção,
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, igual ou inferior a duas horas;
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe
nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos da existência de culpa;
serviços, a criação de um órgão regulador e outros XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
aspectos institucionais; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, da atividade de garimpagem, em forma associativa.
concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
imagens; I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
aproveitamento energético dos cursos de água, em II - desapropriação;
articulação com os Estados onde se situam os potenciais III - requisições civis e militares, em caso de iminente
hidroenergéticos; perigo e em tempo de guerra;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
aeroportuária; radiodifusão;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre V - serviço postal;
portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
transponham os limites de Estado ou Território; metais;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de
internacional de passageiros; valores;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; VIII - comércio exterior e interestadual;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério IX - diretrizes da política nacional de transportes;
Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
Territórios; aérea e aeroespacial;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o XI - trânsito e transporte;
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; XIV - populações indígenas;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão
geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional; de estrangeiros;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de XVI - organização do sistema nacional de emprego e
diversões públicas e de programas de rádio e televisão; condições para o exercício de profissões;
XVII - conceder anistia; XVII - organização judiciária, do Ministério Público e da
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios,
calamidades públicas, especialmente as secas e as bem como organização administrativa destes;
inundações; XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de geologia nacionais;
recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
seu uso; poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
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XXI - normas gerais de organização, efetivos, material II - orçamento;
bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias III - juntas comerciais;
militares e corpos de bombeiros militares; IV - custas dos serviços forenses;
XXII - competência da polícia federal e das polícias V - produção e consumo;
rodoviária e ferroviária federais; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
XXIII - seguridade social; defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; ambiente e controle da poluição;
XXV - registros públicos; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; turístico e paisagístico;
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
as modalidades, para as administrações públicas diretas, consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito histórico, turístico e paisagístico;
Federal e Municípios, obedecido o disposto no Art. 37, XXI, IX - educação, cultura, ensino e desporto;
e para as empresas públicas e sociedades de economia X - criação, funcionamento e processo do juizado de
mista, nos termos do Art. 173, § 1°, III; pequenas causas;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa XI - procedimentos em matéria processual;
marítima, defesa civil e mobilização nacional; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XXIX - propaganda comercial. XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras
Estados a legislar sobre questões específicas das matérias de deficiência;
relacionadas neste artigo. XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do civis.
Distrito Federal e dos Municípios: § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
instituições democráticas e conservar o patrimônio público; § 2º - A competência da União para legislar sobre normas
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
garantia das pessoas portadoras de deficiência; § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de Estados exercerão a competência legislativa plena, para
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as atender a suas peculiaridades.
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
de obras de arte e de outros bens de valor histórico, contrário.
artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação
e à ciência; CAPÍTULO VII
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
qualquer de suas formas; Seção I
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; DISPOSIÇÕES GERAIS
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o
abastecimento alimentar; Art. 37. A administração pública direta e indireta de
IX - promover programas de construção de moradias e a qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
melhoria das condições habitacionais e de saneamento Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
básico; legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
X - combater as causas da pobreza e os fatores de eficiência e, também, ao seguinte:
marginalização, promovendo a integração social dos I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
setores desfavorecidos; aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
minerais em seus territórios; aprovação prévia em concurso público de provas ou de
XII - estabelecer e implantar política de educação para a provas e títulos, de acordo com a natureza e a
segurança do trânsito. complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do III - o prazo de validade do concurso público será de até
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito convocação, aquele aprovado em concurso público de
Federal legislar concorrentemente sobre: provas ou de provas e títulos será convocado com
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou
urbanístico; emprego, na carreira;
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V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em científico;
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em de saúde, com profissões regulamentadas;
lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e
assessoramento; funções e abrange autarquias, fundações, empresas
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias,
associação sindical; e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos poder público;
limites definidos em lei específica; XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e precedência sobre os demais setores administrativos, na
definirá os critérios de sua admissão; forma da lei;
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia
determinado para atender a necessidade temporária de e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade
excepcional interesse público; de economia mista e de fundação, cabendo à lei
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
que trata o § 4º do Art. 39 somente poderão ser fixados ou atuação;
alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a
em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na criação de subsidiárias das entidades mencionadas no
mesma data e sem distinção de índices; inciso anterior, assim como a participação de qualquer
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, delas em empresa privada;
funções e empregos públicos da administração direta, XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos obras, serviços, compras e alienações serão contratados
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos mediante processo de licitação pública que assegure
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos igualdade de condições a todos os concorrentes, com
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em técnica e econômica indispensáveis à garantia do
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, cumprimento das obrigações.
aplicando-se como li-mite, nos Municípios, o subsídio do XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados,
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do carreiras específicas, terão recursos prioritários para a
Poder Legislativo e o sub-sídio dos Desembargadores do realização de suas atividades e atuarão de forma integrada,
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e inclusive com o compartilhamento de cadastros e de
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
espécie, dos Ministros do Supremo Tri-bunal Federal, no § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos educativo, informativo ou de orientação social, dela não
Defensores Públicos; podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos servidores públicos.
pelo Poder Executivo; § 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de responsável, nos termos da lei.
pessoal do serviço público; § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor na administração pública direta e indireta, regulando
público não serão computados nem acumulados para fins especialmente:
de concessão de acréscimos ulteriores; I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços
e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa
nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, e interna, da qualidade dos serviços;
II, 153, III, e 153, § 2º, I; II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos informações sobre atos de governo, observado o disposto
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de no Art. 5º, X e XXXIII;
horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso III - a disciplina da representação contra o exercício
XI. negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
a) a de dois cargos de professor; administração pública.
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§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a III - investido no mandato de Vereador, havendo
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de
a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
penal cabível. compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção
ações de ressarcimento. por merecimento;
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de
privado prestadoras de serviços públicos responderão afastamento, os valores serão determinados como se no
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem exercício estivesse.
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao Seção II
ocupante de cargo ou emprego da administração direta e DOS SERVIDORES PÚBLICOS
indireta que possibilite o acesso a informações
privilegiadas. Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos Municípios instituirão, no âmbito de sua competência,
órgãos e entidades da administração direta e indireta regime jurídico único e planos de carreira para os
poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre servidores da administração pública direta, das autarquias
seus administradores e o poder público, que tenha por e das fundações públicas.
objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
entidade, cabendo à lei dispor sobre: componentes do sistema remuneratório observará:
I - o prazo de duração do contrato; I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, dos cargos componentes de cada carreira;
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; II - os requisitos para a investidura;
III - a remuneração do pessoal. III - as peculiaridades dos cargos.
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos
Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de cursos um dos requisitos para a promoção na carreira,
pessoal ou de custeio em geral. facultada, para isso, a celebração de convênios ou
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de contratos entre os entes federados.
aposentadoria decorrentes do Art. 40 ou dos arts. 42 e 142 § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, disposto no Art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII,
ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do
declarados em lei de livre nomeação e exoneração. cargo o exigir.
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
em seu âmbito, mediante emenda às respectivas representação ou outra espécie remuneratória, obedecido,
Constituições e Lei Or gânica, como limite único, o subsídio em qualquer caso, o disposto no Art. 37, X e XI.
mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto em qualquer caso, o disposto no Art. 37, XI.
neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
Distritais e dos Vereadores. publicarão anualmente os valores do subsídio e da
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, remuneração dos cargos e empregos públicos.
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
aplicam-se as seguintes disposições: Municípios disciplinará a aplicação de recursos
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou orçamentários provenientes da economia com despesas
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
sua remuneração; modernização, reaparelhamento e racionalização do
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serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão
prêmio de produtividade. por morte, que será igual:
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido,
em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. até o limite máximo estabelecido para os benefícios do
regime geral de previdência social de que trata o Art. 201,
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, limite, caso aposentado à data do óbito; ou
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no
regime de previdência de caráter contributivo e solidário, cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
mediante contribuição do respectivo ente público, dos máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados previdência social de que trata o Art. 201, acrescido de
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso
disposto neste artigo. em atividade na data do óbito.
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
de que trata este artigo serão aposentados, calculados os preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ conforme critérios estabelecidos em lei.
3º e 17: § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou
I - por invalidez permanente, sendo os proventos municipal será contado para efeito de aposentadoria e o
proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se tempo de serviço correspondente para efeito de
decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou disponibilidade.
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com contagem de tempo de contribuição fictício.
proventos proporcionais ao tempo de contribuição; § 11 - Aplica-se o limite fixado no Art. 37, XI, à soma total
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes
dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem
anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, como de outras atividades sujeitas a contribuição para o
observadas as seguintes condições: regime geral de previdência social, e ao montante
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, resultante da adição de proventos de inatividade com
se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de remuneração de cargo acumulável na forma desta
contribuição, se mulher; Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de
tempo de contribuição. previdência dos servidores públicos titulares de cargo
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a fixados para o regime geral de previdência social.
remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração
para a concessão da pensão. bem como de outro cargo temporário ou de emprego
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por público, aplica-se o regime geral de previdência social.
ocasião da sua concessão, serão consideradas as § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os
remunerações utilizadas como base para as contribuições Municípios, desde que instituam regime de previdência
do servidor aos regimes de previdência de que tratam este complementar para os seus respectivos servidores titulares
artigo e o Art. 201, na forma da lei. de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime
diferenciados para a concessão de aposentadoria aos de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, os benefícios do regime geral de previdência social de que
ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, trata o Art. 201.
os casos de servidores: § 15. O regime de previdência complementar de que trata o
I portadores de deficiência; § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder
II que exerçam atividades de risco; Executivo, observado o disposto no Art. 202 e seus
III cujas atividades sejam exercidas sob condições parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. fechadas de previdência complementar, de natureza
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição pública, que oferecerão aos respectivos participantes
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no planos de benefícios somente na modalidade de
§ 1º, III, "a", para o professor que comprove exclusivamente contribuição definida.
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
educação infantil e no ensino fundamental e médio. disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos que tiver ingressado no serviço público até a data da
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada publicação do ato de instituição do correspondente regime
a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do de previdência complementar.
regime de previdência previsto neste artigo.
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§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do
o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente Distrito Federal e dos Territórios.
atualizados, na forma da lei. § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que lei, as disposições do Art. 14, § 8º; do Art. 40, § 9º; e do
trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido Art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica
para os benefícios do regime geral de previdência social de dispor sobre as matérias do Art. 142, § 3º, inciso X, sendo
que trata o Art. 201, com percentual igual ao estabelecido as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
para os servidores titulares de cargos efetivos. governadores.
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito
completado as exigências para aposentadoria voluntária Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em específica do respectivo ente estatal.
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente
ao valor da sua contribuição previdenciária até completar
as exigências para aposentadoria compulsória contidas no TÍTULO IV
§ 1º, II. Da Organização dos Poderes
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime CAPÍTULO II
próprio de previdência social para os servidores titulares de DO PODER EXECUTIVO
cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do Seção I
respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA
disposto no Art. 142, § 3º, X. REPÚBLICA
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da
de pensão que superem o dobro do limite máximo República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o Art. 201 desta Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da
Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro
portador de doença incapacitante. domingo de outubro, em primeiro turno, e no último
domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os anterior ao do término do mandato presidencial vigente.
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em § 1º - A eleição do Presidente da República importará a do
virtude de concurso público. Vice-Presidente com ele registrado.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: § 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato que,
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de
II - mediante processo administrativo em que lhe seja votos, não computados os em branco e os nulos.
assegurada ampla defesa; § 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na
III - mediante procedimento de avaliação periódica de primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada após a proclamação do resultado, concorrendo os dois
ampla defesa. candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor que obtiver a maioria dos votos válidos.
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da § 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer
vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem morte, desistência ou impedimento legal de candidato,
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior
em disponibilidade com remuneração proporcional ao votação.
tempo de serviço. § 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores,
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com
servidor estável ficará em disponibilidade, com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo. Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é tomarão posse em sessão do Congresso Nacional,
obrigatória a avaliação especial de desempenho por prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a
comissão instituída para essa finalidade. Constituição, observar as leis, promover o bem geral do
povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a
independência do Brasil.
Seção III Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada
DOS SERVIDORES PÚBLICOS para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este
FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS será declarado vago.

Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento,
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.
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Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
outras atribuições que lhe forem conferidas por lei necessário, dos órgãos instituídos em lei;
complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas,
convocado para missões especiais. nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice- para os cargos que lhes são privativos;
Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-
Federal e o do Supremo Tribunal Federal. Geral da República, o presidente e os diretores do banco
central e outros servidores, quando determinado em lei;
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice- XV - nomear, observado o disposto no Art. 73, os Ministros
Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias do Tribunal de Contas da União;
depois de aberta a última vaga. XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do Constituição, e o Advogado-Geral da União;
período presidencial, a eleição para ambos os cargos será XVII - nomear membros do Conselho da República, nos
feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso termos do Art. 89, VII;
Nacional, na forma da lei. XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar Conselho de Defesa Nacional;
o período de seus antecessores. XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas,
anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente,
da sua eleição. a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não Congresso Nacional;
poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
do País por período superior a quinze dias, sob pena de XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
perda do cargo. que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou
nele permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o
Seção II projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de
Das Atribuições do Presidente da República orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as
República: contas referentes ao exercício anterior;
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a forma da lei;
direção superior da administração federal; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos termos do Art. 62;
previstos nesta Constituição; XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem Constituição.
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel Parágrafo único. O Presidente da República poderá
execução; delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
VI - dispor, mediante decreto, sobre: Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
a) organização e funcionamento da administração federal, União, que observarão os limites traçados nas respectivas
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou delegações.
extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar Seção III
seus representantes diplomáticos; Da Responsabilidade do Presidente da República
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais,
sujeitos a referendo do Congresso Nacional; Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; Presidente da República que atentem contra a Constituição
X - decretar e executar a intervenção federal; Federal e, especialmente, contra:
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso I - a existência da União;
Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder
expondo a situação do País e solicitando as providências Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
que julgar necessárias; constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
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IV - a segurança interna do País; Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de
V - a probidade na administração; consulta do Presidente da República, e dele participam:
VI - a lei orçamentária; I - o Vice-Presidente da República;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei III - o Presidente do Senado Federal;
especial, que estabelecerá as normas de processo e IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
julgamento. Deputados;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da VI - o Ministro da Justiça;
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e
ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente
Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois
Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções: três anos, vedada a recondução.
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou
queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do sobre:
processo pelo Senado Federal. I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o II - as questões relevantes para a estabilidade das
julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento instituições democráticas.
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do § 1º - O Presidente da República poderá convocar Ministro
processo. de Estado para participar da reunião do Conselho, quando
§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas constar da pauta questão relacionada com o respectivo
infrações comuns, o Presidente da República não estará Ministério.
sujeito a prisão. § 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu Conselho da República.
mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos
ao exercício de suas funções.
Subseção II
Do Conselho de Defesa Nacional
Seção IV
DOS MINISTROS DE ESTADO Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de
consulta do Presidente da República nos assuntos
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre relacionados com a soberania nacional e a defesa do
brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos Estado democrático, e dele participam como membros
direitos políticos. natos:
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de I - o Vice-Presidente da República;
outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos III - o Presidente do Senado Federal;
órgãos e entidades da administração federal na área de IV - o Ministro da Justiça;
sua competência e referendar os atos e decretos assinados V - o Ministro de Estado da Defesa;
pelo Presidente da República; VI - o Ministro das Relações Exteriores;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e VII - o Ministro do Planejamento.
regulamentos; VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual Aeronáutica.
de sua gestão no Ministério; § 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de
forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da celebração da paz, nos termos desta Constituição;
República. II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do
estado de sítio e da intervenção federal;
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de III - propor os critérios e condições de utilização de áreas
Ministérios e órgãos da administração pública. indispensáveis à segurança do território nacional e opinar
sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e
nas relacionadas com a preservação e a exploração dos
Seção V recursos naturais de qualquer tipo;
DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de
DEFESA NACIONAL iniciativas necessárias a garantir a independência nacional
Subseção I e a defesa do Estado democrático.
Do Conselho da República § 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do
Conselho de Defesa Nacional.
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V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores
CAPÍTULO III corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio
DO PODER JUDICIÁRIO mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal
Seção I Federal e os subsídios dos demais magistrados serão
DISPOSIÇÕES GERAIS fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual,
conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser
I - o Supremo Tribunal Federal; superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem
I-A o Conselho Nacional de Justiça; exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal
II - o Superior Tribunal de Justiça; dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; dependentes observarão o disposto no Art. 40;
VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal autorização do tribunal;
e Territórios. VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão
Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do
Federal. Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa;
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores VIIIA a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de
têm jurisdição em todo o território nacional. comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao
disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso II;
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob
observados os seguintes princípios: pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
substituto, mediante concurso público de provas e títulos, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique
todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no o interesse público à informação;
mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, X as decisões administrativas dos tribunais serão
nas nomeações, à ordem de classificação; motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
por antigüidade e merecimento, atendidas as seguintes XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco
normas: julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros,
vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de para o exercício das atribuições administrativas e
merecimento; jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno,
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra
exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira metade por eleição pelo tribunal pleno;
quinta parte da lista de antigüidade desta, salvo se não XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado
houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau,
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e funcionando, nos dias em que não houver expediente
pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no forense normal, juízes em plantão permanente;
exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será
em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva
d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente poderá população;
recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois XIV os servidores receberão delegação para a prática de
terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e atos de administração e atos de mero expediente sem
assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar- caráter decisório;
se a indicação; XV a distribuição de processos será imediata, em todos os
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver graus de jurisdição.
autos em seu poder além do prazo legal, não podendo
devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão; Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
antigüidade e merecimento, alternadamente, apurados na Territórios será composto de membros, do Ministério
última ou única entrância; Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados
IV previsão de cursos oficiais de preparação, de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a lista sêxtupla pelos órgãos de representação das
participação em curso oficial ou reconhecido por escola respectivas classes.
nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados;
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Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do
formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do
nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus Ministério Público, nos crimes comuns e de
integrantes para nomeação. responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral.
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus
após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, membros ou dos membros do respectivo órgão especial
nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei
estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial ou ato normativo do Poder Público.
transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os
na forma do Art. 93, VIII; Estados criarão:
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou
arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. togados e leigos, competentes para a conciliação, o
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: julgamento e a execução de causas cíveis de menor
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou complexidade e infrações penais de menor potencial
função, salvo uma de magistério; ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo,
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o
participação em processo; julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro
III - dedicar-se à atividade político-partidária. grau;
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; de quatro anos e competência para, na forma da lei,
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do impugnação apresentada, o processo de habilitação e
cargo por aposentadoria ou exoneração. exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional,
além de outras previstas na legislação.
Art. 96. Compete privativamente: § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados
I - aos tribunais: especiais no âmbito da Justiça Federal.
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos § 2º As custas e emolumentos serão destinados
internos, com observância das normas de processo e das exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às
garantias processuais das partes, dispondo sobre a atividades específicas da Justiça.
competência e o funcionamento dos respectivos órgãos
jurisdicionais e administrativos; Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos administrativa e financeira.
juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da § 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas
atividade correicional respectiva; orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
de juiz de carreira da respectiva jurisdição; § 2º - O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros
d) propor a criação de novas varas judiciárias; tribunais interessados, compete:
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo
títulos, obedecido o disposto no Art. 169, Parágrafo único, Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a
os cargos necessários à administração da Justiça, exceto aprovação dos respectivos tribunais;
os de confiança assim definidos em lei; II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a
membros e aos juízes e servidores que lhes forem aprovação dos respectivos tribunais.
imediatamente vinculados; § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo
e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
respectivo, observado o disposto no Art. 169: Executivo considerará, para fins de consolidação da
a) a alteração do número de membros dos tribunais proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei
inferiores; orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos estipulados na forma do § 1º deste artigo.
seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem § 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo
vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus forem encaminhadas em desacordo com os limites
membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá
onde houver; aos ajustes necessários para fins de consolidação da
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; proposta orçamentária anual.
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; § 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não
poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
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obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal
de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente Federal serão nomeados pelo Presidente da República,
autorizadas, mediante a abertura de créditos depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
suplementares ou especiais. Senado Federal.

Art. 100. à exceção dos créditos de natureza alimentícia, Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão I - processar e julgar, originariamente:
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato
precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
designação de casos ou de pessoas nas dotações constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este b) nas infrações penais comuns, o Presidente da
fim. República, o Vice-Presidente- Presidente, os membros do
§ 1º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o
de direito público, de verba necessária ao pagamento de Procurador-Geral da República;
seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, c) nas infrações penais comuns e nos crimes de
constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º responsabilidade, os Ministros de Estado e os
de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
seguinte, quando terão seus valores atualizados ressalvado o disposto no Art. 52, I, os membros dos
monetariamente. Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e
§ 1º-A Os débitos de natureza alimentícia compreendem os chefes de missão diplomática de caráter permanente;
aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das
pensões e suas complementações, benefícios pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de
previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da
fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentença República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do
transitada em julgado. Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
§ 2º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Tribunal Federal;
Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo
determinar o pagamento segundo as possibilidades do internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o
depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e Território;
exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a
de precedência, o seqüestro da quantia necessária à União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive
satisfação do débito. as respectivas entidades da administração indireta;
§ 3º O disposto no caput deste artigo, relativamente à g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
expedição de precatórios, não se aplica aos pagamentos i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior
de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou
a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à
fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de
§ 4º São vedados a expedição de precatório complementar crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
ou suplementar de valor pago, bem como fracionamento, j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
repartição ou quebra do valor da execução, a fim de que l) a reclamação para a preservação de sua competência e
seu pagamento não se faça, em parte, na forma garantia da autoridade de suas decisões;
estabelecida no § 3º deste artigo e, em parte, mediante m) a execução de sentença nas causas de sua
expedição de precatório. competência originária, facultada a delegação de
§ 5º A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto atribuições para a prática de atos processuais;
no § 3º deste artigo, segundo as diferentes capacidades n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam
das entidades de direito público. direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais
§ 6º O Presidente do Tribunal competente que, por ato da metade dos membros do tribunal de origem estejam
comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;
liquidação regular de precatório incorrerá em crime de o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de
responsabilidade. Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores,
ou entre estes e qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de
Seção II inconstitucionalidade;
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma
regulamentadora for atribuição do Presidente da República,
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do
Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas
cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos
notável saber jurídico e reputação ilibada.
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Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da
Federal; União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra
o Conselho Nacional do Ministério Público; Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício
II - julgar, em recurso ordinário: ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos
a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas- seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
data" e o mandado de injunção decididos em única constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua
instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em
decisão; relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
b) o crime político; administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou
decididas em única ou última instância, quando a decisão cancelamento, na forma estabelecida em lei.
recorrida: § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e
a) contrariar dispositivo desta Constituição; a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em a administração pública que acarrete grave insegurança
face desta Constituição. jurídica e relevante multiplicação de processos sobre
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. questão idêntica.
§ 1.º A argüição de descumprimento de preceito § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a
fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser
pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. provocada por aqueles que podem propor a ação direta de
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo inconstitucionalidade.
Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a
vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja
esferas federal, estadual e municipal. proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá caso."
demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de
de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente quinze membros com mais de trinta e cinco e menos de
podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de sessenta e seis anos de idade, com mandato de dois anos,
seus membros. Art. 103. Podem propor a ação direta de admitida uma recondução, sendo:
inconstitucionalidade e a ação declaratória de I - um Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo
constitucionalidade: respectivo tribunal;
I - o Presidente da República; II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado
II - a Mesa do Senado Federal; pelo respectivo tribunal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara pelo respectivo tribunal;
Legislativa do Distrito Federal; IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; pelo Supremo Tribunal Federal;
VI - o Procurador-Geral da República; V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Federal;
Brasil; VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo
VIII - partido político com representação no Congresso Superior Tribunal de Justiça;
Nacional; VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito Justiça;
nacional. VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado
§ 1º - O Procurador-Geral da República deverá ser pelo Tribunal Superior do Trabalho;
previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do
em todos os processos de competência do Supremo Trabalho;
Tribunal Federal. X - um membro do Ministério Público da União, indicado
§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de pelo Procurador-Geral da República;
medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido
ciência ao Poder competente para a adoção das pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes
providências necessárias e, em se tratando de órgão indicados pelo órgão competente de cada instituição
administrativo, para fazê-lo em trinta dias. estadual;
§ 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato Ordem dos Advogados do Brasil;
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XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e
ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro de correição geral;
pelo Senado Federal. III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes
§ 1º O Conselho será presidido pelo Ministro do Supremo atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais,
Tribunal Federal, que votará em caso de empate, ficando inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.
excluído da distribuição de processos naquele tribunal. § 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da
§ 2º Os membros do Conselho serão nomeados pelo República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem
Presidente da República, depois de aprovada a escolha dos Advogados do Brasil.
pela maioria absoluta do Senado Federal. § 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios,
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas criará ouvidorias de justiça, competentes para receber
neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal reclamações e denúncias de qualquer interessado contra
Federal. membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do Nacional de Justiça.
cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-
lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas
pelo Estatuto da Magistratura: Seção III
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir
atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no
recomendar providências; mínimo, trinta e três Ministros.
II - zelar pela observância do Art. 37 e apreciar, de ofício Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de
ou mediante provocação, a legalidade dos atos Justiça serão nomeados pelo Presidente da República,
administrativos praticados por membros ou órgãos do dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de
Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e
prazo para que se adotem as providências necessárias ao reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela
exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
Tribunal de Contas da União; I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais
III - receber e conhecer das reclamações contra membros e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de
ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio
serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de Tribunal;
serviços notariais e de registro que atuem por delegação do II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e
poder público ou oficializados, sem prejuízo da membros do Ministério Público Federal, Estadual, do
competência disciplinar e correicional dos tribunais, Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na
podendo avocar processos disciplinares em curso e forma do Art. 94.
determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria
com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
serviço e aplicar outras sanções administrativas, I - processar e julgar, originariamente:
assegurada ampla defesa; a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do
IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os
contra a administração pública ou de abuso de autoridade; desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas
disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais
menos de um ano; Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do
VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de
processos e sentenças prolatadas, por unidade da Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União
Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; que oficiem perante tribunais;
VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato
julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do
País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for
ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou
abertura da sessão legislativa. quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição,
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército
função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça
distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, Eleitoral;
além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais,
da Magistratura, as seguintes: ressalvado o disposto no Art. 102, I, "o", bem como entre
I receber as reclamações e denúncias, de qualquer tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes
interessado, relativas aos magistrados e aos serviços vinculados a tribunais diversos;
judiciários;
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e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de
julgados; sessenta e cinco anos, sendo:
f) a reclamação para a preservação de sua competência e I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de
garantia da autoridade de suas decisões; efetiva atividade profissional e membros do Ministério
g) os conflitos de atribuições entre autoridades Público Federal com mais de dez anos de carreira;
administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades II - os demais, mediante promoção de juízes federais com
judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do mais de cinco anos de exercício, por antigüidade e
Distrito Federal, ou entre as deste e da União; merecimento, alternadamente.
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma § 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos
regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou Tribunais Regionais Federais e determinará sua jurisdição
autoridade federal, da administração direta ou indireta, e sede.
excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal § 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça
Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, itinerante, com a realização de audiências e demais
da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
de exequatur às cartas rogatórias; públicos e comunitários.
II - julgar, em recurso ordinário: § 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar
a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, em todas as fases do processo.
quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos I - processar e julgar, originariamente:
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os
denegatória a decisão; da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério
organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município Público da União, ressalvada a competência da Justiça
ou pessoa residente ou domiciliada no País; Eleitoral;
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados
única ou última instância, pelos Tribunais Regionais seus ou dos juízes federais da região;
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra
e Territórios, quando a decisão recorrida: ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de federal;
lei federal; e) os conflitos de competência entre juízes federais
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja vinculados ao Tribunal;
atribuído outro tribunal. II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da
de Justiça: competência federal da área de sua jurisdição.
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção I - as causas em que a União, entidade autárquica ou
na carreira; empresa pública federal forem interessadas na condição de
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça
Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
central do sistema e com poderes correicionais, cujas II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo
decisões terão caráter vinculante. internacional e Município ou pessoa domiciliada ou
residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União
Seção IV com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
FEDERAIS detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de
suas entidades autárquicas ou empresas públicas,
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: excluídas as contravenções e ressalvada a competência da
I - os Tribunais Regionais Federais; Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
II - os Juízes Federais. V - os crimes previstos em tratado ou convenção
internacional, quando, iniciada a execução no País, o
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na reciprocamente;
respectiva região e nomeados pelo Presidente da
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V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere III - Juizes do Trabalho.
o § 5º deste artigo;
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á
casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com
ordem econômico-financeira; mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos,
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua nomeados pelo Presidente da República após aprovação
competência ou quando o constrangimento provier de pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de
outra jurisdição; efetiva atividade profissional e membros do Ministério
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo
ato de autoridade federal, excetuados os casos de exercício, observado o disposto no Art. 94;
competência dos tribunais federais; II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados
ressalvada a competência da Justiça Militar; pelo próprio Tribunal Superior.
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de § 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior
estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o do Trabalho.
"exequatur", e de sentença estrangeira, após a § 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
homologação, as causas referentes à nacionalidade, I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
inclusive a respectiva opção, e à naturalização; Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras
XI - a disputa sobre direitos indígenas. funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e
§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas promoção na carreira;
na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa,
aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do
naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central
à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
Distrito Federal.
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho,
foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição,
em que forem parte instituição de previdência social e atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o
segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do respectivo Tribunal Regional do Trabalho.
juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá
permitir que outras causas sejam também processadas e Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura,
julgadas pela justiça estadual. jurisdição, competência, garantias e condições de exercício
§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível dos órgãos da Justiça do Trabalho.
será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de
jurisdição do juiz de primeiro grau. Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, julgar:
o Procurador-Geral da República, com a finalidade de I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de entes de direito público externo e da administração pública
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal
Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior e dos Municípios;
Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou II as ações que envolvam exercício do direito de greve;
processo, incidente de deslocamento de competência para III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos,
a Justiça Federal. entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e
empregadores;
Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas
constituirá uma seção judiciária que terá por sede a data , quando o ato questionado envolver matéria sujeita à
respectiva Capital, e varas localizadas segundo o sua jurisdição;
estabelecido em lei. V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e trabalhista, ressalvado o disposto no Art. 102, I, o;
as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
juízes da justiça local, na forma da lei. decorrentes da relação de trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrativas
impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização
Seção V das relações de trabalho;
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais
previstas no Art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais,
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: decorrentes das sentenças que proferir;
I - o Tribunal Superior do Trabalho; IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho,
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; na forma da lei.
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§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre
eleger árbitros. os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação
coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital
comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza de cada Estado e no Distrito Federal.
econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o § 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de I - mediante eleição, pelo voto secreto:
proteção ao trabalho, bem como as convencionadas a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal
anteriormente. de Justiça;
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo
possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Tribunal de Justiça;
Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na
competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo,
de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se Regional Federal respectivo;
de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois
respectiva região, e nomeados pelo Presidente da juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e
República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
sessenta e cinco anos, sendo: § 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de e o Vice-Presidente- dentre os desembargadores.
efetiva atividade profissional e membros do Ministério
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e
exercício, observado o disposto no Art. 94; competência dos tribunais, dos juízes de direito e das
II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por juntas eleitorais.
antigüidade e merecimento, alternadamente. § 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas
itinerante, com a realização de audiências e demais funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas
funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da garantias e serão inamovíveis.
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos § 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo
públicos e comunitários. justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em
fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça número igual para cada categoria.
em todas as fases do processo. § 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior
Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as
Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de
por um juiz singular. segurança.
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais
somente caberá recurso quando:
Seção VI I - forem proferidas contra disposição expressa desta
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS Constituição ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: mais tribunais eleitorais;
I - o Tribunal Superior Eleitoral; III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de
II - os Tribunais Regionais Eleitorais; diplomas nas eleições federais ou estaduais;
III - os Juízes Eleitorais; IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de
IV - as Juntas Eleitorais. mandatos eletivos federais ou estaduais;
V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança,
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no "habeas-data" ou mandado de injunção.
mínimo, de sete membros, escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Seção VII
Federal; DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de
Justiça; Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes I - o Superior Tribunal Militar;
dentre seis advogados de notável saber jurídico e II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal
Federal. Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da
Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do República, depois de aprovada a indicação pelo Senado
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Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente
quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do
oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto litígio.
mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo
Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta CAPÍTULO IV
e cinco anos, sendo: DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e Seção I
conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade DO MINISTÉRIO PÚBLICO
profissional;
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente,
membros do Ministério Público da Justiça Militar. essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe
a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os interesses sociais e individuais indisponíveis.
crimes militares definidos em lei. § 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
funcionamento e a competência da Justiça Militar. § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia
funcional e administrativa, podendo, observado o disposto
no Art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e
Seção VIII extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS por concurso público de provas ou de provas e títulos, a
política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados sobre sua organização e funcionamento.
os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta
§ 1º - A competência dos tribunais será definida na orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
Constituição do Estado, sendo a lei de organização diretrizes orçamentárias.
judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. § 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará,
ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a para fins de consolidação da proposta orçamentária anual,
atribuição da legitimação para agir a um único órgão. os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º.
Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, § 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for
em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos encaminhada em desacordo com os limites estipulados na
de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes
Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em necessários para fins de consolidação da proposta
que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. orçamentária anual.
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar § 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não
os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei
ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do autorizadas, mediante a abertura de créditos
posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. suplementares ou especiais.
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar
processar e julgar, singularmente, os crimes militares Art. 128. O Ministério Público abrange:
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos I - o Ministério Público da União, que compreende:
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, a) o Ministério Público Federal;
sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os b) o Ministério Público do Trabalho;
demais crimes militares. c) o Ministério Público Militar;
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a II - os Ministérios Públicos dos Estados.
fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça § 1º - O Ministério Público da União tem por chefe o
em todas as fases do processo. Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com da República dentre integrantes da carreira, maiores de
a realização de audiências e demais funções da atividade trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para
servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. mandato de dois anos, permitida a recondução.
§ 2º - A destituição do Procurador-Geral da República, por
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida
Justiça proporá a criação de varas especializadas, com de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
competência exclusiva para questões agrárias.
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§ 3º - Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de
Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de
integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para suas manifestações processuais;
escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde
Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a
permitida uma recondução. representação judicial e a consultoria jurídica de entidades
§ 4º - Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito públicas.
Federal e Territórios poderão ser destituídos por § 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações
deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
forma da lei complementar respectiva. mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição
§ 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja e na lei.
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, § 2º As funções do Ministério Público só podem ser
estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir
cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do
membros: chefe da instituição.
I - as seguintes garantias: § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo mediante concurso público de provas e títulos, assegurada
perder o cargo senão por sentença judicial transitada em a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua
julgado; realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo,
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas
mediante decisão do órgão colegiado competente do nomeações, a ordem de classificação.
Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o
membros, assegurada ampla defesa; disposto no Art. 93.
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do Art. 39, § § 5º A distribuição de processos no Ministério Público será
4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, imediata.
III, 153, § 2º, I;
II - as seguintes vedações: Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção
honorários, percentagens ou custas processuais; pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura.
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra compõe-se de quatorze membros nomeados pelo
função pública, salvo uma de magistério; Presidente da República, depois de aprovada a escolha
e) exercer atividade político-partidária; pela maioria absoluta do Senado Federal, para um
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou I o Procurador-Geral da República, que o preside;
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. II quatro membros do Ministério Público da União,
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o assegurada a representação de cada uma de suas
disposto no Art. 95, Parágrafo único, V. carreiras;
III três membros do Ministério Público dos Estados;
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
forma da lei; V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos Ordem dos Advogados do Brasil;
serviços de relevância pública aos direitos assegurados VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro
sua garantia; pelo Senado Federal.
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente Público serão indicados pelos respectivos Ministérios
e de outros interesses difusos e coletivos; Públicos, na forma da lei.
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o
representação para fins de intervenção da União e dos controle da atuação administrativa e financeira do Ministério
Estados, nos casos previstos nesta Constituição; Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus
V - defender judicialmente os direitos e interesses das membros, cabendolhe:
populações indígenas; I zelar pela autonomia funcional e administrativa do
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares,
de sua competência, requisitando informações e no âmbito de sua competência, ou recomendar
documentos para instruí-los, na forma da lei complementar providências;
respectiva; II zelar pela observância do Art. 37 e apreciar, de ofício ou
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos
forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da
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União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou § 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a
fixar prazo para que se adotem as providências representação da União cabe à Procuradoria-Geral da
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.
competência dos Tribunais de Contas;
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito
órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso
inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da dependerá de concurso público de provas e títulos, com a
competência disciplinar e correicional da instituição, participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas
podendo avocar processos disciplinares em curso, as suas fases, exercerão a representação judicial e a
determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.
com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é
serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada estabilidade após três anos de efetivo
assegurada ampla defesa; exercício, mediante avaliação de desempenho perante os
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos órgãos próprios, após relatório circunstanciado das
disciplinares de membros do Ministério Público da União ou corregedorias.
dos Estados julgados há menos de um ano;
V elaborar relatório anual, propondo as providências que Seção III
julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no DA ADVOCACIA E DA DEFENSORIA PÚBLICA
País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a
mensagem prevista no Art. 84, XI. Art. 133. O advogado é indispensável à administração da
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério exercício da profissão, nos limites da lei.
Público que o integram, vedada a recondução, competindo-
lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pela lei, Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à
as seguintes: função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação
I receber reclamações e denúncias, de qualquer jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados,
interessado, relativas aos membros do Ministério Público e na forma do Art. 5º, LXXIV.)
dos seus serviços auxiliares; § 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá
correição geral; normas gerais para sua organização nos Estados, em
III requisitar e designar membros do Ministério Público, cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante
delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de concurso público de provas e títulos, assegurada a seus
órgãos do Ministério Público. integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.
Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
Ministério Público, competentes para receber reclamações proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na
e denúncias de qualquer interessado contra membros ou lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto
órgãos do Ministério Público, inclusive contra seus serviços no Art. 99, § 2º.
auxiliares, representando diretamente ao Conselho
Nacional do Ministério Público. Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras
disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão
remunerados na forma do Art. 39, § 4º.
Seção II
DA ADVOCACIA PÚBLICA ***

Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que,


diretamente ou através de órgão vinculado, representa a
União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos
termos da lei complementar que dispuser sobre sua
organização e funcionamento, as atividades de consultoria
e assessoramento jurídico do Poder Executivo.
§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o
Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo
Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta
e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da
instituição de que trata este artigo far-se-á mediante
concurso público de provas e títulos.
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============================================= Ato administrativo é toda manifestação unilateral de
ATOS ADMINISTRATIVOS vontade da Administração Pública que, agindo nessa
HELY LOPES MEIRELLES qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
============================================= transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
obrigações aos administrados ou a si própria.
Condição primeira para o surgimento do ato
Introdução administrativo é que a Administração aja nessa qualidade,
usando de sua supremacia de Poder Público, visto que
Trata-se de uma compilação com a finalidade de algumas vezes nivela-se ao particular e o ato perde a
facilitar o estudo da matéria, extraída do livro DIREITO característica administrativa, igualando-se ao ato jurídico
ADMINISTRATIVO BRASILEIRO, de Hely Lopes Meirelles, privado; a segunda é que contenha manifestação de
atualizada em sua 18ª edição por Eurico de Andrade vontade apta a produzir efeitos jurídicos para os
Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel Burle administrados, para a própria Administração ou para seus
Filho. servidores; a terceira é que provenha de agente
Este resumo serve para os estudantes em geral, competente, com finalidade pública e revestindo forma
tanto aqueles que são acadêmicos quanto aqueles que legal.
estão à procura de conhecimentos suficientes para a Por aí se vê que o ato administrativo típico é
aprovação em concursos. sempre manifestação volitiva da Administração, no
desempenho de suas funções de Poder Público, visando a
produzir algum efeito jurídico, o que o distingue do fato
Atos administrativos administrativo, que, em si, é atividade pública material,
(Conceitos e características; requisitos; Classificações; desprovida de conteúdo de direito.
Espécies de atos administrativos; Motivação dos atos Fato administrativo é toda realização material da
administrativos; Revogação e anulação dos atos Administração em cumprimento de alguma decisão
administrativos) administrativa, tal como a construção de uma ponte, a
instalação de um serviço público etc. O fato administrativo,
A Administração Pública realiza sua função como materialização da vontade administrativa, é dos
executiva por meio de atos jurídicos que recebem a domínios da técnica e só reflexamente interessa ao Direito,
denominação especial de atos administrativos. Tais atos, em razão das conseqüências jurídicas que dele possam
por sua natureza, conteúdo e forma, diferenciam-se dos advir para a Administração e para os administrados.
que emanam do Legislativo (leis) e do Judiciário (decisões O exame do ato administrativo revela nitidamente a
judiciais), quando desempenham suas atribuições existência de cinco requisitos necessários à sua formação,
específicas de legislação e de jurisdição. a saber: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
Temos, assim, na atividade pública geral, três Tais componentes, pode-se dizer, constituem a infra-
categorias de atos inconfundíveis entre si: atos legislativos, estrutura do ato administrativo, seja ele vinculado ou
atos judiciais e atos administrativos. discricionário, simples ou complexo, de império ou de
A prática de atos administrativos cabe, em principio gestão.
e normalmente, aos órgãos executivos, mas as autoridades Além destes componentes, merecem apreciação,
judiciárias e as Mesas legislativas também os praticam pelas implicações com a eficácia de certos atos, o mérito
restritamente, quando ordenam seus próprios serviços, administrativo e o procedimento administrativo, elementos
dispõem sobre seus servidores ou expedem instruções que, embora não integrem sua contextura, concorrem para
sobre matéria de sua privativa competência. Esses atos sua formação e validade.
são tipicamente administrativos, embora provindos de Para a prática do ato administrativo a competência
órgãos judiciários ou de corporações legislativas, e, como é a condição primeira de sua validade. Nenhum ato -
tais, se sujeitam a revogação ou a anulação no âmbito discricionário ou vinculado - pode ser realizado validamente
interno ou pelas vias judiciais, como os demais atos sem que o agente disponha de poder legal para praticá-lo.
administrativos do Executivo. Entende-se por competência administrativa o poder
Feitas estas considerações gerais, veremos o atribuído ao agente da Administração para o desempenho
conceito e requisitos do ato administrativo. específico de suas funções. A competência resulta da lei e
O conceito de ato administrativo é por ela é delimitada. Todo ato emanado de agente
fundamentalmente o mesmo do ato jurídico, do qual se incompetente, ou realizado além do limite de que dispõe a
diferencia como uma categoria informada pela finalidade autoridade incumbida de sua prática, é inválido, por lhe
pública. Segundo a lei civil, é ato jurídico todo aquele que faltar um elemento básico de sua perfeição, qual seja, o
tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, poder jurídico para manifestar a vontade da Administração.
modificar ou extinguir direitos (CC, Art. 81). Outro requisito necessário ao ato administrativo é a
Partindo desta definição legal, podemos conceituar finalidade, ou seja, o objetivo de interesse público a atingir.
o ato administrativo com os mesmos elementos fornecidos Não se compreende ato administrativo sem fim público. A
pela Teoria Geral do Direito, acrescentando-se, apenas, a finalidade é, assim, elemento vinculado de todo ato
finalidade pública que é própria da espécie e distinta do administrativo - discricionário ou regrado - porque o Direito
gênero ato jurídico, como acentuam os administrativistas Positivo não admite ato administrativo sem finalidade
mais autorizados. pública ou desviado de sua finalidade específica.
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O revestimento exteriorizador do ato administrativo falar em mérito, visto que toda a atuação do Executivo se
constitui requisito vinculado e imprescindível à sua resume no atendimento das imposições legais. Em tais
perfeição, chamado de Forma. Enquanto a vontade dos casos a conduta do administrador confunde-se com a do
particulares pode manifestar-se livremente, a da juiz na aplicação da lei, diversamente do que ocorre nos
Administração exige procedimentos especiais e forma legal atos discricionários, em que, além dos elementos sempre
para que se expresse validamente. Daí podermos afirmar vinculados (competência, finalidade e forma), outros
que, se, no Direito Privado, a liberdade da forma do ato existem (motivo e objeto), em relação aos quais a
jurídico é regra, no Direito Público é exceção. Todo ato Administração decide livremente, e sem possibilidade de
administrativo é, em princípio, formal. E compreende-se correção judicial, salvo quando seu proceder caracterizar
essa exigência, pela necessidade que tem o ato excesso ou desvio de poder.
administrativo de ser contrasteado com a lei e aferido, O que convém reter é que o mérito administrativo
freqüentemente, pela própria Administração e até pelo tem sentido próprio e diverso do mérito processual e só
judiciário, para verificação de sua validade. abrange os elementos não vinculados do ato da
Impõe-se, neste caso, distinguir a forma do ato do Administração, ou seja, aqueles que admitem uma
procedimento administrativo, A forma é o revestimento valoração da eficiência, oportunidade, conveniência e
material do ato; o procedimento é o conjunto de operações justiça. No mais, ainda que se trate de poder discricionário
exigidas para sua perfeição. Assim, para uma concorrência da Administração, o ato pode ser revisto e anulado pelo
há um procedimento que se inicia com o edital e se finda judiciário, desde que, sob o rótulo de mérito administrativo,
com a adjudicação da obra ou do serviço: e há um ato se aninhe qualquer ilegalidade resultante de abuso ou
adjudicatório que se concretiza, afinal, pela forma desvio de poder.
estabelecida em lei. O procedimento é dinâmico; a forma é A Administração Pública pode praticar atos ou
estática. celebrar contratos em regime de Direito Privado (Civil ou
O motivo ou causa é a situação de direito ou de Comercial), no desempenho normal de suas atividades. Em
fato que determina ou autoriza a realização do ato tais casos ela se nivela ao particular, abrindo mão de sua
administrativo. O motivo, como elemento integrante da supremacia de poder, desnecessária para aquele negócio
perfeição do ato, pode vir expresso em lei como pode ser jurídico. É o que ocorre, p. ex., quando emite um cheque ou
deixado ao critério do administrador. No primeiro caso será assina uma escritura de compra e venda ou de doação,
um elemento vinculado; no segundo, discricionário, quanto sujeitando-se em tudo às normas do Direito Privado. A
à sua existência e valoração. Da diversidade das hipóteses doutrina abona essa conduta e a jurisprudência já a tem
ocorrentes resultará a exigência ou a dispensa da consagrado em repetidas decisões, no teor deste acórdão
motivação do ato. do STF: "quando o Estado pratica atos jurídicos regulados
Tratando-se de motivo vinculado pele lei, o agente pelo direito civil (ou comercial), coloca-se no plano dos
da Administração, ao praticar o ato, fica na obrigação de particulares", razão pela qual não pode alterá-los, revogá-
justificar a existência do motivo, sem o quê o ato será los, anulá-los ou rescindi-los por ato unilateral. Dependerá
inválido ou, pelo menos, invalidável, por ausência da sempre da concordância do interessado, ou da via judicial
motivação. cabível.
Todo ato administrativo tem por objeto a criação, Observamos, todavia, que mesmo nesses atos ou
modificação ou comprovação de situações jurídicas contratos o Poder Público não se libera das exigências
concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à administrativas que devem anteceder o negócio jurídico
ação do Poder Público. Nesse sentido, o objeto identifica- almejado, tais como autorização legislativa, avaliação,
se com o conteúdo do ato, através do qual a Administração licitação etc., e as ações correspondentes devem ser
manifesta seu poder e sua vontade, ou atesta propostas no juízo privativo da Administração interessada,
simplesmente situações preexistentes. que é o único privilégio que lhe resta.
O mérito do ato administrativo, conquanto não se Procedimento administrativo é a sucessão
possa considerar requisito de sua formação, deve ser ordenada de operações que propiciam a formação de um
apreciado, dadas as suas implicações com o motivo e o ato final objetivado pela Administração. É o caminho legal a
objeto do ato e, consequentemente, com as suas condições ser percorrido pelos agentes públicos para a obtenção dos
de validade e eficácia. efeitos regulares de um ato administrativo principal.
O conceito de mérito administrativo é de difícil O procedimento administrativo constitui-se de atos
fixação, mas poderá ser assinalada sua presença toda vez intermediários, preparatórios e autônomos, mas sempre
que a Administração decidir ou atuar valorando interligados, que se conjugam para dar conteúdo e forma
internamente as conseqüências ou vantagens do ato. O ao ato principal e final colimado pelo Poder Público. As
mérito administrativo consubstancia-se, portanto, na operações intermediárias, a medida que se realizam sem
valoração dos motivos e na escolha do objeto do ato, feitas oposição dos interessados, tornam-se definitivas para a
pela Administração incumbida de sua prática, quando Administração e para o administrado, porque ocorre, em tal
autorizada a decidir sobre a conveniência, oportunidade e caso, a preclusão administrativa dos meios invalidatórios,
justiça do ato a realizar. para que se passe à fase seguinte com a certeza da
Com efeito, nos atos vinculados, onde não há eficácia dos atos anteriores.
faculdade de opção do administrador, mas unicamente a Exemplo de procedimento administrativo típico é o
possibilidade de verificação dos pressupostos de direito e da concorrência, visto que à adjudicação da obra ou serviço
de fato que condicionam o processus administrativo, não há ao melhor proponente (objetivo da Administração)
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precedem operações intermediárias (atos procedimentais: execução. Esse atributo não está presente em todos os
edital, verificação de idoneidade, julgamento) necessárias à atos, visto que alguns deles o dispensam, por
efetivação da adjudicação (ato final). desnecessário à sua operatividade, uma vez que os efeitos
Não se confunde, todavia, o procedimento jurídicos do ato dependem exclusivamente do interesse do
administrativo com o ato administrativo complexo, nem com particular na sua utilização. Os atos, porém, que
o ato administrativo composto. Procedimento administrativo consubstanciam um provimento ou uma ordem
é encadeamento de operações que propiciam o ato final; administrativa (atos normativos, ordinatórios, punitivos)
ato complexo é, diversamente, o que resulta da intervenção nascem sempre com imperatividade, ou seja, com a força
de dois ou mais órgãos administrativos para a obtenção do impositiva própria do Poder Público, e que obriga o
ato final; e ato composto é o que se apresenta com um ato particular ao fiel atendimento, sob pena de se sujeitar a
principal e com um ato complementar que o ratifica ou execução forçada pela Administração (atos auto-
aprova. Todos esses atos têm seu procedimento formal, executórios) ou pelo Judiciário (atos não auto-executórios).
inconfundível com seu conteúdo material ou com suas A imperatividade decorre da só existência do ato
características substanciais. administrativo, não dependendo da sua declaração de
Em face dessa distinção, resultam conseqüências validade ou invalidade. Assim sendo, todo ato dotado de
práticas diversas para a impugnabilidade dos atos imperatividade deve ser cumprido ou atendido enquanto
administrativos, pois que ora é atacável o procedimento não for retirado do mundo jurídico por revogação ou
irregular em sua formação, ora é invalidável o ato final anulação, mesmo porque as manifestações de vontade do
concluído, em razão de defeitos ou ausência do Poder Público trazem em si a presunção de legitimidade.
procedimento legal exigido para a obtenção do ato A auto-executoriedade consiste na possibilidade
principal. que certos atos administrativos ensejam de imediata e
Os atos administrativos, como emanação do Poder direta execução pela própria Administração,
Público, trazem em si certos atributos que os distinguem independentemente de ordem judicial.
dos atos jurídicos privados e lhes emprestam A classificação dos atos administrativos não é
características próprias e condições peculiares de atuação. uniforme entre os publicistas, dada a diversidade de
Referimo-nos à presunção de legitimidade, à critérios que podem ser adotados para seu enquadramento
imperatividade e à auto-executoriedade. em espécies ou categorias afins.
Os atos administrativos, qualquer que seja sua Esses agrupamentos, entretanto, são úteis para
categoria ou espécie, nascem com a presunção de metodizar o estudo e facilitar a compreensão, o que nos
legitimidade, independentemente de norma legal que a leva a classificar os atos administrativos, inicialmente,
estabeleça. Essa presunção decorre do princípio da quanto aos seus destinatários, em atos gerais e individuais;
legalidade da Administração, que, nos Estados de Direito, quanto ao seu alcance, em atos internos e externos; quanto
informa toda a atuação governamental. Além disso, a ao seu objeto, em atos de império, de gestão e de
presunção de legitimidade dos atos administrativos expediente; quanto ao seu regramento, em atos vinculados
responde a exigências de celeridade e segurança das e discricionários.
atividades do Poder Público, que não poderiam ficar na Então, quanto aos seus destinatários, os atos
dependência da solução de impugnação dos administrados, administrativos podem ser gerais ou individuais.
quanto à legitimidade de seus atos, para só após dar-lhes Atos administrativos gerais ou regulamentares são
execução. aqueles expedidos sem destinatários determinados, com
A presunção de legitimidade autoriza a imediata finalidade normativa, alcançando todos os sujeitos que se
execução ou operatividade dos atos administrativos, encontrem na mesma situação de fato abrangida por seus
mesmo que argüidos de vícios ou defeitos que os levem à preceitos. São atos de comando abstrato e impessoal,
invalidade. Enquanto, porém, não sobrevier o semelhantes aos da lei, e, por isso mesmo, revogáveis a
pronunciamento de nulidade os atos administrativos são qualquer tempo pela Administração, mas inatacáveis por
tidos por válidos e operantes, quer para a Administração, via judicial, a não ser pela representação de
quer para os particulares sujeitos ou beneficiários de seus inconstitucionalidade. Exemplos desses atos têmo-los nos
efeitos. Admite-se, todavia, a sustação dos efeitos dos atos regulamentos, nas instruções normativas e nas circulares
administrativos através de recursos internos ou de ordinatórias de serviços.
mandado de segurança, ou de ação popular, em que se A característica dos atos gerais é que eles
conceda a suspensão liminar, até o pronunciamento final prevalecem sobre os atos individuais, ainda que provindos
de validade ou invalidade do ato impugnado. da mesma autoridade. Assim, um decreto individual não
Outra conseqüencia da Presunção de legitimidade pode contrariar um decreto geral ou regulamentar em vigor.
é a transferencia do ônus da prova de invalidade do ato Isto porque o ato normativo tem preeminência sobre o ato
administrativo para quem a invoca. Cuide-se de arguição específico.
de nulidade do ato, por vício formal ou ideológico, a prova Os atos gerais, quando de efeitos externos,
do defeito apontado ficará sempre a cargo do impugnante, dependem de publicação no órgão oficial para entrar em
e até sua anulação o ato terá plena eficácia. vigor e produzir seus resultados jurídicos, pois os
A eficácia é a idoneidade que se reconhece ao ato destinatários só ficam sujeitos às suas imposições após
administrativo para produzir seus efeitos específicos. essa divulgação. Nos Municípios que não tenham órgão
A imperatividade é o atributo do ato administrativo para suas publicações oficiais os atos gerais devem ser
que impõe a coercibilidade para seu cumprimento ou
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afixados na Prefeitura, em local acessível ao público, para em vigor ou execução depois de divulgados pelo órgão
que possam produzir seus regulares efeitos. oficial, dado o interesse do público no seu conhecimento.
Atos administrativos individuais ou especiais são Consideram-se, ainda, atos externos todas as providencias
todos aqueles que se dirigem a destinatários certos, administrativas que, embora não atingindo diretamente o
criando-lhes situação jurídica particular. O mesmo ato pode administrado, devam produzir efeitos fora da repartição que
abranger um ou vários sujeitos, desde que sejam as adotou, como também as que onerem a defesa ou o
individualizados. Tais atos, quando de efeitos externos, patrimônio público, porque não podem permanecer
entram em vigência pela publicação no órgão oficial, e, se unicamente na intimidade da Administração, quando
de efeitos internos ou restritos a seus destinatários, repercutem nos interesses gerais da coletividade. A
admitem comunicação direta para início de sua publicidade de tais atos é princípio de legitimidade e
operatividade ou execução. São atos individuais os moralidade administrativa que se impõe tanto à
decretos de desapropriação, de nomeação, de exoneração, Administração direta como à indireta, porque ambas gerem
assim como as outorgas de licença, permissão e bens e dinheiros públicos cuja guarda e aplicação todos
autorização, e outros mais que conferem um direito ou devem conhecer e controlar.
impõem um encargo a determinado administrado ou Quanto ao seu objeto os atos administrativos
servidor. podem ser atos de império, de gestão e de expediente.
Os atos individuais normalmente geram direitos Atos de império ou de autoridade são todos
subjetivos para seus destinatários, como também criam- aqueles que a Administração pratica usando de sua
lhes encargos administrativos pessoais. Quando geram supremacia sobre o administrado ou servidor e lhes impõe
direitos adquiridos tornam-se irrevogáveis, como já obrigatório atendimento. É o que ocorre nas
reconheceu o STF e o declarou na Súmula 473. Nos desapropriações, nas interdições de atividade, nas ordens
demais casos, podem ser revogados ou modificados estatutárias. Tais atos podem ser gerais ou individuais,
conforme exija o interesse público, desde que a internos ou externos, mas sempre unilaterais, expressando
Administração indenize o prejudicado, se for o caso. Esses a vontade onipotente do Estado e seu poder de coerção.
atos, por proverem situações específicas e concretas, São, normalmente, atos revogáveis e modificáveis a critério
admitem anulação pela própria Administração, ou pelas da Administração que os expediu.
vias judiciais comuns (ações ordinárias) ou especiais Atos de gestão são os que a Administração pratica
(mandado de segurança e ação popular), se praticados sem usar de sua supremacia sobre os destinatários. Tal
ilegalmente ou com lesão ao patrimônio público. ocorre nos atos puramente de administração dos bens e
Quanto ao alcance os atos administrativos podem serviços públicos e nos negociais com os particulares, que
ser internos ou externos. não exigem coerção sobre os interessados. Esses atos
Atos administrativos internos são os destinados a serão sempre de administração, mas nem sempre
produzir efeitos no recesso das repartições administrativas, administrativos típicos, principalmente quando bilaterais, de
e por isso mesmo incidem, normalmente, sobre os órgãos e alienação, oneração ou aquisição de bens, que se igualam
agentes da Administração que os expediram. São atos de aos do Direito Privado, apenas antecedidos de
operatividade caseira, que não produzem efeitos em formalidades administrativas para sua realização
relação a estranhos. Entretanto, vêm sendo utilizados (autorização legislativa, licitação, avaliação etc.). Tais atos,
distorcidamente pelas altas autoridades do Executivo para desde que praticados regularmente, tornam-se vinculantes,
impor obrigações aos administrados, especialmente aos geram direitos subjetivos e permanecem imodificáveis pela
contribuintes. É o caso das portarias e instruções Administração, salvo quando precários por sua própria
ministeriais, que só deviam dispor para seus servidores, natureza.
mas contêm imposições aos cidadãos, próprias de atos Atos administrativos de expediente são todos
externos (leis e decretos). aqueles que se destinam a dar andamento aos processos e
Os atos administrativos internos podem ser gerais papéis que tramitam pelas repartições públicas,
ou especiais, normativos, ordinatórios, punitivos e de outras preparando-os para a decisão de mérito a ser proferida
espécies, conforme as exigências do serviço público. Não pela autoridade competente. São atos de rotina interna,
dependem de publicação no órgão oficial para sua vigência, sem caráter vinculante e sem forma especial, geralmente
bastando a cientificação direta aos destinatários ou a praticados por servidores subalternos, sem competência
divulgação regulamentar da repartição. Mas, se incidem decisória. Dai por que, como já esclarecemos
sobre os administrados - como erroneamente se vem anteriormente, os agentes designados "para responder pelo
fazendo - torna-se imprescindível sua divulgação externa. expediente" só estão autorizados a dar continuidade ao
Tais atos, quando praticados nos seus estritos serviço interno da repartição, pois não dispõem de
limites, normalmente não geram direitos subjetivos aos competência legal para expedir atos de império, nem atos
destinatários, pelo quê podem ser revogados ou de gestão, e muito menos para praticar atos com
modificados a qualquer tempo. fundamento político, ou vincular a Administração em
Atos administrativos externos, ou, mais outorgas e contratos com administrados, nomear ou
propriamente, de efeitos externos, são todos aqueles que exonerar funcionários e demais atos que onerem o
alcançam os administrados, os contratantes e, em certos orçamento ou criem encargos ou direitos para os
casos, os próprios servidores, provendo sobre seus particulares ou servidores.
direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a Quanto ao seu regramento, os atos podem ser
Administração. Tais atos, pela sua destinação, só entram vinculados e discricionários.
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Atos vinculados ou regrados são aqueles para os caso ocorrente, dentre as enumeradas no texto. Mas, se a
quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua lei indica o processo de apuração dessas infrações, não
realização. Nessa categoria de atos, as imposições legais pode a autoridade usar de outro meio de verificação, nem
absorvem, quase que por completo, a liberdade do modificar o que está indicado. Na aplicação de penalidade
administrador, uma vez que sua ação fica adstrita aos sua faculdade é discricionária; no procedimento para a
pressupostos estabelecidos pela norma legal para a verificação da infração sua atividade é vinculada ou
validade da atividade administrativa. Desatendido qualquer regrada.
requisito, compromete-se a eficácia do ato praticado, Além das classificações precedentes, outras podem
tornando-se passível de anulação pela própria ser apresentadas, consoante os diversos critérios pelos
Administração, ou pelo Judiciário, se assim o requerer o quais os atos administrativos são selecionados, para fins de
interessado. estudo, como veremos a seguir.
Na prática de tais atos o Poder Público sujeita-se Quanto à formação do ato, pode-se classificá-lo em
às indicações legais ou regulamentares e delas não se simples, complexo e composto.
pode afastar ou desviar sem viciar irremediavelmente a Ato simples é o que resulta da manifestação de
ação administrativa. Isso não significa que nessa categoria vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado. Não
de atos o administrador se converta em cego e automático importa o número de pessoas que participam da formação
executor da lei. Absolutamente, não. Tanto nos atos do ato; o que importa é a vontade unitária que expressam
vinculados como nos que resultam da faculdade para dar origem, a final, ao ato colimado pela
discricionária do Poder Público o administrador terá de Administração. Tanto é ato administrativo simples o
decidir sobre a conveniência de sua prática, escolhendo a despacho de um chefe de seção como a decisão de um
melhor oportunidade e atendendo a todas as circunstâncias conselho de contribuintes.
que conduzam a atividade administrativa ao seu verdadeiro Ato complexo é o que se forma pela conjugação de
e único objetivo - o bem comum. vontades de mais de um órgão administrativo. O essencial,
Atos discricionários são os que a Administração nesta categoria de atos, é o concurso de vontades de
pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, órgãos diferentes para a formação de um ato único. Não se
de seu destinatário, de sua conveniência, de sua confunda ato complexo com procedimento administrativo.
oportunidade e do modo de sua realização. A rigor, a No ato complexo integram-se as vontades de vários órgãos
discricionariedade não se manifesta no ato em si, mas sim para a obtenção de um mesmo ato; no procedimento
no poder de a Administração praticá-lo pela maneira e nas administrativo praticam-se diversos atos intermediários e
condições que repute mais convenientes ao interesse autônomos para a obtenção de um ato final e principal.
público. Exemplos: a investidura de um funcionário é um ato
O ato discricionário não se confunde com ato complexo consubstanciado na nomeação feita pelo Chefe
arbitrário. Discrição e arbítrio são conceitos inteiramente do Executivo e complementada pela posse e exercício
diversos. Discrição é liberdade de ação dentro dos limites dados pelo chefe da repartição em que vai servir o
legais; arbítrio é ação contrária ou excedente da lei. Ato nomeado; a concorrência é um procedimento
discricionário, portanto, quando permitido pelo Direito, é administrativo, porque, embora realizada por um único
legal e válido; ato arbitrário é, sempre e sempre, ilegítimo e órgão, o ato final e principal (adjudicação da obra ou do
inválido. serviço) é precedido de vários atos autônomos e
A atividade discricionária não dispensa a lei, nem intermediários (edital, verificação de idoneidade, julgamento
se exerce sem ela, senão com observância e sujeição a das propostas), até chegar-se ao resultado pretendido pela
ela. Administração. Essa distinção é fundamental para saber-se
A discricionariedade está em permitir o legislador em que momento o ato se torna perfeito e impugnável: o
que a autoridade administrativa escolha, entre as várias ato complexo só se aperfeiçoa com a integração da
possibilidades de solução, aquela que melhor corresponda, vontade final da Administração, e a partir deste momento é
no caso concreto, ao desejo da lei. que se torna atacável por via administrativa ou judicial; o
Discricionários só podem ser os meios e modos de procedimento administrativo é impugnável em cada uma de
administrar; nunca os fins a atingir. Em tema de fins não suas fases, embora o ato final só se torne perfeito após a
existe jamais, para a Administração, um poder prática do último ato formativo.
discricionário. Porque não lhe é nunca deixado poder de Ato composto é o que resulta da vontade única de
livre apreciação quanto ao fim a alcançar. O fim é sempre um órgão, mas depende da verificação por parte de outro,
imposto pelas leis e regulamentos, seja explícita, seja para se tornar exeqüível. Exemplo: uma autorização que
implicitamente. dependa do visto de uma autoridade superior. Em tal caso
O que a doutrina assinala é que o ato, embora a autorização é o ato principal e o visto é o complementar
resultante de poder discricionário da Administração, não que lhe dá exequibilidade. O ato composto distingue-se do
pode prescindir de certos requisitos, tais como a ato complexo porque este só se forma com a conjugação
competência legal de quem o pratica, a forma prescrita em de vontades de órgãos diversos, ao passo que aquele é
lei ou regulamento e o fim indicado no texto legal em que o formado pela vontade única de um órgão, sendo apenas
administrador se apoia. Exemplifiquemos: se determinada ratificado por outra autoridade. Essa distinção é essencial
lei prevê diversas penalidades administrativas para uma para se fixar o momento da formação do ato e saber-se
infração, o poder discricionário da Administração manifesta- quando se torna operante e impugnável.
se na escolha da penalidade que entender adequada ao
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Quanto ao conteúdo, o ato administrativo pode ser suas origens e alcança todos os seus efeitos passados,
constitutivo, extintivo, declaratório, alienativo, modificativo presentes e futuros em relação às partes, só se admitindo
ou abdicativo de direitos ou de situações. exceção para com os terceiros de boa-fé, sujeitos às suas
Ato constitutivo é o que cria uma nova situação conseqüências reflexas.
jurídica individual para seus destinatários, em relação à Ato inexistente é o que apenas tem aparência de
Administração. Suas modalidades são variadíssimas, manifestação regular da Administração, mas não chega a
abrangendo mesmo a maior parte das declarações de se aperfeiçoar como ato administrativo. É o que ocorre, p.
vontade do Poder Público. São atos dessas categorias as ex., com o "ato" praticado por um usurpador de função
licenças, as nomeações de funcionários, as sanções pública. Tais atos equiparam-se, em nosso Direito, aos atos
administrativas e outros mais que criam direitos ou impõem nulos, sendo, assim, irrelevante e sem interesse prático a
obrigações aos particulares ou aos próprios servidores distinção entre nulidade e inexistência, porque ambas
públicos. conduzem ao mesmo resultado - a invalidade - e se
Ato extintivo ou desconstitutivo é o que põe termo a subordinam às mesmas regras de invalidação. Ato
situações jurídicas individuais, como a cassação de inexistente ou ato nulo é ato ilegal e imprestável, desde o
autorização, a encampação de serviço de utilidade pública. seu nascedouro.
Ato declaratório é o que visa a preservar direitos, Quanto à exequibilidade, o ato administrativo pode
reconhecer situações preexistentes ou, mesmo, possibilitar ser perfeito, imperfeito, pendente e consumado.
seu exercício. São exemplos dessa espécie a apostila de Ato perfeito é aquele que reúne todos os elementos
títulos de nomeação, a expedição de certidões e demais necessários à sua exequibilidade ou operatividade,
atos fundados em situações jurídicas anteriores. apresentando-se apto e disponível para produzir seus
Ato alienativo é o que opera a transferência de regulares efeitos.
bens ou direitos de um titular a outro. Tais atos, em geral, Ato imperfeito é o que se apresenta incompleto na
dependem de autorização legislativa ao Executivo, porque sua formação ou carente de um ato complementar para
sua realização ultrapassa os poderes ordinários de tornar-se exeqüível e operante.
administração. Ato pendente é aquele que, embora perfeito, por
Ato modificativo é o que tem por fim alterar reunir todos os elementos de sua formação, não produz
situações preexistentes, sem suprimir direitos ou seus efeitos, por não verificado o termo ou a condição de
obrigações, como ocorre com aqueles que alteram que depende sua exequibilidade ou operatividade. O ato
horários, percursos, locais de reunião e outras situações pendente pressupõe sempre um ato perfeito, visto que
anteriores estabelecidas pela Administração. antes de sua perfectibilidade não pode estar com efeitos
Ato abdicativo é aquele pelo qual o titular abre mão suspensos.
de um direito. A peculiaridade desse ato é seu caráter Ato consumado é o que produziu todos os seus
incondicionável e irretratável. Desde que consumado, o ato efeitos, tornando-se, por isso mesmo, irretratável ou
é irreversível e imodificável, como são as renúncias de imodificável por lhe faltar objeto.
qualquer tipo. Todo ato abdicativo a ser expedido pela Quanto à retratabilidade, o ato administrativo pode
Administração depende de autorização legislativa, por ser irrevogável, revogável e suspensível.
exceder da conduta ordinária do administrador público. Ato irrevogável é aquele que se tornou insuscetível
Quanto à eficácia, o ato administrativo pode ser de revogação (não confundir com anulação), por ter
válido, nulo e inexistente. produzido seus efeitos ou gerado direito subjetivo para o
Ato válido é o que provem de autoridade beneficiário ou, ainda, por resultar de coisa julgada
competente para praticá-lo e contém todos os requisitos administrativa. Advirta-se, neste passo, que a coisa julgada
necessários à sua eficácia. O ato válido pode, porém, ainda administrativa só o é para a Administração, uma vez que
não ser exeqüível, por pendente de condição suspensiva não impede a reapreciação judicial do ato.
ou termo não verificado. Ato revogável é aquele que a Administração, e
Ato nulo é o que nasce afetado de vício insanável somente ela, pode invalidar, por motivos de conveniência,
por ausência ou defeito substancial em seus elementos oportunidade ou justiça (mérito administrativo). Nesses atos
constitutivos ou no procedimento formativo. A nulidade devem ser respeitados todos os efeitos já produzidos,
pode ser explícita ou virtual. É explícita quando a lei a porque decorrem de manifestação válida da Administração
comina expressamente, indicando os vícios que lhe dão (se o ato for ilegal, não enseja revogação, mas sim
origem; é virtual quando a invalidade decorre da anulação), e a revogação só atua ex nunc. Em princípio,
infringência de princípios específicos do Direito Público, todo ato administrativo é revogável até que se torne
reconhecidos por interpretação das normas concernentes irretratável para a Administração, quer por ter exaurido
ao ato. Em qualquer destes casos, porém, o ato é ilegítimo seus efeitos ou seus recursos, quer por ter gerado direito
ou ilegal e não produz qualquer efeito válido entre as subjetivo para o beneficiário, interessado na sua
partes, pela evidente razão de que não se pode adquirir manutenção.
direitos contra a lei. A nulidade, todavia, deve ser Ato suspensível é aquele em que a Administração
reconhecida e proclamada pela Administração ou pelo pode fazer cessar os seus efeitos, em determinadas
judiciário, não sendo permitido ao particular negar circunstâncias ou por certo tempo, embora mantendo o ato,
exequibilidade ao ato administrativo, ainda que nulo, para oportuna restauração de sua operatividade. Difere a
enquanto não for regularmente declarada sua invalidade, suspensão da revogação, porque esta retira o ato do
mas essa declaração opera ex tunc, isto é, retroage as
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mundo jurídico, ao passo que aquela susta, apenas, a sua Quanto aos efeitos, o ato administrativo pode ser
exequibilidade. constitutivo, desconstitutivo e de constatação.
Quanto ao modo de execução, o ato administrativo Ato constitutivo é aquele pelo qual a Administração
pode ser auto-executório e não auto-executório. cria, modifica ou suprime um direito do administrado ou de
Ato auto-executório é aquele que traz em si a seus servidores. Tais atos, ao mesmo tempo que geram um
possibilidade de ser executado pela própria Administração, direito para uma parte, constituem obrigação para a outra.
independentemente de ordem judicial. Ato desconstitutivo é aquele que desfaz uma
Ato não auto-executório é o que depende de situação jurídica preexistente. Geralmente vem precedido
pronunciamento judicial para produção de seus efeitos de um processo administrativo com tramitação idêntica à do
finais, tal como ocorre com a dívida fiscal, cuja execução é que deu origem ao ato a ser desfeito.
feita pelo Judiciário, quando provocado pela Administração Ato de constatação é aquele pelo qual a
interessada na sua efetivação. Administração verifica e proclama uma situação fática ou
Quanto ao objetivo visado pela Administração, o jurídica ocorrente. Tais atos vinculam a Administração que
ato pode ser principal, complementar, intermediário, ato- os expede, mas não modificam, por si sós, a situação
condição e ato de jurisdição. constatada, exigindo um outro ato constitutivo ou
Ato principal é o que encerra a manifestação de desconstitutivo para alterá-la. Seus efeitos são meramente
vontade final da Administração. O ato principal pode verificativos.
resultar de um único órgão (ato simples), ou da conjugação Feita a apreciação geral dos atos administrativos,
de vontades de mais de um órgão (ato complexo) ou, sob os vários aspectos com que se apresentam, será útil,
ainda, de uma sucessão de atos intermediários agora, enquadrá-los pelos caracteres comuns que os
(procedimento administrativo). assemelham e pelos traços individuais que os distinguem,
Ato complementar é o que aprova ou ratifica o ato nas espécies correspondentes, segundo o fim imediato a
principal, para dar-lhe exequibilidade. O ato complementar que se destinam e o objeto que encerram.
atua como requisito de operatividade do ato principal, Sendo insatisfatórias, para nós, as classificações
embora este se apresente completo em sua formação até aqui realizadas pelos administrativistas, que não
desde o nascedouro. acordaram, ainda, num critério comum para o
Ato intermediário ou preparatório é o que concorre enquadramento científico ou, pelo menos, didático de tais
para a formação de um ato principal e final. Assim, numa atos, permitimo-nos grupá-los em cinco espécies, a saber:
concorrência, são atos intermediários o edital, a verificação atos administrativos normativos; atos administrativos
de idoneidade e o julgamento das propostas, porque desta ordinatórios; atos administrativos negociais; atos
sucessão é que resulta o ato principal e final objetivado administrativos enunciativos; atos administrativos punitivos.
pela Administração, que é a adjudicação da obra ou do Cremos que nestas categorias cabem todos os atos
serviço ao melhor proponente. O ato intermediário é administrativos propriamente ditos, excluídos os atos
sempre autônomo em relação aos demais e ao ato final, legislativos e os judiciais típicos, que formam dois gêneros
razão pela qual pode ser impugnado e invalidado à parte.
isoladamente (o que não ocorre com o ato complementar), Atos administrativos normativos são aqueles que
no decorrer do procedimento administrativo. contêm um comando geral do Executivo, visando à correta
Ato-condição é todo aquele que se antepõe a outro aplicação da lei. O objetivo imediato de tais atos é explicitar
para permitir a sua realização. O ato-condição destina-se a a norma legal a ser observada pela Administração e pelos
remover um obstáculo à prática de certas atividades administrados. Esses atos expressam em minúcia o
públicas ou particulares, para as quais se exige a mandamento abstrato da lei, e o fazem com a mesma
satisfação prévia de determinados requisitos. Assim, o normatividade da regra legislativa, embora sejam
concurso é ato-condição da nomeação efetiva; a manifestações tipicamente administrativas. A essa
concorrência é ato-condição dos contratos administrativos. categoria pertencem os decretos regulamentares e os
Como se vê, o ato-condição é sempre um ato-meio para a regimentos, bem como as resoluções, deliberações e
realização de um ato-fim. A ausência do ato-condição portarias de conteúdo geral.
invalida o ato final, e essa nulidade pode ser declarada pela Tais atos, conquanto normalmente estabeleçam
própria Administração ou pelo judiciário, porque é matéria regras gerais e abstratas de conduta, não são leis em
de legalidade, indissociável da prática administrativa. sentido formal. São leis apenas em sentido material, vale
Ato de jurisdição ou jurisdicional é todo aquele que dizer, provimentos executivos com conteúdo de lei, com
contém decisão sobre matéria controvertida. No âmbito da matéria de lei. Esses atos, por serem gerais e abstratos,
Administração, resulta, normalmente, da revisão de ato do têm a mesma normatividade da lei e a ela se equiparam
inferior pelo superior hierárquico ou tribunal administrativo, para fins de controle judicial, mas, quando, sob a aparência
mediante provocação do interessado ou de ofício. O ato de norma, individualizam situações e impõem encargos
administrativo de jurisdição, embora decisório, não se específicos a administrados, são considerados de efeitos
confunde com o ato judicial ou judiciário propriamente dito concretos e podem ser atacados e invalidados direta e
(despacho, sentença, acórdão em ação e recurso), nem imediatamente por via judicial comum, ou por mandado de
produz coisa julgada no sentido processual da expressão, segurança, se lesivos de direito individual líquido e certo.
mas quando proferido em instância final torna-se Vejamos separadamente os principais atos
imodificável pela Administração. administrativos normativos.
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Decretos, em sentido próprio e restrito, são atos único, II), mas são também utilizadas por outros órgãos
administrativos da competência exclusiva dos chefes do superiores para o mesmo fim.
Executivo, destinados a prover situações gerais ou Os regimentos são atos administrativos normativos
individuais, abstratamente previstas de modo expresso, de atuação interna, dado que se destinam a reger o
explícito ou implícito, pela legislação. Comumente, o funcionamento de órgãos colegiados e de corporações
decreto é normativo e geral, podendo ser especifico ou legislativas. Como ato regulamentar interno, o regimento só
individual. Como ato administrativo, o decreto está sempre se dirige aos que devem executar o serviço ou realizar a
em situação inferior à da lei e, por isso mesmo, não a pode atividade funcional regimentada, sem obrigar aos
contrariar. O decreto geral tem, entretanto, a mesma particulares em geral.
normatividade da lei, desde que não ultrapasse a alçada Os atos regulamentares internos (regimentos)
regulamentar de que dispõe o Executivo. constituem modalidade diversa dos regulamentos externos
O nosso ordenamento administrativo admite duas (independentes ou de execução) e produzem efeitos mais
modalidades de decreto geral (normativo): o independente restritos que estes. Os regulamentos independentes e de
ou autônomo e o regulamentar ou de execução. execução disciplinam situações gerais e estabelecem
Decreto independente ou autônomo é o que dispõe relações jurídicas entre a Administração e os
sobre matéria ainda não regulada especificamente em lei. A administrados; os regimentos destinam-se a prover o
doutrina aceita esses provimentos administrativos praeter funcionamento dos órgãos da Administração, atingindo
legem para suprir a omissão do legislador, desde que não unicamente as pessoas vinculadas à atividade regimental.
invadam as reservas da lei, isto é, as matérias que só por O regimento geralmente é posto em vigência por
lei podem ser reguladas. Advirta-se, todavia, que os resolução do órgão diretivo do colegiado (Presidência ou
decretos autônomos ou independentes não substituem Mesa) e pode dispensar publicação, desde que se dê
definitivamente a lei: suprem, apenas, a sua ausência, ciência de seu texto aos que estão sujeitos às suas
naquilo que pode ser provido por ato do Executivo, até que disposições. Mas é de toda conveniência seja publicado,
a lei disponha a respeito. Promulgada a lei, fica superado o para maior conhecimento de suas normas e efeitos, que
decreto. reflexamente possam interessar a todos os cidadãos.
Decreto regulamentar ou de execução é o que visa Os regimentos, no entender dos mais autorizados
a explicar a lei e facilitar sua execução, aclarando seus publicistas, "se destinam a disciplinar o funcionamento dos
mandamentos e orientando sua aplicação. Tal decreto serviços públicos, acrescentando às leis e regulamentos
comumente aprova, em texto à parte, o regulamento a que disposições de pormenor e de natureza principalmente
se refere. Questiona-se se esse decreto continua em vigor prática".
quando a lei regulamentada é revogada e substituída por Resoluções são atos administrativos normativos
outra. Entendemos que sim, desde que a nova lei contenha expedidos pelas altas autoridades do Executivo (mas não
a mesma matéria regulamentada. pelo Chefe do Executivo, que só deve expedir decretos) ou
Os regulamentos são atos administrativos, postos pelos presidentes de tribunais, órgãos legislativos e
em vigência por decreto, para especificar os mandamentos colegiados administrativos, para disciplinar matéria de sua
da lei ou prover situações ainda não disciplinadas por lei. competência específica. Por exceção admitem-se
Desta conceituação ressaltam os caracteres marcantes do resoluções individuais.
regulamento: ato administrativo (e não legislativo); ato Seus efeitos podem ser internos ou externos,
explicativo ou supletivo da lei; ato hierarquicamente inferior conforme o campo de atuação da norma ou os
à lei; ato de eficácia externa. destinatários da providência concreta.
Leis existem que dependem de regulamento para Deliberações são atos administrativos normativos
sua execução; outras há que são auto-executáveis (self ou decisórios emanados de órgãos colegiados. Quando
executing). Qualquer delas, entretanto, pode ser normativas, são atos gerais; quando decisórias, são atos
regulamentada, com a só diferença de que nas primeiras o individuais. Aquelas são sempre superiores a estas, de
regulamento é condição de sua aplicação, e nas segundas modo que o órgão que as expediu não pode contrariá-las
é ato facultativo do Executivo. nas decisões subsequentes: uma deliberação normativa só
O regulamento jamais poderá instituir ou majorar se revoga ou modifica por outra deliberação normativa;
tributos, criar cargos, aumentar vencimentos, perdoar nunca por uma deliberação individual do mesmo órgão.
dívidas ativas, conceder isenções tributárias e o mais que As deliberações devem sempre obediência ao
depender de lei propriamente dita. regulamento e ao regimento que houver para a organização
Os regulamentos, destinando-se à atuação externa e funcionamento do colegiado. Quando expedidas em
(normatividade em relação aos particulares), devem ser conformidade com as normas superiores são vinculantes
publicados pelo mesmo modo por que o são as leis, visto para a Administração e podem gerar direitos subjetivos
que a publicação é que fixa o início da obrigatoriedade dos para seus beneficiários.
atos do Poder Público a serem atendidos pelos Atos administrativos ordinatórios são os que visam
administrados. Daí a necessidade de publicação integral do a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta
regulamento e do decreto que o aprova. funcional de seus agentes. São provimentos,
As instruções normativas são atos administrativos determinações ou esclarecimentos que se endereçam aos
expedidos pelos Ministros de Estado para a execução das servidores públicos a fim de orientá-los no desempenho de
leis, decretos e regulamentos (CF, Art. 87, Parágrafo suas atribuições. Tais atos emanam do poder hierárquico,
razão pela qual podem ser expedidos por qualquer chefe
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de serviço aos seus subordinados, desde que o faça nos e entre Administração e particulares, em caráter oficial. Os
limites de sua competência. ofícios tanto podem conter matéria administrativa como
Os atos ordinatórios da Administração só atuam no social. Diferem os ofícios dos requerimentos e petições, por
âmbito interno das repartições e só alcançam os servidores conterem aqueles uma comunicação ou um convite, ao
hierarquizados à chefia que os expediu. Não obrigam os passo que estes encerram sempre uma pretensão do
particulares, nem os funcionários subordinados a outras particular formulada à Administração.
chefias. São atos inferiores à lei, ao decreto, ao Despachos administrativos são decisões que as
regulamento e ao regimento. Não criam, normalmente, autoridades executivas (ou legislativas e judiciárias, em
direitos ou obrigações para os administrados, mas geram funções administrativas) proferem em papéis,
deveres e prerrogativas para os agentes administrativos a requerimentos e processos sujeitos à sua apreciação. Tais
que se dirigem. despachos não se confundem com as decisões judiciais,
Dentre os atos administrativos ordinatórios de que são as que os juízes e tribunais do Poder judiciário
maior freqüência e utilização na prática merecem exame as proferem no exercício da jurisdição que lhes é conferida
instruções, as circulares, os avisos, as portarias, as ordens pela Soberania Nacional. O despacho administrativo,
de serviço, os ofícios e os despachos. embora tenha forma e conteúdo jurisdicional, não deixa de
Instruções são ordens escritas e gerais a respeito ser um ato administrativo, como qualquer outro emanado
do modo e forma de execução de determinado serviço do Executivo.
público, expedidas pelo superior hierárquico com o escopo Despacho normativo é aquele que, embora
de orientar os subalternos no desempenho das atribuições proferido em caso individual, a autoridade competente
que lhe estão afetas e assegurar a unidade de ação no determina que se aplique aos casos idênticos, passando a
organismo administrativo. Como é óbvio, as instruções não vigorar como norma interna da Administração para as
podem contrariar a lei, o decreto, o regulamento, o situações análogas subsequentes.
regimento ou o estatuto do serviço, uma vez que são atos Além dos atos administrativos normativos e
inferiores, de mero ordenamento administrativo interno. Por ordinatórios, isto é, daqueles que encerram um
serem internos, não alcançam os particulares nem lhes mandamento geral ou um provimento especial da
impõem conhecimento e observância, vigorando, apenas, Administração, outros são praticados contendo uma
como ordens hierárquicas de superior a subalterno. declaração de vontade do Poder Público coincidente com a
Circulares são ordens escritas, de caráter uniforme, pretensão do particular, visando a concretização de
expedidas a determinados funcionários ou agentes negócios jurídicos públicos ou à atribuição de certos
administrativos incumbidos de certo serviço, ou de direitos ou vantagens ao interessado.
desempenho de certas atribuições em circunstâncias À falta de uma denominação específica em nossa
especiais. São atos de menor generalidade que as Língua para essas manifestações unilaterais da
instruções, embora colimem o mesmo objetivo: o Administração, e das quais se originam negócios jurídicos
ordenamento do serviço. públicos, permitimo-nos denominá-los atos administrativos
Avisos são atos emanados dos Ministros de Estado negociais.
a respeito de assuntos afetos aos seus ministérios. Os Estes atos, embora unilaterais, encerram um
avisos foram largamente utilizados no Império, chegando, conteúdo tipicamente negocial, de interesse recíproco da
mesmo, a extravasar de seus limites, para conter normas Administração e do administrado, mas não adentram a
endereçadas à conduta dos particulares. Hoje em dia, são esfera contratual. São e continuam sendo atos
freqüentes nos ministérios militares, como atos ordinatórios administrativos (e não contratos administrativos), mas de
de seus serviços. uma categoria diferençada dos demais, porque geram
Portarias são atos administrativos internos pelos direitos e obrigações para as partes e as sujeitam aos
quais os chefes de órgãos, repartições ou serviços pressupostos conceituais do ato, a que o particular se
expedem determinações gerais ou especiais a seus subordina incondicionalmente.
subordinados, ou designam servidores para funções e O ato negocial é geralmente consubstanciado num
cargos secundários. Por portaria também se iniciam alvará, num termo ou num simples despacho da autoridade
sindicâncias e processos administrativos. Em tais casos a competente, no qual a Administração defere a pretensão do
portaria tem função assemelhada à da denúncia do administrado e fixa as condições de sua fruição. Assim, o
processo penal. ato pode ser vinculado ou discricionário, definitivo ou
Ordens de serviço são determinações especiais precário; será vinculado quando a lei estabelecer os
dirigidas aos responsáveis por obras ou serviços públicos requisitos para sua formação; será discricionário quando
autorizando seu início, ou contendo imposições de caráter sua expedição ficar ao alvedrio da autoridade competente;
administrativo, ou especificações técnicas sobre o modo e será definitivo quando embasar-se num direito individual do
forma de sua realização. Podem, também, conter requerente; será precário quando provier de uma liberdade
autorização para a admissão de operários ou artífices da Administração.
(pessoal de obra), a título precário, desde que haja verba Os atos administrativos negociais produzem efeitos
votada para tal fim. Tais ordens comumente são dadas em concretos e individuais para seu destinatário e para a
simples memorando da Administração para início de obra Administração que os expede. Enquanto os atos
ou, mesmo, para pequenas contratações. administrativos normativos são genéricos, os atos negociais
Ofícios são comunicações escritas que as são específicos, só operando efeitos jurídicos entre as
autoridades fazem entre si, entre subalternos e superiores partes - administração e administrado requerente - impondo
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em ambos a observância de seu conteúdo e o respeito às com a autorização: a concessão é contrato administrativo
condições de sua execução. bilateral; a autorização é ato administrativo unilateral. Pela
O que convém distinguir são os efeitos do ato concessão contrata-se um serviço de utilidade pública; pela
negocial vinculado e definitivo dos do ato negocial autorização consente-se numa atividade ou situação de
discricionário e precário, principalmente quando se tratar de interesse exclusivo ou predominante do particular; pela
sua extinção por anulação, cassação ou revogação. Anula- permissão faculta-se a realização de uma atividade de
se o ato negocial que contiver ilegalidade na sua origem ou interesse concorrente do permitente, do permissionário e
formação; cassa-se o ato quando ocorrer ilegalidade na sua do público.
execução; revoga-se o ato quando sobrevier interesse Aprovação é o ato administrativo pelo qual o Poder
público para a cessação de seus efeitos. Mas a invalidação Público verifica a legalidade e o mérito de outro ato ou de
do ato, por qualquer desses motivos, deve ser precedida de situações e realizações materiais de seus próprios órgãos,
processo regular, com oportunidade de defesa, sob pena de outras entidades ou de particulares, dependentes de seu
de nulidade do ato extintivo. controle, e consente na sua execução ou manutenção.
Atos administrativos negociais são todos aqueles Pode ser prévia ou subsequente, vinculada ou
que contêm uma declaração de vontade da Administração discricionária, consoante os termos em que é instituída,
apta a concretizar determinado negócio jurídico ou a deferir pois em certos casos limita-se à confrontação de requisitos
certa faculdade ao particular, nas condições impostas ou especificados na norma legal e noutros estende-se à
consentidas pelo Poder Público. apreciação da oportunidade e conveniência.
Neste conceito enquadram-se, dentre outros, os Admissão é o ato administrativo vinculado pelo qual
atos administrativos de licença, autorização, permissão, o Poder Público, verificando a satisfação de todos os
admissão, visto, aprovação, homologação, dispensa, requisitos legais pelo particular, defere-lhe determinada
renúncia e até mesmo o protocolo administrativo, como situação jurídica de seu exclusivo ou predominante
veremos a seguir. interesse, como ocorre no ingresso aos estabelecimentos
Licença é o ato administrativo vinculado e definitivo de ensino mediante concurso de habilitação. Na admissão,
pelo qual o Poder Público, verificando que o interessado reunidas e satisfeitas as condições previstas em lei, a
atendeu a todas as exigências legais, faculta-lhe o administração é obrigada a deferir a pretensão do particular
desempenho de atividades ou a realização de fatos interessado. O direito à admissão nasce do atendimento
materiais antes vedados ao particular, como, p. ex., o dos pressupostos legais, que são vinculantes para o próprio
exercício de uma profissão, a construção de um edifício em poder que os estabelece.
terreno próprio. A licença resulta de um direito subjetivo do Visto é o ato administrativo pelo qual o Poder
interessado, razão pela qual a Administração não pode Público controla outro ato da própria administração ou do
negá-la quando o requerente satisfaz todos os requisitos administrado, aferindo sua legitimidade formal para dar-lhe
legais para sua obtenção, e, uma vez expedida, traz a exequibilidade. Não se confunde com as espécies afins
presunção de definitividade. Sua invalidação só pode (aprovação, autorização, homologação), porque nestas há
ocorrer por ilegalidade na expedição do alvará, por exame de mérito e em certos casos operam como ato
descumprimento do titular na execução da atividade ou por independente, ao passo que o visto incide sempre sobre
interesse público superveniente, caso em que se impõe a um ato anterior e não alcança seu conteúdo. É ato
correspondente indenização. A licença não se confunde vinculado, porque há de restringir-se às exigências legais
com a autorização, nem com a admissão, nem com a extrínsecas do ato visado, mas na prática tem sido
permissão. desvirtuado para o exame discricionário, como ocorre com
Autorização é o ato administrativo discricionário e o visto em passaporte, que é dado ou negado ao alvedrio
precário pelo qual o Poder Público torna possível ao das autoridades consulares.
pretendente a realização de certa atividade, serviço ou Homologação é o ato administrativo de controle
utilização de determinados bens particulares ou públicos, pelo qual a autoridade superior examina a legalidade e a
de seu exclusivo ou predominante interesse, que a lei conveniência de ato anterior da própria Administração, de
condiciona à aquiescência prévia da Administração, tais outra entidade ou de particular, para dar-lhe eficácia. O ato
como o uso especial de bem público, o porte de arma, o dependente de homologação é inoperante enquanto não a
trânsito por determinados locais etc. Na autorização, recebe. Como ato de simples controle, a homologação não
embora o pretendente satisfaça as exigências permite alterações no ato controlado pela autoridade
administrativas, o Poder Público decide discricionariamente homologante, que apenas pode confirmá-lo ou rejeitá-lo,
sobre a conveniência ou não do atendimento da pretensão para que a irregularidade seja corrigida por quem a
do interessado ou da cessação do ato autorizado, praticou. O ato homologado torna-se eficaz desde o
diversamente do que ocorre com a licença e a admissão, momento da homologação, mas pode ter seus efeitos
em que, satisfeitas as prescrições legais, fica a contidos por cláusula ou condição suspensiva constante do
Administração obrigada a licenciar ou a admitir. próprio ato ou da natureza do negócio jurídico que ele
Permissão é o ato administrativo negocial, encerra.
discricionário e precário, pelo qual o Poder Público faculta Dispensa é o ato administrativo que exime o
ao particular a execução de serviços de interesse coletivo, particular do cumprimento de determinada obrigação até
ou o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou então exigida por lei, como, p. ex., a prestação do serviço
remunerado, nas condições estabelecidas pela militar.
Administração. Não se confunde com a concessão, nem
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Renúncia administrativa é o ato pelo qual o Poder O fornecimento de certidões, "independentemente
Público extingue unilateralmente um crédito ou um direito do pagamento de taxas", é obrigação constitucional de toda
próprio, liberando definitivamente a pessoa obrigada repartição pública, desde que requerido pelo interessado
perante a Administração. A renúncia tem caráter abdicativo para defesa de direitos ou esclarecimento de situações de
e, por isso, não admite condição e é irreversível, uma vez interesse pessoal (CF, Art. 5º, XXXIV, "b"). Por repartição
consumada. pública entende-se qualquer das entidades estatais,
Protocolo administrativo é o ato negocial pelo qual autárquicas, fundacionais ou paraestatais integrantes da
o Poder Público acerta com o particular a realização de Administração direta ou indireta do Estado, em acepção
determinado empreendimento ou atividade ou a abstenção ampla.
de certa conduta, no interesse recíproco da Administração Atestados administrativos são atos pelos quais a
e do administrado signatário do instrumento protocolar. Administração comprova um fato ou uma situação de que
Esse ato é vinculante para todos que o subscrevem, pois tenha conhecimento por seus órgãos competentes. Não se
gera obrigações e direitos entre as partes. É sempre um ato confunde o atestado com a certidão, porque esta reproduz
biface, porque, de um, lado está a manifestação de vontade atos ou fatos constantes de seus arquivos, ao passo que o
do Poder Público, sujeita ao Direito Administrativo, e, de atestado comprova um fato ou uma situação existente mas
outro, a do particular ou particulares, regida pelo Direito não constante de livros, papéis ou documentos em poder
Privado. Nessa conceituação também se inclui o protocolo da Administração. A certidão destina-se a comprovar fatos
de intenção, que precede o ato ou contrato definitivo. ou atos permanentes; o atestado presta-se à comprovação
Os atos administrativos negociais, que acabamos de fatos ou situações transeuntes, passíveis de
de ver, são normalmente seguidos de atos de Direito modificações freqüentes. Ambos são atos enunciativos,
Privado que completam o negócio jurídico pretendido pelo mas de conteúdo diferente.
particular e deferido pelo Poder Público. É o que ocorre, p. Pareceres administrativos são manifestações de
ex., quando a Administração licencia uma construção, órgãos técnicos sobre assuntos submetidos à sua
autoriza a incorporação de um banco, aprova a criação de consideração. O parecer tem caráter meramente opinativo,
uma escola ou emite qualquer outro ato de consentimento não vinculando a Administração ou os particulares a sua
do Governo para a realização de uma atividade particular motivação ou conclusões, salvo se aprovado por ato
dependente da aquiescência do Poder Público. São atos subsequente.
bifaces. O parecer, embora contenha um enunciado
Os dois atos são distintos e inconfundíveis, mas opinativo, pode ser de existência obrigatória no
permanecem justapostos um ao outro de modo procedimento administrativo e dar ensejo à nulidade do ato
indissociável. Daí por que não podem as partes - final se não constar do processo respectivo, como ocorre,
Administração e particular - alterá-los ou extingui-los p. ex., nos casos em que a lei exige a prévia audiência de
unilateralmente, sendo sempre necessária a conjunta um órgão consultivo, antes da decisão terminativa da
manifestação de vontade dos interessados para qualquer Administração. Nesta hipótese, a presença do parecer é
modificação ou supressão do negócio jurídico objetivado. necessária, embora seu conteúdo não seja vinculante para
Além dos atos normativos, ordinatórios e negociais, a Administração, salvo se a lei exigir o pronunciamento
que examinamos nos tópicos precedentes, merecem favorável do órgão consultado para a legitimidade do ato
apreciação os atos administrativos enunciativos, isto é, final, caso em que o parecer se torna impositivo para a
aqueles que, embora não contenham uma norma de Administração.
atuação, nem ordenem a atividade administrativa interna, Parecer normativo é aquele que, ao ser aprovado
nem estabeleçam uma relação negocial entre o Poder pela autoridade competente, é convertido em norma de
Público e o particular, enunciam, porém, uma situação procedimento interno, tornando-se impositivo e vinculante
existente, sem qualquer manifestação de vontade da para todos os órgãos hierarquizados à autoridade que o
Administração. Só são atos administrativos em sentido aprovou. Tal parecer, para o caso que o propiciou, é ato
formal, visto que materialmente não contêm manifestação individual e concreto; para os casos futuros, é ato geral e
da vontade da Administração. normativo.
Atos administrativos enunciativos são todos Parecer técnico é o que provem de órgão ou
aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a agente especializado na matéria, não podendo ser
atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado contrariado por leigo ou, mesmo, por superior hierárquico.
assunto, sem se vincular ao seu enunciado. Dentre os atos Nessa modalidade de parecer ou julgamento não prevalece
mais comuns desta espécie merecem menção as certidões, a hierarquia administrativa, pois não há subordinação no
os atestados e os pareceres administrativos. campo da técnica.
Certidões administrativas são cópias ou fotocópias Apostilas são atos enunciativos ou declaratórios de
fiéis e autenticadas de atos ou fatos constantes de uma situação anterior criada por lei. Ao apostilar um título a
processo, livro ou documento que se encontre nas Administração não cria um direito, pois apenas reconhece a
repartições públicas. Podem ser de inteiro teor, ou existência de um direito criado por norma legal. Eqüivale a
resumidas, desde que expressem fielmente o que se uma averbação.
contém no original de onde foram extraídas. Em tais atos o Atos administrativos punitivos são os que contêm
Poder Público não manifesta sua vontade, limitando-se a uma sanção imposta pela Administração àqueles que
trasladar para o documento a ser fornecido ao interessado infringem disposições legais, regulamentares ou
o que consta de seus arquivos. ordinatórias dos bens ou serviços públicos. Visam a punir e
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reprimir as infrações administrativas ou a conduta irregular dispensando processo prévio, mas exigindo sempre os
dos servidores ou dos particulares perante a Administração. autos de apreensão e de destruição em forma regular, nos
Os atos administrativos punitivos, como facilmente quais se esclareçam os motivos da medida drástica tomada
se percebe, podem ser de atuação interna e externa. pelo Poder Público e se identifiquem as coisas destruídas,
Internamente, cabe è Administração punir disciplinarmente para oportuna apreciação da legalidade do ato.
seus servidores e corrigir os serviços defeituosos através Outros atos punitivos, agora de atuação interna,
de sanções estatutárias; externamente, incumbe-lhe velar podem ser praticados pela Administração visando a
pela correta observância das normas administrativas. Em disciplinar seus servidores, segundo o regime estatutário a
ambos os casos as infrações ensejam punição, após a que estão sujeitos. Nestes atos o Poder Público age com
apuração da falta em processo administrativo regular ou larga margem discricionária, quer quanto aos meios de
pelos meios sumários facultados ao Poder Público. apuração das infrações - processo administrativo ou meios
Diferençam-se, todavia, essas duas modalidades sumários - quer quanto à escolha da penalidade e à
de punição administrativa - externa e interna - porque a graduação da pena, desde que conceda ao interessado a
externa é dirigida aos administrados e, por isso mesmo, é possibilidade de defesa.
vinculada em todos os seus termos à forma legal que a A motivação dos atos administrativos vem se
estabelecer, ao passo que a sanção interna, sendo de impondo dia a dia, como uma exigência do Direito Público e
caráter eminentemente disciplinar e endereçada aos da legalidade governamental.
servidores públicos, é discricionária quanto à oportunidade, Por principio, as decisões administrativas devem
conveniência e valoração dos motivos que a ensejam. ser motivadas formalmente, vale dizer que a parte
Importa, ainda, distinguir o ato punitivo da dispositiva deve vir precedida de uma explicação ou
administração, que tem por base o ilícito administrativo, do exposição dos fundamentos de fato (motivos-pressupostos)
ato punitivo do Estado, que apena o ilícito criminal. Aquele e de direito (motivos-determinantes da lei). No direito
é medida de autotutela da Administração; este é medida de administrativo a motivação deverá constituir norma, não só
defesa social. Daí por que a punição administrativa por razões de boa administração, como porque toda
compete a todos os órgãos da Administração - federal, autoridade ou Poder em um sistema de governo
estadual ou municipal, suas autarquias e fundações - ao representativo deve explicar legalmente, ou juridicamente,
passo que a punição criminal é da competência legislativa suas decisões.
privativa da União e só pode ser aplicada pela Justiça Para se ter a certeza de que os agentes públicos
Penal do Poder Judiciário. exercem a sua função movidos apenas por motivos de
Dentre os atos administrativos punitivos de atuação interesse público da esfera de sua competência, leis e
externa merecem destaque a multa, a interdição de regulamentos recentes multiplicam os casos em que os
atividades e a destruição de coisas. funcionários, ao executarem um ato jurídico, devem expor
Multa administrativa é toda imposição pecuniária a expressamente os motivos que o determinaram. É a
que se sujeita o administrado a título de compensação do obrigação de motivar. O simples fato de não haver o agente
dano presumido da infração. Nesta categoria de atos público exposto os motivos de seu ato bastará para torná-lo
punitivos entram, além das multas administrativas irregular; o ato não motivado, quando o devia ser, presume-
propriamente ditas, as multas fiscais, que são modalidades se não ter sido executado com toda a ponderação
específicas do Direito Tributário. As multas administrativas desejável, nem ter tido em vista um interesse público da
não se confundem com as multas criminais e, por isso esfera de sua competência funcional.
mesmo, são inconversíveis em detenção corporal, salvo Pela motivação, o administrador público justifica
disposição expressa em lei federal. A multa administrativa é sua ação administrativa, indicando os fatos (pressupostos
de natureza objetiva e se torna devida independentemente de fato) que ensejam o ato e os preceitos jurídicos
da ocorrência de culpa ou dolo do infrator. (pressupostos de direito) que autorizam sua prática. Claro
Interdição administrativa de atividade é o ato pelo está que, em certos atos administrativos oriundos do poder
qual a Administração veda a alguém a prática de atos discricionário, a justificação será dispensável, bastando
sujeitos ao seu controle ou que incidam sobre seus bens. A apenas evidenciar a competência para o exercício desse
interdição administrativa de atividade não se confunde com poder e a conformação do ato com o interesse público, que
a interdição judicial de pessoas ou de direitos. Aquela é pressuposto de toda atividade administrativa. Em outros
funda-se no poder de polícia administrativa ou no poder atos administrativos, porém, que afetam o interesse
disciplinar da Administração sobre seus servidores, ao individual do administrado, a motivação é obrigatória, para
passo que esta resulta do dever de proteção aos incapazes o exame de sua legalidade, finalidade e moralidade
(interdição de pessoas) ou de pena criminal acessória administrativa.
(interdição de direitos). A teoria dos motivos determinantes funda-se na
A interdição administrativa, como ato punitivo que consideração de que os atos administrativos, quando
é, deve ser precedida de processo regular e do respectivo tiverem sua prática motivada, ficam vinculados aos motivos
auto, que possibilite defesa do interessado. expostos, para todos os efeitos jurídicos. Tais motivos é
A destruição de coisas é o ato sumário da que determinam e justificam a realização do ato, e, por isso
administração pelo qual se inutilizam alimentos, mesmo, deve haver perfeita correspondência entre eles e a
substâncias, objetos ou instrumentos imprestáveis ou realidade. Mesmo os atos discricionários, se forem
nocivos ao consumo ou de uso proibido por lei. Como ato motivados, ficam vinculados a esses motivos como causa
típico de polícia administrativa, é, em regra, urgente, determinante de seu cometimento e se sujeitam ao
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confronto da existência e legitimidade dos motivos a anulação, que, embora constituam meios comuns de
indicados. Havendo desconformidade entre os motivos invalidação dos atos administrativos, não se confundem,
determinantes e a realidade, o ato é inválido. nem se empregam indistintamente.
Exemplificando, para maior compreensão, diremos A Administração revoga ou anula seu próprio ato; o
que, se o superior, ao dispensar um funcionário exonerável Judiciário somente anula o ato administrativo. Isso porque a
ad nutum, declarar que o faz por improbidade de revogação é o desfazimento do ato por motivo de
procedimento, essa "improbidade" passará a ser motivo conveniência ou oportunidade da Administração, ao passo
determinante do ato e sua validade e eficácia ficarão na que a anulação é a invalidação por motivo de ilegalidade do
dependência da efetiva existência do motivo declarado. Se ato administrativo. Um ato inoportuno ou inconveniente só
inexistir a declarada "improbidade" ou não estiver pode ser revogado pela própria Administração, mas um ato
regularmente comprovada, o ato de exoneração será ilegal pode ser anulado, tanto pela Administração como
inválido, por ausência ou defeito do motivo determinante. pelo Judiciário.
No mesmo caso, porém, se a autoridade competente Revogação é a supressão de um ato administrativo
houvesse dispensado o mesmo funcionário sem motivar a legítimo e eficaz, realizada pela Administração - e somente
exoneração (e podia fazê-lo, por se tratar de ato decorrente por ela - por não mais lhe convir sua existência. Toda
de faculdade discricionária), o ato seria perfeitamente revogação pressupõe, portanto, um ato legal e perfeito,
válido e inatacável. mas inconveniente ao interesse público. Se o ato for ilegal
Por aí se conclui que, nos atos vinculados, a ou ilegítimo não ensejará revogação, mas, sim, anulação.
motivação é obrigatória; nos discricionários é facultativa, A revogação funda-se no poder discricionário de
mas, se for feita, atua como elemento vinculante da que dispõe a Administração para rever sua atividade
Administração aos motivos declarados, como interna e encaminhá-la adequadamente à realização de
determinantes do ato. Se tais motivos são falsos ou seus fins específicos. Essa faculdade revogadora é
inexistentes, nulo é o ato praticado. reconhecida e atribuída ao Poder Público, como implícita
A invalidação dos atos administrativos na função administrativa.
inconvenientes, inoportunos ou ilegítimos constitui tema de Em principio, todo ato administrativo é revogável,
alto interesse tanto para a Administração como para o mas motivos óbvios de interesse na estabilidade das
Judiciário, uma vez que a ambos cabe, em determinadas relações jurídicas e de respeito e os direitos adquiridos
circunstâncias, desfazer os que se revelarem inadequados pelos particulares afetados pelas atividades do Poder
aos fins visados pelo Poder Público ou contrários às Público impõem certos limites e restrições a essa faculdade
normas legais que os regem. da Administração.
A Administração Pública, como instituição Neste ponto é de se relembrar que os atos
destinada a realizar o Direito e a propiciar o bem comum, administrativos podem ser gerais ou regulamentares
não pode agir fora das normas jurídicas e da moral (regulamentos e regimentos) e especiais ou individuais
administrativa, nem relegar os fins sociais a que sua ação (nomeações, permissões, licenças etc.). Quanto aos
se dirige. Se, por erro, culpa, dolo ou interesses escusos de primeiros, são, por natureza, revogáveis a qualquer tempo
seus agentes, a atividade do Poder Público desgarra-se da e em quaisquer circunstâncias, desde que a Administração
lei, divorcia-se da moral ou desvia-se do bem comum, é respeite seus efeitos produzidos ate o momento da
dever da Administração invalidar, espontaneamente ou invalidação. E compreende-se que assim o seja, porque
mediante provocação, o próprio ato, contrário à sua estes atos (gerais ou regulamentares) têm missão
finalidade, por inoportuno, inconveniente, imoral ou ilegal. normativa assemelhada à da lei, não objetivando situações
Se o não fizer a tempo, poderá o interessado recorrer às pessoais. Por isso mesmo, não geram, normalmente,
vias judiciárias. direitos subjetivos individuais à sua manutenção, razão pela
Abrem-se, assim, duas oportunidades para o qual os particulares não podem opor-se à sua revogação,
controle dos atos administrativos: uma, interna, da própria desde que sejam mantidos os efeitos já produzidos pelo
Administração; outra, externa, do Poder Judiciário. ato.
A faculdade de invalidação dos atos administrativos Quanto aos atos administrativos especiais ou
pela própria Administração é bem mais ampla que a que se individuais, são também, em tese, revogáveis, desde que
concede à justiça Comum. A Administração pode desfazer seus efeitos se revelem inconvenientes ou contrários ao
seus próprios atos por considerações de mérito e de interesse público, mas ocorre que esses atos se podem
ilegalidade, ao passo que o Judiciário só os pode invalidar tornar operantes e irrevogáveis desde a sua origem ou
quando ilegais. Donde se dizer que a Administração adquirir esse caráter por circunstâncias supervenientes à
controla seus próprios atos em toda plenitude, isto é, sob sua emissão. E tais são os que geram direitos subjetivos
os aspectos da oportunidade, conveniência, justiça, para o destinatário, os que exaurem desde logo os seus
conteúdo, forma, finalidade, moralidade e legalidade, efeitos e os que transpõem os prazos dos recursos
enquanto o controle judiciário se restringe ao exame da internos, levando a Administração a decair do poder de
legalidade, ou seja, da conformação do ato com o modificá-los ou revogá-los. Ocorrendo qualquer dessas
ordenamento jurídico a que a Administração se subordina hipóteses, o ato administrativo torna-se irrevogável, como
para sua prática. tem entendido pacificamente a jurisprudência.
A distinção dos motivos de invalidação dos atos Em qualquer dessas hipóteses, porém,
administrativos nos conduz, desde logo, a distinguir consideram-se válidos os efeitos produzidos pelo ato
também os modos de seu desfazimento. Daí a revogação e revogado até o momento da revogação, quer quanto às
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partes, quer em relação a terceiros sujeitos aos seus defeituosos na sua tramitação interna, pois ao particular
efeitos reflexos. não se impõe a obrigação de fiscalizar a conduta do Poder
Anulação é a declaração de invalidade de um ato Público. Aplicam-se, em tais casos, a presunção de
administrativo ilegítimo ou ilegal, feita pela própria legitimidade e a doutrina da aparência, que leva o
Administração ou pelo Poder Judiciário. Baseia-se, administrado a confiar na legalidade dos atos da
portanto, em razões de legitimidade ou legalidade, Administração.
diversamente da revogação, que se funda em motivos de Os efeitos da anulação dos atos administrativos
conveniência ou de oportunidade e, por isso mesmo, é retroagem às suas origens, invalidando as conseqüências
privativa da Administração. passadas, presentes e futuras do ano anulado. E assim é
Desde que a Administração reconheça que praticou porque o ato nulo (ou o inexistente) não gera direitos ou
um ato contrário ao Direito vigente, cumpre-lhe anulá-lo, e obrigações para as partes; não cria situações jurídicas
quanto antes, para restabelecer a legalidade administrativa. definitivas; não admite convalidação.
Se não fizer, poderá o interessado pedir ao judiciário que Duas observações ainda se impõem em tema de
verifique a ilegalidade do ato e declare sua invalidade, invalidação de ato administrativo: a primeira é a de que os
através da anulação. efeitos do anulamento são idênticos para os atos nulos
Outra modalidade de anulação é a cassação do ato como para os chamados atos inexistentes; a segunda é a
que, embora legítimo na sua origem e formação, torna-se de que em Direito Público não há lugar para os atos
ilegal na sua execução. Isto ocorre principalmente nos atos anuláveis. Isto porque a nulidade (absoluta) e a
administrativos negociais, cuja execução fica a cargo do anulabilidade relativa) assentam, respectivamente, na
particular que o obteve regularmente mas o descumpre ao ocorrência do interesse público e do interesse privado na
executá-lo, como, p. ex., num alvará de licença para manutenção ou eliminação do ato irregular. Quando o ato é
construir, expedido legalmente mas descumprido na de exclusivo interesse dos particulares - o que só ocorre no
execução da obra licenciada. Direito Privado - embora ilegítimo ou ilegal, pode ser
O conceito de ilegalidade ou ilegitimidade, para fins mantido ou invalidado segundo o desejo das partes;
de anulação do ato administrativo, não se restringe quando é de interesse público e tais são todos os atos
somente à violação frontal da lei. Abrange não só a clara administrativos - sua legalidade impõe-se como condição
infringência do texto legal como, também, o abuso, por de validade e eficácia do ato, não se admitindo o arbítrio
excesso ou desvio de poder, ou por relegação dos dos interessados para sua manutenção ou invalidação,
princípios gerais do Direito. Em qualquer dessas hipóteses, porque isto ofenderia a exigência de legitimidade da
quer ocorra atentado flagrante à norma jurídica, quer ocorra atuação pública.
inobservância velada dos princípios do Direito, o ato Finalmente, vejamos os efeitos da prescrição diante
administrativo padece de vício de ilegitimidade e se torna dos atos nulos. A nosso ver, a prescrição administrativa e a
passível de invalidação pela própria Administração ou pelo judicial impedem a anulação do ato no âmbito da
Judiciário, por meio de anulação. Administração ou pelo Poder Judiciário. E justifica-se essa
A ilegitimidade, como toda fraude à lei, vem quase conduta porque o interesse da estabilidade das relações
sempre dissimulada sob as vestes da legalidade. Em tais jurídicas entre o administrado e a Administração ou entre
casos, é preciso que a Administração ou o Judiciário desça esta e seus servidores é também de interesse público, tão
ao exame dos motivos, disseque os fatos e vasculhe as relevante quanto os demais. Diante disso, impõe a
provas que deram origem à prática do ato inquinado de estabilização dos atos que superem os prazos admitidos
nulidade. Não vai nessa atitude qualquer exame do mérito para sua impugnação, qualquer que seja o vício que se
administrativo, porque não se aprecia a conveniência, a lhes atribua. quando se diz que os atos nulos podem ser
oportunidade ou a justiça do ato impugnado, mas invalidados a qualquer tempo, pressupõe-se, obviamente,
unicamente sua conformação, formal e ideológica, com a lei que tal anulação se opere enquanto não prescritas as vias
em sentido amplo, isto é, com todos os preceitos impugnativas internas e externas, pois, se os atos se
normativos que condicionam a atividade pública. tornaram inatacáveis pela Administração e pelo Judiciário,
Firmado que a anulação do ato administrativo só não há como pronunciar-se sua nulidade. Embora a
pode ter por fundamento sua ilegitimidade ou ilegalidade, doutrina estrangeira negue essa evidência, os autores
isto é, sua invalidade substancial e insanável por pátrios mais atualizados com o Direito Público
infringência clara ou dissimulada das normas e princípios contemporâneo a reconhecem. Como entre nós as ações
legais que regem e atividade do Poder Público, vejamos pessoais contra a Fazenda Pública prescrevem em cinco
quais são os efeitos do pronunciamento de invalidade de anos e as reais em vinte, nesses prazos é que podem ser
tais atos, quer emane da própria Administração, quer invalidados os respectivos atos administrativos, por via
provenha do Poder judiciário. judicial. Quanto à prescrição administrativa, dependerá da
A doutrina tem sustentado que não há prazo para norma legal que a institui em cada caso.
anulação do ato administrativo, mas a jurisprudência vem A anulação dos atos administrativos pela própria
atenuando o rigor dessa afirmativa, para manter atos Administração constitui a forma normal de invalidação de
ilegítimos praticados e operantes há longo tempo e que já atividade ilegítima do Poder Público. Essa faculdade
produziram efeitos perante terceiros de boa-fé. Esse assenta no poder de autotutela do Estado. É uma justiça
entendimento jurisprudencial arrima-se na necessidade de interna, exercida pelas autoridades administrativas em
segurança e estabilidade jurídica na atuação da defesa da instituição e da legalidade de seus atos.
administração. Também não se justifica a anulação de atos
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Para a anulação do ato ilegal (não confundir com Esses atos referem-se, respectivamente, à
ato inconveniente ou inoportuno, que rende ensejo a (A) aprovação, homologação e concessão.
revogação, e não a anulação) não se exigem formalidades (B) homologação, aprovação e licença.
especiais, nem há prazo determinado para a invalidação, (C) admissão, dispensa e permissão.
(D) dispensa, homologação e autorização.
salvo quando norma legal o fixar expressamente. O (E) licença, dispensa e aprovação.
essencial é que a autoridade que o invalidar demonstre, no
devido processo legal, a nulidade com que foi praticado. 3. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 21ª
Evidenciada a infração à lei, fica justificada a anulação Região/2003) - No que tange à anulação e à revogação dos atos
administrativa. adminis-trativos, considere o que segue:
Os atos administrativos nulos ficam sujeitos a I.A incompetência relativa do agente ou a incapacidade relativa do
invalidação não só pela própria Administração como, contratante são causas de anulação.
também, pelo Poder Judiciário, desde que levados à sua II. O recurso ex officio interposto pela autoridade que houver
apreciação pelos meios processuais cabíveis que praticado o ato pode resultar na revogação.
III.Os vícios resultantes de erro, dolo, simulação ou fraude são
possibilitem o pronunciamento anulatório. causas de revogação.
A justiça somente anula atos ilegais, não podendo IV. O pedido de reconsideração feito pela parte pode resultar na
revogar atos inconvenientes ou inoportunos mas formal e revogação.
substancialmente legítimos, porque isto é atribuição V. O recurso voluntário, interposto pela parte a quem tiver
exclusiva da Administração. prejudicado o ato, e a avocação, são causas de anulação.
O controle judicial dos atos administrativos é Está correto APENAS o que se afirma em
unicamente de legalidade, mas nesse campo a revisão é (A) I, II e IV.
ampla, em face dos preceitos constitucionais de que a lei (B) I, II e V.
não poderá excluir da apreciação do Poder judiciário lesão (C) I, III e V.
(D) II, III e IV.
ou ameaça a direito (Art. 5º, XXXV); conceder-se-á (E) III, IV e V.
mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
individual ou coletivo, não amparado por "habeas corpus" 4. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 24ª
ou "habeas data" (Art. 5º, LXIX e LXX); e de que qualquer Região/2003) - O motivo, um dos requisitos do ato administrativo,
cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise pode ser conceituado como o
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de (A) fim público último ao qual se subordina o ato da
que o Estado participe (Art. 5º, LXXIII). Diante desses Administração, que é nulo na sua ausência.
mandamentos da Constituição, nenhum ato do Poder (B) objeto do ato, que deve coincidir sempre com a vontade da lei.
Público poderá ser subtraído do exame judicial, seja ele de (C) conteúdo intransferível e improrrogável que torna possível a
ação do Administrador.
que categoria for (vinculado ou discricionário) e provenha (D) pressuposto de fato e de direito em virtude do qual a
de qualquer agente, órgão ou Poder. A única restrição Administração age.
oposta é quanto ao objeto do julgamento (exame de (E) revestimento imprescindível ao ato, visto que deixa visível sua
legalidade ou da lesividade ao patrimônio público), e não finalidade para ser aferida pelos administrados.
quanto à origem ou natureza do ato impugnado.
5. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 24ª
Região/2003) - O Prefeito Totonho Filho, cumprindo todas as
================= EXERCÍCIOS ================= formalidades, desapropriou um imóvel para construir uma escola
no local. Esse ato administrativo pode ser classificado como ato
(A) de expediente.
PARTE I (B) vinculado.
(C) de gestão.
1. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 21ª (D) complexo.
Região/2003) - Na matéria sobre os elementos do ato (E) de império.
administrativo, pode-se dizer que
(A) as competências são derrogáveis e não podem ser objeto de 6. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 24ª
avocação. Região/2003) - Uma resolução é um ato administrativo que pode
(B) basta apenas sua capacidade, seja o sujeito agente político ou ser classificado como
pessoa pública. (A) permissivo, podendo ser interno ou externo, quanto aos
(C) a competência decorre sempre da lei, mas no âmbito federal efeitos.
pode ser definida por decreto. (B) ordinatório e seus efeitos são internos à Administração.
(D) o objeto será sempre lícito e moral, mas cabível ou não, certo (C) normativo, podendo ser interno ou externo, quanto aos efeitos.
ou incerto. (D) enunciativo, podendo ser vinculado ou não, conforme a
(E) a finalidade é o efeito jurídico imediato que o ato produz, o extensão de sua eficácia.
objeto é o efeito mediato. (E) punitivo e seus efeitos podem ser a interdição de atividade ou
a imposição de multa.
2. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 21ª
Região/2003) - Considere os seguintes atos administrativos: 7. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRF 1ª Região) - No
I.O Secretário de Estado aprova o procedimento licitatório. que tange a invalidação do ato administrativo é certo que
II. O Senado Federal decide a respeito da destituição do (A) à Administração cabe revogar ou anular o ato, e ao Judiciário
Procurador Geral da República. somente anulá-lo.
III. A Administração Municipal faculta a proprietário de terreno a (B) ao Judiciário cabe revogar ou anular o ato, e à Administração
construção de edifício. somente anulá-lo.
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(C) cabe tanto à Administração como ao Judiciário revogar ou (C) elemento da finalidade.
anular o ato. (D) requisito do motivo.
(D) à Administração cabe somente a revogação do ato, enquanto (E) atributo do sujeito.
que ao Judiciário apenas sua anulação.
(E) ao Judiciário cabe somente a revogação do ato, enquanto à 13. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRT/19ª
Administração apenas sua anulação.
Região) - A anulação de um ato administrativo diferencia-se de
8. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 20ª
Região/2002) - No Direito brasileiro, a anulação, pelo Poder sua revogação porque
Judiciário, de um ato administrativo discricionário praticado pelo
Poder Executivo,
(A) apenas é possível com a concordância da Admi-nistração. (A) conduz à perda da eficácia do ato anulado desde o momento
(B) é possível, independentemente de quem a provoque ou da da anulação, ao passo que o ato revogado perde seus efeitos
concordância da Administração. desde a origem.
(C) não é possível. (B) diz respeito apenas a atos vinculados, ao passo que a
(D) apenas é possível por provocação da Administração. revogação diz respeito apenas a atos discricionários.
(E) apenas é possível por provocação do destinatário do ato. (C) é providência que pode ser tomada facultativamente pela
Administração, enquanto a revogação é obrigatória.
9. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 20ª (D) diz respeito a razões de legalidade do ato administrativo, ao
Região/2002) - A motivação dos atos administrativos é apontada passo que a revogação é efetuada por motivos de conveniência e
pela doutrina como elemento fundamental para o controle de sua oportunidade.
legalidade. A Constituição Federal, por sua vez, previu (E) pode ser efetuada a qualquer tempo, ao contrário da
expressamente a motivação revogação, que somente pode ser realizada no prazo prescricional
(A) como necessária em todas as decisões administrativas dos de 5 (cinco) anos a contar da edição do ato.
Tribunais.
(B) como necessária em todas as decisões políticas do Congresso 14. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRF 1ª
Nacional. Região/2001) - A qualidade do ato administrativo que impele o
(C) entre os princípios arrolados para toda a Administração destinatário à obediência das obrigações por ele impostas, sem
Pública. necessidade de qualquer apoio judicial, refere-se ao atributo da
(D) entre os princípios arrolados para toda a Administração (A) tipicidade.
Pública Direta, não se referindo à Indireta. (B) auto-executoriedade.
(E) entre os princípios arrolados para toda a Administração (C) imperatividade.
Pública Indireta, não se referindo à Direta. (D) exigibilidade.
(E) razoabilidade.
10. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 20ª
Região/2002) - A imposição, de modo unilateral pela 15. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRF 4ª
Administração, de um ato administrativo a terceiros, região/2001) - Considere as proposições que se seguem:
independentemente da concordância destes, em tese I.O Poder Judiciário ao escolher um advogado ou membro de
(A) é compatível com o Direito Administrativo brasileiro, Ministério Público para compor o quinto constitucional pratica um
correspondendo ao atributo dos atos administrativos que a simples ato administrativo.
doutrina usa chamar auto-executoriedade. II.O Poder Legislativo ao elaborar o regimento interno
(B) é compatível com o Direito Administrativo brasileiro, disciplinando o funcionamento do Plenário pratica um ato interna
correspondendo ao atributo dos atos administrativos que a corporis.
doutrina usa chamar auto-tutela. III.O Poder Executivo ao vetar um projeto de lei pratica um ato
(C) não é compatível com o Direito Administrativo brasileiro, político.
configurando exercício arbitrário das próprias razões.
(D) não é compatível com o Direito Administrativo brasileiro, Conclui-se que APENAS
configurando abuso de autoridade. (A) II e III são corretas.
(E) é compatível com o Direito Administrativo brasileiro, (B) I e II são corretas.
correspondendo ao atributo dos atos administrativos que a (C) III é correta.
doutrina usa chamar imperatividade. (D) II é correta.
(E) I é correta.
11. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE PI/2002) - É
INCORRETO afirmar que a anulação do ato administrativo 16. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRF 4ª
(A) produz efeitos ex tunc, ou seja, retroativos. região/2001) - No que tange ao ato discricionário, pode-se
(B) está relacionada a critérios de conveniência e oportunidade. afirmar que
(C) é de competência tanto do Judiciário como da Administração (A) discricionários são os meios e modos de administrar,
Pública. assim como os fins a atingir.
(D) é cabível em relação aos beneficiários do ato ou terceiros, se (B) a discricionariedade é sempre relativa ou parcial, porque
ambos de boa-fé. quanto à finalidade do ato, por exemplo, a autoridade está
(E) pressupõe que ele (ato) seja ilegal e eficaz, de natureza subordinada ao que a lei dispõe.
abstrata ou concreta. (C) o ato resultante de poder discricionário da Administração
pode prescindir dos requisitos da forma e da competência.
12. (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE PI/2002) - A (D) ele é prescindível ao normal desempenho das funções
circunstância de fato ou de direito que autoriza ou impõe ao administrativas, diante da peculiaridade inerente à sua essência.
agente público a prática do ato administrativo se refere ao (E) as imposições legais absorvem, quase que por completo,
(A) conceito do objeto. a liberdade do administrador, porque a ação deste está adstrita à
(B) tipo da forma. norma legal.
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17. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRF 4ª 23. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRT 21ª
região/2001) - É INCORRETO afirmar que o conceito de Região/2003) - Considere as espécies de ato administrativo:
ilegalidade ou ilegitimidade, para fins de invalidação do ato I. O Prefeito Municipal confere licença ou autorização para
administrativo, construção de um prédio comercial.
(A) compreende à relegação dos princípios gerais de direito. II.O Secretário de Segurança Pública edita ato proibindo a venda
(B) abrange o abuso por excesso de poder. de bebida alcoólica durante as eleições para mandatos políticos.
(C) se estende ao abuso por desvio de poder. III. O presidente do Banco Central expede orientação sobre o
(D) se restringe somente à violação frontal da lei. programa de desenvolvimento de áreas integradas do Nordeste.
(E) envolve o abuso de poder e respectivas espécies. Esses atos referem-se, respectivamente,
(A) ao alvará, à resolução e à circular.
18. (Analista Judiciário – Execução de Mandados - TRF 5ª (B) à resolução, à circular e à instrução.
Região/2003) - NÃO é conseqüência do poder hierárquico de (C) ao alvará, à instrução e ao aviso.
uma autoridade administrativa federal, o poder de (D) à ordem de serviço, à portaria e à resolução.
(A) dar ordens aos seus subordinados.
(B) rever atos praticados por seus subordinados.
(C) resolver conflitos de competências entre seus subordinados. (E) ao alvará, ao aviso e à portaria.
(D) delegar competência para seus subordinados editarem atos
de caráter normativo. 24. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRT 21ª
(E) aplicar penalidades aos seus subordinados, observadas as Região/2003) - Em relação ao ato administrativo,
garantias processuais. I. sua revogação funda-se na ilegalidade do ato e pode ser total
ou parcial.
19. (Analista Judiciário – Execução de Mandados - TRF 5ª II. a anulação funda-se em razões de oportunidade e conveniência
Região/2003) - Se um agente público praticar um ato visando a e decorre do processo judicial.
fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra III. sua revogação é ato da própria Administração.
de competência, tal ato estará maculado pelo vício de IV. a anulação pode ser ato da própria Administração ou deriva de
(A) incompetência do agente. decisão judicial.
(B) forma. V. a revogação gera efeito ex nunc, enquanto que anulação
(C) ilegalidade do objeto. produz efeito ex tunc.
(D) inexistência de motivos. Está correto APENAS o que se afirma em
(E) desvio de finalidade. (A) I, II e III.
(B) I, IV e V.
20. (Analista Judiciário – Execução de Mandados - TRF 5ª (C) II, III e IV.
Região/2003) - Segundo ensInamento doutrinário, no Brasil, a (D) II, III e V.
revogação, pelo Poder Judiciário, de um ato administrativo (E) III, IV e V.
discricionário praticado por autoridade do Poder Executivo
(A) é amplamente possível. 25. (Analista Judiciário –Execuçao de Mandados – TRT 24ª
(B) é possível desde que o Judiciário venha a se manifestar por Região/2003) - Considere as afirmativas abaixo:
provocação da própria administração. I. Quando dizemos que a Administração, tomando conhecimento
(C) é possível desde que se trate de ato motivado. de ilícito administrativo, está obrigada a apurá-lo, sob pena de
(D) não é possível. condescendência crimino-sa, estamos nos referindo à atuação
(E) é possível desde que não se trate de ato praticado no vinculada.
exercício de competência exclusiva. II.Só pode praticar um ato aquele a quem a lei atribuiu
competência para essa prática.
21. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRT 21ª III. O Prefeito pode sancionar ou vetar o projeto de lei aprovado
Região/2003) - Para definir o ato administrativo é necessário pela Câmara Municipal, se o fizer dentro do prazo legal para tanto.
considerar, dentre outros dados, que A vinculação está presente APENAS em
(A) é sempre passível de controle privado. (A) I.
(B) é manifestação exclusiva do Poder Executivo. (B) II.
(C) produz efeitos administrativos mediatos, asseme-lhando- se à (C) III.
lei. (D) I e II.
(D) produz efeitos jurídicos imediatos. (E) I e III.
(E) sujeita-se de regra, ao regime jurídico civil.
26. (Analista Judiciário –Execuçao de Mandados – TRT 24ª
22. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRT 21ª Região/2003) - Um dos atributos do ato administrativo é a
Região/2003) - Um dos efeitos decorrente da presunção de (A) exigibilidade, segundo a qual a Administração executa
veracidade do ato administrativo é o de que unilateralmente suas determinações, que são válidas, desde que
(A) haverá imposição a terceiros em determinados atos, dentro da legalidade.
independentemente de sua concordância ou aquies-cência. (B) imperatividade, segundo a qual a Administração faz cumprir
(B) não há a inversão absoluta ou relativa do ônus da prova, suas determinações, até com o uso da força, se necessário.
cabendo à Administração Pública demonstrar sua legitimidade. (C) presunção de legitimidade, segundo a qual, até que se faça
(C) o Judiciário poderá apreciar ex officio a validade do ato, tendo prova em contrário, é legítimo, conforme à lei, o ato da
em vista o interesse público relevante. Administração.
(D) ele (ato) produzirá efeitos da mesma forma que o ato válido, (D) auto-executoriedade, segundo a qual a Administra-ção impõe
enquanto não decretada sua invalidade pela própria suas determinações, com imediatidade.
Administração ou pelo Judiciário. (E) presunção de veracidade, segundo a qual o fato alegado pela
(E) o destinatário será impelido à obediência das obriga-ções por Administração é considerado absolu-tamente verdadeiro.
ele (ato) impostas, sem necessidade de qualquer outro apoio.
27. (Analista Judiciário –Execuçao de Mandados – TRT 24ª
Região/2003) - A assessoria jurídica, chamada a opinar, informou
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aoM Prefeito Totonho Filho que ele poderia praticar certo ato com (A) não há um ato inteiramente discricionário, dado que todo ato
integral liberdade de atuação, conforme a conveniência e administrativo está vinculado à lei, pelo menos no que respeite ao
oportunidade, devendo apenas observar os limites traçados pela fim e à competência.
legalidade. Dentre as alternativas possíveis, o Prefeito escolheu a (B) está presente o juízo subjetivo do administrador quando da
solução que mais lhe agradou e praticou o ato. Pelas indicações escolha da conveniência e da oportuni-dade.
dadas, sabe-se, com certeza, que se tratava de um ato (C) a oportunidade e a conveniência do ato administra-tivo
(A) de império. compõem o binômio denominado pela doutrina de mérito.
(B) discricionário. (D) mérito é a indagação da oportunidade e da conve-niência do
(C) enunciativo. ato administrativo, representando a sede de poder discricionário.
(D) de mero expediente. (E) o Poder Judiciário pode examinar o ato discricioná-rio,
(E) homologatório. inclusive apreciando os aspectos de conveniên-cia e
oportunidade.
28. (Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRT 5ª
Região/2003) - Ao analisar a validade de um ato administrativo 33. (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 21ª Região/2003) -
discricionário, um juiz percebe que seus requisitos legais estão Um dos efeitos decorrente da presunção de veracidade do ato
presentes. Contudo, verifica que a medida tomada pelo administrativo é o de que
Administrador viola o princípio da proporcionalidade e que o (A) haverá imposição a terceiros em determinados atos,
mesmo efeito poderá ser obtido mediante medida menos gravosa independentemente de sua concordância ou aquies-cência.
para o particular. Nessa hipótese, o juiz (B) não há a inversão absoluta ou relativa do ônus da prova,
(A) não poderá anular, mas poderá revogar o ato administrativo, cabendo à Administração Pública demonstrar sua legitimidade.
por ser discricionário. (C) o Judiciário poderá apreciar ex officio a validade do ato, tendo
(B) poderá anular o ato administrativo, em razão de vício de em vista o interesse público relevante.
forma. (D) ele (ato) produzirá efeitos da mesma forma que o ato válido,
(C) poderá revogar o ato administrativo, por discordar dos motivos enquanto não decretada sua invalidade pela própria
de conveniência e oportunidade invoca-dos pelo Administrador. Administração ou pelo Judiciário.
(D) poderá anular o ato administrativo, ou as medidas excessivas (E) o destinatário será impelido à obediência das obriga-ções por
desproporcionais. ele (ato) impostas, sem necessidade de qualquer outro apoio.
(E) não poderá anular nem revogar o ato administrativo, pois não
cabe ao Judiciário analisar ato discri-cionário. 34. (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 21ª Região/2003) -
Considere as espécies de ato administrativo:
29. (Analista Judiciário –Área Judiciária – TRE Acre/2003) - I. O Prefeito Municipal confere licença ou autorização para
Quanto aos elementos do ato administrativo, pode-se afirmar que construção de um prédio comercial.
(A) "sujeito é aquele a quem o ato se destina ou sobre quem ele II.O Secretário de Segurança Pública edita ato proibindo a venda
versa". de bebida alcoólica durante as eleições para mandatos políticos.
(B) "motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de III. O presidente do Banco Central expede orientação sobre o
fundamento ao ato". programa de desenvolvimento de áreas integradas do Nordeste.
(C) "objeto é a finalidade a ser alcançada pelo ato". Esses atos referem-se, respectivamente,
(D) "fim é o efeito jurídico imediato que o ato produz". (A) ao alvará, à resolução e à circular.
(E) "competência é o modo pelo qual o ato se exterioriza ou deve (B) à resolução, à circular e à instrução.
ser feito". (C) ao alvará, à instrução e ao aviso.
(D) à ordem de serviço, à portaria e à resolução.
30. (Analista Judiciário – Área Judiciária –TRE BA/2003) - A (E) ao alvará, ao aviso e à portaria.
competência para a revogação do ato administrativo é
(A) de seu autor e do Poder Judiciário, ante a inafas-tabilidade da
jurisdição. Gabarito – Parte I
(B) do superior hierárquico e do Poder Judiciário, ante a
inafastabilidade da jurisdição. 1. C 2. B 3. A 4. D 5. E 6. C
(C) do superior hierárquico, somente mediante recurso, pois lhe é
7. A 8. B 9. A 10. E 11. B 12. D
vedado agir de ofício.
(D) de seu autor ou de quem tenha poderes para conhecer de 13. D 14. D 15. A 16. B 17. D 18. D
ofício ou por recurso. 19. E 20. D 21. D 22. D 23. A 24. E
(E) de seu autor, apenas na hipótese de ato vinculado, desde que 25. D 26. C 27. B 28. D 29. B 30. D
agindo de ofício.
31. A 32. E 33. D 34. A
11/09/03 - 13:14
31. (Analista Judiciário – Área Judiciária –TRE BA/2003) - Da
apreciação da conveniência e oportunidade do ato administrativo
pode resultar a PARTE II
(A) revogação.
(B) nulidade. 35. (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 21ª Região/2003) -
(C) anulação. Em relação ao ato administrativo,
(D) invalidação. I. sua revogação funda-se na ilegalidade do ato e pode ser total
(E) repristinação. ou parcial.
II. a anulação funda-se em razões de oportunidade e conveniência
32. (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 21ª Região/2003) - e decorre do processo judicial.
No que diz respeito à discricionariedade, é INCORRETO afirmar III. sua revogação é ato da própria Administração.
que IV. a anulação pode ser ato da própria Administração ou deriva de
decisão judicial.
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V. a revogação gera efeito ex nunc, enquanto que anulação (E) não é possível por se tratar de ato discricionário.
produz efeito ex tunc.
Está correto APENAS o que se afirma em 40. (Analista Judiciário –Área Judiciária – TRF 5ª Região/2003) -
(A) I, II e III. Se um agente público praticar um ato visando a fim diverso
(B) I, IV e V. daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de
(C) II, III e IV. competência, tal ato estará maculado pelo vício de
(D) II, III e V. (A) incompetência do agente.
(E) III, IV e V. (B) forma.
(C) ilegalidade do objeto.
36. (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 21ª Região/2003) - (D) inexistência de motivos.
No que tange à vinculação, é correto afirmar que (E) desvio de finalidade.
(A) o ato vinculado, por ser decorrente do poder, não está sujeito
a qualquer controle. 41. (Analista Judiciário –Área Judiciária – TRF 5ª Região/2003) -
(B) a Administração pode negar o benefício, ainda que Segundo ensinamento doutrinário, no Brasil, a revogação, pelo
implementada a condição legal. Poder Judiciário, de um ato administrativo discricionário praticado
(C) o particular, preenchidos os requisitos, tem o direito subjetivo por autoridade do Poder Executivo
de exigir a edição do ato. (A) é amplamente possível.
(D) é prerrogativa do Poder Executivo e seus órgãos, não tendo (B) é possível desde que o Judiciário venha a se manifestar por
aplicabilidade aos demais poderes. provocação da própria administração.
(E) ela se confunde com a discricionariedade do ato (C) é possível desde que se trate de ato motivado.
administrativo, sendo irrelevante a distinção. (D) não é possível.
(E) é possível desde que não se trate de ato praticado no
37. (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 21ª Região/2003) - exercício de competência exclusiva.
"X", Secretário Municipal de Habitação, adotou as providências
necessárias para a venda de lotes no Município, adquirindo um 42. (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 19ª Região/2003) -
deles, contíguo ao seu, na mesma oportunidade, beneficiando-se É matéria que se encontra excluída da regra geral de auto-
da valorização decorrente da agregação de área. O ato foi executoriedade dos atos administrativos a
justificado com a singela menção de um dispositivo legal e a (A) aplicação de multas pelo descumprimento de posturas
expressão "notória urgência". edilícias.
Nesse caso, (B) demissão de servidor público estável.
(A) o interesse público sobrepõe-se ao particular em razão da (C) aplicação de sanções pela inexecução de contratos
valorização da área e a motivação é sufi-ciente. administrativos.
(B) o interesse particular sobrepõe-se ao interesse públi-co e (D) cobrança da dívida ativa da União, Estados ou Municípios.
apresenta falta de motivação, ocorrendo desvio de finalidade. (E) tomada de medidas preventivas de polícia administrativa.
(C) o Secretário Municipal não agiu com desvio de finali-dade ou
de poder, porque era competente para a prática do ato. 43. (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 19ª Região/2003) -
(D) o interesse particular confunde-se com o interesse público em Pela teoria dos motivos determinantes,
razão da "notória urgência" para o interes-se municipal. (A) os motivos alegados pela Administração integram a validade
(E) o ato é legal porque o Secretário era competente, estava do ato e vinculam o agente.
presente a adequação do ato ao seu fim legal e o objeto era (B) todo ato administrativo deve conter motivação.
possível. (C) todo ato administrativo deve conter motivo.
(D) os objetivos perseguidos pelo ato não precisam decorrer dos
38. (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 24ª Região/2003) - motivos alegados.
Considere as afirmativas abaixo. (E) os motivos alegados pela Administração não podem ser
I. Quando dizemos que a Administração, tomando conhecimento apreciados pelo Poder Judiciário.
de ilícito administrativo, está obrigada a apurá-lo, sob pena de
condescendência crimino-sa, estamos nos referindo à atuação 44. (Analista Judiciário – Área judiciária –TRT 20ª Região/2002) -
vinculada. A imposição, de modo unilateral pela Administração, de um ato
II.Só pode praticar um ato aquele a quem a lei atribuiu administrativo a terceiros, independentemente da concordância
competência para essa prática. destes, em tese
III. O Prefeito pode sancionar ou vetar o projeto de lei aprovado (A) não é compatível com o Direito Administrativo brasileiro,
pela Câmara Municipal, se o fizer dentro do prazo legal para tanto. configurando exercício arbitrário das próprias razões.
A vinculação está presente APENAS em (B) não é compatível com o Direito Administrativo brasileiro,
(A) I. configurando abuso de autoridade.
(B) II. (C) é compatível com o Direito Administrativo brasileiro,
(C) III. correspondendo ao atributo dos atos administrativos que a
(D) I e II. doutrina usa chamar imperatividade.
(E) I e III. (D) é compatível com o Direito Administrativo brasileiro,
correspondendo ao atributo dos atos administrativos que a
39.(Analista Judiciário – Área Judiciária –TRE Ceará/2002) - Caso doutrina usa chamar auto-executoriedade.
se detecte, após dois anos de sua edição, uma ilegalidade em um (E) é compatível com o Direito Administrativo brasileiro,
ato administrativo discricionário, praticado privativamente pelo correspondendo ao atributo dos atos administrativos que a
Presidente da República, sua anulação pelo Poder Judiciário doutrina usa chamar auto-tutela.
(A) não é possível em face do tempo decorrido desde sua edição.
(B) não é possível, sendo sim caso de revogação. 45. (Analista Judiciário – Área judiciária –TRT 20ª Região/2002) -
(C) é possível, em tese. No Direito brasileiro, a anulação, pelo Poder Judiciário, de um ato
(D) não é possível por se tratar de ato privativo do Presidente da administrativo discricionário praticado pelo Poder Executivo,
República. (A) não é possível.
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(B) apenas é possível por provocação da Administração. (A) da forma e do motivo, respectivamente.
(C) apenas é possível por provocação do destinatário do ato. (B) do motivo para ambos os casos.
(D) apenas é possível com a concordância da Admi-nistração. (C) do objeto para ambos os casos.
(E) é possível, independentemente de quem a provoque ou da (D) da finalidade para ambos os casos.
concordância da Administração. (E) do sujeito e da finalidade, respectivamente.

46. (Analista Judiciário – Área judiciária –TRT 20ª Região/2002) - 52. (Técnico Judiciário – Área Administrativa - TRT 21ª
A doutrina aponta a licença como exemplo de ato administrativo Região/2003) - Tendo em vista a invalidação do ato
vinculado. É coerente com essa posição afirmar que uma licença administrativo, é correto afirmar que a
(A) envolve direito subjetivo do interessado ao exercício da (A) anulação é ato privativo do Judiciário enquanto que a
atividade licenciada. Administração só pode revogar o ato adminis-trativo.
(B) não pode ter sua concessão sujeita ao controle juris-dicional. (B) anulação pode ser feita pela própria Administração, mediante
(C) não pode ser cassada pela Administração. provocação, e pelo Judiciário independen-te de provocação.
(D) pode ser revogada pelo Poder Judiciário. (C) revogação do ato administrativo é obrigatória pela própria
(E) pode ter sua concessão negada, a juízo da Administra-ção, Administração, e pelo Judiciário quando houver razões de
sob argumentos de conveniência e oportunidade. ilegalidade.
(D) revogação do ato administrativo é facultativa tanto pela
47. (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRF 1ª Região/2001) - Administração quanto pelo Judiciário, seja por ilegalidade ou por
O ato administrativo, vinculado ou discricionário, segundo o qual a interesse público.
Administração Pública outorga a alguém, que para isso se (E) anulação pode ser feita pelo Judiciário, mediante provocação,
interesse, o direito de prestar um serviço público ou usar, em e pela própria Administração indepen-dente de provocação.
caráter privativo, um bem público, caracteriza-se como
(A) licença. 53. (Técnico Judiciário – Área Administrativa - TRT 21ª
(B) autorização. Região/2003) - Quanto à discricionariedade e à vinculação é
(C) concessão. correto afirmar que
(D) permissão. (A) o ato administrativo é discricionário quando a lei não deixa
(E) homologação. opções, estabelecendo que diante de determi-nados requisitos a
Administração deve agir de tal ou qual forma.
48. (Analista Judiciário –Área Judiciária –TRE PI/2002) - É (B) o particular tem, diante de um poder vinculado, direito à edição
INCORRETO afirmar que a anulação do ato administrativo do ato administrativo, sujeitando-se a autoridade omissa à
(A) está relacionada a critérios de conveniência e oportunidade. correção judicial.
(B) produz efeitos ex tunc, ou seja, retroativos. (C) o ato é vinculado quando a lei deixa certa margem de
(C) é de competência tanto do Judiciário como da Administração liberdade de decisão diante do caso concreto, de tal modo que a
Pública. autoridade poderá optar por uma dentre várias soluções
(D) é cabível em relação aos beneficiários do ato ou terceiros, se possíveis.
ambos de boa-fé. (D) a discricionariedade, implicando em liberdade de atuação,
(E) pressupõe que ele (ato) seja ilegal e eficaz, de natureza mesmo nos limites traçados pela lei, revela sempre uma das
abstrata ou concreta. formas de arbitrariedade.
(E) os atos regrados diferenciam-se dos vinculados, porque os
49. (Analista Judiciário –Área Judiciária –TRE PI/2002) - A primeiros são editados por razões de conveniência e oportunidade
circunstância de fato ou de direito que autoriza ou impõe ao e os segundos por força de ato normativo.
agente público a prática do ato administrativo se refere ao
(A) conceito do objeto. 54. (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 19ª
(B) tipo da forma. Região/2003) - A Administração Pública executar seus próprios
(C) elemento da finalidade. atos, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário, é
(D) requisito do motivo. (A) compatível com o regime constitucional brasileiro e
(E) atributo do sujeito. corresponde ao atributo dos atos administrativos dito auto-
executoriedade.
50. (Técnico Judiciário – Área Administrativa - TRT 21ª (B) compatível com o regime constitucional brasileiro e
Região/2003) - Considere os seguintes atributos do ato corresponde ao atributo dos atos administrativos dito presunção
administrativo: de veracidade.
I. Determinados atos administrativos que se impõem a terceiros, (C) incompatível com o regime constitucional brasileiro, por violar
independentemente de sua concordância. a garantia de acesso ao Judiciário.
II. O ato administrativo deve corresponder a figuras definidas (D) incompatível com o regime constitucional brasileiro, por violar
previamente pela lei como aptas Na produzir determinados o princípio da igualdade.
resultados. (E) compatível com o regime constitucional brasileiro e
Esses atributos dizem respeito, respectivamente, à corresponde ao atributo dos atos administrativos dito
(A) imperatividade e à tipicidade. imperatividade.
(B) auto-executoriedade e à legalidade.
(C) exigibilidade e à legalidade. 55. (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 19ª
(D) legalidade e à presunção de legitimidade. Região/2003) - A apreciação, pelo Poder Judiciário, da legalidade
(E) tipicidade e à imperatividade. de um ato administrativo
(A) é possível se se tratar de ato discricionário, mas não se se
51. (Técnico Judiciário – Área Administrativa - TRT 21ª tratar de ato vinculado.
Região/2003) - A demissão e a remoção ex officio foram definidos (B) é possível, tanto para ato vinculado, como para ato
pela lei, colocando a primeira entre os atos punitivos e a segunda discricionário, desde que provocada pela própria Administração.
para atender a necessidade do serviço público. Esses resultados (C) não é possível, nem para ato vinculado, nem para ato
dizem respeito ao requisito discricionário.
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(D) é possível, tanto para ato vinculado, como para ato modificação ou comprovação de situações jurídicas concernentes
discricionário. a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação do Poder Público,
(E) é possível se se tratar de ato vinculado, mas não se se tratar correspondem ao requisito denominado
de ato discricionário. (A) finalidade
(B) motivo.
56. (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRF/2001) -
Quando a lei deixa certa margem para atividade pessoal do (C) tipicidade.
administrador na escolha da oportunidade ou da conveniência do (D) razoabilidade.
ato, a exemplo da determinação de mão única ou mão dupla de (E) objeto.
trânsito numa via pública, está presente o ato administrativo
(A) de gestão.
62. (Técnico Judiciário – Área Judiciária e Administrativa – TRF 4ª
(B) arbitrário.
Região/2001) - A imediata execução ou operatividade dos atos
(C) vinculado.
administrativos, mesmo que argüidos de vícios ou defeitos que os
(D) discricionário.
levem à invalidade, diz respeito ao atributo da
(E) atípico.
(A) imperatividade.
57. (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRF/2001) - O (B) auto-executoriedade.
atributo do ato administrativo, consistente na prerrogativa da (C) presunção de legitimidade.
Administração Pública de impor unilateralmente as suas (D) impessoalidade.
determinações, válidas, desde que dentro da legalidade, é
conhecido por (E) indisponibilidade.
(A) exigibilidade.
(B) imperatividade. 63. (Técnico Judiciário – Área Judiciária e Administrativa – TRF 4ª
(C) auto-executoriedade. Região/2001) - Os atos de império podem ser conceituados
(D) tipicidade. como sendo todos aqueles que
(E) presunção de legitimidade. (A) a Administração pratica usando de sua supremacia sobre
o administrado ou servidor e lhes impõe obrigatório atendimento.
58. (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 20ª (B) a Administração pratica sem usar de sua supremacia
Região/2002) - A possibilidade de a Administração pôr em sobre os destinatários, podendo utilizá-la apenas sobre o servidor.
execução seus próprios atos, sem necessidade de intervenção do (C) se destinam a dar andamento aos processos e papéis
Poder Judiciário que tramitam nas repartições públicas.
(A) não é compatível com o Direito Administrativo bra-sileiro, (D) a lei estabelece os requisitos e condições de sua
configurando exercício arbitrário das próprias razões. realização, mediante livre conveniência do administrador.
(B) não é compatível com o Direito Administrativo bra-sileiro, (E) decorrem da parcial conveniência e oportunidade, mas
configurando violação do princípio da separa-ção de Poderes. de livre escolha pelo administrador.
(C) é compatível com o Direito Administrativo brasileiro,
correspondendo ao atributo dos atos administrativos que a 64. (Defensor Público – Maranhão/2003) - Dois atos
doutrina usa chamar imperatividade. administrativos foram praticados com vícios. O primeiro não
(D) é compatível com o Direito Administrativo brasileiro, continha motivação, em que pese fosse legalmente exigida. O
correspondendo ao atributo dos atos administrativos que a segundo foi praticado tendo seu agente visado a fim diverso
doutrina usa chamar auto-executoriedade. daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de
(E) é compatível com o Direito Administrativo brasileiro, competência. Os vícios acima caracterizados, conforme definição
correspondendo ao atributo dos atos administrativos que a do Direito brasileiro, são, respectivamente,
doutrina usa chamar auto-tutela. (A) ilegalidade de objeto e vício de forma.
(B) inexistência dos motivos e incompetência.
59. (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 20ª (C) vício de forma e desvio de finalidade.
Região/2002) - Os pressupostos de fato e de direito que servem (D) inexistência de motivos e desvio de finalidade.
de fundamento ao ato administrativo correspondem ao seu (E) ilegalidade do objeto e incompetência.
requisito dito
(A) agente. 65. (Defensor Público – Maranhão/2003) - Suponha que uma lei
(B) forma. preveja a possibilidade de revogação de uma licença para
(C) objeto. construir. Essa lei seria vista doutrinariamente como contendo
(D) motivo. uma
(E) finalidade. (A) regra conceitualmente adequada, posto que a licen-ça, sendo
ato vinculado, pode ser livremente des-feita por motivos de
60. (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 20ª conveniência e oportunidade.
Região/2002) - No Direito brasileiro, a revogação, pelo Poder (B) regra conceitualmente adequada, posto que a licença, sendo
Judiciário, de um ato administrativo discricionário praticado pelo ato vinculado, pode ser livremente desfeita por motivos de
Poder Executivo legalidade.
(A) só é possível se não afetar direitos adquiridos. (C) impropriedade conceitual, posto que a licença, sen-do ato
(B) só é possível após esgotada a via administrativa. discricionário, não pode ser livremente des-feita por motivos de
(C) só é possível se o ato não houver exaurido seus conveniência e oportunidade.
efeitos. (D) regra conceitualmente adequada, posto que a licença, sendo
(D) só é possível para atos de caráter normativo. ato discrionário, pode ser livremente desfeita por motivos de
(E) não é possível. legalidade.
(E) impropriedade conceitual, posto que a licença, sen-do ato
61. (Técnico Judiciário – Área Judiciária e Administrativa – TRF 4ª vinculado, não pode ser livremente desfeita por motivos de
Região/2001) - Em matéria de atos administrativos, a criação, conveniência e oportunidade.
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d) se as duas assertivas forem verdadeiras, mas a Segunda não
66. (Defensor Público – Maranhão/2003) - Determinada for uma justificativa correta da primeira.
autoridade administrativa presencia a prática de um ato ilícito por e) se a primeira asserção for uma proposição verdadeira e a
parte de um cidadão, passível de san-ção no âmbito Segunda uma proposição
administrativo. Sendo assim, tratando-se de autoridade incorreta.
competente, decide aplicar-lhe e executar diretamente a pena. Tal
procedimento 69. (Juiz de Direito Substituto – TJ RN/2002) - Como regra, nada
(A) é compatível com o ordenamento constitucional brasileiro, obsta que um ato administrativo, que já tenha exaurindo seus
fundamentando-se na auto-executorie-dade dos atos efeitos, seja revogado pela Administração por razões de
administrativos. conveniência e oportunidade PORQUE a revogação dos atos
(B) é compatível com o ordenamento constitucional brasileiro, administrativos opera efeitos extunc.
fundamentando-se na auto-tutela dos atos administrativos.
(C) é compatível com o ordenamento constitucional brasileiro, 70. (Juiz Substituto – TJ RN/1999) - Segundo a teoria dos motivos
fundamentando-se na imperatividade dos atos administrativos. determinantes,
(D) é compatível com o ordenamento constitucional brasileiro, (A) todo ato administrativo deve ter sua motivação expressamente
fundamentando-se na presunção de legalidade dos atos prevista na lei
administrativos. (B) a inexistência dos motivos explicitados pelo agente para a
(E) viola as disposições constitucionais acerca do devido processo prática do ato administrativo invalida o ato, ainda que outros
legal, também aplicáveis no âmbito administrativo. motivos de fato existam para justifica-lo
(C) os motivos invocados para a prática do ato administrativo
67. (Gestor do MARE/1999) - NÃO constitui ato administrativo a fazem parte do mérito da ato e não podem ser apreciados
decisão judicialmente
(A) da Câmara dos Deputados, aprovando seu regimento (D) a finalidade de interesse público a que visa o agente com a
interno. prática do ato administrativo pare sanar eventual vício de forma do
(B) dos Presidentes dos Tribunais do Poder Judiciário, ato ou de competência relativa do agente
concedendo férias aos Juízes. (E) o desatendimento ao interesse público pode ser invocado pelo
(C) do Tribunal de Contas, aprovando as contas dos Poder Judiciário para a anulação do ato administrativo.
responsáveis por valores públicos.
(D) do Senado Federal, decretando o "impeachment" do 71. (Juiz Substituto – TJ RN/1999) - A revogação de um ato
Presidente da República. administrativo discricionário pelo Poder Judiciário
(E) do Presidente da República exonerando o Ministro de (A) pode ocorrer apenas em razão de vicio de forma
Estado. (B) pode ocorrer apenas em razão de vicio de competência do
agente.
68. (Juiz de Direito Substituto – TJ RN/2002) - a Lei nº 4.717/65 (C) pode ocorrer apenas em razão de ilegalidade do abjeta.
classifica os vícios dos atos administrativos conforme as (D) pode ocorrer apenas em razão de desvio de finalidade.
alternativas abaixo. A falta de motivação de um ato que devesse (E) não pode ocorrer
ser motivado é corretamente enquadrada na hipótese de
a) desvio de finalidade. Instruções: A questão de número 72 contém duas
b) incompetência. afirmações. Assinale, na folha de respostas,
c) inexistência dos motivos. (A) se as duas são verdadeiras e a segunda justifica a
d) ilegalidade do objeto. primeira.
e) vício de forma. (B) se as duas são verdadeiras e a segunda não justifica a
primeira.
(C) se a primeira é verdadeira e a segunda é falsa.
Gabarito – Parte II (D) se a primeira é falsa e a segunda é verdadeira.
(E) se as duas são falsas.
35. E 36. C 37. B 38. D 39. C 40. E
72. (Juiz Substituto – TRF 5ª Região/2001) - Os atos
41. D 42. D 43. A 44. C 45. E 46. A
administrativos discricionários podem ser revogados pela
47. D 48. A 49. D 50. A 51. D 52. E Administração, a qualquer tempo, por motivo de
53. B 54. A 55. D 56. D 57. B 58. D conveniência ou oportunidade, sendo o ato de revogação
59. D 60. E 61. E 62. C 63. A 64. C excluído da apreciação judicial
65. E3 66. E 67. D 68. E
PORQUE

não há direitos adquiridos em face de atos administrativos


PARTE III discricionários.

Instruções: 73. (Juiz Substituto – TJ PI/2001) - A revogação e a nulidade do


A questão de números 69 apresenta uma sentença com duas ato administrativo são temas sempre presentes no controle
asserções. Para respondê-la assinale, na folha de respostas, jurisdicional da Administração Pública. Diante disso, assinale a
a) se a primeira asserção for uma proposição incorreta e a assertiva correta.
Segunda uma preposição verdadeira. a) O mandado de segurança é o recurso processual cabível
b) se tanto a primeira como a Segunda forem proposições para atacar a revogação do ato administrativo desde que
incorretas. presente o direito líquido e certo da parte impetrante.
c) se as duas asserções forem verdadeiras e a Segunda for uma b) A declaração de nulidade não pode retroagir para atingir
justificativa correta da primeira. direito adquirido.
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c) A revogação, embora típica manifestação de vontade II. Atribuição de diplomas, medalhas, títulos honoríficos e
administrativa, só produz efeitos a partir de sua publicação. subsídios a fundo perdido.
d) A declaração de nulidade, quando proclamada pela própria III.Licença ambiental, urbanística e para funcionamento de
Administração Pública, em respeito ao poder discricionário, bancos.
não necessita de motivação. No que se refere à tipologia procedimental esses atos
e) Da sentença proferida em ação popular e que declara denominam-se, respectivamente,
procedente a nulidade de ato administrativo lesivo ao (A) decretos restritivos, ablatórios e permissivos.
patrimônio público, cabe reexame necessário. (B) regulamentos punitivos, declaratórios e concessivos.
(C) provimentos ablatórios, concessivos e autorizatórios.
74. (Procurador Judicial do Município de Recife/2003) - Exclui-se (D) resoluções constitutivas, permissivas e ablatórias.
das possíveis manifestações da discricionarie-dade administrativa (E) deliberações constritivas, autorizatórias e constitutivas.
a competência para o agente público decidir
(A) se o ato deverá ou não ser praticado. 79. (Promotor de Justiça – MP SE/2002) - Em matéria de
(B) o momento da prática do ato. vinculação e discricionariedade a doutrina entende que,
(C) quais os meios a serem utilizados para a prática do ato. (A) no que diz respeito à finalidade do ato, em sentido restrito,
(D) se os requisitos legais para a prática do ato serão ou não existe vinculação, e em sentido amplo há discricionariedade.
observados. (B) na discricionariedade a administração está colocada diante de
(E) se estão presentes os motivos de conveniência e oportunidade conceitos unissignificativos ou teoréticos.
para a prática do ato. (C) em relação ao sujeito do ato, este é sempre discricionário,
porque aquele tem ampla liberdade de decisão.
75. (Procurador Judicial do Município de Recife/2003) - A (D) diante de conceitos indeterminados, a discriciona-riedade
ausência de motivação em um ato administrativo que, por dispensa a interpretação e a subsunção, o que não ocorre quanto
expressa previsão legal, devesse ser motivado, e a prática de ato a vinculação.
administrativo visando-se a fim diverso daquele previsto (E) os atos vinculados são praticados quando esteja o
explicitamente na regra de competência, segundo a classificação administrador diante de conceitos plurissignificativos ou
do direito positivo brasileiro, caracterizam, respectivamente, os pragmáticos.
vícios ditos
(A) desvio de finalidade e incompetência. 80. (Procurador Judicial do Município de Recife/2003) -
Compreende-se entre as prerrogativas da Administração Pública
(A) o foro privilegiado para discutir a legalidade de seus atos.
(B) ilegalidade do objeto e inexistência dos motivos. (B) a faculdade de requerer ao Poder Judiciário a auto-
(C) inexistência dos motivos e incompetência. executoriedade de seus atos.
(D) vício de forma e desvio de finalidade. (C) a imprescindibilidade da licitação para a celebração de
(E) inexistência dos motivos e desvio de finalidade. contratos.
(D) a possibilidade de anular seus próprios atos, quando ilegais.
76. (Procurador Judicial do Município de Recife/2003) - Considere (E) o direito de revogar seus próprios atos, revogando igualmente
dois atos administrativos: um, que já tenha exaurido seus efeitos; os efeitos por eles já produzidos.
outro, que tenha sido praticado de modo vinculado. É usual a
doutrina afirmar que a própria Administração 81. (Técnico Judiciário – Área administrativa TRE Acre/2003) - Um
(A) não pode revogá-los, mas pode anulá-los. dos traços mais característicos da Administração Pública é
(B) não pode anulá-los, mas pode revogá-los. (A) a prevalência do interesse público sobre o interesse privado.
(C) pode anulá-los e revogá-los. (B) o monopólio da prática dos atos administrativos pelo Poder
(D) não pode anulá-los, nem revogá-los. Executivo.
(E) pode anular, mas não revogar o primeiro; e pode revogar, mas (C) a reserva constitucional de isonomia entre os interesses
não anular o segundo. públicos e os privados.
(D) o uso legal da arbitrariedade pelo Administrador na prática do
77. (Promotor de Justiça Substituto – MP PE/2002) - ato administrativo.
Considerando a exteriorização dos atos administrativos, existem (E) a possibilidade de o Poder Judiciário rever qualquer ato
fórmulas administrativo.
I. com que os agentes públicos procedem as neces-sárias
comunicações de caráter administrativo ou social; 82. (Procurador do Estado – 3ª Classe – Maranhão SET/2003) -
II. segundo as quais os chefes do Poder Executivo veiculam atos Determinada lei prevê que autoridade do Poder Executivo possa
administrativos de suas respectivas competências; editar, discricionariamente, certos atos administrativos,impondo-os
III. de que se valem os órgãos colegiados para manifestar suas a terceiros independentemente da concordância destes últimos.
deliberações em assuntos da respectiva competência ou para Prevê ainda que tais atos possam ser postos em execução pela
dispor sobre seu funcionamento. própria Administração, sem necessidade de intervenção do Poder
Esses casos, dizem respeito, respectivamente, Judiciário. Essa lei exprime, respectivamente, a
(A) aos correios eletrônicos (e-mail) oficiais, às circulares e às (A) auto-executoriedade e a auto-tutela dos atos administrativos,
súmulas. mas contém impropriedade, pois tais atributos não se aplicam a
(B) às intimações, às portarias e aos decretos legislativos. atos discricionários.
(C) às notificações, aos regimentos e aos regulamentos. (B) auto-tutela e a auto-executoriedade dos atos administrativos,
(D) aos avisos, às medidas provisórias e às instruções atributos aplicáveis tanto a atos discricionários, como a
normativas. vinculados.
(E) aos ofícios, aos decretos e às resoluções. (C) imperatividade e a auto-tutela dos atos administrativos, mas
contém impropriedade, pois tais atributos não se aplicam a atos
78. (Promotor de Justiça – MP SE/2002) - Analise, no tocante ao discricionários.
seu conteúdo, os seguintes atos administrativos:
I. Cassação da carteira de habilitação para dirigir e
desapropriação de imóvel.
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(D) imperatividade e a auto-executoriedade dos atos (D) A validade do ato está vinculada aos motivos indicados no
administrativos, atributos aplicáveis tanto a atos discricionários, fundamento, ainda que a lei não exija motivação.
como vinculados. (E) Os atos administrativos ordinários emanam d poder
(E) auto-tutela e imperatividade dos atos administrativos, mas hierárquico.
contém impropriedade, pois tais atributos não se aplicam a atos
discricionários. 87. (Procurador do Estado – 3ª Classe – PGE Bahia –
Novembro/2002) - Em relação à competência para a prática de
83. (Procurador do Estado – 3ª Classe – Maranhão SET/2003) - atos administrativos, e INCORRETO dizer que
Na Súmula no 473, o Supremo Tribunal Federal fixou o (A) pode ser sempre delegada.
entendimento de que a Administração pode anular seus próprios (B) pode ser avocada, desde que autorizada por lei.
atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque (C) decorre sempre de lei.
deles não se originam direitos; ou revoga-los, por motivo de (D) é inderrogável pela vontade da Administração.
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, (E) é improrrogável pela vontade dos interessados.
e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. É
harmônico com esse entendimento afirmar-se que 88. (Procurador do Estado – 3ª Classe – PGE Bahia –
(A) a revogação de um ato administrativo está ligada ao poder Novembro/2002) - Analise as assertivas a seguir:
discricionário da Administração. I. Os atos administrativos discricionários são insuscetíveis de
(B) o Poder Judiciário, ao decidir pela revogação de um ato controle judicial.
administrativo, igualmente está adstrito à observância dos direitos II. O controle interno exercido pela Administração decorre do
adquiridos. poder de autotutela.
(C) o destinatário do ato anulado nunca fará jus a indenização, por III. O controle judicial dos atos da Administração está
parte da Administração, como reflexo da anulação. condicionado à exaustão das vias administrativa.
(D) nenhuma lei poderá fixar prazo para que a Administração Com relação às afirmações acima, verifica-se que APENAS a
anule seus atos. (A) I e II estão corretas.
(E) é possível socorrer-se do Poder Judiciário para a anulação ou (B) II e III estão corretas.
revogação de um ato administrativo antes mesmo de esgotada a (C) I está correta.
via administrativa. (D) II está correta .
(E) III está correta.
84. (Defensor Público – 1ª Classe – Maranhão Set/2003) - Dois
atos administrativos foram praticados com vícios. O primeiro não 89. (Assessor Jurídico – Tribunal de Contas do Piauí/2002) -
continha motivação, em que pese fosse legalmente exigida. O Suponha que uma autoridade administrativa resolva exonerar um
segundo foi praticado tendo seu agente visado a fim diverso servidor ocupante de cargo em comissão. No ato de exoneração,
daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de a autoridade, mesmo que não fosse obrigada a tanto, indica como
competência. Os vícios acima caracterizados, conforme definição motivo de sua decisão a prática de atos de improbidade pelo
do Direito brasileiro, são, respectivamente, servidor. Caso tal motivo não corresponda à realidade, o ato de
(A) ilegalidade de objeto e vício de forma. exoneração deverá ser
(B) inexistência dos motivos e incompetência. (A) invalidado, mesmo que a autoridade possa voltar a praticá-lo
(C) vício de forma e desvio de finalidade. independentemente do motivo apontado.
(D) inexistência de motivos e desvio de finalidade. (B) mantido, sendo considerado lícito, já que um servidor
(E) ilegalidade do objeto e incompetência. ocupante de cargo em comissão pode ser exonerado livremente
pela autoridade competente.
85. (Defensor Público – 1ª Classe – Maranhão Set/2003) - (C) invalidado, mantidos todavia seus efeitos, os quais poderiam
Suponha que uma lei preveja a possibilidade de revogação de ter sido produzidos independentemente do motivo apontado.
uma licença para construir. Essa lei seria vista doutrinariamente (D) mantido, respondendo porém a autoridade que o praticou por
como contendo uma ilícito administrativo.
(A) regra conceitualmente adequada, posto que a licença, sendo (E) mantido, respondendo porém a autoridade que o praticou, na
ato vinculado, pode ser livremente desfeita por motivos de esfera cível, por danos morais.
conveniência e oportunidade.
(B) regra conceitualmente adequada, posto que a licença, sendo 90. (Assessor Jurídico – Tribunal de Contas do Piauí/2002) - A
ato vinculado, pode ser livremente desfeita por motivos de revogação de um ato administrativo de caráter normativo geral
legalidade. (A) não é possível.
(C) impropriedade conceitual, posto que a licença, sendo ato (B) só pode ser feita pela própria Administração, de ofício ou
discricionário, não pode ser livremente desfeita por motivos de mediante a provocação de qualquer interessado.
conveniência e oportunidade. (C) só pode ser feita pelo Poder Judiciário, mediante a
(D) regra conceitualmente adequada, posto que a licença, sendo provocação de qualquer interessado.
ato discricionário, pode ser livremente desfeita por motivos de (D) só pode ser feita pelo Poder Judiciário, mediante a
legalidade. provocação da própria Administração.
(E) impropriedade conceitual, posto que a licença, sendo ato (E) pode ser feita pela própria Administração, de ofício ou
vinculado, não pode ser livremente desfeita por motivos de mediante a provocação de qualquer interessado, ou pelo Poder
conveniência e oportunidade. Judiciário, mediante a provocação de qualquer interessado.

86. (Procurador do Estado – 3ª Classe – PGE Bahia – 91. (Auditor – Tribunal de Contas do Estado de Sergipe –
Novembro/2002) - Assinale a afirmativa INCORRETA. Janeiro/2002) - Dentre os componentes necessários à formação
(A) O ato administrativo pode ser anulado pela própria do ato administrativo,
Administração. (A) o requisito "motivo" corresponde à situação de direito ou de
(B) O objeto é elemento sempre vinculado do ato administrativo. fato que determina ou autoriza a realização do ato.
(C) A revogação do ato administrativo produz efeitos ex nunc
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(B) o atributo "objeto" diz respeito à criação, modificação ou (B) os despachos, as dispensas e as deliberações.
comprovação de situações jurídicas concernentes a pessoas ou (C) as licenças, as renúncias administrativas e os regimentos.
coisas. (D) as permissões, os ofícios e as decisões padronizadas.
(C) o requisito "imperatividade" impõe a coercibilidade para o (E) as autorizações, as portarias e as homologações.
cumprimento ou execução do ato.
(D) o atributo "finalidade" corresponde ao objetivo de interesse 97. (Analista Judiciário – Adm - TRE-PE/2004) - Considere os
público a ser atingido. seguintes atos administrativos:
(E) o requisito "auto-executoriedade" consiste na possibilidade de I.Ato que permite a contratação do vencedor da licitação,
imediata execução, sem necessidade de prévia apreciação ainda que ele não tenha promovido a competente garantia.
judicial. II.Ato que permite a nomeação de um funcionário para cargo
de provimento efetivo para os serviços da Câmara Municipal,
92. (Auditor – Tribunal de Contas do Estado de Sergipe – sem o prévio concurso, depois do recesso parlamentar.
Janeiro/2002) - No que diz respeito à invalidação dos atos Os atos administrativos I e II são, respectivamente,
administrativos, a (A) perfeito, válido e ineficaz; perfeito, inválido e ineficaz. (B)
(A) anulação pode ser feita pela Administração Pública, sendo a imperfeito, válido e ineficaz; perfeito, válido e eficaz.
revogação privativa do Poder Judiciário. (C) perfeito, inválido e eficaz; perfeito, inválido e eficaz.
(B) revogação e a anulação são da competência da Administração (D) imperfeito, válido e eficaz; imperfeito, válido e eficaz.
Pública, cabendo ao Poder Judiciário apenas a anulação. (E) perfeito, inválido e ineficaz; imperfeito, inválido e ineficaz.
(C) anulação e a revogação podem ser realizadas pelo Poder
Judiciário, sendo reservada à Administração Pública a 98. (Analista Judiciário – Jud - TRE-PE/2004) - Dentre outras, são
competência para a rescisão. causas determinantes da extinção dos atos administrativos
(D) anulação pode ser feita pela Administração Pública, sendo eficazes e ineficazes, respectiva- mente, a
reservada ao Poder Judiciário a competência para a rescisão. (A) recusa do beneficiário e o cumprimento dos efeitos do ato.
(E) revogação, anulação e rescisão são da competência comum (B) renúncia do beneficiário e a recusa do beneficiário.
da Administração Pública e do Poder Judiciário. (C) recusa do beneficiário e a renúncia do beneficiário.
(D) mera retirada do ato e o desaparecimento do objeto da
93. (Subprocurador – Tribunal de Contas do Estado de Sergipe – relação jurídica.
Janeiro/2002) - O desfazimento de um ato administrativo (E) retirada do ato por caducidade e a renúncia do beneficiário.
discricionário, em razão da constatação de desvio de finalidade,
caracteriza-se como 99. (Analista Judiciário – Jud - TRE-PE/2004) - Considere: O ato
(A) anulação, de competência exclusiva do Poder Judiciário. administrativo unilateral
(B) revogação, de competência exclusiva da Administração. I.discricionário pelo qual se exerce o controle, a priori ou a
(D) anulação, de competência exclusiva da Administração. posteriori, do ato administrativo caracteriza a homologação.
(D) revogação, de competência tanto do Poder Judiciário, como II.e vinculado pelo qual a Administração Pública, sempre a
da Administração. posteriori, reconhece a legalidade de um ato administrativo diz
(E) anulação, de competência tanto do Poder Judiciário, como da respeito à aprovação.
Administração. III.pelo qual a autoridade competente atesta a legitimidade formal
de outro ato jurídico, não significando concordância com o seu
94. (Procurador do Estado do Rio Grande do Norte/2001) - Ato conteúdo, caracteriza o visto.
administrativo complexo é: IV.e vinculado pelo qual a Administração reconhece ao
a) aquele que versa sobre questões de difícil alcance. particular, que preenche os requisitos legais, o direito à
b) aquele que resulta da manifestação de dois ou mais órgãos, em prestação de um serviço público diz respeito à admissão.
que a vontade de um é instrumental em relação a de outro, que Nesses casos, são corretos APENAS os itens
edita o ato principal. (A) III e IV.
c) aquele que depende da manifestação de vontade de um órgão (B) I e III.
colegiado. (C) I e IV.
d) aquele que depende da manifestação de vontade de um ou (D) I, II e IV.
mais órgãos colegiados. (E) II, III e IV.
e) aquele que resulta da manifestação de dois ou mais órgãos,
sejam eles singulares ou colegiados, cuja vontade se funde para 100. (Técnico Judiciário – Adm - TRE-PE/2004) - Considere as
formar um ato único. ações abaixo.
I.Revogar seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
95. (Procurador do Estado do Rio Grande do Norte/2001) - Ato tornem ilegais.
administrativo inexistente é: II.Anular seus próprios atos, quando portadores de vícios que
a) ato administrativo que não foi praticado. os tornem ilegais.
b) ato administrativo que não chega a entrar no mundo jurídico por III.Anular seus próprios atos por questão de conveniência ou
falta de um elemento essencial e que, em conseqüência, não é oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
passível de convalidação. IV.Revogar seus próprios atos por motivo de conveniência ou
c) ato administrativo que embora padeça de graves vícios na sua oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
formação é passível de ser objeto de convalidação. V.Revogar seus próprios atos, quando portadores de vícios,
d) ato praticado com defeito de forma. mesmo que sanáveis.
e) ato praticado com defeito de competência, podendo ser A respeito do controle administrativo a Administração Pública
ratificado pela autoridade superior. pode APENAS
(A) I e III.
96. (Advogado – DESENBAHIA/2002) - Dentre outros, são atos (B) II e IV.
administrativos de hierarquia interna, negociais e normativos, (C) II e V.
respectivamente, (D) III e IV.
(A) os punitivos, as instruções e as resoluções. (E) IV e V.
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(E) embora existente ato inválido, se tal ato não tiver
101. (Analista Judiciário – Jud – TRT 2ª R/2004) - O ato contaminado novas relações jurídicas surgidas, à invalidação
administrativo, tão logo perfeito, desencadeia a obrigatoriedade não se deve proceder.
de respeito por todos. A isso a doutrina denomina de
(A) auto-executoriedade, que pode ser utilizada a critério do 104. (Técnico Judiciário - Adm – TRT 2ª R/2004) - Em matéria de
administrador, sem necessidade de qualquer ato normativo ou anulação e revogação dos atos administrativos, é certo que
reclamo administrativo. (A) a Administração pode anular atos administrativos
(B) exigibilidade, sendo que esse atributo está presente em todas inconvenientes e inoportunos, tendo a decisão função constitutiva,
as modalidades de ato. embora com efeito declaratório.
(C) poder extroverso, mas essa possibilidade não aparece nos (B) o Judiciário pode anular atos administrativos com vício de
atos ampliativos de direito e também nos atos certificatórios. ilegalidade, tendo a sentença função declaratória, embora com
(D) poder de polícia administrativa, abrangendo as polícias efeito constitutivo.
judiciária e legislativa, no sentido de limitar a ocorrência do abuso (C) o Judiciário pode revogar atos administrativos desafinados
de direito. com o Direito, tendo a sentença função condenatória, mas com
(E) presunção juris tantum, que não se inverte mesmo efeito declaratório.
quando contestado em juízo ou fora dele, inclusive na esfera (D) a Administração pode revogar atos administrativos com
administrativa. vício de ilegalidade, tendo a decisão função constitutiva, mas
com efeito condenatório.
102. (Analista Judiciário – Jud – TRT 2ª R/2004) - Em matéria de (E) tanto o Judiciário como a Administração podem anular e
discricionariedade e vinculação, considere as assertivas: revogar atos administrativos, tendo a decisão função
I.O ato discricionário pode existir diante de conceitos teoréticos ou constitutiva, mas com efeito suspensivo.
unissignificativos.
II.O ato vinculado não pode ser praticado quando esteja o (Adaptada) Considere o enunciado abaixo para responder às duas
administrador diante de conceitos unis- significativos, de próximas questões:Para contratar, pelo regime da Lei no
conceitos teoréticos. 8.666/93, a compra de materiais de escritório, no valor de R$
III.A discricionariedade está alojada nos conceitos 12.000,00, e uma obra no valor de R$ 20.000,00, uma
pragmáticos, conceitos empíricos e, portanto, que não sociedade de economia mista federal decide pela
prescindem de valoração. inexigibilidade de licitação por motivo do valor.
IV.Os conceitos teoréticos, conceitos unissignificativos Posteriormente, invocando nulidade nos contratos assim
proporcionariam vinculação completa, enquanto os pragmáticos celebrados, a autoridade administrativa competente decide
poderiam levar à discricionariedade. revogá-los de ofício. Todavia, alegando tratar-se de ato
Conclui-se serem corretas APENAS discricionário o ato de revogação, tal autoridade não o motiva. Em
(A) I e II. sua defesa, as empresas que haviam sido contratadas
(B) I, II e IV. recorrem ao Presidente da República que, sendo autoridade
(C) I, III e IV. hierarquicamente superior ao dirigente da sociedade de economia
(D) II e III. mista, poderia, em nome da imperatividade dos atos
(E) III e IV. administrativos, reconsiderar a decisão de seu subordinado.

105. (Analista Judiciário - Jud – TRT 3ª R/2004) - Quanto à


ausência de motivação do ato em questão,
Gabarito – Parte III (A) configura-se propriamente hipótese em que a motivação é
dispensada, dado o caráter discricionário do ato.
69. B 70. B 71. E 72. E 73. C 74. D (B) equivoca-se a autoridade, pois a desnecessidade de
motivação não decorre necessariamente da natureza
75. D 76. A 77. E 78. C 79. A 80. D
discricionária do ato.
81. A 82. D 83. A 84. C 85. E 86. B (C) equivoca-se a autoridade, posto que todo ato administrativo
87. A 88. D 89. A 90. B 91. A 92. B deve ser motivado, sob pena de nulidade.
93. E 94. E 95. B 96. B 97. A 98. B (D) equivoca-se a autoridade, posto que todo ato administrativo
deve ser motivado, sob pena de ser considerado anulável.
99. A 100. B 101. C 102. E
(E) equivoca-se a autoridade pois apenas os atos vinculados
dispensam motivação.

PARTE IV 106. (Analista Judiciário - Jud – TRT 3ª R/2004) - Quanto ao


emprego da noção de imperatividade dos atos administrativos na
103. (Analista Judiciário – Jud – TRT 2ª R/2004) - No que se situação proposta, tal noção foi
refere à invalidação do ato administrativo, é INCORRETO (A) adequadamente invocada.
afirmar que (B) inadequadamente invocada, sendo a auto-
(A) o ato anulatório só atinge atos válidos, porque quando se trata executoriedade o mecanismo que melhor se aplica à situação.
de atos inválidos está presente outra categoria, ou seja, a (C) inadequadamente invocada, sendo a autotutela o
revogação. mecanismo que melhor se aplica à situação.
(B) a invalidação deve ocorrer, em princípio, sempre que haja (D) inadequadamente invocada, sendo a presunção de
vício no ato administrativo. veracidade o mecanismo que melhor se aplica à situação.
(C) há hipóteses em que situações passadas não podem ser (E) inadequadamente invocada, sendo a presunção de legalidade
reconstituídas por obstáculos de outras normas jurídicas, não o mecanismo que melhor se aplica à situação.
alcançando efeitos já consumados.
(D) havendo consolidação pelo decurso do tempo, de atos 107. (Analista Judiciário - Adm – TRT 23ª R/2004) - No que diz
surgidos como viciados, fica a invalidação obstada. respeito à extinção dos atos administrativos, considere:
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I.Em decorrência da nova lei de zoneamento do Município de (B) auto-executoriedade, requisito de validade do ato,
Caldeira do Alto, o ato de permissão de uso de bem público possibilita a execução deste, independentemente de
imóvel destinado à exploração de parque de diversões, tornou- determinação judicial.
se incompatível com aquele tipo de uso. (C) tipicidade é requisito do ato segundo o qual este deve
II.Quando o destinatário descumprir condições que deveriam corresponder a figuras definidas previamente pela lei, em
permanecer atendidas a fim de poder continuar desfrutando da decorrência do princípio da publicidade.
situação jurídica, a exemplo da licença para funcionamento de (D) presunção de legitimidade, como seu atributo, permite a
um restaurante, que posteriormente converteu-se em casa de imediata execução do ato.
jogos clandestinos. (E) a situação de direito ou de fato, que determina ou
Estas situações que acarretam a extinção do ato administrativo autoriza a realização do ato, corresponde ao atributo denominado
mediante retirada, correspondem, respectivamente, à motivo.
(A) convalidação e renúncia.
(B) contraposição e revogação. 112. (Analista Judiciário – Jud/Exec Mand – TRF 4ª R/2004) - Ao
(C) anulação e contraposição. praticar os atos discricionários, o administrador pode adotar
(D) caducidade e cassação. uma ou outra solução, segundo critérios de oportunidade,
(E) invalidação e cassação. conveniência, justiça, equidade, próprios da autoridade, porque
não definidos pelo legislador. No entanto, o poder de ação
108. (Analista Judiciário – Jud/Exec Mand – TRT 23ª R/2004) - O administrativa, embora discricionário,
atributo do ato administrativos que impõe, com relação a (A) não dá margem a qualquer apreciação subjetiva, haja vista
terceiros, o atendimento ao comando do ato, que a finalidade deverá atender apenas ao interesse público
independentemente de sua concordância; e o atributo que diz secundário.
respeito à conformidade do ato com a lei, correspondem, (B) somente poderá ser livremente exercido pelo administrador
respectivamente, à quanto ao mérito e a forma, quando a lei utilizar noções
(A) finalidade e à forma. precisas.
(B) auto-executoriedade e à tipicidade. (C) será parcialmente liberado ao administrador, apenas quanto
(C) imperatividade e à presunção de legitimidade. aos requisitos da imperatividade e do motivo.
(D) presunção de veracidade e à forma. (D) quando a lei descrevê-lo mediante vocábulos
(E) tipicidade e à presunção de legitimidade. unissignificativos, possibilita ao administrador uma apreciação
subjetiva.
109. (Técnico Judiciário - Adm – TRT 23ª R/2004) - O atributo (E) não é totalmente livre, porque, sob os aspectos da
pelo qual os atos administrativos devem corresponder a figuras competência e finalidade, a lei impõe restrições.
definidas previamente pela lei como aptos a produzirem
resultados; e o atributo pelo qual o ato administrativo pode ser 113. (Analista Judiciário – Jud/Sem Esp – TRF 4ª R/2004) - A
posto em execução pela própria Administração Pública, sem respeito dos instrumentos de invalidação dos atos
necessidade de intervenção do Poder Judiciário, dizem respeito, administrativos, é correto afirmar que
respectivamente, à (A) a revogação é ato discricionário pelo qual a
(A) tipicidade e à presunção de legitimidade. Administração extingue um ato válido, por razões de conveniência
(B) motivação e à presunção de legitimidade. e oportunidade; já a anulação decorre de ilegalidade, podendo
(C) exigibilidade e à imperatividade. ser feita pela Administração como também pelo Poder
(D) tipicidade e à auto-executoriedade. Judiciário.
(E) presunção de veracidade e à exigibilidade. (B) a revogação é ato vinculado, praticado apenas pela
Administração; por sua vez, a anulação é da competência
110. (Técnico Judiciário - Adm – TRT 23ª R/2004) - A respeito da exclusiva do Poder Judiciário, gerando efeitos retroativos.
discricionariedade e vinculação dos atos administrativos, é (C) a revogação somente poderá ser praticada pela
correto afirmar que Administração em decorrência de vício por ilegalidade; em
(A) a Administração Pública não tem qualquer liberdade de contrapartida, a anulação será declarada por decisão judicial,
atuação, quando se tratar de ato vinculado, mesmo que quando presentes razões de conveniência e justiça.
atue nos claros da lei ou do regulamento e não desatenda as (D) a revogação deverá ser praticada pela Administração
regras que bitolam sua prática. quando presentes razões pertinentes ao desvio da finalidade;
(B) não há por parte da Administração, tratando-se de atos por sua vez, a anulação do ato administrativo somente poderá
vinculados praticados de acordo com as exigências e requisitos ser efetuada pela Administração, tendo em vista razões de
previstos em lei, o dever de motivá-los. conveniência e oportunidade.
(C) a discricionariedade não se manifesta no ato em si, mas no (E) a revogação pelo Judiciário é ato vinculado, quando
poder de a Administração praticá-lo pela maneira e nas presentes questões de justiça e interesse público; já a anulação
condições que repute mais conveniente ao interesse público. pela Administração Pública constitui forma de invalidação em
(D) os atos vinculados são automáticos, não podendo a decorrência de excesso do poder.
Administração decidir sobre a conveniência de sua prática,
nem escolher a melhor oportunidade, tendo em vista o bem 114. (Técnico Judiciário – Jud-Adm/Sem Esp – TRF 4ª R/2004) -
comum. A imperatividade corresponde ao
(E) o poder discricionário da Administração não alcança a (A) atributo pertinente ao objeto ou conteúdo que proporciona a
liberdade de escolha, conteúdo ou o modo de realização do ato produção de efeito jurídico imediato do ato administrativo.
administrativo, nem o seu destinatário. (B) requisito ou elemento mediante o qual o ato administrativo
pode ser posto em execução pela Administração.
111. (Analista Judiciário – Jud/Exec Mand – TRF 4ª R/2004) - No (C) elemento pelo qual o ato administrativo se amolda à situação
que diz respeito aos atos administrativos, a de fato que impõe a sua prática.
(A) imperatividade, como requisito do ato, impõe ao (D) requisito pelo qual o ato administrativo deve cor- responder
particular o fiel cumprimento deste, mas não permite que o poder a figuras definidas previamente pela lei.
Público sujeite o administrado à execução forçada.
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(E) atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a 119. (Procurador do Estado de São Paulo/2002) - São atributos do
terceiros, independentemente de sua concordância. ato administrativo:
(A) formalidade, hierarquia e presunção de veracidade.
115. (Técnico Judiciário – Jud-Adm/Sem Esp – TRF 4ª R/2004) - (B) finalidade, motivação, forma e competência.
Quando a matéria de fato ou de direito, em que se (C) finalidade, imperatividade e presunção de executoriedade.
fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente (D) legalidade, moralidade e economicidade.
inadequada ao resultado obtido, ocorre a não observância do (E) presunção de legitimidade, imperatividade e auto-
requisito de validade do ato administrativo denominado executoriedade.
(A) finalidade.
(B) competência. 120. (Procurador do Estado de Pernambuco/2004) - Determinado
(C) motivo. ato administrativo foi editado visando a fim diverso daquele
(D) forma. previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência,
(E) objeto. o que enseja
(A) nulidade, ainda que não haja desvio de finalidade, desde
116. (Auditor – TC-PI/2005) - A Súmula no 473 do Supremo que o ato tenha sido lesivo ao patrimônio público ou de
Tribunal Federal é assim enunciada: “A Administração pode entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá- (B) nulidade por desvio de finalidade, que pode ser invocada
los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados em Ação Popular, que visa a anular o ato lesivo ao patrimônio
os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
apreciação judicial.” administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
Já o parágrafo único do Art. 59, da Lei no 8.666/93, ao tratar cultural.
da declaração de nulidade dos contratos administrativos, (C) nulidade, cuja declaração pode ser pleiteada por meio de
assim dispõe: “A nulidade não exonera a Administração do dever Ação Popular, a ser ajuizada pelo Ministério Público, ainda que
de indenizar o contratado pelo que este houver executado até não tenha havido lesividade ao patrimônio público ou de
a data em que ela for declarada e por outros prejuízos entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
regularmente compro- vados, contanto que não lhe seja ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
imputável, promovendo- se a responsabilidade de quem lhe deu (D) nulidade, passível de convalidação do ato pela retificação do
causa.” Interpretando-se esses textos, conclui-se que mesmo, mesmo que tenha havido lesividade ao patrimônio
(A) a Lei no 8.666/93 revogou parcialmente a Súmula no 473, público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
no tocante a direitos originários de atos nulos. administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
(B) esse dispositivo da Lei no 8.666/93 é inconstitucional. cultural.
(C) é possível que a Administração, de ofício, declare a nulidade (E) nulidade somente no que concerne às conseqüências do
de um contrato administrativo, e ainda assim tenha de desvio de poder, quais sejam lesividade ao patrimônio público
indenizar o contratado. ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
(D) para que o contratado receba indenização pelo que houver administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
executado, a Administração terá de revogar o contrato eivado de cultural, não afetando a validade do ato em si.
nulidade.
(E) a declaração de nulidade de um contrato administrativo, 121. (Analista Judiciário – Jud – TRT 22ª R/2004) - As constantes
que gere indenização ao contratado, deve ser feita por via judicial. ausências imotivadas de Manoel Tadeu ao serviço, analista
judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 22a Região,
117. (Procurador – TC-PI/2005) - Alegando a ocorrência de levaram o seu superior imediato a aplicar-lhe a pena de
determinado fato, o agente público competente praticou ato suspensão de 15 (quinze) dias. Publicada no Diário Oficial a
administrativo. Entretanto, o agente público foi induzido a erro penalidade, Manoel recusou- se a cumprir aquela sanção, sob a
e o fato alegado, na verdade, não ocorreu. Na ausência desse argumentação de que a maioria das ausências foi motivada por
fato, a lei não autorizaria a prática do ato. Esse ato é problemas de saúde de sua mãe, fatos esses que
(A) anulável, por ter ocorrido o vício de vontade denominado sequer foram alegados e nem mesmo provados no decorrer do
erro. processo administrativo instaurado para apurar aquelas faltas.
(B) anulável, por ter ocorrido o vício de vontade denominado Conseqüentemente, não concordando em cumprir a penalidade
dolo. aplicada, estarão sendo INOBSERVADOS os seguintes
(C) nulo, por falta de motivação. atributos do correspondente ato administrativo:
(D) nulo, por inexistência de motivos. (A) coercibilidade e finalidade.
(E) nulo, por desvio de finalidade. (B) motivo e auto-executoriedade.
(C) imperatividade e presunção de legitimidade.
118. (Procurador – TC-PI/2005) - Entende-se que o Poder (D) veracidade e motivo.
Judiciário pode analisar o mérito de ato administrativo (E) tipicidade e vinculação.
discricionário
(A) sempre que o desejar, em razão da inafastabilidade do 122. (Analista Judiciário – Adm – TRT 22ª R/2004) - No dia 13
controle jurisdicional. de agosto de 2004, por meio de Alvará, a Administração
(B) quando os pressupostos legais autorizadores do ato não estão Pública concedeu autorização a Elisabete para utilizar
presentes. privativamente determinado bem público. No dia seguinte,
(C) na hipótese de haver sido praticado por autoridade revogou referido ato administrativo, alegando, para tanto, a
incompetente. necessidade de utilização pública do bem. Posteriormente, no
(D) se a motivação é deficiente, insuficiente para esclarecer os dia 15 de agosto do mesmo ano, sem que a Administração tenha
reais motivos de conveniência e oportunidade. dado qualquer destinação ao bem em questão, autorizou Marcos
(E) quando a medida tomada é desproporcionalmente gravosa, Sobrinho a utilizá-lo privativamente. Referida atitude comprovou
tendo em vista os fins visados. que os pres- supostos fáticos da revogação eram
inexistentes. Diante do fato narrado, Elisabete
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(A) terá que acatar a decisão da Administração Pública, já que a II.A vinculação poderá ser parcial ou total, posto que o motivo, a
autorização é ato unilateral, vinculado e precário. finalidade e o objeto, como requisitos ou elementos do ato,
(B) nada poderá fazer, uma vez que a autorização é ato deverão ser valorados pelo administrador público, razões
administrativo bilateral, discricionário e precário. pelas quais existirá sempre uma diminuta margem de
(C) somente poderá pleitear indenização, em ação judi- cial, pelos liberdade, aplicável, também, para o ato discricionário.
prejuízos porventura suportados. III.Tanto a discricionariedade como a vinculação são parciais
(D) poderá pleitear a invalidação da revogação, em vir- tude da quanto à motivação, finalidade e imperatividade, que constituem
teoria dos motivos determinantes. requisitos do ato, não possibilitando a mínima liberdade de
(E) poderá requerer, junto à Administração Pública, a atuação do administrador, mesmo quando parcialmente
invalidação da revogação, em razão do instituto da “Verdade subordinado à lei.
Sabida”. É correto o que se contém APENAS em
(A) I.
123. (Analista Judiciário – Adm – TRT 22ª R/2004) - O órgão da (B) I e III.
prefeitura responsável pela fiscalização de bares e restaurantes (C) II.
verificou, em visita de rotina, que um estabelecimento estava (D) II e III.
servindo a seus clientes alimentos com data de validade (E) III.
expirada. Tendo em vista tal fato, confiscou imediatamente
referidos produtos e os incine- rou. O atributo do ato 126. (Analista Judiciário – Jud/Exec Mand – TRT 22ª R/2004) -
administrativo que possibilitou a apreensão dos gêneros Com relação aos atos administrativos, considere:
alimentícios em questão pela Administração Pública, sem a I.Atos emanados de autoridades outras que não o Chefe do
necessidade de intervenção judicial, denomina-se Executivo, inclusive do Presidente do Tribunal Regional do
(A) legalidade. Trabalho da 22a Região, tendo como objetivo disciplinar matéria
(B) eficiência. de suas compe- tências específicas, como forma de atos gerais
(C) imperatividade. ou individuais.
(D) auto-executoriedade. II.Atos que se revestem como fórmula de expedição de normas
(E) presunção de veracidade. gerais de orientação interna, emanados do Diretor Geral do
Tribunal Regional do Trabalho da 22a Região, a fim de
124. (Analista Judiciário – Jud/Exec Mand – TRT 22ª R/2004) - A prescreverem o modo pelo qual seus subordinados deverão dar
conceituação de ato administrativo em face do Estado andamento aos seus serviços.
Democrático de Direito, obtida a partir do conjunto III.Atos expedidos pela Diretoria de Material e Patrimônio do
principiológico constante na Constituição Federal, corresponde à Tribunal Regional do Trabalho da 22a Região, objetivando
(A) norma concreta, emanada do Estado, ou por quem esteja transmitir ordens uniformes aos seus subordinados.
no exercício da função administrativa, que tem por finalidade Os atos administrativos referidos em I, II e III corres- pondem,
criar, modificar, extinguir ou declarar relações jurídicas entre o respectivamente, às seguintes espécies:
Estado e o administrado, suscetível de ser contrastada pelo (A) instruções, ofícios e circulares.
Poder Judiciário. (B) decretos, avisos e ordens de serviço.
(B) manifestação bilateral da vontade da Administração (C) despachos, portarias e ofícios.
Pública, ou de quem a represente, tendo como finalidade (D) pareceres, alvarás e avisos.
criar ou extinguir direitos e obrigações, produzindo efeitos (E) resoluções, instruções e circulares.
jurídicos imediatos, sob o regime de direito público e não se
sujeita ao controle judicial. 127. (Analista Judiciário – Jud/Exec Mand – TRT 22ª R/2004) -
(C) conjugação de vontades do Estado, ou de quem lhe faça as Em matéria de revogação dos atos administrativos, é
vezes, e do administrado, objetivando criar, modificar ou INCORRETO asseverar:
declarar as correspondentes relações jurídicas, sob o regime (A) não podem ser revogados os atos que exauriram os seus
de direito público e privado, sujeita apenas à apreciação judicial efeitos; como a revogação opera efeitos para o futuro, impedindo
quanto ao mérito. que o ato continue a produzir efeitos, se o ato já exauriu, não
(D) manifestação unilateral da vontade da Administração Pública, haverá razão para a revogação.
objetivando determinar, compulsoriamente, a observância a (B) os atos vinculados podem ser revogados, precisa- mente
direitos e obrigações pelo administrado, passível de apreciação porque neles se apresentam os aspectos pertinentes à
de ofício pelo Poder Judiciário. conveniência e oportunidade; e a administração tem a
(E) regra ditada unilateral ou bilateralmente pelo Estado, ou por liberdade para apreciar esses aspectos no momento da edição
quem o represente, mediante plena observância da lei para que do ato, e também poderá apreciá-los posteriormente.
produza os correspondentes efeitos, podendo sofrer o controle (C) a revogação não pode ser praticada quando estiver exaurida
judicial quanto à discricionariedade e ao mérito. a competência relativamente ao objeto do ato; se o
interessado recorreu de um ato administrativo e este esteja
125. (Analista Judiciário – Jud/Exec Mand – TRT 22ª R/2004) - Os sob apreciação de autoridade superior, aquela que praticou o
atos de nomeações de Márcio para cargo de Analista Judiciário ato não terá competência para revogá-lo.
por aprovação em concurso público, e de Josimar para o (D) a revogação não pode alcançar os intitulados meros atos
cargo de Assistente do Diretor Geral, de livre nomeação e administrativos, a exemplo das certidões, atestados, votos, haja
exoneração, lotados no Tribunal Regional do Trabalho da vista que os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela
22a Região, correspondem, respectivamente, à vinculação e lei.
à discricionariedade do ato administrativo. Diante disso, (E) a Administração pode revogar seus próprios atos por motivo
considere as seguintes situações: de conveniência e oportunidade, respeitados os direitos
I.A discricionariedade é sempre relativa e parcial, porque, adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
quanto à competência, à forma e à finalidade, como judicial.
requisitos do ato, a autoridade administrativa está subordinada
ao que a lei dispõe, como para qualquer ato vinculado. 128. (Analista Judiciário – Adm – TRT 8ª R/2004) - Para a
realização dos atos administrativos vinculados, é correto
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afirmar que o administrador estará diante de conceitos 133. (Analista Judiciário – Jud/Adm – TRT 15ª R/2004) - No que
jurídicos se refere aos requisitos ou elementos do ato administrativo, é
(A) que possibilitam soluções diversas ou plurissignificativos. certo afirmar que
(B) que admitem uma única solução, ou seja, unis- (A) o motivo é o resultado que a Administração Pública quer
significativos. alcançar com a prática do ato.
(C) teotéricos, que não admitem solução única. (B) a ausência do motivo ou a indicação de um motivo simulado
(D) portadores de decisões indiferentes ou unissignificativos. não bastam para invalidar o ato administrativo.
(E) plurissignificativos ou que admitem mais de uma solução. (C) o motivo e a motivação se confundem porque têm os mesmos
significados e efeitos.
129. (Analista Judiciário – Adm – TRT 8ª R/2004) - Sobre a (D) a motivação é sempre desnecessária para os atos
classificação dos atos administrativos, é correto afirmar: vinculados e discricionários, e obrigatória para os outros atos.
(A) Denominam-se atos complexos aqueles que resultam da (E) o motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de
manifestação de dois ou mais órgãos, cujas vontades se unem fundamento ao ato administrativo.
para formar um ato único.
(B) Consideram-se atos perfeitos aqueles que ainda não 134. (Analista Judiciário – Jud/Exec Mand – TRT 15ª R/2004) - É
exauriram os seus efeitos. certo afirmar que no Direito Administrativo a auto-
(C) Nos denominados atos de gestão, a Administração Pública executoriedade
lança mão de sua supremacia sobre os interesses dos (A) é um requisito do ato administrativo em que a
particulares. Administração se utiliza de meios indiretos de coerção, como as
(D) São considerados atos imperfeitos aqueles inaptos a produzir penalidades administrativas, sendo vedado o emprego da força.
efeitos jurídicos, embora tenham completado o ciclo de (B) existe em todos os atos administrativos, por ser da
formação. própria natureza da execução desses atos pela Administração
(E) São denominados atos compostos aqueles que necessitam Pública, não importando a sua espécie.
da manifestação de vontade de um único órgão, mas sempre (C) confere à Administração a prerrogativa de tomar uma
dependem de apreciação judicial para tornarem-se exeqüíveis. decisão executória sem necessitar da intervenção do
Judiciário, inclusive afastando o controle judicial a posteriori.
130. (Analista Judiciário – Jud/Exec Mand – TRT 8ª R/2004) - No (D) só é possível quando expressamente prevista em lei e se
que se refere à revogação e à anulação do ato administrativo, é trata de medida urgente que, caso não adotada de imediato,
correto afirmar que possa causar prejuízo maior para o interesse público.
(A) a revogação pressupõe sempre a existência de um ato ilegal e (E) é uma prerrogativa da Administração Pública pela qual os
ineficaz. atos administrativos impõem obrigações a terceiros,
(B) incumbe exclusivamente à Administração Pública a independentemente de sua concordância.
revogação do ato administrativo legal e eficaz, o que produzirá
efeito ex tunc. 135. (Analista Judiciário – Jud/Exec Mand – TRT 9ª R/2004) - O
(C) a revogação pode ser declarada tanto pela Administração novo Chefe do Poder Executivo Estadual, após cinco dias da
Pública quanto pelo Poder Judiciário, quando provocado. posse, ao exonerar o Assessor Especial do Governador,
(D) incumbe exclusivamente à Administração Pública a nomeado em comissão há mais de 10 (dez) anos, estará
revogação do ato administrativo legal e eficaz, o que produzirá praticando ato administrativo
efeito ex nunc. (A) de império e enunciativo.
(E) o ato administrativo só pode ser anulado por ação judicial, (B) vinculado e composto.
sendo vedado à Administração Pública fazê-lo diretamente, pois (C) complexo e regulamentar.
lhe é vedado o controle da legalidade. (D) discricionário e ex officio.
(E) de gestão e constitutivo.
131. (Técnico Judiciário - Adm – TRT 8ª R/2004) - Dentre os
atributos do ato administrativo, destaca-se o da presunção de 136. (Analista Judiciário – Jud – TRT 9ª R/2004) - José Augusto,
legitimidade, segundo o qual analista judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 9a Região,
(A) a irreversibilidade do ato administrativo é produzida ao praticar ato que não se inclui nas suas atribuições legais,
judicialmente. preteriu o requisito do ato administrativo denominado
(B) existe a presunção de que os fatos afirmados pela (A) forma.
Administração efetivamente ocorreram, cabendo prova em (B) finalidade.
contrário, a cargo do interessado. (C) competência.
(C) a sua imediata execução é autorizada, pois há presunção de (D) motivo.
que o ato foi praticado conforme a lei. (E) objeto.
(D) a prova do vício formal ou do controle quanto ao mérito
não é admitida.
(E) não se permite que a Administração possa anular o ato. Gabarito – Parte IV

132. (Técnico Judiciário - Adm – TRT 8ª R/2004) - Um ato 103. A 104. B 105. B 106. C 107. D 108. C
administrativo perfeito pode ser extinto, por motivo de
109. D 110. C 111. D 112. E 113. A 114. E
conveniência e oportunidade. Essa afirmação contém conceito
relacionado com a 115. C 116. C 117. B 118. E 119. E 120. B
(A) revogação. 121. C 122. D 123. D 124. A 125. A 126. E
(B) anulação. 127. B 128. B 129. A 130. D 131. C 132. A
(C) convalidação.
133. E 134. D 135. D 136. C
(D) conversão.
(E) invalidação.
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============================================= cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros,
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.
REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS
============================================= Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á
mediante ato da autoridade competente de cada Poder.
Título I
Capítulo Único
*Das Disposições Preliminares Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com
a posse.
Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos
Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, Art. 8o São formas de provimento de cargo público:
inclusive as em regime especial, e das fundações públicas I - nomeação;
federais. II - promoção;
V - readaptação;
VI - reversão;
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a VII - aproveitamento;
pessoa legalmente investida em cargo público. VIII - reintegração;
IX - recondução.
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e
responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
devem ser cometidas a um servidor. Seção II
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a Da Nomeação
todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação
própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para Art. 9o A nomeação far-se-á:
provimento em caráter efetivo ou em comissão. I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo
isolado de provimento efetivo ou de carreira;
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, II - em comissão, inclusive na condição de interino,
salvo os casos previstos em lei. para cargos de confiança vagos.
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em
comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado
Título II para ter exercício, interinamente, em outro cargo de
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e confiança, sem prejuízo das atribuições do que atualmente
Substituição ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de
Capítulo I um deles durante o período da interinidade.
*Do Provimento
Seção I Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou
Disposições Gerais cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia
habilitação em concurso público de provas ou de provas e
Art. 5o São requisitos básicos para investidura em títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de
cargo público: sua validade.
I - a nacionalidade brasileira; Parágrafo único. Os demais requisitos para o
II - o gozo dos direitos políticos; ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira,
III - a quitação com as obrigações militares e mediante promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar
eleitorais; as diretrizes do sistema de carreira na Administração
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício Pública Federal e seus regulamentos.
do cargo;
V - a idade mínima de dezoito anos;
VI - aptidão física e mental. Seção III
Do Concurso Público
§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a
exigência de outros requisitos estabelecidos em lei. Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e
§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é títulos, podendo ser realizado em duas etapas, conforme
assegurado o direito de se inscrever em concurso público dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano de
para provimento de cargo cujas atribuições sejam carreira, condicionada a inscrição do candidato ao
compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para pagamento do valor fixado no edital, quando indispensável
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção nele
das vagas oferecidas no concurso. expressamente previstas.
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa
científica e tecnológica federais poderão prover seus Art. 12. O concurso público terá validade de até 2
(dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por
igual período.
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§ 1o O prazo de validade do concurso e as qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no
condições de sua realização serão fixados em edital, que primeiro dia útil após o término do impedimento, que não
será publicado no Diário Oficial da União e em jornal diário poderá exceder a trinta dias da publicação.
de grande circulação.
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver reinício do exercício serão registrados no assentamento
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de individual do servidor.
validade não expirado. Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor
apresentará ao órgão competente os elementos
necessários ao seu assentamento individual.
Seção IV
*Da Posse e do Exercício Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de
exercício, que é contado no novo posicionamento na
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do carreira a partir da data de publicação do ato que promover
respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, o servidor.
os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao
cargo ocupado, que não poderão ser alterados Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro
unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os município em razão de ter sido removido, redistribuído,
atos de ofício previstos em lei. requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá,
§ 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo,
contados da publicação do ato de provimento. contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo
§ 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse
de publicação do ato de provimento, em licença prevista prazo o tempo necessário para o deslocamento para a
nos incisos I, III e V do Art. 81, ou afastado nas hipóteses nova sede.
dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas "a", "b", "d", "e" e "f", IX e § 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em
X do Art. 102, o prazo será contado do término do licença ou afastado legalmente, o prazo a que se refere
impedimento. este artigo será contado a partir do término do
§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração impedimento.
específica. § 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos
§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de estabelecidos no caput.
cargo por nomeação.
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho
§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos
declaração de bens e valores que constituem seu cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal
patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de de quarenta horas e observados os limites mínimo e
outro cargo, emprego ou função pública. máximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente.
§ 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se § 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de
a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo. confiança submete-se a regime de integral dedicação ao
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de serviço, observado o disposto no Art. 120, podendo ser
prévia inspeção médica oficial. convocado sempre que houver interesse da Administração.
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele § 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração
que for julgado apto física e mentalmente para o exercício de trabalho estabelecida em leis especiais.
do cargo.
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio
atribuições do cargo público ou da função de confiança. probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses,
§ 1o É de quinze dias o prazo para o servidor durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de
empossado em cargo público entrar em exercício, contados avaliação para o desempenho do cargo, observados os
da data da posse. seguinte fatores:
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será I - assiduidade;
tornado sem efeito o ato de sua designação para função de II - disciplina;
confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos III - capacidade de iniciativa;
neste artigo, observado o disposto no Art. 18. IV - produtividade;
V- responsabilidade.
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade
para onde for nomeado ou designado o servidor compete § 1o Quatro meses antes de findo o período do
dar-lhe exercício. estágio probatório, será submetida à homologação da
autoridade competente a avaliação do desempenho do
§ 4o O início do exercício de função de confiança
servidor, realizada de acordo com o que dispuser a lei ou o
coincidirá com a data de publicação do ato de designação,
regulamento do sistema de carreira, sem prejuízo da
salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por
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continuidade de apuração dos fatores enumerados nos processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
incisos I a V deste artigo. assegurada ampla defesa.
§ 2o O servidor não aprovado no estágio probatório
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
anteriormente ocupado, observado o disposto no Seção VII
Parágrafo único do Art. 29. Da Readaptação
§ 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em
quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com
de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
de lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou mental verificada em inspeção médica.
entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos
de provimento em comissão do Grupo-Direção e § 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o
Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou readaptando será aposentado.
equivalentes. § 2o A readaptação será efetivada em cargo de
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de
poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese
previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas
assim afastamento para participar de curso de formação atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.
decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na
Administração Pública Federal.
Seção VIII
§ 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as Da Reversão
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o,
86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
de formação, e será retomado a partir do término do aposentado:
impedimento. I - por invalidez, quando junta médica oficial
declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou
II - no interesse da administração, desde que:
Seção V a) tenha solicitado a reversão;
Da Estabilidade b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
c) estável quando na atividade;
Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá anos anteriores à solicitação;
estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos e) haja cargo vago.
de efetivo exercício. (modificação: prazo 3 anos - vide Art. § 1° A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no
41 CF) cargo resultante de sua transformação.
§ 2° O tempo em que o servidor estiver em
"Art. 41 (CF/88). São estáveis após três anos de efetivo exercício será considerado para concessão da
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento aposentadoria.
efetivo em virtude de concurso público. § 3° No caso do inciso I, encontrando-se provido o
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: cargo, o servidor exercerá suas atribuições como
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
excedente, até a ocorrência de vaga.
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada
ampla defesa; § 4° O servidor que retornar à atividade por
III - mediante procedimento de avaliação periódica de interesse da administração perceberá, em substituição aos
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo que
defesa. voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do pessoal que percebia anteriormente à aposentadoria.
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da § 5° O servidor de que trata o inciso II somente
vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a terá os proventos calculados com base nas regras atuais se
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de
§ 6° O Poder Executivo regulamentará o disposto
serviço.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o neste artigo. (NR)
servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado Art. 26. A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no
aproveitamento em outro cargo. cargo resultante de sua transformação.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo, o
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
instituída para essa finalidade." ocorrência de vaga.

Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já
virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de tiver completado 70 (setenta) anos de idade.
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I - exoneração;
II - demissão;
Seção IX III - promoção;
Da Reintegração VI - readaptação;
VII - aposentadoria;
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor VIII - posse em outro cargo inacumulável;
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo IX - falecimento.
resultante de sua transformação, quando invalidada a sua
demissão por decisão administrativa ou judicial, com Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a
ressarcimento de todas as vantagens. pedido do servidor, ou de ofício.
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
servidor ficará em disponibilidade, observado o disposto I - quando não satisfeitas as condições do estágio
nos arts. 30 e 31. probatório;
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual em exercício no prazo estabelecido.
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito
à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a
posto em disponibilidade. dispensa de função de confiança dar-se-á:
I - a juízo da autoridade competente;
II - a pedido do próprio servidor.
Seção X
Da Recondução
Título III
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável Dos Direitos e Vantagens
ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: Capítulo I
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro *Do Vencimento e da Remuneração
cargo;
II - reintegração do anterior ocupante. Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o Parágrafo único. Nenhum servidor receberá, a título
disposto no Art. 30. de vencimento, importância inferior ao salário-mínimo.

Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo


Seção XI efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
Da Disponibilidade e do Aproveitamento estabelecidas em lei.
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em § 1o A remuneração do servidor investido em função
disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento ou cargo em comissão será paga na forma prevista no Art.
obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos 62.
compatíveis com o anteriormente ocupado. § 2o O servidor investido em cargo em comissão de
órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil remuneração de acordo com o estabelecido no § 1o do Art.
determinará o imediato aproveitamento de servidor em 93.
disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou
entidades da Administração Pública Federal. § 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das
vantagens de caráter permanente, é irredutível.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do
Art. 37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser § 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para
mantido sob responsabilidade do órgão central do Sistema cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, até o Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas
seu adequado aproveitamento em outro órgão ou entidade. as vantagens de caráter individual e as relativas à natureza
ou ao local de trabalho.
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber,
exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por mensalmente, a título de remuneração, importância
junta médica oficial. superior à soma dos valores percebidos como
remuneração, em espécie, a qualquer título, no âmbito dos
respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por
Capítulo II membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo
*Da Vacância Tribunal Federal.
Parágrafo único. Excluem-se do teto de
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: remuneração as vantagens previstas nos incisos II a VII do
Art. 61.
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Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
Art. 44. O servidor perderá: podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses
motivo justificado; em que haja legislação específica.
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos § 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias
atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões serão exigidos 12 (doze) meses de exercício.
de que trata o Art. 97, e saídas antecipadas, salvo na
hipótese de compensação de horário, até o mês § 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta
subseqüente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela ao serviço.
chefia imediata. § 3o As férias poderão ser parceladas em até três
Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes etapas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no
de caso fortuito ou de força maior poderão ser interesse da administração pública.
compensadas a critério da chefia imediata, sendo assim
consideradas como efetivo exercício. Art. 78. O pagamento da remuneração das férias
será efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado período, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.
judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou
provento. (O Decreto nº 4.961/ 2004 Regulamenta o Art. 45 § 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que dispõe comissão, perceberá indenização relativa ao período das
sobre as consignações em folha de pagamento dos férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de
servidores públicos civis, dos aposentados e dos um doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração
pensionistas da administração direta, autárquica e superior a quatorze dias.
fundacional do Poder Executivo da União, e dá outras § 4o A indenização será calculada com base na
providências). remuneração do mês em que for publicado o ato
Parágrafo único. Mediante autorização do servidor, exoneratório.
poderá haver consignação em folha de pagamento a favor § 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o
de terceiros, a critério da administração e com reposição de
custos, na forma definida em regulamento. valor adicional previsto no inciso XVII do Art. 7o da
Constituição Federal quando da utilização do primeiro
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, período.
atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente
comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao Art. 79. O servidor que opera direta e
pensionista, para pagamento, no prazo máximo de trinta permanentemente com Raios X ou substâncias radioativas
dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessado. gozará 20 (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre
§ 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior de atividade profissional, proibida em qualquer hipótese a
ao correspondente a dez por cento da remuneração, acumulação.
provento ou pensão.
§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido Art. 80. As férias somente poderão ser
no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição interrompidas por motivo de calamidade pública, comoção
será feita imediatamente, em uma única parcela. interna, convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou
§ 3o Na hipótese de valores recebidos em por necessidade do serviço declarada pela autoridade
decorrência de cumprimento a decisão liminar, a tutela máxima do órgão ou entidade.
antecipada ou a sentença que venha a ser revogada ou Parágrafo único. O restante do período interrompido
rescindida, serão eles atualizados até a data da reposição. será gozado de uma só vez, observado o disposto no Art.
77.
Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for
demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou
disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para Capítulo VIII
quitar o débito. *Do Direito de Petição
Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo
previsto implicará sua inscrição em dívida ativa. Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de
requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento interesse legítimo.
não serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto
nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade
judicial. competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
daquela a que estiver imediatamente subordinado o
requerente.
Capítulo III
*Das Férias Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade
que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão,
não podendo ser renovado.
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Parágrafo único. O requerimento e o pedido de Art. 116. São deveres do servidor:
reconsideração de que tratam os artigos anteriores deverão I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do
ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos cargo;
dentro de 30 (trinta) dias. II - ser leal às instituições a que servir;
III - observar as normas legais e regulamentares;
Art. 107. Caberá recurso: IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; manifestamente ilegais;
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente V - atender com presteza:
interpostos. a) ao público em geral, prestando as informações
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
proferido a decisão, e, sucessivamente, em escala direito ou esclarecimento de situações de interesse
ascendente, às demais autoridades. pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da VI - levar ao conhecimento da autoridade superior as
autoridade a que estiver imediatamente subordinado o irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo;
requerente. VII - zelar pela economia do material e a conservação
do patrimônio público;
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar IX - manter conduta compatível com a moralidade
da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão administrativa;
recorrida. X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
suspensivo, a juízo da autoridade competente. de poder.
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido Parágrafo único. A representação de que trata o
de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e
retroagirão à data do ato impugnado. apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é
formulada, assegurando-se ao representando ampla
Art. 110. O direito de requerer prescreve: defesa.
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e
de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que
afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das Capítulo II
relações de trabalho; *Das Proibições
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos,
salvo quando outro prazo for fixado em lei. Art. 117. Ao servidor é proibido:
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
da data da publicação do ato impugnado ou da data da prévia autorização do chefe imediato;
ciência pelo interessado, quando o ato não for publicado. II - retirar, sem prévia anuência da autoridade
competente, qualquer documento ou objeto da repartição;
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, III - recusar fé a documentos públicos;
quando cabíveis, interrompem a prescrição. IV - opor resistência injustificada ao andamento de
documento e processo ou execução de serviço;
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não V - promover manifestação de apreço ou desapreço
podendo ser relevada pela administração. no recinto da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que
assegurada vista do processo ou documento, na repartição, seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
ao servidor ou a procurador por ele constituído. VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a partido político;
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos o segundo grau civil;
estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior. IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
X - participar de gerência ou administração de
Título IV sociedade privada, personificada ou não personificada,
Do Regime Disciplinar salvo a participação nos conselhos de administração e
Capítulo I fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha,
*Dos Deveres direta ou indiretamente, participação no capital social ou em
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sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a investido em cargo de provimento em comissão, ficará
seus membros, e exercer o comércio, exceto na qualidade afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese
de acionista, cotista ou comanditário; em que houver compatibilidade de horário e local com o
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a exercício de um deles, declarada pelas autoridades
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
grau, e de cônjuge ou companheiro;
XII - receber propina, comissão, presente ou Capítulo IV
vantagem de qualquer espécie, em razão de suas *Das Responsabilidades
atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado Art. 121. O servidor responde civil, penal e
estrangeiro; administrativamente pelo exercício irregular de suas
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; atribuições.
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato
repartição em serviços ou atividades particulares; omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas prejuízo ao erário ou a terceiros.
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado
transitórias; ao erário somente será liquidada na forma prevista no Art.
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam 46, na falta de outros bens que assegurem a execução do
incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o débito pela via judicial.
horário de trabalho;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais § 2o Tratando-se de dano causado a terceiros,
quando solicitado. responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação
regressiva.
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos
Capítulo III sucessores e contra eles será executada, até o limite do
*Da Acumulação valor da herança recebida.

Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes
Constituição, é vedada a acumulação remunerada de e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
cargos públicos.
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta
empregos e funções em autarquias, fundações públicas, de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do
empresas públicas, sociedades de economia mista da cargo ou função.
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e
dos Municípios. Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas
poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
condicionada à comprovação da compatibilidade de Art. 126. A responsabilidade administrativa do
horários. servidor será afastada no caso de absolvição criminal que
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção negue a existência do fato ou sua autoria.
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
decorram essas remunerações forem acumuláveis na Capítulo V
atividade. *Das Penalidades

Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um Art. 127. São penalidades disciplinares:
cargo em comissão, exceto no caso previsto no Parágrafo I - advertência;
único do Art. 9o, nem ser remunerado pela participação II - suspensão;
em órgão de deliberação coletiva. III - demissão;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
aplica à remuneração devida pela participação em V - destituição de cargo em comissão;
conselhos de administração e fiscal das empresas públicas VI - destituição de função comissionada.
e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e
controladas, bem como quaisquer entidades sob controle Art. 128. Na aplicação das penalidades serão
direto ou indireto da União, observado o que, a respeito, consideradas a natureza e a gravidade da infração
dispuser legislação específica. cometida, os danos que dela provierem para o serviço
público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, antecedentes funcionais.
que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando
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Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade procedimento sumário para a sua apuração e regularização
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da imediata, cujo processo administrativo disciplinar se
sanção disciplinar. desenvolverá nas seguintes fases:
I - instauração, com a publicação do ato que constituir
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e
casos de violação de proibição constante do Art. 117, simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da
incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional transgressão objeto da apuração;
previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não II - instrução sumária, que compreende indiciação,
justifique imposição de penalidade mais grave. defesa e relatório;
III - julgamento.
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de § 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-
reincidência das faltas punidas com advertência e de se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade
violação das demais proibições que não tipifiquem infração pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas
sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades
90 (noventa) dias. de vinculação, das datas de ingresso, do horário de
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 trabalho e do correspondente regime jurídico.
(quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se § 2o A comissão lavrará, até três dias após a
a ser submetido a inspeção médica determinada pela publicação do ato que a constituiu, termo de indiciação em
autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade que serão transcritas as informações de que trata o
uma vez cumprida a determinação. parágrafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia
penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar defesa
na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na
vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164.
permanecer em serviço. § 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará
relatório conclusivo quanto à inocência ou à
Art. 131. As penalidades de advertência e de responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças
suspensão terão seus registros cancelados, após o decurso principais dos autos, opinará sobre a licitude da
de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo
respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, legal e remeterá o processo à autoridade instauradora, para
praticado nova infração disciplinar. julgamento.
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não
§ 4o No prazo de cinco dias, contados do
surtirá efeitos retroativos.
recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a
sua decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto no
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes
casos: § 3o do Art. 167.
I - crime contra a administração pública; § 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo
II - abandono de cargo; para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se
III - inassiduidade habitual; converterá automaticamente em pedido de exoneração do
IV - improbidade administrativa; outro cargo.
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
§ 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a
repartição;
má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou
VI - insubordinação grave em serviço;
cassação de aposentadoria ou disponibilidade em relação
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a
aos cargos, empregos ou funções públicas em regime de
particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
de vinculação serão comunicados.
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
razão do cargo; § 7o O prazo para a conclusão do processo
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do administrativo disciplinar submetido ao rito sumário não
patrimônio nacional; excederá trinta dias, contados da data de publicação do ato
XI - corrupção; que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou até quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem.
funções públicas; § 8o O procedimento sumário rege-se pelas
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do Art. 117. disposições deste artigo, observando-se, no que lhe for
aplicável, subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação V desta Lei.
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a
autoridade a que se refere o Art. 143 notificará o servidor, Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a
por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar disponibilidade do inativo que houver praticado, na
opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da atividade, falta punível com a demissão.
data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará
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II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
Art. 135. A destituição de cargo em comissão imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso
exercido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada anterior quando se tratar de suspensão superior a 30
nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão (trinta) dias;
e de demissão. III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos
este artigo, a exoneração efetuada nos termos do Art. 35 casos de advertência ou de suspensão de até 30
será convertida em destituição de cargo em comissão. (trinta) dias;
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em quando se tratar de destituição de cargo em comissão.
comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do Art.
132, implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível. I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis
com demissão, cassação de aposentadoria ou
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
comissão, por infringência do Art. 117, incisos IX e XI, II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á
cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. advertência.
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data
público federal o servidor que for demitido ou destituído do em que o fato se tornou conhecido.
cargo em comissão por infringência do Art. 132, incisos I,
IV, VIII, X e XI. § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência como crime.
intencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de
consecutivos. processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão
final proferida por autoridade competente.
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo
falta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, começará a correr a partir do dia em que cessar a
interpoladamente, durante o período de doze meses. interrupção.
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou
inassiduidade habitual, também será adotado o
procedimento sumário a que se refere o Art. 133,
observando-se especialmente que:
I - a indicação da materialidade dar-se-á:
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
precisa do período de ausência intencional do servidor ao
serviço superior a trinta dias;
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por
período igual ou superior a sessenta dias interpoladamente,
durante o período de doze meses;
II - após a apresentação da defesa a comissão
elaborará relatório conclusivo quanto à inocência ou à
responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças
principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo legal,
opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre a
intencionalidade da ausência ao serviço superior a trinta
dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para
julgamento.

Art. 141. As penalidades disciplinares serão


aplicadas:
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes
das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e
pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar de
demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade
de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou
entidade;
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============================================= XI - proibição de cobrança de despesas
LEI Nº 9.784, 29 DE JANEIRO DE 1999. processuais, ressalvadas as previstas em lei;
REGULA O PROCESSO ADMINISTRATIVO NO ÂMBITO XII - impulsão, de ofício, do processo
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL. administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;
============================================= XIII - interpretação da norma administrativa da
forma que melhor garanta o atendimento do fim público a
que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
CAPÍTULO I interpretação.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o CAPÍTULO II


processo administrativo no âmbito da Administração DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção
dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento Art. 3° O administrado tem os seguintes direitos
dos fins da Administração. perante a Administração sem prejuízo de outros que lhe
§ 1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos sejam assegurados:
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, I - ser tratado com respeito pelas autoridades e
quando no desempenho de função administrativa. servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos
§ 2° Para os fins desta Lei, consideram-se: e o cumprimento de suas obrigações;
I - órgão - a unidade de atuação integrante da II - ter ciência da tramitação dos processos
estrutura da Administração direta e da estrutura da administrativos em que tenha a condição de interessado,
Administração indireta; ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles
II - entidade - a unidade de atuação dotada de contidos e conhecer as decisões proferidas;
personalidade jurídica; III - formular alegações e apresentar documentos
III - autoridade - o servidor ou agente público antes da decisão, os quais serão objeto de consideração
dotado de poder de decisão. pelo órgão competente;
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por
Art. 2º A Administração Pública obedecerá dentre advogado, salvo quando obrigatória a representação, por
outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, força de lei.
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público
e eficiência. CAPÍTULO III
Parágrafo único. Nos processos administrativos DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
serão observados, entre outros, os critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito; Art. 4° São deveres do administrado perante a
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato
renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo normativo:
autorização em lei; I - expor os fatos conforme a verdade;
III - objetividade no atendimento do interesse II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
público, vedada a promoção pessoal de agentes ou III - não agir de modo temerário;
autoridades; IV - prestar as informações que lhe forem
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos.
decoro e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos,
ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na CAPÍTULO IV
Constituição; DO INÍCIO DO PROCESSO
VI - adequação entre meios e fins, vedada a
imposição de obrigações, restrições e sanções em medida Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento ofício ou a pedido de interessado.
do interesse público; Art. 6º O requerimento inicial do interessado, salvo
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito casos em que for admitida solicitação oral, deve ser
que determinarem a decisão; formulado por escrito e conter os seguintes dados:
VIII - observância das formalidades essenciais à I - órgão ou autoridade administrativa a que se
garantia dos direitos dos administrados; dirige;
IX - adoção de formas simples, suficientes para II - identificação do interessado ou de quem o
propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito represente;
aos direitos dos administrados; III - domicílio do requerente ou local para
X - garantia dos direitos à comunicação, à recebimento de comunicações;
apresentação de alegações finais, à produção de provas e IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos
à interposição de recursos, nos processos de que possam e de seus fundamentos;
resultar sanções e nas situações de litígio;
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V - data e assinatura do requerente ou de seu Art. 14. O ato de delegação e sua revogação
representante. deverão ser publicados no meio oficial.
Parágrafo único. É vedada à Administração a § 1º O ato de delegação especificará as matérias e
recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a
o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível,
eventuais falhas. podendo conter ressalva de exercício da atribuição
delegada.
Art. 7° Os órgãos e entidades administrativas § 2º O ato de delegação é revogável a qualquer
deverão elaborar modelos ou formulários padronizados tempo pela autoridade delegante.
para assuntos que importem pretensões equivalentes. § 3º As decisões adotadas por delegação devem
mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-
Art. 8º Quando os pedidos de uma pluralidade de ão editadas pelo delegado.
interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
poderão ser formulados em um único requerimento, salvo Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e
preceito legal em contrário. por motivos relevantes devidamente justificados, a
avocação temporária de competência atribuída a órgão
hierarquicamente inferior.
CAPÍTULO V
DOS INTERESSADOS Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas
divulgarão publicamente os locais das respectivas sedes e,
Art. 9° São legitimados como interessados no quando conveniente, a unidade fundacional competente em
processo administrativo: matéria de interesse especial.
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como
titulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o
do direito de representação; processo administrativo deverá ser iniciado perante a
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, autoridade de menor grau hierárquico para decidir.
têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela
decisão a ser adotada;
III - as organizações e associações representativas, CAPÍTULO VII
no tocante a direitos e interesses coletivos; DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
IV - as pessoas ou as associações legalmente
constituídas quanto a direitos ou interesses difusos. Art. 18. É impedido de atuar em processo
administrativo o servidor ou autoridade que:
Art. 10. São capazes, para fins de processo I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
administrativo, os maiores de dezoito anos, ressalvada II - tenha participado ou venha a participar como
previsão especial em ato normativo próprio. perito, testemunha ou representante, ou se tais situações
ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e
afins até o terceiro grau;
CAPÍTULO VI III - esteja litigando judicial ou administrativamente
DA COMPETÊNCIA com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em
pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como impedimento deve comunicar o fato a autoridade
própria, salvo os casos de delegação e avocação competente, abstendo-se de atuar.
legalmente admitidos. Parágrafo único. A omissão do dever de
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos
poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte disciplinares.
da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. inimizade notória com algum dos interessados ou com os
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o
aplica-se à delegação de competência dos órgãos terceiro grau.
colegiados aos respectivos presidentes.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo.
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão CAPÍTULO VIII
ou autoridade. DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO
PROCESSO
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§ 4º No caso de interessados indeterminados,
Art. 22. Os atos do processo administrativo não desconhecidos ou com domicilio indefinido, a intimação
dependem de forma determinada senão quando a lei deve ser efetuada por meio de publicação oficial.
expressamente a exigir. § 5º As intimações serão nulas quando feitas sem
§ 1º Os atos do processo devem ser produzidos por observância das prescrições legais, mas o comparecimento
escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua do administrado supre sua falta ou irregularidade.
realização e a assinatura da autoridade responsável.
§ 2º Salvo imposição legal, o reconhecimento de Art. 27. O desatendimento da intimação não
firma somente será exigido quando houver dúvida de importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a
autenticidade. renúncia a direito pelo administrado.
ticação de documentos exigidos em cópia poderá Parágrafo único. No prosseguimento do processo,
ser feita pelo órgão administrativo. será garantido direito de ampla defesa ao interessado.
§ 4º O processo deverá ter suas páginas
numeradas seqüencialmente e rubricadas. Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do
processo que resultem para o interessado em imposição de
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos
dias úteis, no horário normal de funcionamento da e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse.
repartição na qual tramitar o processo.
Parágrafo único. Serão concluídos depois do
horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento CAPÍTULO X
prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano DA INSTRUÇÃO
ao interessado ou à Administração.
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de
do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do
administrados que dele participem devem ser praticados no órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito
prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior. dos interessados de propor atuações probatórias.
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo § 1º O órgão competente para a instrução fará
pode ser dilatado até o dobro, mediante comprovada constar dos autos os dados necessários à decisão do
justificação. processo.
§ 2º Os atos de instrução que exijam a atuação dos
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se interessados devem realizar-se do modo menos oneroso
preferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o para estes.
interessado se outro for o local de realização.
Art. 30. São inadmissíveis no processo
administrativo as provas obtidas por meios ilícitos.
CAPÍTULO IX
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS Art. 31. Quando a matéria do processo envolver
assunto de interesse geral, o órgão competente poderá,
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita mediante despacho motivado, abrir período de consulta
o processo administrativo determinará a intimação do pública para manifestação de terceiros, antes da decisão
interessado para ciência de decisão ou a efetivação de do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada.
diligências. § 1º A abertura da consulta pública será objeto de
§ 1º A intimação deverá conter: divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas
I - identificação do intimado e nome do órgão ou físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se
entidade administrativa; prazo para oferecimento de alegações escritas.
II - finalidade da intimação; recimento à consulta pública não confere, por si, a
III - data, hora e local em que deve comparecer; condição de interessado do processo, mas confere o direito
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, de obter da Administração resposta fundamentada, que
ou fazer-se representar; poderá ser comum a todas as alegações substancialmente
V - informação da continuidade do processo iguais.
independentemente do seu comparecimento;
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da
pertinentes. autoridade, diante da relevância da questão, poderá ser
§ 2º A intimação observará a antecedência mínima realizada audiência pública para debates sobre a matéria
de três dias úteis quanto à data de comparecimento. do processo.
§ 3º A intimação pode ser efetuada por ciência no
processo, por via postal com aviso de recebimento, por Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em
telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de
do interessado. participação de administrados, diretamente ou por meio de
organizações e associações legalmente reconhecidas.
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§ 1º Se um parecer obrigatório e vinculante deixar
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá
pública e de outros meios de participação de administrados seguimento até a respectiva apresentação,
deverão ser apresentados com a indicação do responsabilizando-se quem der causa ao atraso.
procedimento adotado. § 2º Se um parecer obrigatório e não vinculante
deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá
Art. 35. Quando necessária a instrução do ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem
processo, a audiência de outros órgãos ou entidades prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no
administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta, atendimento.
com a participação de titulares ou representantes dos
órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser Art. 43. Quando por disposição de ato normativo
juntada aos autos. devam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos
administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá
tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação
competente para a instrução e do disposto no Art. 37 desta e capacidade técnica equivalentes.
Lei.
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e direito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias,
dados estão registrados em documentos existentes na salvo se outro prazo for legalmente fixado.
própria Administração responsável pelo processo ou em
outro órgão administrativo, o órgão competente para a Art. 45. Em caso de risco iminente, a
instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou Administração Pública poderá motivadamente adotar
das respectivas cópias. providências acauteladoras sem a prévia manifestação do
interessado.
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e
antes da tomada da decisão, juntar documentos e Art. 46. Os interessados têm direito à vista do
pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir processo e a obter certidões ou cópias reprográficas dos
alegações referentes à matéria objeto do processo. dados e documentos que o integram, ressalvados os dados
§ 1º Os elementos probatórios deverão ser e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo
considerados na motivação do relatório e da decisão. direito à privacidade, à honra e à imagem.
§ 2º Somente poderão ser recusadas, mediante
decisão fundamentada, as provas propostas pelos Art. 47. O órgão de instrução que não for
interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, competente para emitir a decisão final elaborará relatório
desnecessárias ou protelatórias. indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do
procedimento e formulará proposta de decisão,
Art. 39. Quando for necessária a prestação de objetivamente justificada, encaminhando o processo à
informações ou a apresentação de provas pelos autoridade competente.
interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para
esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições
de atendimento. CAPÍTULO XI
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, DO DEVER DE DECIDIR
poderá o órgão competente, se entender relevante a
matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de Art. 48. A Administração tem o dever de
proferir a decisão. explicitamente emitir decisão nos processos administrativos
e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos competência.
solicitados ao interessado forem necessários à apreciação Art. 49. Concluída a instrução de processo
de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta
pela Administração para a respectiva apresentação dias para decidir, salvo prorrogação por igual período
implicará arquivamento do processo. expressamente motivada.

Art. 41. Os interessados serão intimados de prova


ou diligência ordenada, com antecedência mínima de três CAPÍTULO XII
dias úteis, mencionando-se data, hora e local de realização. DA MOTIVAÇÃO

Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido Art. 50. Os atos administrativos deverão ser
um órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
máximo de quinze dias, salvo norma especial ou jurídicos, quando:
comprovada necessidade de maior prazo. I - neguem, limitem ou afetem direitos ou
interesses;
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II - imponham ou agravem deveres, encargos ou § 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o
sanções; prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro
III - decidam processos administrativos de concurso pagamento.
ou seleção pública; § 2º Considera-se exercício do direito de anular
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de qualquer medida de autoridade administrativa que importe
processo licitatório; impugnação à validade do ato.
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício; Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a
a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
relatórios oficiais; poderão ser convalidados pela própria Administração.
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
convalidação de ato administrativo.
§ 1º A motivação deve ser explícita, clara e CAPÍTULO XV
congruente, podendo consistir em declaração de DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso,
serão parte integrante do ato. em face de razões de legalidade e de mérito.
§ 2° Na solução de vários assuntos da mesma § 1º O recurso será dirigido à autoridade que
natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo
os fundamentos das decisões, desde que não prejudique de cinco dias, o encaminhará a autoridade superior.
direito ou garantia dos interessados. § 2º Salvo exigência legal, a interposição de
§ 3º A motivação das decisões de órgãos recurso administrativo independe de caução.
colegiados e comissões ou de decisões orais constará da
respectiva ata ou de termo escrito. Art. 57. O recurso administrativo tramitará no
máximo por três instâncias administrativas, salvo
disposição legal diversa.
CAPÍTULO XIII
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso
PROCESSO administrativo:
I - os titulares de direitos e interesses que forem
Art. 51. O interessado poderá, mediante parte no processo;
manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do II - aqueles cujos direitos ou interesses forem
pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos indiretamente afetados pela decisão recorrida;
disponíveis. III - as organizações e associações representativas,
§ 1º Havendo vários interessados, a desistência ou no tocante a direitos e interesses coletivos;
renúncia atinge somente quem a tenha formulado. IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos
§ 2º A desistência ou renúncia do interessado, ou interesses difusos.
conforme o caso, não prejudica o prosseguimento do
processo, se a Administração considerar que o interesse Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez
público assim o exige. dias o prazo para interposição de recurso administrativo,
contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão
Art. 52. O órgão competente poderá declarar recorrida.
extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o § 1º Quando a lei não fixar prazo diferente, o
objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado recurso administrativo deverá ser decidido no prazo
por fato superveniente. máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos
pelo órgão competente.
§ 2º O prazo mencionado no parágrafo anterior
CAPÍTULO XIV poderá ser prorrogado por igual período, ante justificativa
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO explícita.

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de
atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode requerimento no qual o recorrente deverá expor os
revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os
respeitados os direitos adquiridos. documentos que julgar convenientes.

Art. 54. O direito da Administração de anular os Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o
atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis recurso não tem efeito suspensivo.
para os destinatários decai em cinco anos, contados da Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo
data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a
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autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá,
de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso. Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por
autoridade competente, terão natureza pecuniária ou
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer,
para dele conhecer deverá intimar os demais interessados assegurado sempre o direito de defesa.
para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem
alegações.
Art. 63. O recurso não será conhecido quando CAPÍTULO XVIII
interposto: DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
I - fora do prazo;
II - perante órgão incompetente; Art. 69. Os processos administrativos específicos
III - por quem não seja legitimado; continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes
IV - após exaurida a esfera administrativa. apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.
§ 1º Na hipótese do inciso II, será indicada ao
recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua
prazo para recurso. publicação.
§ 2º O não conhecimento do recurso não impede a
Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não Brasília 29 de janeiro de 1999; 178º da Independência e
ocorrida preclusão administrativa. 111º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso
poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
competência.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto
neste artigo puder decorrer gravame à situação do
recorrente, este deverá ser cientificado para que formule
suas alegações antes da decisão.

Art. 65. Os processos administrativos de que


resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a
pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou
circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a
inadequação da sanção aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não
poderá resultar agravamento da sanção.

CAPÍTULO XVI
DOS PRAZOS

Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da


data da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia
do começo e incluindo-se o do vencimento.
§ 1º Considera-se prorrogado o prazo até o
primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em
que não houver expediente ou este for encerrado antes da
hora normal.
§ 2º Os prazos expressos em dias contam-se de
modo contínuo.
§ 3º Os prazos fixados em meses ou anos contam-
se de data a data. Se no mês do vencimento não houver o
dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como
termo o ultimo dia do mês.

Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente


comprovado, os prazos processuais não se suspendem.

CAPÍTULO XVII
DAS SANÇÕES
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============================================= § 3º Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho
DECRETO-LEI Nº 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943 sem que tenha havido a compensação integral da jornada
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO - CLT extraordinária, na forma do parágrafo anterior, fará o
============================================= trabalhador jus ao pagamento das horas extras não
compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na
data da rescisão.
CAPÍTULO II § 4o Os empregados sob o regime de tempo parcial
DA DURAÇÃO DO TRABALHO não poderão prestar horas extras.
SEÇÃO II
DA JORNADA DE TRABALHO Art. 60 - Nas atividades insalubres, assim
consideradas as constantes dos quadros mencionados no
Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os capítulo "Da Segurança e da Medicina do Trabalho", ou que
empregados em qualquer atividade privada, não excederá neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do
de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado Trabalho, Indústria e Comercio, quaisquer prorrogações só
expressamente outro limite. poderão ser acordadas mediante licença prévia das
§ 1o Não serão descontadas nem computadas como autoridades competentes em matéria de higiene do
jornada extraordinária as variações de horário no registro trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos
de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o necessários exames locais e à verificação dos métodos e
limite máximo de dez minutos diários. processos de trabalho, quer diretamente, quer por
§ 2o O tempo despendido pelo empregado até o local intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e
de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de municipais, com quem entrarão em entendimento para tal
transporte, não será computado na jornada de trabalho, fim.
salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não
servido por transporte público, o empregador fornecer a Art. 61 - Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a
condução. duração do trabalho exceder do limite legal ou
§ 3o Poderão ser fixados, para as microempresas e convencionado, seja para fazer face a motivo de força
empresas de pequeno porte, por meio de acordo ou maior, seja para atender à realização ou conclusão de
convenção coletiva, em caso de transporte fornecido pelo serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar
empregador, em local de difícil acesso ou não servido por prejuízo manifesto.
transporte público, o tempo médio despendido pelo § 1º - O excesso, nos casos deste artigo, poderá ser
empregado, bem como a forma e a natureza da exigido independentemente de acordo ou contrato coletivo
remuneração. e deverá ser comunicado, dentro de 10 (dez) dias, à
autoridade competente em matéria de trabalho, ou, antes
Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de desse prazo, justificado no momento da fiscalização sem
tempo parcial aquele cuja duração não exceda a vinte e prejuízo dessa comunicação.
cinco horas semanais. § 2º - Nos casos de excesso de horário por motivo de
§ 1o O salário a ser pago aos empregados sob o força maior, a remuneração da hora excedente não será
regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, inferior à da hora normal. Nos demais casos de excesso
em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas previstos neste artigo, a remuneração será, pelo menos,
funções, tempo integral. 25% (vinte e cinco por cento) superior à da hora normal, e o
§ 2o Para os atuais empregados, a adoção do regime trabalho não poderá exceder de 12 (doze) horas, desde
de tempo parcial será feita mediante opção manifestada que a lei não fixe expressamente outro limite.
perante a empresa, na forma prevista em instrumento § 3º - Sempre que ocorrer interrupção do trabalho,
decorrente de negociação coletiva. resultante de causas acidentais, ou de força maior, que
determinem a impossibilidade de sua realização, a duração
Art. 59 - A duração normal do trabalho poderá ser do trabalho poderá ser prorrogada pelo tempo necessário
acrescida de horas suplementares, em número não até o máximo de 2 (duas) horas, durante o número de dias
excedente de 2 (duas), mediante acordo escrito entre indispensáveis à recuperação do tempo perdido, desde que
empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de não exceda de 10 (dez) horas diárias, em período não
trabalho. superior a 45 (quarenta e cinco) dias por ano, sujeita essa
§ 1º - Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho recuperação à prévia autorização da autoridade
deverá constar, obrigatoriamente, a importância da competente.
remuneração da hora suplementar, que será, pelo menos,
20% (vinte por cento) superior à da hora normal. Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto
§ 2o Poderá ser dispensado o acréscimo de salário neste capítulo:
se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, I - os empregados que exercem atividade externa
o excesso de horas em um dia for compensado pela incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo
correspondente diminuição em outro dia, de maneira que tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e
não exceda, no período máximo de um ano, à soma das Previdência Social e no registro de empregados;
jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja II - os gerentes, assim considerados os exercentes de
ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do
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disposto neste artigo, os diretores e chefes de que venham a fixar não poderão contrariar tais preceitos
departamento ou filial. nem as instruções que, para seu cumprimento, forem
Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo expedidas pelas autoridades competentes em matéria de
será aplicável aos empregados mencionados no inciso II trabalho.
deste artigo, quando o salário do cargo de confiança,
compreendendo a gratificação de função, se houver, for Art. 70 - Salvo o disposto nos artigos 68 e 69, é
inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de vedado o trabalho em dias feriados nacionais e feriados
40% (quarenta por cento). religiosos, nos têrmos da legislação própria.

Art. 63 - Não haverá distinção entre empregados e Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração
interessados, e a participação em lucros e comissões, salvo exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um
em lucros de caráter social, não exclui o participante do intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no
regime deste Capítulo. mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato
coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas)
Art. 64 - O salário-hora normal, no caso de horas.
empregado mensalista, será obtido dividindo-se o salário § 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho,
mensal correspondente à duração do trabalho, a que se será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze)
refere o Art. 58, por 30 (trinta) vezes o número de horas minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.
dessa duração. § 2º - Os intervalos de descanso não serão
Parágrafo único - Sendo o número de dias inferior a computados na duração do trabalho.
30 (trinta), adotar-se-á para o cálculo, em lugar desse § 3º O limite mínimo de uma hora para repouso ou
número, o de dias de trabalho por mês. refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do
Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço
Art. 65 - No caso do empregado diarista, o salário- de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o
hora normal será obtido dividindo-se o salário diário estabelecimento atende integralmente às exigências
correspondente à duração do trabalho, estabelecido no Art. concernentes à organização dos refeitórios, e quando os
58, pelo número de horas de efetivo trabalho. respectivos empregados não estiverem sob regime de
trabalho prorrogado a horas suplementares.
§ 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação,
SEÇÃO III previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador,
DOS PERÍODOS DE DESCANSO este ficará obrigado a remunerar o período correspondente
com um acréscimo de no mínimo 50% (cinqüenta por
Art. 66 - Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de
um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para trabalho.
descanso.
Art. 72 - Nos serviços permanentes de mecanografia
Art. 67 - Será assegurado a todo empregado um (datilografia, escrituração ou cálculo), a cada período de 90
descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas (noventa) minutos de trabalho consecutivo corresponderá
consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública um repouso de 10 (dez) minutos não deduzidos da duração
ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com normal de trabalho.
o domingo, no todo ou em parte.
Parágrafo único - Nos serviços que exijam trabalho
aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais, SEÇÃO IV
será estabelecida escala de revezamento, mensalmente DO TRABALHO NOTURNO
organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização.
Art. 73 - Salvo nos casos de revezamento semanal ou
Art. 68 - O trabalho em domingo, seja total ou parcial, quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à
na forma do Art. 67, será sempre subordinado à permissão do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um
prévia da autoridade competente em matéria de trabalho. acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a
Parágrafo único - A permissão será concedida a título hora diurna.
permanente nas atividades que, por sua natureza ou pela § 1º - A hora do trabalho noturno será computada
conveniência pública, devem ser exercidas aos domingos, como de 52 (cinqüenta e dois) minutos e 30 (trinta)
cabendo ao Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, segundos.
expedir instruções em que sejam especificadas tais § 2º - Considera-se noturno, para os efeitos deste
atividades. Nos demais casos, ela será dada sob forma artigo, o trabalho executado entre as 22 (vinte e duas)
transitória, com discriminação do período autorizado, o horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte.
qual, de cada vez, não excederá de 60 (sessenta) dias. § 3º - O acréscimo a que se refere o presente artigo,
em se tratando de empresas que não mantêm, pela
Art. 69 - Na regulamentação do funcionamento de natureza de suas atividades, trabalho noturno habitual, será
atividades sujeitas ao regime deste Capítulo, os municípios feito tendo em vista os quantitativos pagos por trabalhos
atenderão aos preceitos nele estabelecidos, e as regras diurnos de natureza semelhante. Em relação às empresas
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cujo trabalho noturno decorra da natureza de suas Parágrafo único - O salário mínimo pago em dinheiro
atividades, o aumento será calculado sobre o salário não será inferior a 30% (trinta por cento) do salário mínimo
mínimo geral vigente na região, não sendo devido quando fixado para a região, zona ou subzona.
exceder desse limite, já acrescido da percentagem.
§ 4º - Nos horários mistos, assim entendidos os que Art. 83 - É devido o salário mínimo ao trabalhador em
abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas domicílio, considerado este como o executado na habitação
de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus do empregado ou em oficina de família, por conta de
parágrafos. empregador que o remunere.
§ 5º - Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o
disposto neste Capítulo.
CAPÍTULO IV
DAS FÉRIAS ANUAIS
CAPÍTULO III SEÇÃO I
DO SALÁRIO MÍNIMO DO DIREITO A FÉRIAS E DA SUA DURAÇÃO
SEÇÃO I
DO CONCEITO Art. 129 - Todo empregado terá direito anualmente ao
gozo de um período de férias, sem prejuízo da
Art. 76 - Salário mínimo é a contraprestação mínima remuneração.
devida e paga diretamente pelo empregador a todo
trabalhador, inclusive ao trabalhador rural, sem distinção de Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de
sexo, por dia normal de serviço, e capaz de satisfazer, em vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a
determinada época e região do País, as suas necessidades férias, na seguinte proporção:
normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado
transporte. ao serviço mais de 5 (cinco) vezes;
II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver
Art. 78 - Quando o salário for ajustado por tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas;
empreitada, ou convencionado por tarefa ou peça, será III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de
garantida ao trabalhador uma remuneração diária nunca 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas;
inferior à do salário mínimo por dia normal da região, zona IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24
ou subzona. (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas.
Parágrafo único. Quando o salário-mínimo mensal do § 1º - É vedado descontar, do período de férias, as
empregado a comissão ou que tenha direito a percentagem faltas do empregado ao serviço.
for integrado por parte fixa e parte variável, ser-lhe-á § 2º - O período das férias será computado, para
sempre garantido o salário-mínimo, vedado qualquer todos os efeitos, como tempo de serviço.
desconto em mês subseqüente a título de compensação.
Art. 130-A. Na modalidade do regime de tempo
Art. 81 - O salário mínimo será determinado pela parcial, após cada período de doze meses de vigência do
fórmula Sm = a + b + c + d + e, em que "a", "b", "c", "d" e contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na
"e" representam, respectivamente, o valor das despesas seguinte proporção:
diárias com alimentação, habitação, vestuário, higiene e I - dezoito dias, para a duração do trabalho semanal
transporte necessários à vida de um trabalhador adulto. superior a vinte e duas horas, até vinte e cinco horas;
§ 1º - A parcela correspondente à alimentação terá um II - dezesseis dias, para a duração do trabalho
valor mínimo igual aos valores da lista de provisões, semanal superior a vinte horas, até vinte e duas horas;
constantes dos quadros devidamente aprovados e III - quatorze dias, para a duração do trabalho semanal
necessários à alimentação diária do trabalhador adulto. superior a quinze horas, até vinte horas;
§ 2º - Poderão ser substituídos pelos equivalentes de IV - doze dias, para a duração do trabalho semanal
cada grupo, também mencionados nos quadros a que superior a dez horas, até quinze horas;
alude o parágrafo anterior, os alimentos, quando as V - dez dias, para a duração do trabalho semanal
condições da região, zona ou subzona o aconselharem, superior a cinco horas, até dez horas;
respeitados os valores nutritivos determinados nos mesmos VI - oito dias, para a duração do trabalho semanal
quadros. igual ou inferior a cinco horas.
§ 3º - O Ministério do Trabalho, Industria e Comercio Parágrafo único. O empregado contratado sob o regime
fará, periodicamente, a revisão dos quadros a que se refere de tempo parcial que tiver mais de sete faltas injustificadas
o § 1º deste artigo. ao longo do período aquisitivo terá o seu período de férias
reduzido à metade.
Art. 82 - Quando o empregador fornecer, in natura,
uma ou mais das parcelas do salário mínimo, o salário em Art. 131 - Não será considerada falta ao serviço, para
dinheiro será determinado pela fórmula Sd = Sm - P, em os efeitos do artigo anterior, a ausência do empregado:
que Sd representa o salário em dinheiro, Sm o salário I - nos casos referidos no Art. 473;
mínimo e P a soma dos valores daquelas parcelas na Il - durante o licenciamento compulsório da
região, zona ou subzona. empregada por motivo de maternidade ou aborto,
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observados os requisitos para percepção do salário- Art. 135 - A concessão das férias será participada, por
maternidade custeado pela Previdência Social; escrito, ao empregado, com antecedência de, no mínimo,
III - por motivo de acidente do trabalho ou enfermidade 30 (trinta) dias. Dessa participação o interessado dará
atestada pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, recibo.
excetuada a hipótese do inciso IV do Art. 133; § 1º - O empregado não poderá entrar no gozo das
IV - justificada pela empresa, entendendo-se como tal férias sem que apresente ao empregador sua Carteira de
a que não tiver determinado o desconto do correspondente Trabalho e Previdência Social, para que nela seja anotada
salário; a respectiva concessão.
V - durante a suspensão preventiva para responder a § 2º - A concessão das férias será, igualmente,
inquérito administrativo ou de prisão preventiva, quanto for anotada no livro ou nas fichas de registro dos empregados.
impronunciado ou absorvido; e
VI - nos dias em que não tenha havido serviço, salvo Art. 136 - A época da concessão das férias será a que
na hipótese do inciso III do Art. 133. melhor consulte os interesses do empregador.
§ 1º - Os membros de uma família, que trabalharem
Art. 132 - O tempo de trabalho anterior à no mesmo estabelecimento ou empresa, terão direito a
apresentação do empregado para serviço militar obrigatório gozar férias no mesmo período, se assim o desejarem e se
será computado no período aquisitivo, desde que ele disto não resultar prejuízo para o serviço.
compareça ao estabelecimento dentro de 90 (noventa) dias § 2º - O empregado estudante, menor de 18 (dezoito)
da data em que se verificar a respectiva baixa. anos, terá direito a fazer coincidir suas férias com as férias
escolares.
Art. 133 - Não terá direito a férias o empregado que,
no curso do período aquisitivo: Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas
I - deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 após o prazo de que trata o Art. 134, o empregador pagará
(sessenta) dias subseqüentes à sua saída; em dobro a respectiva remuneração.
II - permanecer em gozo de licença, com percepção § 1º - Vencido o mencionado prazo sem que o
de salários, por mais de 30 (trinta) dias; empregador tenha concedido as férias, o empregado
III - deixar de trabalhar, com percepção do salário, por poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação, por sentença,
mais de 30 (trinta) dias, em virtude de paralisação parcial da época de gozo das mesmas.
ou total dos serviços da empresa; e § 2º - A sentença dominará pena diária de 5% (cinco
IV - tiver percebido da Previdência Social prestações por cento) do salário mínimo da região, devida ao
de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6 empregado até que seja cumprida.
(seis) meses, embora descontínuos. § 3º - Cópia da decisão judicial transitada em julgado
§ 1º - A interrupção da prestação de serviços deverá será remetida ao órgão local do Ministério do Trabalho,
ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social. para fins de aplicação da multa de caráter administrativo.
§ 2º - Iniciar-se-á o decurso de novo período aquisitivo
quando o empregado, após o implemento de qualquer das Art. 138 - Durante as férias, o empregado não poderá
condições previstas neste artigo, retornar ao serviço. prestar serviços a outro empregador, salvo se estiver
§ 3º - Para os fins previstos no inciso lIl deste artigo a obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho
empresa comunicará ao órgão local do Ministério do regularmente mantido com aquele.
Trabalho, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, as
datas de início e fim da paralisação total ou parcial dos
serviços da empresa, e, em igual prazo, comunicará, nos SEÇÃO III
mesmos termos, ao sindicato representativo da categoria DAS FÉRIAS COLETIVAS
profissional, bem como afixará aviso nos respectivos locais
de trabalho. Art. 139 - Poderão ser concedidas férias coletivas a
todos os empregados de uma empresa ou de determinados
estabelecimentos ou setores da empresa.
SEÇÃO II § 1º - As férias poderão ser gozadas em 2 (dois)
DA CONCESSÃO E DA ÉPOCA DAS FÉRIAS períodos anuais desde que nenhum deles seja inferior a 10
(dez) dias corridos.
Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do § 2º - Para os fins previstos neste artigo, o
empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses empregador comunicará ao órgão local do Ministério do
subseqüentes à data em que o empregado tiver adquirido o Trabalho, com a antecedência mínima de 15 (quinze) dias,
direito. as datas de início e fim das férias, precisando quais os
§ 1º - Somente em casos excepcionais serão as férias estabelecimentos ou setores abrangidos pela medida.
concedidas em 2 (dois) períodos, um dos quais não poderá § 3º - Em igual prazo, o empregador enviará cópia da
ser inferior a 10 (dez) dias corridos. aludida comunicação aos sindicatos representativos da
§ 2º - Aos menores de 18 (dezoito) anos e aos respectiva categoria profissional, e providenciará a afixação
maiores de 50 (cinqüenta) anos de idade, as férias serão de aviso nos locais de trabalho.
sempre concedidas de uma só vez.
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Art. 140 - Os empregados contratados há menos de § 2º - Tratando-se de férias coletivas, a conversão a
12 (doze) meses gozarão, na oportunidade, férias que se refere este artigo deverá ser objeto de acordo
proporcionais, iniciando-se, então, novo período aquisitivo. coletivo entre o empregador e o sindicato representativo da
respectiva categoria profissional, independendo de
Art. 141 - Quando o número de empregados requerimento individual a concessão do abono.
contemplados com as férias coletivas for superior a 300 § 3o O disposto neste artigo não se aplica aos
(trezentos), a empresa poderá promover, mediante empregados sob o regime de tempo parcial.
carimbo, anotações de que trata o Art. 135, § 1º.
§ 1º - O carimbo, cujo modelo será aprovado pelo Art. 144. O abono de férias de que trata o artigo
Ministério do Trabalho, dispensará a referência ao período anterior, bem como o concedido em virtude de cláusula do
aquisitivo a que correspondem, para cada empregado, as contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de
férias concedidas. convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente
§ 2º - Adotado o procedimento indicado neste artigo, de vinte dias do salário, não integrarão a remuneração do
caberá à empresa fornecer ao empregado cópia visada do empregado para os efeitos da legislação do trabalho.
recibo correspondente à quitação mencionada no
Parágrafo único do Art. 145. Art. 145 - O pagamento da remuneração das férias e,
§ 3º - Quando da cessação do contrato de trabalho, o se for o caso, o do abono referido no Art. 143 serão
empregador anotará na Carteira de Trabalho e Previdência efetuados até 2 (dois) dias antes do início do respectivo
Social as datas dos períodos aquisitivos correspondentes período.
às férias coletivas gozadas pelo empregado.
Parágrafo único - O empregado dará quitação do
pagamento, com indicação do início e do termo das férias.
SEÇÃO IV
DA REMUNERAÇÃO E DO ABONO DE FÉRIAS
SEÇÃO V
Art. 142 - O empregado perceberá, durante as férias, DOS EFEITOS DA CESSAÇÃO DO CONTRATO DE
a remuneração que lhe for devida na data da sua TRABALHO
concessão.
§ 1º - Quando o salário for pago por hora com Art. 146 - Na cessação do contrato de trabalho,
jornadas variáveis, apurar-se-á a média do período qualquer que seja a sua causa, será devida ao empregado
aquisitivo, aplicando-se o valor do salário na data da a remuneração simples ou em dobro, conforme o caso,
concessão das férias. correspondente ao período de férias cujo direito tenha
§ 2º - Quando o salário for pago por tarefa tomar-se-á adquirido.
por base a media da produção no período aquisitivo do Parágrafo único - Na cessação do contrato de
direito a férias, aplicando-se o valor da remuneração da trabalho, após 12 (doze) meses de serviço, o empregado,
tarefa na data da concessão das férias. desde que não haja sido demitido por justa causa, terá
§ 3º - Quando o salário for pago por percentagem, direito à remuneração relativa ao período incompleto de
comissão ou viagem, apurar-se-á a média percebida pelo férias, de acordo com o Art. 130, na proporção de 1/12 (um
empregado nos 12 (doze) meses que precederem à doze avos) por mês de serviço ou fração superior a 14
concessão das férias. (quatorze) dias.
§ 4º - A parte do salário paga em utilidades será
computada de acordo com a anotação na Carteira de Art. 147 - O empregado que for despedido sem justa
Trabalho e Previdência Social. causa, ou cujo contrato de trabalho se extinguir em prazo
§ 5º - Os adicionais por trabalho extraordinário, predeterminado, antes de completar 12 (doze) meses de
noturno, insalubre ou perigoso serão computados no salário serviço, terá direito à remuneração relativa ao período
que servirá de base ao cálculo da remuneração das férias. incompleto de férias, de conformidade com o disposto no
§ 6º - Se, no momento das férias, o empregado não artigo anterior.
estiver percebendo o mesmo adicional do período
aquisitivo, ou quando o valor deste não tiver sido uniforme Art. 148 - A remuneração das férias, ainda quando
será computada a média duodecimal recebida naquele devida após a cessação do contrato de trabalho, terá
período, após a atualização das importâncias pagas, natureza salarial, para os efeitos do Art. 449.
mediante incidência dos percentuais dos reajustamentos
salariais supervenientes.
SEÇÃO VI
Art. 143 - É facultado ao empregado converter 1/3 DO INÍCIO DA PRESCRIÇÃO
(um terço) do período de férias a que tiver direito em abono
pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida Art. 149 - A prescrição do direito de reclamar a
nos dias correspondentes. concessão das férias ou o pagamento da respectiva
§ 1º - O abono de férias deverá ser requerido até 15 remuneração é contada do término do prazo mencionado
(quinze) dias antes do término do período aquisitivo. no Art. 134 ou, se for o caso, da cessação do contrato de
trabalho.
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SEÇÃO VII Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS empregado, para todos os efeitos legais, além do salário
devido e pago diretamente pelo empregador, como
Art. 150 - O tripulante que, por determinação do contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
armador, for transferido para o serviço de outro, terá § 1º - Integram o salário não só a importância fixa
computado, para o efeito de gozo de férias, o tempo de estipulada, como também as comissões, percentagens,
serviço prestado ao primeiro, ficando obrigado a concedê- gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos
las o armador em cujo serviço ele se encontra na época de pagos pelo empregador.
gozá-las. § 2º - Não se incluem nos salários as ajudas de custo,
§ 1º - As férias poderão ser concedidas, a pedido dos assim como as diárias para viagem que não excedam de
interessados e com aquiescência do armador, 50% (cinqüenta por cento) do salário percebido pelo
parceladamente, nos portos de escala de grande estadia do empregado.
navio, aos tripulantes ali residentes. § 3º - Considera-se gorjeta não só a importância
§ 2º - Será considerada grande estadia a permanência espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como
no porto por prazo excedente de 6 (seis) dias. também aquela que fôr cobrada pela emprêsa ao cliente,
§ 3º - Os embarcadiços, para gozarem férias nas como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a
condições deste artigo, deverão pedi-las, por escrito, ao distribuição aos empregados.
armador, antes do início da viagem, no porto de registro ou
armação. Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro,
§ 4º - O tripulante, ao terminar as férias, apresentar- compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a
se-á ao armador, que deverá designá-lo para qualquer de alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in
suas embarcações ou o adir a algum dos seus serviços natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do
terrestres, respeitadas a condição pessoal e a costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso
remuneração. algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas
§ 5º - Em caso de necessidade, determinada pelo ou drogas nocivas.
interesse público, e comprovada pela autoridade § 1º Os valôres atribuídos às prestações "in natura"
competente, poderá o armador ordenar a suspensão das deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em
férias já iniciadas ou a iniciar-se, ressalvado ao tripulante o cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes
direito ao respectivo gozo posteriormente. do salário-mínimo (arts. 81 e 82).
§ 6º - O Delegado do Trabalho Marítimo poderá § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão
autorizar a acumulação de 2 (dois) períodos de férias do consideradas como salário as seguintes utilidades
marítimo, mediante requerimento justificado: concedidas pelo empregador:
I - do sindicato, quando se tratar de sindicalizado; e I – vestuários, equipamentos e outros acessórios
II - da empresa, quando o empregado não for fornecidos aos empregados e utilizados no local de
sindicalizado. trabalho, para a prestação do serviço;
II – educação, em estabelecimento de ensino próprio
Art. 151 - Enquanto não se criar um tipo especial de ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a
caderneta profissional para os marítimos, as férias serão matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático;
anotadas pela Capitania do Porto na caderneta-matrícula III – transporte destinado ao deslocamento para o
do tripulante, na página das observações. trabalho e retorno, em percurso servido ou não por
transporte público;
Art. 152 - A remuneração do tripulante, no gozo de IV – assistência médica, hospitalar e odontológica,
férias, será acrescida da importância correspondente à prestada diretamente ou mediante seguro-saúde;
etapa que estiver vencendo. V – seguros de vida e de acidentes pessoais;
VI – previdência privada;
§ 3º - A habitação e a alimentação fornecidas como
SEÇÃO VIII salário-utilidade deverão atender aos fins a que se
DAS PENALIDADES destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25%
(vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário-
Art. 153 - As infrações ao disposto neste Capítulo contratual.
serão punidas com multas de valor igual a 160 BTN por § 4º - Tratando-se de habitação coletiva, o valor do
empregado em situação irregular. salário-utilidade a ela correspondente será obtido mediante
Parágrafo único - Em caso de reincidência, embaraço a divisão do justo valor da habitação pelo número de co-
ou resistência à fiscalização, emprego de artifício ou habitantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da
simulação com o objetivo de fraudar a lei, a multa será mesma unidade residencial por mais de uma família.
aplicada em dobro.
Art. 459 - O pagamento do salário, qualquer que seja
a modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por
CAPÍTULO II período superior a 1 (um) mês, salvo no que concerne a
DA REMUNERAÇÃO comissões, percentagens e gratificações.
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§ 1º Quando o pagamento houver sido estipulado por tratando de analfabeto, mediante sua impressão digital, ou,
mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia não sendo esta possível, a seu rogo.
útil do mês subsequente ao vencido. Parágrafo único. Terá força de recibo o comprovante
de depósito em conta bancária, aberta para esse fim em
Art. 460 - Na falta de estipulação do salário ou não nome de cada empregado, com o consentimento deste, em
havendo prova sobre a importância ajustada, o empregado estabelecimento de crédito próximo ao local de trabalho.
terá direito a perceber salário igual ao daquela que, na
mesma empresa, fizer serviço equivalente ou do que for Art. 465. O pagamento dos salários será efetuado em
habitualmente pago para serviço semelhante. dia útil e no local do trabalho, dentro do horário do serviço
ou imediatamente após o encerramento deste, salvo
Art. 461 - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de quando efetuado por depósito em conta bancária,
igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma observado o disposto no artigo anterior.
localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de
sexo, nacionalidade ou idade. Art. 466 - O pagamento de comissões e percentagens
§ 1º - Trabalho de igual valor, para os fins deste só é exigível depois de ultimada a transação a que se
Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com referem.
a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença § 1º - Nas transações realizadas por prestações
de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) anos. sucessivas, é exigível o pagamento das percentagens e
§ 2º - Os dispositivos deste artigo não prevalecerão comissões que lhes disserem respeito proporcionalmente à
quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro respectiva liquidação.
de carreira, hipótese em que as promoções deverão § 2º - A cessação das relações de trabalho não
obedecer aos critérios de antigüidade e merecimento. prejudica a percepção das comissões e percentagens
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, as promoções devidas na forma estabelecida por este artigo.
deverão ser feitas alternadamente por merecimento e por
antingüidade, dentro de cada categoria profissional. Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho,
§ 4º - O trabalhador readaptado em nova função por havendo controvérsia sobre o montante das verbas
motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao
competente da Previdência Social não servirá de trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do
paradigma para fins de equiparação salarial. Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena
de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento.
Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica à
desconto nos salários do empregado, salvo quando este União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e
resultar de adiantamentos, de dispositvos de lei ou de as suas autarquias e fundações públicas.
contrato coletivo.
§ 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o
desconto será lícito, desde de que esta possibilidade tenha CAPÍTULO VI
sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado. DO AVISO PRÉVIO
§ 2º - É vedado à emprêsa que mantiver armazém
para venda de mercadorias aos empregados ou serviços Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que,
estimados a proporcionar-lhes prestações " in natura " sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar
exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que a outra da sua resolução com a antecedência mínima de:
os empregados se utilizem do armazém ou dos serviços. I - oito dias, se o pagamento for efetuado por semana
§ 3º - Sempre que não fôr possível o acesso dos ou tempo inferior;
empregados a armazéns ou serviços não mantidos pela II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou
Emprêsa, é lícito à autoridade competente determinar a mês, ou que tenham mais de 12 (doze) meses de serviço
adoção de medidas adequadas, visando a que as na empresa.
mercadorias sejam vendidas e os serviços prestados a § 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador
preços razoáveis, sem intuito de lucro e sempre em dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao
benefício das empregados. prazo do aviso, garantida sempre a integração desse
§ 4º - Observado o disposto neste Capítulo, é vedado período no seu tempo de serviço.
às emprêsas limitar, por qualquer forma, a liberdade dos § 2º - A falta de aviso prévio por parte do empregado
empregados de dispôr do seu salário. dá ao empregador o direito de descontar os salários
correspondentes ao prazo respectivo.
Art. 463 - A prestação, em espécie, do salário será § 3º - Em se tratando de salário pago na base de
paga em moeda corrente do País. tarefa, o cálculo, para os efeitos dos parágrafos anteriores,
Parágrafo único - O pagamento do salário realizado será feito de acordo com a média dos últimos 12 (doze)
com inobservância deste artigo considera-se como não meses de serviço.
feito. § 4º - É devido o aviso prévio na despedida indireta.
§ 5o O valor das horas extraordinárias habituais integra
Art. 464 - O pagamento do salário deverá ser o aviso prévio indenizado.
efetuado contra recibo, assinado pelo empregado; em se
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§ 6o O reajustamento salarial coletivo, determinado no Art. 495 - Reconhecida a inexistência de falta grave
curso do aviso prévio, beneficia o empregado pré-avisado praticada pelo empregado, fica o empregador obrigado a
da despedida, mesmo que tenha recebido antecipadamente readmiti-lo no serviço e a pagar-lhe os salários a que teria
os salários correspondentes ao período do aviso, que direito no período da suspensão.
integra seu tempo de serviço para todos os efeitos legais.
Art. 496 - Quando a reintegração do empregado
Art. 488 - O horário normal de trabalho do empregado, estável for desaconselhável, dado o grau de
durante o prazo do aviso, e se a rescisão tiver sido incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente
promovida pelo empregador, será reduzido de 2 (duas) quando for o empregador pessoa física, o tribunal do
horas diárias, sem prejuízo do salário integral. trabalho poderá converter aquela obrigação em
Parágrafo único - É facultado ao empregado indenização devida nos termos do artigo seguinte.
trabalhar sem a redução das 2 (duas) horas diárias
previstas neste artigo, caso em que poderá faltar ao Art. 497 - Extinguindo-se a empresa, sem a
serviço, sem prejuízo do salário integral, por 1 (um) dia, na ocorrência de motivo de força maior, ao empregado estável
hipótese do inciso l, e por 7 (sete) dias corridos, na despedido é garantida a indenização por rescisão do
hipótese do inciso lI do Art. 487 desta Consolidação. contrato por prazo indeterminado, paga em dobro.

Art. 489 - Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se Art. 498 - Em caso de fechamento do
efetiva depois de expirado o respectivo prazo, mas, se a estabelecimento, filial ou agência, ou supressão necessária
parte notificante reconsiderar o ato, antes de seu termo, à de atividade, sem ocorrência de motivo de força maior, é
outra parte é facultado aceitar ou não a reconsideração. assegurado aos empregados estáveis, que ali exerçam
Parágrafo único - Caso seja aceita a reconsideração suas funções, direito à indenização, na forma do artigo
ou continuando a prestação depois de expirado o prazo, o anterior.
contrato continuará a vigorar, como se o aviso prévio não
tivesse sido dado. Art. 499 - Não haverá estabilidade no exercício dos
cargos de diretoria, gerência ou outros de confiança
Art. 490 - O empregador que, durante o prazo do imediata do empregador, ressalvado o cômputo do tempo
aviso prévio dado ao empregado, praticar ato que justifique de serviço para todos os efeitos legais.
a rescisão imediata do contrato, sujeita-se ao pagamento § 1º - Ao empregado garantido pela estabilidade que
da remuneração correspondente ao prazo do referido aviso, deixar de exercer cargo de confiança, é assegurada, salvo
sem prejuízo da indenização que for devida. no caso de falta grave, a reversão ao cargo efetivo que haja
anteriormente ocupado.
Art. 491 - O empregado que, durante o prazo do aviso § 2º - Ao empregado despedido sem justa causa, que
prévio, cometer qualquer das faltas consideradas pela lei só tenha exercido cargo de confiança e que contar mais de
como justas para a rescisão, perde o direito ao restante do 10 (dez) anos de serviço na mesma empresa, é garantida a
respectivo prazo. indenização proporcional ao tempo de serviço nos termos
dos arts. 477 e 478.
§ 3º - A despedida que se verificar com o fim de obstar
CAPÍTULO VII ao empregado a aquisição de estabilidade sujeitará o
DA ESTABILIDADE empregador a pagamento em dobro da indenização
prescrita nos arts. 477 e 478.
Art. 492 - O empregado que contar mais de 10 (dez)
anos de serviço na mesma empresa não poderá ser Art. 500 - O pedido de demissão do empregado
despedido senão por motivo de falta grave ou circunstância estável só será válido quando feito com a assistência do
de força maior, devidamente comprovadas. respectivo Sindicato e, se não o houver, perante autoridade
Parágrafo único - Considera-se como de serviço todo local competente do Ministério do Trabalho e Previdência
o tempo em que o empregado esteja à disposição do Social ou da Justiça do Trabalho.
empregador.

Art. 493 - Constitui falta grave a prática de qualquer CAPÍTULO II


dos fatos a que se refere o Art. 482, quando por sua DAS JUNTAS DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO
repetição ou natureza representem séria violação dos SEÇÃO I
deveres e obrigações do empregado. DA COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO

Art. 494 - O empregado acusado de falta grave Art. 647 - Cada Junta de Conciliação e Julgamento
poderá ser suspenso de suas funções, mas a sua terá a seguinte composição:
despedida só se tornará efetiva após o inquérito e que se a) um juiz do trabalho, que será seu Presidente;
verifique a procedência da acusação. b) dois vogais, sendo um representante dos
Parágrafo único - A suspensão, no caso deste artigo, empregadores e outro dos empregados.
perdurará até a decisão final do processo. Parágrafo único - Haverá um suplente para cada
vogal.
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III - os dissídios resultantes de contratos de
Art. 648 - São incompatíveis entre si, para os empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou artífice;
trabalhos da mesma Junta, os parentes consangüíneos e IV - os demais dissídios concernentes ao contrato
afins até o terceiro grau civil. individual de trabalho;
Parágrafo único - A incompatibilidade resolve-se a b) processar e julgar os inquéritos para apuração de
favor do primeiro vogal designado ou empossado, ou por falta grave;
sorteio, se a designação ou posse for da mesma data. c) julgar os embargos opostos às suas próprias
decisões;
Art. 649 - As Juntas poderão conciliar, instruir ou d) impor multas e demais penalidades relativas aos
julgar com qualquer número, sendo, porém, indispensável a atos de sua competência;
presença do Presidente, cujo voto prevalecerá em caso de V - as ações entre trabalhadores portuários e os
empate. operadores portuários ou o Órgão Gestor de Mão-de-Obra -
§ 1º - No julgamento de embargos deverão estar OGMO decorrentes da relação de trabalho;
presentes todos os membros da Junta. Parágrafo único - Terão preferência para julgamento
§ 2º - Na execução e na liquidação das decisões os dissídios sobre pagamento de salário e aqueles que
funciona apenas o Presidente. derivarem da falência do empregador, podendo o
Presidente da Junta, a pedido do interessado, constituir
processo em separado, sempre que a reclamação também
SEÇÃO II versar sobre outros assuntos.
DA JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA DAS JUNTAS
Art. 653 - Compete, ainda, às Juntas de Conciliação e
Art. 650 - A jurisdição de cada Junta de Conciliação e Julgamento:
Julgamento abrange todo o território da Comarca em que a) requisitar às autoridades competentes a realização
tem sede, só podendo ser estendida ou restringida por lei das diligências necessárias ao esclarecimento dos feitos
federal. sob sua apreciação, representando contra aquelas que não
Parágrafo único. As leis locais de Organização atenderem a tais requisições;
Judiciária não influirão sôbre a competência de Juntas de b) realizar as diligências e praticar os atos processuais
Conciliação e Julgamento já criadas até que lei federal ordenados pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou pelo
assim determine. Tribunal Superior do Trabalho;
c) julgar as suspeições argüidas contra os seus
Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e membros;
Julgamento é determinada pela localidade onde o d) julgar as exceções de incompetência que lhes
empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao forem opostas;
empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local e) expedir precatórias e cumprir as que lhes forem
ou no estrangeiro. deprecadas;
§ 1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante f) exercer, em geral, no interesse da Justiça do
comercial, a competência será da Junta da localidade em Trabalho, quaisquer outras atribuições que decorram da
que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado sua jurisdição.
esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da
localização em que o empregado tenha domicílio ou a
localidade mais próxima. SEÇÃO III
§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e DOS PRESIDENTES DAS JUNTAS
Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos
dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, Art. 654 - O ingresso na magistratura do trabalho far-
desde que o empregado seja brasileiro e não haja se-á para o cargo de juiz do trabalho substituto. As
convenção internacional dispondo em contrário. nomeações subsequentes por promoção alternadamente,
§ 3º - Em se tratando de empregador que promova por antiguidade e merecimento.
realização de atividades fora do lugar do contrato de § 1º Nas 7ª e 8ª Regiões da Justiça do Trabalho, nas
trabalho, é assegurado ao empregado apresentar localidades fora das respectivas sedes, haverá suplentes
reclamação no foro da celebração do contrato ou no da de juiz do trabalho presidente de Junta, sem direito a
prestação dos respectivos serviços. acesso nomeados pelo Presidente da República, dentre
brasileiros, bacharéis em direito, de reconhecida
Art. 652 - Compete às Juntas de Conciliação e idoneidade moral, especializados em direito do trabalho,
Julgamento: pelo período de 2 (dois) anos, podendo ser reconduzidos.
a) conciliar e julgar: § 2º Os suplentes de juiz do trabalho receberão,
I - os dissídios em que se pretenda o reconhecimento quando em exercício, vencimentos iguais aos dos juízes
da estabilidade de empregado; que substituírem.
II - os dissídios concernentes a remuneração, férias e § 3º Os juízes substitutos serão nomeados após
indenizações por motivo de rescisão do contrato individual aprovação em concurso público de provas e títulos
de trabalho; realizado perante o Tribunal Regional do Trabalho da
Região, válido por 2 (dois) anos e prorrogável, a critério do
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mesmo órgão, por igual período, uma só vez, e organizado zonas da Região na hipótese de terem sido criadas na
de acordo com as instruções expedidas pelo Tribunal forma do § 1º deste artigo.
Superior do Trabalho.
§ 4º Os candidatos inscritos só serão admitidos ao Art. 657 - Os Presidentes de Junta e os Presidentes
concurso após apreciação prévia, pelo Tribunal Regional do Substitutos perceberão os vencimentos fixados em lei.
Trabalho da respectiva Região, dos seguintes requisitos:
a) idade maior de 25 (vinte e cinco) anos e menor de Art. 658 - São deveres precípuos dos Presidentes das
45 (quarenta e cinco) anos; Juntas, além dos que decorram do exercício de sua
b) idoneidade para o exercício das funções. função:
§ 5º O preenchimento dos cargos do presidente de a) manter perfeita conduta pública e privada;
Junta, vagos ou criadas por lei, será feito dentro de cada b) abster-se de atender a solicitações ou
Região: recomendações relativamente aos feitos que hajam sido ou
a) pela remoção de outro presidente, prevalecendo a tenham de ser submetidos à sua apreciação;
antigüidade no cargo, caso haja mais de um pedido, desde c) residir dentro dos limites de sua jurisdição, não
que a remoção tenha sido requerida, dentro de quinze dias, podendo ausentar-se sem licença do Presidente do
contados da abertura da vaga, ao Presidente do Tribunal Tribunal Regional;
Regional, a quem caberá expedir o respectivo ato. d) despachar e praticar todos os atos decorrentes de
b) pela promoção de substituto, cuja aceitação será suas funções, dentro dos prazos estabelecidos, sujeitando-
facultativa, obedecido o critério alternado de antigüidade e se ao desconto correspondente a 1 (um) dia de vencimento
merecimento. para cada dia de retardamento.
§ 6º Os juízes do trabalho, presidentes de Junta,
juizes substitutos e suplentes de juiz tomarão posse Art. 659 - Competem privativamente aos Presidentes
perante o presidente do Tribunal da respectiva Região. Nos das Juntas, além das que lhes forem conferidas neste
Estados que, não forem sede de Tribunal Regional do Título e das decorrentes de seu cargo, as seguintes
Trabalho, a posse dar-se-á perante o presidente do atribuições:
Tribunal de Justiça, que remeterá o têrmo ao presidente do I - presidir às audiências das Juntas;
Tribunal Regional da jurisdição do empossado. Nos II - executar as suas próprias decisões, as proferidas
Territórios a posse dar-se-á perante o presidente do pela Junta e aquelas cuja execução lhes for deprecada;
Tribunal Regional do Trabalho da respectiva Região. III - dar posse aos vogais nomeados para a Junta, ao
Secretário e aos demais funcionários da Secretaria;
Art. 655 - Os Presidentes e os Presidentes substitutos IV - convocar os suplentes dos vogais, no
tomarão posse do cargo perante o presidente do Tribunal impedimento destes;
Regional da respectiva jurisdição. V - representar ao Presidente do Tribunal Regional da
§ 1º Nos Estados em que não houver sede de respectiva jurisdição, no caso de falta de qualquer vogal a 3
Tribunais a posse dar-se-á perante o presidente do Tribunal (três) reuniões consecutivas, sem motivo justificado, para
de Apelação, que remeterá o respectivo termo ao os fins do Art. 727;
presidente do Tribunal Regional da Jurisdição do VI - despachar os recursos interpostos pelas partes,
empossado. fundamentando a decisão recorrida antes da remessa ao
§ 2º Nos Territórios a posse dar-se-á perante a Juiz de Tribunal Regional, ou submetendo-os à decisão da Junta,
Direito da capital, que procederá na forma prevista no § 1º. no caso do Art. 894;
VII - assinar as folhas de pagamento dos membros e
Art. 656 - O Juiz do Trabalho Substituto, sempre que funcionários da Junta;
não estiver substituindo o Juiz-Presidente de Junta, poderá VlIl - apresentar ao Presidente do Tribunal Regional,
ser designado para atuar nas Juntas de Conciliação e até 15 de fevereiro de cada ano, o relatório dos trabalhos
Julgamento. do ano anterior;
§ 1º - Para o fim mencionado no caput deste artigo, o IX - conceder medida liminar, até decisão final do
território da Região poderá ser dividido em zonas, processo, em reclamações trabalhistas que visem a tornar
compreendendo a jurisdição de uma ou mais Juntas, a sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do
juízo do Tribunal Regional do Trabalho respectivo. artigo 469 desta Consolidação.
§ 2º - A designação referida no caput deste artigo será X - conceder medida liminar, até decisão final do
de atribuição do Juiz-Presidente do Tribunal Regional do processo, em reclamações trabalhistas que visem
Trabalho ou, não havendo disposição regimental reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso
específica, de quem este indicar. ou dispensado pelo empregador.
§ 3º - Os Juízes do Trabalho Substitutos, quando
designados ou estiverem substituindo os Juízes
Presidentes de Juntas, perceberão os vencimentos destes. SEÇÃO IV
§ 4º - O Juiz-Presidente do Tribunal Regional do DOS VOGAIS DAS JUNTAS
Trabalho ou, não havendo disposição regimental
específica, que este indicar, fará a lotação e a Art. 660 - Os vogais das Juntas são designados pelo
movimentação dos Juízes Substitutos entre as diferentes Presidente do Tribunal Regional da respectiva jurisdição.
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Art. 661 - Para o exercício da função de vogal da ou renúncia, sua substituição far-se-á pelo suplente,
Junta ou suplente deste são exigidos os seguintes mediante convocação do Presidente da Junta.
requisitos: § 2º - Na falta do suplente, por impedimento, morte ou
a) ser brasileiro; renúncia serão designados novo vogal e o respectivo
b) ter reconhecida idoneidade moral; suplente, dentre os nomes constantes das listas a que se
c) ser maior de 25 (vinte e cinco) anos e ter menos de refere o Art. 662, servindo os designados até o fim do
70 (setenta) anos; período.
d) estar no gozo dos direitos civis e políticos;
e) estar quite com o serviço militar; Art. 664 - Os vogais das Juntas e seus suplentes
f) contar mais de 2 (dois) anos de efetivo exercício na tomam posse perante o Presidente da Junta em que têm de
profissão e ser sindicalizado. funcionar.
Parágrafo único - A prova da qualidade profissional a
que se refere a alínea "f" deste artigo é feita mediante Art. 665 - Enquanto durar sua investidura, gozam os
declaração do respectivo Sindicato. vogais das Juntas e seus suplentes das prerrogativas
asseguradas aos jurados.
Art. 662. A escolha dos vogais das Juntas e seus
suplentes far-se-á dentre os nomes constantes das listas Art. 666 - Por audiência a que comparecerem, até o
que, para esse efeito, forem encaminhadas pelas máximo de 20 (vinte) por mês, os vogais das Juntas e seus
associações sindicais de primeiro grau ao presidente do suplentes perceberão a gratificação fixada em lei.
Tribunal Regional.
§ 1º - Para esse fim, cada Sindicato de empregadores Art. 667 - São prerrogativas dos vogais das Juntas,
e de empregados, com base territorial extensiva à área de além das referidas no Art. 665:
jurisdição da Junta, no todo ou em parte, procederá, na a) tomar parte nas reuniões do Tribunal a que
ocasião determinada pelo Presidente do Tribunal Regional, pertençam;
à escolha de 3 (três) nomes que comporão a lista, b) aconselhar às partes a conciliação;
aplicando-se à eleição o disposto no Art. 524 e seus §§ 1º c) votar no julgamento dos feitos e nas matérias de
a 3º. ordem interna do Tribunal, submetidas às suas
§ 2º Recebidas as listas pelo presidente do Tribunal deliberações;
Regional, designará este, dentro de cinco dias, os nomes d) pedir vista dos processos pelo prazo de 24 (vinte e
dos vogais e dos respectivos suplentes, expedindo para quatro) horas;
cada um deles um título, mediante a apresentação do qual e) formular, por intermédio do Presidente, aos
será empossado. litigantes, testemunhas e peritos, as perguntas que
§ 3º Dentro de quinze dias, contados da data da quiserem fazer, para esclarecimento do caso.
posse, pode ser contestada a investidura do vogal ou do
suplente, por qualquer interessado, sem efeito suspensivo,
por meio de representação escrita, dirigida ao presidente CAPÍTULO III
do Tribunal Regional. DOS JUÍZOS DE DIREITO
§ 4º - Recebida a contestação, o Presidente do
Tribunal designará imediatamente relator, o qual, se houver Art. 668 - Nas localidades não compreendidas na
necessidade de ouvir testemunhas ou de proceder a jurisdição das Juntas de Conciliação e Julgamento, os
quaisquer diligências, providenciará para que tudo se Juízos de Direito são os órgãos de administração da
realize com a maior brevidade, submetendo, por fim, a Justiça do Trabalho, com a jurisdição que lhes for
contestação ao parecer do Tribunal, na primeira sessão. determinada pela lei de organização judiciária local.
§ 5º - Se o Tribunal julgar procedente a contestação, o
Presidente providenciará a designação de novo vogal ou Art. 669 - A competência dos Juízos de Direito,
suplente. quando investidos na administração da Justiça do Trabalho,
§ 6º - Em falta de indicação pelos Sindicatos, de é a mesma das Juntas de Conciliação e Julgamento, na
nomes para representantes das respectivas categorias forma da Seção II do Capítulo II.
profissionais e econômicas nas Juntas de Conciliação e § 1º - Nas localidades onde houver mais de um Juízo
Julgamento, ou nas localidades onde não existirem de Direito a competência é determinada, entre os Juízes do
Sindicatos, serão esses representantes livremente Cível, por distribuição ou pela divisão judiciária local, na
designados pelo Presidente do Tribunal Regional do conformidade da lei de organização respectiva.
Trabalho, observados os requisitos exigidos para o § 2º - Quando o critério de competência da lei de
exercício da função. organização judiciária for diverso do previsto no parágrafo
anterior, será competente o Juiz do Cível mais antigo.
Art. 663 - A investidura dos vogais das Juntas e seus
suplentes é de 3 (três) anos, podendo, entretanto, ser
dispensado, a pedido, aquele que tiver servido, sem CAPÍTULO IV
interrupção, durante metade desse período. DOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO
§ 1º - Na hipótese da dispensa do vogal a que alude SEÇÃO I
este artigo, assim como nos casos de impedimento, morte DA COMPOSIÇÃO E DO FUNCIONAMENTO
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ocorrendo empate, prevalecerá a decisão ou despacho
Art. 670 - Os Tribunais Regionais das 1ª e 2ª Regiões recorrido.
compor-se-ão de onze juízes togados, vitalícios, e de seis
juízes classistas, temporários; os da 3ª e 4ª Regiões, de Art. 673 - A ordem das sessões dos Tribunais
oito juízes togados, vitalícios, e de quatro classistas, Regionais será estabelecida no respectivo Regimento
temporários; os da 5ª e 6ª Regiões, de sete juízes togados, Interno.
vitalícios e de dois classistas, temporários; os da 7ª e 8ª
Regiões, de seis juízes togados, vitalícios, e de dois
classistas, temporários, todos nomeados pelo Presidente SEÇÃO II
da República. DA JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
§ 2º Nos Tribunais Regionais constituídos de seis ou
mais juízes togados, e menos de onze, um dêles será Art. 674 - Para efeito da jurisdição dos Tribunais
escolhido dentre advogados, um dentre membros do Regionais, o território nacional é dividido nas oito regiões
Ministério Público da União junto à Justiça do Trabalho e os seguintes:
demais dentre juízes do Trabalho Presidente de Junta da 1ª Região - Estados da Guanabara, Rio de Janeiro e
respectiva Região, na forma prevista no parágrafo anterior. Espírito Santo;
§ 4º Os juízes classistas referidos neste artigo 2ª Região - Estados de São Paulo, Paraná e Mato
representarão, paritàriamente, empregadores e Grosso;
empregados. 3ª Região - Estados de Minas Gerais e Goiás e Distrito
§ 5º Haverá um suplente para cada Juiz classista. Federal;
§ 6º Os Tribunais Regionais, no respectivo regimento 4ª Região - Estados do Rio Grande do Sul e Santa
interno, disporão sôbre a substituição de seus juízes, Catarina;
observados, na convocação de juízes inferiores, os critérios 5ª Região - Estados da Bahia e Sergipe;
de livre escolha e antigüidade, alternadamente. 6ª Região - Estados de Alagoas, Pernambuco,
§ 7º Dentre os seus juízes togados, os Tribunais Paraíba e Rio Grande do Norte;
Regionais elegerão os respectivos Presidente e Vice- 7ª Região - Estados do Ceará, Piauí e Maranhão;
Presidente, assim como os Presidentes de Turmas, onde 8ª Região - Estados do Amazonas, Pará, Acre e
as houver. Territórios Federais do Amapá, Rondônia e Roraima.
§ 8º Os Tribunais Regionais da 1ª e 2ª Regiões dividir- Parágrafo único. Os tribunais têm sede nas cidades:
se-ão em Turmas, facultada essa divisão aos constituídos Rio de Janeiro (1ª Região), São Paulo (2ª Região), Belo
de pelo menos, doze juízes. Cada turma se comporá de Horizonte (3ª Região), Porto Alegre (4ª Região), Salvador
três juízes togados e dois classistas, um representante dos (5ª Região), Recife (6ª Região), Fortaleza (7ª Região) e
empregados e outro dos empregadores. Belém (8ª Região).

Art. 671 - Para os trabalhos dos Tribunais Regionais (Vide Leis nºs: 6.241, de 1975, que criou a 9ª Região;
existe a mesma incompatibilidade prevista no Art. 648, 6.915, de 1981, que criou a 11ª Região; 6.927, de 1981,
sendo idêntica a forma de sua resolução. que criou a 10ª Região; 6.928, de 1981, que criou a 12ª
Região; 7.324, de 1985, que criou a 13ª Região; 7.523, de
Art. 672 - Os Tribunais Regionais, em sua 1986, que criou a 14ª Região; 7.520, de 1986, que criou a
composição plena, deliberarão com a presença, além do 15ª Região; 7.671, de 1988, que criou a 16ª Região; 7.872,
Presidente, da metade e mais um, do número de seus de 1989, que criou a 17ª Região; 7.873, de 1989, que criou
juízes, dos quais, no mínimo, um representante dos a 18ª Região; 8.219, de 1991, que criou a 19ª Região;
empregados e outro dos empregadores. 8.233, de 1991, que criou a 20ª; 8.215, de 1991, que criou
§ 1º As Turmas somente poderão deliberar presentes, a 21ª Região; 8.221, de 1991, que criou a 22ª Região;
pelo menos, três dos seus juízes, entre êles os dois 8.430, de 1992, que criou a 23ª Região; 8.431, de 1992 e
classistas. Para a integração dêsse quorum, poderá o Leis Complementares nºs: 20, de 1974, que unificou os
Presidente de uma Turma convocar juízes de outra, da Estados da Guanabara e Rio de Janeiro; 31, de 1977, que
classe a que pertencer o ausente ou impedido. criou o Estado de Mato Grosso de Sul, pelo
§ 2º Nos Tribunais Regionais, as decisões tomar-se- desmembramento do Estado de Mato Grosso; 41, de
ão pelo voto da maioria dos juízes presentes, ressalvada, 1981, que criou o Estado de Rondônia;
no Tribunal Pleno, a hipótese de declaração de
inconstitucionalidade de lei ou ato do poder público (artigo
111 da Constituição).
§ 3º O Presidente do Tribunal Regional, excetuada a Art. 676 - O número de regiões, a jurisdição e a
hipótese de declaração de inconstitucionalidade de lei ou categoria dos Tribunais Regionais, estabelecidos nos
ato do poder público, sòmente terá voto de desempate. Nas artigos anteriores, somente podem ser alterados pelo
sessões administrativas, o Presidente votará como os Presidente da República.
demais juízes, cabendo-lhe, ainda, o voto de qualidade.
§ 4º No julgamento de recursos contra decisão ou Art. 677 - A competência dos Tribunais Regionais
despacho do Presidente, do Vice-Presidente ou de Relator, determina-se pela forma indicada no Art. 651 e seus
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parágrafos e, nos casos de dissídio coletivo, pelo local e) julgar as exceções de incompetência que lhes
onde este ocorrer. forem opostas;
f) requisitar às autoridades competentes as diligências
Art. 678 - Aos Tribunais Regionais, quando divididos necessárias ao esclarecimento dos feitos sob apreciação,
em Turmas, compete: representando contra aquelas que não atenderem a tais
I - ao Tribunal Pleno, especialmente: requisições;
a) processar, conciliar e julgar originàriamente os g) exercer, em geral, no interêsse da Justiça do
dissídios coletivos; Trabalho, as demais atribuições que decorram de sua
b) processar e julgar originàriamente: Jurisdição.
1) as revisões de sentenças normativas;
2) a extensão das decisões proferidas em dissídios
coletivos; SEÇÃO III
3) os mandados de segurança; DOS PRESIDENTES DOS TRIBUNAIS REGIONAIS
4) as impugnações à investidura de vogais e seus
suplentes nas Juntas de Conciliação e Julgamento; Art. 681 - Os presidentes e vice-presidentes dos
c) processar e julgar em última instância: Tribunais Regionais do Trabalho tomarão posse perante os
1) os recursos das multas impostas pelas Turmas; respectivos Tribunais.
2) as ações rescisórias das decisões das Juntas de
Conciliação e Julgamento, dos juízes de direito investidos Art. 682 - Competem privativamente aos Presidentes
na jurisdição trabalhista, das Turmas e de seus próprios dos Tribunais Regionais, além das que forem conferidas
acórdãos; neste e no título e das decorrentes do seu cargo, as
3) os conflitos de jurisdição entre as suas Turmas, os seguintes atribuições:
juízes de direito investidos na jurisdição trabalhista, as II - designar os vogais das Juntas e seus suplentes;
Juntas de Conciliação e Julgamento, ou entre aquêles e III - dar posse aos Presidentes de Juntas e
estas; Presidentes Substitutos, aos vogais e suplentes e
d) julgar em única ou última instâncias: funcionários do próprio Tribunal e conceder férias e
1) os processos e os recursos de natureza licenças aos mesmos e aos vogais e suplentes das Juntas;
administrativa atinentes aos seus serviços auxiliares e IV - presidir às sessões do Tribunal;
respectivos servidores; V - presidir às audiências de conciliação nos dissídios
2) as reclamações contra atos administrativos de seu coletivos;
presidente ou de qualquer de seus membros, assim como VI - executar suas próprias decisões e as proferidas
dos juízes de primeira instância e de seus funcionários. pelo Tribunal;
II - às Turmas: VII - convocar suplentes dos vogais do Tribunal, nos
a) julgar os recursos ordinários previstos no Art. 895, impedimentos destes;
alínea a ; VIII - representar ao Presidente do Tribunal Superior
b) julgar os agravos de petição e de instrumento, êstes do Trabalho contra os Presidentes e os vogais, nos casos
de decisões denegatórias de recursos de sua alçada; previstos no Art. 727 e seu Parágrafo único;
c) impor multas e demais penalidades relativas e atos IX - despachar os recursos interpostos pelas partes;
de sua competência jurisdicional, e julgar os recursos X - requisitar às autoridades competentes, nos casos
interpostos das decisões das Juntas dos juízes de direito de dissídio coletivo, a força necessária, sempre que houver
que as impuserem. ame e perturbação da ordem;
Parágrafo único. Das decisões das Turmas não Xl - exercer correição, pelo menos uma vez por ano,
caberá recurso para o Tribunal Pleno, exceto no caso do sobre as Juntas, ou parcialmente sempre que se fizer
item I, alínea "c" , inciso 1, dêste artigo. necessário, e solicitá-la, quando julgar conveniente, ao
Presidente do Tribunal de Apelação relativamente aos
Art. 679 - Aos Tribunais Regionais não divididos em Juízes de Direito investidos na administração da Justiça do
Turmas, compete o julgamento das matérias a que se Trabalho;
refere o artigo anterior, exceto a de que trata o inciso I da Xll - distribuir os feitos, designando os vogais que os
alínea c do Item I, como os conflitos de jurisdição entre devem relatar;
Turmas. XIII - designar, dentre os funcionários do Tribunal e
das Juntas existentes em uma mesma localidade, o que
Art. 680. Compete, ainda, aos Tribunais Regionais, ou deve exercer a função de distribuidor;
suas Turmas: XIV - assinar as folhas de pagamento dos vogais e
a) determinar às Juntas e aos juízes de direito a servidores do Tribunal.
realização dos atos processuais e diligências necessárias § 1º - Na falta ou impedimento do Presidente da Junta
ao julgamento dos feitos sob sua apreciação; e do substituto da mesma localidade, é facultado ao
b) fiscalizar o comprimento de suas próprias decisões; Presidente do Tribunal Regional designar substituto de
c) declarar a nulidade dos atos praticados com outra localidade, observada a ordem de antigüidade entre
infração de suas decisões; os substitutos desimpedidos.
d) julgar as suspeições arguidas contra seus § 2º - Na falta ou impedimento do Juiz classista da
membros; Junta e do respectivo suplente, é facultado ao Presidente
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do Tribunal Regional designar suplente de outra Junta, Art. 689 - Por sessão a que comparecerem, até o
respeitada a categoria profissional ou econômica do máximo de quinze por mês, perceberão os Juízes
representante e a ordem de antigüidade dos suplentes representantes classistas e suplentes dos Tribunais
desimpedidos. Regionais a gratificação fixada em lei.
§ 3º - Na falta ou impedimento de qualquer Juiz Parágrafo único - Os Juízes representantes
representante classista e seu respectivo suplente, é classistas que retiverem processos além dos prazos
facultado ao Presidente do Tribunal Regional designar um estabelecidos no Regimento Interno dos Tribunais
dos Juízes classistas de Junta de Conciliação e Julgamento Regionais sofrerão automaticamente, na gratificação
para funcionar nas sessões do Tribunal, respeitada a mensal a que teriam direito, desconto equivalente a 1/30
categoria profissional ou econômica do representante. (um trinta avos) por processo retido.

Art. 683 - Na falta ou impedimento dos Presidentes


dos Tribunais Regionais, e como auxiliares destes, sempre CAPÍTULO V
que necessário, funcionarão seus substitutos. DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
§ 1º - Nos casos de férias, por 30 (trinta) dias, licença, SEÇÃO I
morte ou renúncia, a convocação competirá diretamente ao DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Presidente do Tribunal Superior do Trabalho
§ 2º - Nos demais casos, mediante convocação do Art. 690 - O Tribunal Superior do Trabalho, com sede
próprio Presidente do Tribunal ou comunicação do na Capital da República e jurisdição em todo o território
secretário deste, o Presidente Substituto assumirá nacional, é a instância suprema da Justiça do Trabalho.
imediatamente o exercício, ciente o Presidente do Tribunal Parágrafo único - O Tribunal funciona na plenitude de
Superior do Trabalho. sua composição ou dividido em Turmas, com observância
da paridade de representação de empregados e
empregadores.
SEÇÃO IV
DOS JUÍZES REPRESENTANTES CLASSISTAS DOS
TRIBUNAIS REGIONAIS SEÇÃO II
DA COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO DO TRIBUNAL
Art. 684. Os Juízes representantes classistas dos SUPERIOR DO TRABALHO
Tribunais Regionais são designados pelo Presidente da
República. Art. 693 - O Tribunal Superior do Trabalho compõe-se
Parágrafo único - Aos Juízes representantes de dezessete juízes com a denominação de Ministros,
classistas dos empregados e dos empregadores, nos sendo:
Tribunais Regionais, aplicam-se as disposições do Art. a) onze togados e vitalícios, nomeados pelo
661. Presidente da República, depois de aprovada a escolha
pelo Senado Federal, dentre brasileiros natos, maiores de
Art. 685 - A escolha dos vogais e suplentes dos trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação
Tribunais Regionais, representantes dos empregadores e ilibada;
empregados, é feita dentre os nomes constantes das listas b) seis classistas, com mandato de três anos, em
para esse fim encaminhadas ao Presidente do Tribunal representação paritária dos empregadores e dos
Superior do Trabalho pelas associações sindicais de grau empregados, nomeados pelo Presidente da República de
superior com sede nas respectivas Regiões. conformidade com o disposto nos §§ 2º e 3º dêste artigo.
§ 1º - Para o efeito deste artigo, o Conselho de § 1º - Dentre os Juízes Togados do Tribunal Superior
Representantes de cada associação sindical de grau do Trabalho, alheios aos interesses profissionais, serão
superior, na ocasião determinada pelo Presidente do eleitos o Presidente, o Vice-Presidente e o corregedor,
Tribunal Superior do Trabalho, organizará, por maioria de além dos presidentes das turmas na forma estabelecida em
votos, uma lista de 3 (três) nomes. seu regimento interno.
§ 2º - O Presidente do Tribunal Superior do Trabalho
submeterá os nomes constantes das listas ao Presidente Art. 694 - Os juízes togados escolher-se-ão: sete,
da República, por intermédio do Ministro da Justiça e dentre magistrados da Justiça do Trabalho, dois, dentre
Negócios Interiores. advogados no efetivo exercício da profissão, e dois, dentre
membros do Ministério Público da União junto à Justiça do
Art. 687 - Os vogais dos Tribunais Regionais tomam Trabalho.
posse perante o respectivo Presidente.
Art. 696. Importará em renúncia o não
Art. 688 - Aos juízes representantes classistas dos comparecimento do membro do Conselho, sem motivo
Tribunais Regionais aplicam-se as disposições do Art. 663, justificado, a mais de três sessões ordinárias consecutivas.
sendo a nova escolha feita dentre os nomes constantes das § 1º Ocorrendo a hipótese prevista neste artigo o
listas a que se refere o Art. 685, ou na forma indicada no Presidente do Tribunal comunicará imediatamente o fato ao
Art. 686 e, bem assim, as dos arts. 665 e 667. Ministro da Justiça e Negócios Interiores, a fim de que seja
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feita a substituição do juiz renunciante, sem prejuízo das g) aprovar tabelas de custas emolumentos, nos termos
sanções cabíveis. da lei;
§ 2º Para os efeitos do parágrafo anterior, a h) elaborar o Regimento Interno do Tribunal e exercer
designação do substituto será feita dentre os nomes as atribuições administrativas previstas em lei, ou
constantes das listas de que trata o 2º do Art. 693. decorrentes da Constituição Federal.
II - em última instância:
Art. 697 - Em caso de licença, superior a trinta dias, a) julgar os recursos ordinários das decisões
ou de vacância, enquanto não for preenchido o cargo, os proferidas pelos Tribunais Regionais em processos de sua
Ministros do Tribunal poderão ser substituídos mediante competência originária;
convocação de Juízes, de igual categoria, de qualquer dos b) julgar os embargos opostos às decisões de que
Tribunais Regionais do Trabalho, na forma que dispuser o tratam as alíneas "b" e "c" do inciso I deste artigo;
Regimento do Tribunal Superior do Trabalho. c) julgar embargos das decisões das Turmas, quando
esta divirjam entre si ou de decisão proferida pelo próprio
Art. 699 - O Tribunal Superior do Trabalho não Tribunal Pleno, ou que forem contrárias à letra de lei
poderá deliberar, na plenitude de sua composição senão federal;
com a presença de pelo menos nove de seus juízes, além d) julgar os agravos de despachos denegatórios dos
do Presidente. presidentes de turmas, em matéria de embargos na forma
Parágrafo único. As turmas do Tribunal, compostas estabelecida no regimento interno;
de 5 (cinco) juízes, só poderão deliberar com a presença de e) julgar os embargos de declaração opostos aos seus
pelo menos, três de seus membros, além do respectivo acordãos.
presidente, cabendo também a este funcionar como relator § 1º Quando adotada pela maioria de dois terços dos
ou revisor nos feitos que lhe forem distribuídos conforme juízes do Tribunal Pleno, a decisão proferida nos embargos
estabelecer o regimento interno. de que trata o inciso II, alínea "c", deste artigo, terá força de
prejulgado, nos termos dos §§ 2º e 3º, do Art. 902.
Art. 700 - O Tribunal reunir-se-á em dias previamente § 2º É da competência de cada uma das turmas do
fixados pelo Presidente, o qual poderá, sempre que for Tribunal:
necessário, convocar sessões extraordinárias. a) julgar, em única instância, os conflitos de jurisdição
entre Tribunais Regionais do Trabalho e os que se
Art. 701 - As sessões do Tribunal serão públicas e suscitarem entre juízes de direito ou juntas de conciliação e
começarão às 14 (quatorze) horas, terminando às 17 julgamento de regiões diferentes;
(dezessete) horas, mas poderão ser prorrogadas pelo b) julgar, em última instância, os recursos de revista
Presidente em caso de manifesta necessidade. interpostos de decisões dos Tribunais Regionais e das
§ 1º - As sessões extraordinárias do Tribunal só se Juntas de Conciliação e julgamento ou juízes de dirieto, nos
realizarão quando forem comunicadas aos seus membros casos previstos em lei;
com 24 (vinte e quatro) horas, no mínimo, de antecedência. c) julgar os agravos de instrumento dos despachos
§ 2º - Nas sessões do Tribunal, os debates poderão que denegarem a interposição de recursos ordinários ou de
tornar-se secretos, desde que, por motivo de interesse revista;
público, assim resolva a maioria de seus membros. d) julgar os embargos de declaração opostos aos seus
acordaos;
e) julgar as habilitações incidentes e arguições de
SEÇÃO III falsidade, suspeição e outras nos casos pendentes de sua
DA COMPETÊNCIA DO CONSELHO PLENO decisão.

Art. 702 - Ao Tribunal Pleno compete:


I - em única instância: SEÇÃO VI
a) decidir sobre matéria constitucional, quando DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL
arguido, para invalidar lei ou ato do poder público; SUPERIOR DO TRABALHO
b) conciliar e julgar os dissídios coletivos que excedam
a jurisdição dos Tribunais Regionais do Trabalho, bem Art. 707 - Compete ao Presidente do Tribunal:
como estender ou rever suas próprias decisões normativas, a) presidir às sessões do Tribunal, fixando os dias
nos casos previstos em lei; para a realização das sessões ordinárias e convocando as
c) homologar os acordos celebrados em dissídios de extraordinárias;
que trata a alínea anterior; b) superintender todos os serviços do Tribunal;
d) julgar os agravos dos despachos do presidente, nos c) expedir instruções e adotar as providências
casos previstos em lei; necessárias para o bom funcionamento do Tribunal e dos
e) julgar as suspeições arguidas contra o presidente e demais órgãos da Justiça do Trabalho;
demais juízes do Tribunal, nos feitos pendentes de sua d) fazer cumprir as decisões originárias do Tribunal,
decisão; determinando aos Tribunais Regionais e aos demais
f) estabelecer súmulas de jurisprudência uniforme, na órgãos da Justiça do Trabalho a realização dos atos
forma prescrita no Regimento Interno. processuais e das diligências necessárias;
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e) submeter ao Tribunal os processos em que tenha
de deliberar e designar, na forma do Regimento Interno, os
respectivos relatores; SEÇÃO V
f) despachar os recursos interpostos pelas partes e os DOS OFICIAIS DE DILIGÊNCIA
demais papéis em que deva deliberar;
g) determinar as alterações que se fizerem Art. 721 - Incumbe aos Oficiais de Justiça e Oficiais de
necessárias na lotação do pessoal da Justiça do Trabalho, Justiça Avaliadores da Justiça do Trabalho a realização dos
fazendo remoções ex officio de servidores entre os atos decorrentes da execução dos julgados das Juntas de
Tribunais Regionais, Juntas de Conciliação e Julgamento e Conciliação e Julgamento e dos Tribunais Regionais do
outros órgãos; bem como conceder as requeridas que Trabalho, que lhes forem cometidos pelos respectivos
julgar convenientes ao serviço, respeitada a lotação de Presidentes.
cada órgão; § 1º Para efeito de distribuição dos referidos atos,
h) conceder licenças e férias aos servidores do cada Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador
Tribunal, bem como impor-Ihes as penas disciplinares que funcionará perante uma Junta de Conciliação e
excederem da alçada das demais autoridades; Julgamento, salvo quando da existência, nos Tribunais
i) dar posse e conceder licença aos membros do Regionais do Trabalho, de órgão específico, destinado à
Tribunal, bem como conceder licenças e férias aos distribuição de mandados judiciais.
Presidentes dos Tribunais Regionais; § 2º Nas localidades onde houver mais de uma Junta,
j) apresentar ao Ministro do Trabalho, Industria e respeitado o disposto no parágrafo anterior, a atribuição
Comercio, até 31 de março de cada ano, o relatório das para o comprimento do ato deprecado ao Oficial de Justiça
atividades do Tribunal e dos demais órgãos da Justiça do ou Oficial de Justiça Avaliador será transferida a outro
Trabalho. Oficial, sempre que, após o decurso de 9 (nove) dias, sem
Parágrafo único - O Presidente terá 1 (um) secretário razões que o justifiquem, não tiver sido cumprido o ato,
por ele designado dentre os funcionários lotados no sujeitando-se o serventuário às penalidades da lei.
Tribunal, e será auxiliado por servidores designados nas § 3º No caso de avaliação, terá o Oficial de Justiça
mesmas condições. Avaliador, para cumprimento da ato, o prazo previsto no
Art. 888.
§ 4º É facultado aos Presidentes dos Tribunais
SEÇÃO VII Regionais do Trabalho cometer a qualquer Oficial de
DAS ATRIBUIÇÕES DO VICE-PRESIDENTE Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador a realização dos atos
de execução das decisões dêsses Tribunais.
Art. 708 - Compete ao Vice-Presidente do Tribunal: § 5º Na falta ou impedimento do Oficial de Justiça ou
a) substituir o Presidente e o Corregedor em suas Oficial de Justiça Avaliador, o Presidente da Junta poderá
faltas e impedimentos; atribuir a realização do ato a qualquer serventuário.
Parágrafo único - Na ausência do Presidente e do
Vice-Presidente, será o Tribunal presidido pelo Juiz togado
mais antigo, ou pelo mais idoso quando igual a antigüidade. TÍTULO X
DO PROCESSO JUDICIÁRIO DO TRABALHO
CAPÍTULO I
SEÇÃO VIII DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
DAS ATRIBUIÇÕES DO CORREGEDOR
Art. 763 - O processo da Justiça do Trabalho, no que
Art. 709 - Compete ao Corregedor, eleito dentre os concerne aos dissídios individuais e coletivos e à aplicação
Ministros togados do Tribunal Superior do Trabalho: de penalidades, reger-se-á, em todo o território nacional,
I - Exercer funções de inspeção e correição pelas normas estabelecidas neste Título.
permanente com relação aos Tribunais Regionais e seus
presidentes; Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos
II - Decidir reclamações contra os atos atentatórios da submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão
boa ordem processual praticados pelos Tribunais Regionais sempre sujeitos à conciliação.
e seus presidentes, quando inexistir recurso específico; § 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e
§ 1º - Das decisões proferidas pelo Corregedor, nos Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons
casos do artigo, caberá o agravo regimental, para o ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória
Tribunal Pleno. dos conflitos.
§ 2º - O Corregedor não integrará as Turmas do § 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório
Tribunal, mas participará, com voto, das sessões do converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, proferindo
Tribunal Pleno, quando não se encontrar em correição ou decisão na forma prescrita neste Título.
em férias, embora não relate nem revise processos, § 3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha
cabendo-lhe, outrossim, votar em incidente de termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o
inconstitucionalidade, nos processos administrativos e nos juízo conciliatório.
feitos em que estiver vinculado por visto anterior à sua
posse na Corregedoria.
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Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão
ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo Art. 775 - Os prazos estabelecidos neste Título
andamento rápido das causas, podendo determinar contam-se com exclusão do dia do começo e inclusão do
qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas. dia do vencimento, e são contínuos e irreleváveis, podendo,
entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente
Art. 766 - Nos dissídios sobre estipulação de salários, necessário pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força
serão estabelecidas condições que, assegurando justos maior, devidamente comprovada.
salários aos trabalhadores, permitam também justa Parágrafo único - Os prazos que se vencerem em
retribuição às empresas interessadas. sábado, domingo ou dia feriado, terminarão no primeiro dia
útil seguinte.
Art. 767 - A compensação, ou retenção, só poderá ser
argüida como matéria de defesa. Art. 776 - O vencimento dos prazos será certificado
nos processos pelos escrivães ou secretários. (Vide Leis
Art. 768 - Terá preferência em todas as fases nºs 409, de 1943 e 6.563, de 1978)
processuais o dissídio cuja decisão tiver de ser executada
perante o Juízo da falência. Art. 777 - Os requerimentos e documentos
apresentados, os atos e termos processuais, as petições ou
Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual razões de recursos e quaisquer outros papéis referentes
comum será fonte subsidiária do direito processual do aos feitos formarão os autos dos processos, os quais
trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as ficarão sob a responsabilidade dos escrivães ou
normas deste Título. secretários. (Vide Leis nºs 409, de 1943 e 6.563, de 1978)

Art. 778 - Os autos dos processos da Justiça do


CAPÍTULO II Trabalho, não poderão sair dos cartórios ou secretarias,
DO PROCESSO EM GERAL salvo se solicitados por advogados regularmente
SEÇÃO I constituído por qualquer das partes, ou quando tiverem de
DOS ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS ser remetidos aos órgãos competentes, em caso de
recurso ou requisição.
Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo
quando o contrário determinar o interesse social, e realizar- Art. 779 - As partes, ou seus procuradores, poderão
se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. consultar, com ampla liberdade, os processos nos cartórios
Parágrafo único - A penhora poderá realizar-se em ou secretarias.
domingo ou dia feriado, mediante autorização expressa do
juiz ou presidente. Art. 780 - Os documentos juntos aos autos poderão
ser desentranhados somente depois de findo o processo,
Art. 771 - Os atos e termos processuais poderão ser ficando traslado.
escritos a tinta, datilografados ou a carimbo.
Art. 781 - As partes poderão requerer certidões dos
Art. 772 - Os atos e termos processuais, que devam processos em curso ou arquivados, as quais serão lavradas
ser assinados pelas partes interessadas, quando estas, por pelos escrivães ou secretários. (Vide Leis nºs 409, de 1943
motivo justificado, não possam fazê-lo, serão firmados a e 6.563, de 1978)
rogo, na presença de 2 (duas) testemunhas, sempre que Parágrafo único - As certidões dos processos que
não houver procurador legalmente constituído. correrem em segredo de justiça dependerão de despacho
do juiz ou presidente.
Art. 773 - Os termos relativos ao movimento dos
processos constarão de simples notas, datadas e Art. 782 - São isentos de selo as reclamações,
rubricadas pelos secretários ou escrivães. (Vide Leis nºs representações, requerimentos. atos e processos relativos
409, de 1943 e 6.563, de 1978) à Justiça do Trabalho.

Art. 774 - Salvo disposição em contrário, os prazos


previstos neste Título contam-se, conforme o caso, a partir SEÇÃO IV
da data em que for feita pessoalmente, ou recebida a DAS PARTES E DOS PROCURADORES
notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal
oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do Art. 791 - Os empregados e os empregadores
Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do
sede da Junta, Juízo ou Tribunal. Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.
Parágrafo único - Tratando-se de notificação postal, § 1º - Nos dissídios individuais os empregados e
no caso de não ser encontrado o destinatário ou no de empregadores poderão fazer-se representar por intermédio
recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado, sob pena do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado,
de responsabilidade do servidor, a devolvê-la, no prazo de inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
48 (quarenta e oito) horas, ao Tribunal de origem.
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§ 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos final. Proceder-se-á da mesma maneira quando algum dos
interessados a assistência por advogado. membros se declarar suspeito.
§ 2º - Se se tratar de suspeição de Juiz de Direito,
Art. 792 - Os maiores de 18 (dezoito) e menores de será este substituído na forma da organização judiciária
21 (vinte e um) anos e as mulheres casadas poderão local.
pleitear perante a Justiça do Trabalho sem a assistência de
seus pais, tutores ou maridos.
SEÇÃO VIII
Art. 793. A reclamação trabalhista do menor de 18 DAS AUDIÊNCIAS
anos será feita por seus representantes legais e, na falta
destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo Art. 813 - As audiências dos órgãos da Justiça do
sindicato, pelo Ministério Público estadual ou curador Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do Juízo
nomeado em juízo. ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 8 (oito)
e 18 (dezoito) horas, não podendo ultrapassar 5 (cinco)
horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente.
SEÇÃO VI § 1º - Em casos especiais, poderá ser designado outro
DAS EXCEÇÕES local para a realização das audiências, mediante edital
afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a antecedência
Art. 799 - Nas causas da jurisdição da Justiça do mínima de 24 (vinte e quatro) horas.
Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do § 2º - Sempre que for necessário, poderão ser
feito, as exceções de suspeição ou incompetência. convocadas audiências extraordinárias, observado o prazo
§ 1º - As demais exceções serão alegadas como do parágrafo anterior.
matéria de defesa.
§ 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e Art. 814 - Às audiências deverão estar presentes,
incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do comparecendo com a necessária antecedência. os
feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes escrivães ou secretários. (Vide Leis nºs 409, de 1943 e
alegá-las novamente no recurso que couber da decisão 6.563, de 1978)
final.
Art. 815 - À hora marcada, o juiz ou presidente
Art. 800 - Apresentada a exceção de incompetência, declarará aberta a audiência, sendo feita pelo secretário ou
abrir-se-á vista dos autos ao exceto, por 24 (vinte e quatro) escrivão a chamada das partes, testemunhas e demais
horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na pessoas que devam comparecer. (Vide Leis nºs 409, de
primeira audiência ou sessão que se seguir. 1943 e 6.563, de 1978)
Parágrafo único - Se, até 15 (quinze) minutos após a
Art. 801 - O juiz, presidente ou vogal, é obrigado a hora marcada, o juiz ou presidente não houver
dar-se por suspeito, e pode ser recusado, por algum dos comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o
seguintes motivos, em relação à pessoa dos litigantes: ocorrido constar do livro de registro das audiências.
a) inimizade pessoal;
b) amizade íntima; Art. 816 - O juiz ou presidente manterá a ordem nas
c) parentesco por consangüinidade ou afinidade até o audiências, podendo mandar retirar do recinto os
terceiro grau civil; assistentes que a perturbarem.
d) interesse particular na causa.
Parágrafo único - Se o recusante houver praticado Art. 817 - O registro das audiências será feito em livro
algum ato pelo qual haja consentido na pessoa do juiz, não próprio, constando de cada registro os processos
mais poderá alegar exceção de suspeição, salvo apreciados e a respectiva solução, bem como as
sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também ocorrências eventuais.
admitida, se do processo constar que o recusante deixou Parágrafo único - Do registro das audiências poderão
de alegá-la anteriormente, quando já a conhecia, ou que, ser fornecidas certidões às pessoas que o requererem.
depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou,
finalmente, se procurou de propósito o motivo de que ela se
originou. CAPÍTULO III
DOS DISSÍDIOS INDIVIDUAIS
Art. 802 - Apresentada a exceção de suspeição, o juiz SEÇÃO I
ou Tribunal designará audiência dentro de 48 (quarenta e DA FORMA DE RECLAMAÇÃO E DA NOTIFICAÇÃO
oito) horas, para instrução e julgamento da exceção.
§ 1º - Nas Juntas de Conciliação e Julgamento e nos Art. 837 - Nas localidades em que houver apenas 1
Tribunais Regionais, julgada procedente a exceção de (uma) Junta de Conciliação e Julgamento, ou 1 (um)
suspeição, será logo convocado para a mesma audiência escrivão do cível, a reclamação será apresentada
ou sessão, ou para a seguinte, o suplente do membro diretamente à secretaria da Junta, ou ao cartório do Juízo.
suspeito, o qual continuará a funcionar no feito até decisão
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Art. 838 - Nas localidades em que houver mais de 1 II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor
(uma) Junta ou mais de 1 (um) Juízo, ou escrivão do cível, a correta indicação do nome e endereço do reclamado;
a reclamação será, preliminarmente, sujeita a distribuição, III - a apreciação da reclamação deverá ocorrer no
na forma do disposto no Capítulo II, Seção II, deste Título. prazo máximo de quinze dias do seu ajuizamento, podendo
constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o
Art. 839 - A reclamação poderá ser apresentada: movimento judiciário da Junta de Conciliação e
a) pelos empregados e empregadores, pessoalmente, Julgamento.
ou por seus representantes, e pelos sindicatos de classe; § 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto
b) por intermédio das Procuradorias Regionais da nos incisos I e II deste artigo importará no arquivamento da
Justiça do Trabalho. reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o
valor da causa.
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. § 2º As partes e advogados comunicarão ao juízo as
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a mudanças de endereço ocorridas no curso do processo,
designação do Presidente da Junta, ou do juiz de direito a reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local
quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do anteriormente indicado, na ausência de comunicação.
reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o
dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo
de seu representante. serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a
§ 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser
em 2 (duas) vias datadas e assinadas pelo escrivão ou convocado para atuar simultaneamente com o titular.
secretário, observado, no que couber, o disposto no
parágrafo anterior. Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade
para determinar as provas a serem produzidas,
Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo
escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, limitar ou excluir as que considerar excessivas,
remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao impertinentes ou protelatórias, bem como para apreciá-las
reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para e dar especial valor às regras de experiência comum ou
comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira técnica.
desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.
§ 1º - A notificação será feita em registro postal com Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as
franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu partes presentes sobre as vantagens da conciliação e
recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação usará os meios adequados de persuasão para a solução
por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência.
expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta
ou Juízo. Art. 852-F. Na ata de audiência serão registrados
§ 2º - O reclamante será notificado no ato da resumidamente os atos essenciais, as afirmações
apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo fundamentais das partes e as informações úteis à solução
anterior. da causa trazidas pela prova testemunhal.

Art. 842 - Sendo várias as reclamações e havendo Art. 852-G. Serão decididos, de plano, todos os
identidade de matéria, poderão ser acumuladas num só incidentes e exceções que possam interferir no
processo, se se tratar de empregados da mesma empresa prosseguimento da audiência e do processo. As demais
ou estabelecimento. questões serão decididas na sentença.

Art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na


SEÇÃO II-A audiência de instrução e julgamento, ainda que não
DO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO requeridas previamente.
§ 1º Sobre os documentos apresentados por uma das
Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não partes manifestar-se-á imediatamente a parte contrária,
exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data sem interrupção da audiência, salvo absoluta
do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao impossibilidade, a critério do juiz.
procedimento sumaríssimo. § 2º As testemunhas, até o máximo de duas para cada
Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento parte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento
sumaríssimo as demandas em que é parte a Administração independentemente de intimação.
Pública direta, autárquica e fundacional. § 3º Só será deferida intimação de testemunha que,
comprovadamente convidada, deixar de comparecer. Não
Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá
procedimento sumaríssimo: determinar sua imediata condução coercitiva.
I - o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará § 4º Somente quando a prova do fato o exigir, ou for
o valor correspondente; legalmente imposta, será deferida prova técnica,
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incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da Art. 852-I. A sentença mencionará os elementos de
perícia e nomear perito. convicção do juízo, com resumo dos fatos relevantes
§ 6º As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
laudo, no prazo comum de cinco dias. § 1º O juízo adotará em cada caso a decisão que
§ 7º Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais
a solução do processo dar-se-ão no prazo máximo de trinta da lei e as exigências do bem comum.
dias, salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz § 3º As partes serão intimadas da sentença na própria
da causa. audiência em que prolatada.

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FONTES:
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• Constituição Federal:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%E7ao.htm
• Atos Administrativos:
www.4shared.com/dir/2345374/8522f371/Administrativo.html
• Lei 8.112/90 – Regime Jurídico dos Servidores Públicos:
www.planalto.gov.br/Ccivil_03/Leis/L8112cons.htm
• Lei 9.784/99 – Processo Administrativo:
www.planalto.gov.br/Ccivil_03/LEIS/L9784.htm
• Decreto-Lei 5.452/43 – Consolidação das Leis Trabalhistas:
www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/Del5452.htm
• Exercícios:
www.concurseirosdobrasil.blogspot.com/

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