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GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: ENSINANDO A PENSAR SOBRE O

CONSUMISMO

SOUZA, Weyber Rodrigues1


Graduado em Geografia pela PUC-GO
weyberucg@yahoo.com.br

RESUMO

A finalidade deste trabalho é apresentar uma atividade de geografia desenvolvida com alunos do 8º
ano do ensino fundamental da rede pública e privada de Goiânia. Com o objetivo de dar maiores
significados ao que se ensina em sala de aula, o referido trabalho busca explicitar as minhas práticas
de ensino em Geografia e demonstrar como considerar o aluno um sujeito ativo no processo de ensino
e aprendizagem de maior significado social.
Palavras-chave: Geografia, ensino fundamental, consumismo, práticas de ensino.

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por finalidade apresentar uma atividade de ensino sobre o tema
consumismo, desenvolvida com alunos do 8º ano do Ensino Fundamental da rede particular e
pública de Goiânia-Go. Com o objetivo de dar maiores significados ao que se ensina em sala
de aula, o referido trabalho busca explicitar as minhas práticas de ensino em Geografia e
demonstrar como considerar o aluno um sujeito ativo no processo de ensino e aprendizagem
de maior significado social.
Sabe-se que a Geografia está inserida no nosso dia-a-dia, e que direcionada para a sala
de aula, através da realidade do aluno, pode e deve auxiliar na formação de um cidadão crítico
que a escola busca formar. Para isso, o ensino de Geografia deve enriquecer as estruturas de
pensamento dos alunos de modo que eles possam optar, no futuro, por soluções mais eficazes
em relação ao mundo, ao mundo da vida, da transformação das paisagens, da produção e

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Texto publicado originalmente no “V Fórum NEPEG – Educação geográfica: pesquisa e prática pedagógica”
realizado na cidade de Caldas Novas-Go
reprodução dos espaços, pois esse exercício é “fundamental para que todos nós, que vivemos
em sociedade, possamos exercitar nossa cidadania” (Callai: 2005, p.228).
Ao iniciar minhas práticas de ensino em Geografia no Ensino Fundamental da rede
particular e estadual de Goiânia-Go, decorreu a oportunidade de trabalhar com o tema
consumismo. A partir daí, baseado em autores renomados da ciência geográfica, como
Cavalcanti (2002), Callai (2005), Castrogiovanni (2000) e Kaercher (2000), desenvolvi uma
atividade para o ensino sobre o tema referido, que considero bastante relevante no sentido de
oferecer maiores significados ao que se ensina em sala de aula. Para tanto, este trabalho tem
por objetivo apresentar uma atividade de ensino de Geografia sobre o consumismo, que pode
ser utilizada tanto por professores do Ensino Fundamental da 2ª fase, como por aqueles que se
interessam pela temática apresentada.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização da referida atividade, um primeiro passo foi analisar as obras que
tratam de propostas de ensino no âmbito da Geografia, a saber, Cavalcanti (2002) em seu livro
Geografia e práticas de ensino, onde apresenta referências pedagógico-didáticas para a
Geografia escolar; Callai (2002) em seu texto Estudar o lugar para compreender o mundo, ao
qual apresenta contribuições significativas para a compreensão do conceito de Lugar e suas
múltiplas facetas; Callai (2005) no texto Aprendendo a ler o mundo: A geografia nos anos
iniciais do ensino fundamental, publicado no Caderno CEDES, que retrata a importância de se
aprender geografia nas séries iniciais do Ensino Fundamental; Castrogiovanni (2000) em
Apreensão e compreensão do espaço geográfico, texto que procura referenciar professores de
Geografia em suas práticas de ensino nas séries iniciais do Ensino Fundamental no que diz
respeito à alfabetização cartográfica; Kaercher (2000) O gato comeu a geografia crítica?
Alguns obstáculos a superar no ensino-aprendizagem de geografia, texto que enfatiza a
questão da Geografia crítica em sala de aula; e, por fim, Pietrocolla (1986) O que todo mundo
precisa saber sobre sociedade de consumo, livro que critica com veemência a sociedade de
consumo desde a sua formação até a estruturação a qual conhecemos.
A partir desse referencial e do plano de aula elaborado para os alunos do 8º ano do
Ensino Fundamental, escolhi diversas embalagens de produtos utilizados por eles e produtos
que estavam sendo veiculados na mídia, como embalagens de brinquedos, perfumes, CDs,
DVDs, celulares, aparelhos de MP3, álbuns de figurinhas, dentre outros, bem como
fotografias que demonstrassem os resultados oriundos da fabricação e do descarte dessas
mercadorias. Após escolher as embalagens dos produtos, atribuí valores a eles e criei mini-
cartões com valores diferenciados de salários obtidos com supostas funções de trabalho.
Já em sala de aula, o próximo passo foi organizar os produtos na mesa, formando uma
mini-loja. Depois distribui os mini-cartões com supostos salários entre os alunos. No passo
seguinte, deixei-os à vontade para “comprarem”. Após as compras o próximo passo foi o de
orientá-los, conscientizá-los e questioná-los sobre as mercadorias supérfluas e as necessidades
de cada pessoa. Feito isso, iniciei a leitura de imagens com as fotografias escolhidas, cujos
objetivos eram os de colocar os alunos a pensarem sobre: o consumismo e a destruição das
paisagens naturais; a produção de novos espaços para o consumo; os excluídos do processo
capitalista; a influência das propagandas para o consumo de mercadorias supérfluas; e a
Globalização dos produtos.
Aproveitei a oportunidade para se trabalhar com a leitura e a interpretação de mapas e
gráficos. Ao passo que se realizava a leitura das fotografias, apresentava aos alunos mapas e
gráficos que tratavam sobre o consumo no mundo, a destruição de paisagens naturais e a
instalação de empresas transnacionais, para que realizassem a leitura e a interpretação das
informações apresentadas nos mapas e gráficos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ensinar a pensar sobre o consumismo, é de fundamental importância para a vida de


professores e alunos comprometidos com a formação que possibilite o exercício da cidadania
participativa e crítica. Com efeito, os conhecimentos transmitidos por meio da Geografia
escolar, em particular no que diz respeito ao estudo do espaço geográfico numa articulação
entre o Local e o Mundial, são indispensáveis à formação de indivíduos participantes da vida
social à medida que propiciam o entendimento do espaço geográfico e do papel desses
espaços nas práticas sociais.
Diante dessa realidade, em relação ao desenvolvimento da atividade sobre o
consumismo, os resultados obtidos foram bastante significativos, pois despertaram maiores
interesses por parte dos alunos nas aulas de Geografia, abriram possibilidades para que eles,
os alunos, sejam capazes de construírem conhecimentos sobre a realidade em que vivem e
atuarem de forma mais consciente na promoção da Cidadania. Ao professor cabe a tarefa de
buscar alternativas metodológicas capazes de contribuir para essa façanha e sempre orientar
seus alunos a lutar pela organização de uma sociedade mais justa e democrática.
REFERÊNCIAS

CALLAI, Helena Copetti. Estudar o lugar para compreender o mundo. IN:


CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Org.). Ensino de Geografia: Práticas e textualizações
no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2000.

_________. Aprendendo a ler o mundo: A geografia nos anos iniciais do ensino fundamental.
Cad. Cedes, Campinas, Vol. 25, n. 66, p. 227-247, maio/agosto 2005. Disponível em
<hppt://www.cedes.unicamp.br>.

CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. Apreensão e compreensão do espaço geográfico. IN:


CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Org.). Ensino de Geografia: Práticas e textualizações
no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2000.

CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia e práticas de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.

KAERCHER, Nestor André. O gato comeu a geografia crítica? Alguns obstáculos a superar
no ensino-aprendizagem de geografia. IN: PONTUSCHKA, Nídia Nacib & OLIVEIRA,
Ariovaldo Umbelino de. (Org.). Geografia em perspectiva: ensino e pesquisa. São Paulo:
Contexto, 2002.

PIETROCOLLA, Luci Gati. O que todo cidadão precisa saber sobre sociedade de consumo.
São Paulo: Global, 1986.

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