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Pelo lado público, como indicado pelos debates realizados em novembro passado no
CONGEP 2001 - Congresso Nacional de Gestão do Conhecimento na Esfera Pública
(www.sbgc.org.br) - a tendência é que os governos concentrem esforços em duas frentes
principais: melhoria da administração pública e combate à exclusão digital.
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de ficar ao sabor da moda da tecnologia, incorporando funcionalidades novas sem
resolver os problemas centrais da administração pública.
Pelo lado do combate à exclusão digital, a mídia tem noticiado diversas iniciativas de
levar microcomputadores, com acesso à Internet, às comunidades carentes na periferia
das grandes cidades. O governo federal tem acenado com verbas de vulto do FUST -
Fundo para Universalização de Serviços de Telecomunicações. Este fundo também
financiaria os projetos do Programa Sociedade da Informação (www.socinfo.org.br) ,
coordenado por Tadao Takahashi, do Ministério da Ciência e Tecnologia.
O problema, no Brasil ao menos, com a "exclusão digital" é que ela é antecedida por
diversas outras "exclusões". A maior parte da população brasileira está ainda excluída do
acesso aos serviços básicos de higiene e saúde, está excluída do acesso aos cursos da
educação elementar, está excluída do mercado formal de trabalho e está excluída dos
serviços básicos de assistência e seguridade social. A "carência de informação" é mais
uma a se sobrepor às demais carências históricas. Qualquer movimento sério e duradouro
de "inclusão digital" precisa passar pela "inclusão" prévia - ou ao menos concomitante -
nas áreas de Saúde, Educação e Seguridade Social. Isso para não falar na inclusão na
discussão política. Afinal, a que modelo de desenvolvimento interessa o tipo de "inclusão
digital" que se pretende financiar?
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tecnologias e práticas inovadoras - abrange pessoal, consultoria, ferramentas,
tecnologia, etc.. Por isso, muitas empresas brasileiras são cautelosas na realização desse
tipo de investimento. Até que os conceitos estejam amplamente disseminados, existam
experiências de sucesso bem documentadas e divulgadas, e o mercado conte com
profissionais capacitados em Gestão do Conhecimento, as iniciativas estarão restritas ao
grupo dos "pioneiros" , "early adopters" e subsidiárias de organizações transnacionais.
A TFPL editou e distribuiu um relatório executivo, elaborado a partir dos debates no CKO
Summit, abrangendo estratégias corporativas em relação à Gestão do Conhecimento.
Esse material é uma fonte de referência também em relação às perspectivas e
tendências no setor.
Por exemplo, a TFPL defende que um CKO deve ter, daqui para a frente, as seguintes
características: foco no negócio, conhecimento do ambiente competitivo, motivação
para mudanças culturais, liderança e carisma, ampla cultura geral, formação
acadêmica diversificada e ampla rede de relacionamentos dentro e fora da
organização.
Mas essa é uma tendência que também no Brasil está se verificando. Um artigo do ano
passado na mídia ("A Era dos Portais Humanos", por Lucas Tauil de Freitas, Revista Exame,
março/2001) já discutia porque a criação de comunidades de práticas é um caminho de
sucesso para implantação de Gestão do Conhecimento. "Portais humanos" é um termo
usado por Morten Hansen e Bolko von Oetinger, do BCG - Boston Consulting Group, para
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denominar pessoas detentoras do conhecimento numa organização. Esse conhecimento
é que pode ser transformado e compartilhado em comunidades de práticas, intranets,
websites, etc. Essas pessoas são arquivos vivos de informação, e podem ser localizadas
em uma empresa através de um mapa das especialidades de cada um dos seus
funcionários. Ou num "banco de talentos" ou numa "árvore de conhecimentos".
A Ogilvy, por exemplo, um dos maiores grupos de publicidade mundiais, mantinha então
uma comunidade de 10.000 pessoas, trabalhando em mais de 100 países. Seus membros
têm acesso à base de conhecimento que o grupo mantém em sua intranet. Mas aquela
matéria da Exame e outros artigos e relatos de empresas mostram que o caminho para
isso é longo e difícil.
Uma pesquisa da consultoria Ernst & Young, citada pela Exame, mostra que 80% da
produção intelectual das empresas não é sistematicamente aplicada em processos de
negócios. Cerca de metade de todos os projetos de Gestão do Conhecimento fracassa
na etapa de implementação. A causa principal apontada é a dificuldade na
substituição de uma cultura individualista por outra colaborativa, ou de uma cultura que
não valoriza o conhecimento por outra que enfatize seu compartilhamento.
Naturalmente, isso tem um custo. Para cuidar da base mundial da Siemen, por exemplo,
na Alemanha um time de 18 pessoas dá suporte às subsidiárias. Já a 3M hoje investe 1%
de sua verba de pesquisa no gerenciamento do capital intelectual, ou seja, cerca de 1,1
milhão de dólares anuais. Mas isso ainda não é o patamar de 2% do faturamento bruto,
indicado pela pesquisa da COPPE/UFRJ citada no início deste artigo. Na 3M são mais de
70 bases de dados que suportam comunidades de interesse nas diferentes áreas da
companhia. Cerca de 7.000 dos 75.000 funcionários da 3M, em 40 países, participam
delas.
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potenciais usuários. Assim há grupos que trocam informações em português, espanhol ou
inglês.
A tendência no meio acadêmico também parece ser de maior atenção sobre o tema.
No exterior já existem cursos de graduação em Gestão do Conhecimento, enquanto que
no Brasil ainda são poucos os cursos de especialização e pós-graduação. No entanto, já
se vêem linhas de pesquisa específicas em universidades, bem como trabalhos de
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mestrado e doutorado em número crescente sobre Gestão do Conhecimento,
principalmente em Administração, Informática e Engenharia de Produção. E os cursos de
pós-graduação latu sensu cada vez mais estão incorporando disciplinas relacionadas à
Gestão do Conhecimento em seus currículos.
Enfim, embora 2002 provavelmente vá ser um ano atípico, tanto pelo quadro
internacional instável quanto pelas eleições brasileiras, deverá ser também um momento
de consolidação do mercado de Gestão do Conhecimento no Brasil, com maior oferta
de produtos, serviços, soluções e cursos na área, e com mais empresas realizando
projetos de implantação. Salvo grandes guinadas econômicas, das quais, numa
economia globalizada, ninguém está livre, as perspectivas são de desenvolvimento para
a Gestão do Conhecimento no Brasil.
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