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UNIVERSIDADE PORTUCALENSE
Departamento de Informática
UNIVERSIDADE PORTUCALENSE
Departamento de Informática
ix
Resumo
Para concretizar este objectivo consideramos diversos tipos de desafios à comunidade escolar, em
especial na mudança dos métodos de ensino, nos processos de reestruturação organizacional e na
evolução das tecnologias da informação e comunicação (TIC).
Todas as áreas evidenciam uma maior ênfase na abordagem colaborativa ajudando os indivíduos
e instituições a aprenderem continuamente, e a adaptarem-se às novas exigências da Sociedade da
Informação.
Para sustentar esta tese, o presente trabalho procedeu a uma revisão das fontes de informação
mais relevante e apresenta uma revisão das principais ferramentas usadas em intranets e extranets,
redes colaborativas e em ambientes de ensino baseados na Web.
Neste contexto é analisada a situação actual de uma escola secundária e proposto o modelo
gestão do conhecimento virtual (GCV), único a nível nacional, que visa melhorar a GC. De
seguida procedeu-se à sua implantação e relatadas as experiências decorrentes com este modelo.
Abstract
The collaborative approach and knowledge management aims at identifying collaborative learning
approaches and internet environments advantages in order to optimize an educational model that
helps to improve knowledge management in a secondary school.
To reach this aim we considered various types of challenges to apply in the school community,
namely to change teaching methods, restructure organisational processes and evaluate
information and communication technologies.
All areas demonstrate a greater emphasis in the collaborative approach therefore helping
individuals and the institutions to continually learn and adapt to new demands in an information
society.
To support this thesis, the present study made a revision of the most relevant channels of
communication and presents a revision of the main tools used in intranets and extranets,
collaborative networks and in school environments taken from/based on the web.
In this context, the present situation of a secondary school is analysed and the virtual knowledge
management model (VKM), unique at a national level, is proposed/applied aiming at improving
knowledge management (KM). This model was implemented in a secondary school and the
results/experiences are shown.
Agradecimentos
Em primeiro lugar, o meu reconhecimento é dirigido ao Professor Doutor Jorge Reis Lima, pelo
empenho com que orientou este trabalho, pelo rigor, pela oportunidade das críticas e sugestões.
Aos meus filhos Gonçalo e Raul e à minha mulher Elisabete pelo apoio, paciência e colaboração.
Ao Doutor Belmiro Rego, à Doutora Cristina Azevedo, aos Mestres Albuquerque Santos e Rafael
Machado agradeço as sugestões dadas.
Aos colegas do grupo de informática da Escola Secundária/3 Emídio Navarro agradeço a vossa
colaboração.
xx
xxi
Ao longo desta dissertação adoptou-se como norma de notação a escrita em itálico de expressões
e palavras em inglês, que não se traduziram por serem utilizadas na linguagem corrente.
Utilizaram-se também siglas que se descrevem na lista seguinte, juntamente com o seu
significado.
AC Aprendizagem Colaborativa
ASP Active Server Pages
CDI Centro de Documentação e Informação
CGI Common Gateway Interface
CMC Comunicação Mediada por Computador
ESEN Escola Secundária de Emídio Navarro
FCCN Fundação para a Computação Científica Nacional
FTP File Transfer Protocol
GC Gestão do Conhecimento
GCV Gestão do Conhecimento Virtual
GTI Grupo de Trabalho da Intranet
HTML Hipertext Markup Language
HTTP Hipertext Transfer Protocol
IRC Internet Realy Chat
LAN Local Area Network
MOO Multi-user, Object Oriented environment
ODBC Open Database Connectivity
RCCN Rede da Comunidade Científica Nacional
RDIS Rede Digital de Integração de Serviços
RPG Role Playing Games
SASE Serviço de Apoio Sócio-Educativo
SGBD Sistema de Gestão de Base de Dados
SIP Sistema de Informação Pedagógica
xxii
Índice
Resumo.......................................................................................................................................................... v
Abstract ..................................................................................................................................................... xvii
Agradecimentos......................................................................................................................................... xix
Notações e Siglas Utilizadas .................................................................................................................... xxi
Índice ........................................................................................................................................................ xxiii
Índice de Figuras..................................................................................................................................... xxvi
Índice de Tabelas ..................................................................................................................................xxviii
1 Introdução............................................................................................................................................ 1
1.1 Introdução .................................................................................................................................. 1
1.2 Justificação do tema do trabalho ............................................................................................. 2
1.3 Processo de investigação........................................................................................................... 4
1.4 Estrutura da dissertação............................................................................................................ 5
2 A Sociedade da Informação .............................................................................................................. 7
2.1 Introdução .................................................................................................................................. 7
2.2 O que é a Sociedade da Informação ....................................................................................... 8
2.3 Desafios da Sociedade da Informação.................................................................................. 11
2.4 A educação na Sociedade da Informação em Portugal ...................................................... 14
2.4.1 Os desafios no ensino secundário .................................................................................... 15
2.5 O papel do professor na Sociedade da Informação ........................................................... 16
2.6 Novas tecnologias para a Sociedade da Informação .......................................................... 17
2.6.1 Novas tecnologias para o ensino secundário: uma história recente............................. 17
2.6.2 Uma tecnologia educativa .................................................................................................. 18
2.7 Conclusão.................................................................................................................................. 19
3 Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet ................................................. 21
3.1 Introdução ................................................................................................................................ 21
3.2 Colaboração.............................................................................................................................. 22
3.2.1 Colaboração e cooperação ................................................................................................. 22
3.2.2 Aprendizagem colaborativa ............................................................................................... 23
3.2.3 Fundamentação teórica da aprendizagem colaborativa ................................................. 24
3.2.3.1 Teoria sócio-construtivista........................................................................................ 25
xxiv
Anexos
Glossário ...................................................................................................................................................129
Programas que promovem o ensino secundário .................................................................................139
Ferramentas colaborativas para gestão do conhecimento .................................................................149
Ecrãs dos vários serviços disponibilizados na intranet.......................................................................155
xxvi
Índice de Figuras
Índice de Tabelas
Capítulo 1
1 Introdução
1.1 Introdução
Estas constatações reflectem mudanças importantes em três áreas: novos estilos de gestão,
evolução das TIC e novas tendências e possibilidades na educação. Todas as áreas evidenciam a
tendência da colaboração, que permitem formular a seguinte tese: uma maior ênfase na
abordagem colaborativa ajuda os indivíduos e instituições a aprenderem continuamente e a
lidarem com as novas exigências da sociedade da informação e do conhecimento.
Para conseguir este desiderato, é necessária a construção de soluções tecnológicas eficazes, com
custos reduzidos e que rentabilizem os equipamentos existentes, onde a participação da
comunidade educativa é um elemento indispensável para se atingir o seu sucesso.
Com este decreto-lei surgem novas e importantes responsabilidades para os órgãos de gestão, e é
incentivado o empenho dos profissionais da educação conducentes à promoção e dinamização de
Após o início deste estudo, o Ministério da Educação criou o grupo coordenador dos programas
de introdução, difusão e formação em TIC2, que apresentou um conjunto de linhas orientadoras
que vão ao encontro dos objectivos do presente trabalho. Esse grupo tem, como principal
missão, a articulação das várias medidas e iniciativas lançadas pelos respectivos serviços do
Ministério da Educação e, por outro lado, levar a cabo a elaboração de um plano nacional TIC
para a Educação, a desenvolver ao longo de 2001-2006 (ME, 2002).
A presente dissertação está estruturada em seis capítulos, como é apresentado na figura 1.1.
Capítulo1: Introdução
O problema e a solução
Capítulo 2: A Sociedade da
Inf ormação
Capítulo 6: Conclusão
Ao longo dos capítulos 2 e 3 apresenta-se uma revisão de fontes de informação que foram a base
para a construção e implantação do modelo GCV descrito no capítulo 4.
O capítulo 4 apresenta o modelo GCV que visa melhorar a colaboração e a GC numa escola do
ensino secundário. O modelo apresentado está fundamentado segundo uma análise
tridimensional segundo as dimensões contexto, conteúdo e infra-estruturas.
O capítulo 5 descreve um estudo de caso onde se analisa a situação actual de uma escola do
ensino secundário e relata uma experiência de implantação do modelo GCV, apresentando
benefícios, problemas e sugestões de melhoria. Todas as ferramentas disponibilizadas nesta
implantação, à excepção do módulo de ensino a distância, foram construídas de raiz pelo GTI
com vista a satisfazer as necessidades dos elementos da comunidade escolar.
Capítulo 2
2 A Sociedade da Informação
2.1 Introdução
É evidente que a actual Sociedade da Informação é controlada pela informação e pelas técnicas
que lhe estão associadas.
Esta revolução acrescenta uma enorme capacidade à inteligência humana e constitui um recurso
que está a mudar o modo como trabalhamos e vivemos, sendo possível aproveitar a sociedade da
informação para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos da Europa, a eficiência das
organizações sociais, económicas e de reforçar a coesão. Na Europa, e particularmente em
Portugal, está a alterar a sociedade a todos os níveis.
160
140
Nº de servidores (x 10 6)
120
100
80
60
40
20
0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Anos
Segundo a Nua Internet Surveys, até Fevereiro de 2002, o número de utilizadores em todo o mundo
ronda os 544,2 milhões e, de modo particular, nos Estados Unidos América e no Canadá ronda
os 181,23 milhões e na Europa 171,35 milhões3. Nos Estados Unidos América, onde nasceu a
Internet, esta evolução foi mais intensa em relação aos outros países. Esta evolução não se deu
somente nos Estado Unidos, outros países tiveram crescimentos significativos como apresenta a
figura 2.2.
3 Dados actualizados periodicamente sobre a Internet podem ser encontrados em diversas fontes, em particular :
http://www.nua.net, www.cs.wisc.edu/~lhl/lhl.html, http://www.marktest.pt, entre outros (consultado em 17-04-
2002).
Capítulo 2: A Sociedade da Informação 10
80,0%
60,0%
40,0%
20,0%
0,0%
Finlândia
Dinamarca
Itália
Portugal
Alemanha
Espanha
Europa
P. Baixos
Noruega
Bélgica
Suíça
Suécia
França
Áustria
Figura 2.2 – Crescimento do número de utilizadores na Internet por países
(Fonte: The Internet Monitor; http://www.proactiveinternational.com - consultado em 18-04-2002)
Porém é importante aprofundar esta visão em cada país para se entender o quanto e como se dá
essa expansão. Informações baseadas em médias de ligação, revelam que as diferentes camadas
sociais não têm acesso à Internet de forma igual. Como exemplo, Portugal demonstra esta
situação. O crescimento deu-se de forma vertiginosa, entre 1995 e 1999, apresentando uma taxa
média anual de 62%, superior às da União Europeia (52%) e da OCDE (50%)4.
25%
20%
Portugal
15%
Média da EU
10%
Média da OCDE
5%
0%
1995 1996 1997 1998 1999
Dezembro de 2001 rondava os três milhões e meio, dos quais 20,4% tem acesso à Internet em
casa e 9,1% tem acesso a partir da escola5.
40,0%
36,5%
30,0%
20,0%
10,0%
6,8%
0,0%
Set/Dez 1996 Jan/Mar 2001
O relatório Bangemann adverte, de uma forma directa, para as consequências dessa opção e para
os potenciais riscos da criação de uma sociedade a dois níveis, composta por aqueles que têm
acesso às tecnologias, sentindo-se por esse facto à vontade e aproveitando ao máximo os seus
benefícios, e pelos outros que não possuem esse acesso, eventuais vítimas marginalizadas por
parte da nova cultura da informação e dos seus instrumentos. Há que encontrar maneiras de
superar os riscos e maximizar os benefícios, sendo da responsabilidade das autoridades públicas a
criação de salvaguardas e o garantir da coesão da nova sociedade emergente. Deve ser
providenciado um acesso razoável às infra-estruturas, devendo, também, ser dispensada uma
especial atenção na difusão e na aceitação do uso das novas tecnologias por parte da população
(Lima, 1999).
Um sector prioritário para o sucesso da nova sociedade é o da educação, tendo esta de ser
redefinida. A Comissão Europeia criou um Livro Branco em 1995 (White Paper on Education and
Training – Teaching and Learning Towards the Learning Society) no qual analisa o papel da educação na
Sociedade da Informação. Nele se constata que a nova sociedade assenta as suas bases no
desenvolvimento, no trabalho intelectual, reforçando a ideia fundamental de que, “cada vez mais,
a posição de cada indivíduo perante a sociedade será determinada pelos conhecimentos que este
tiver sabido adquirir”. Por outro lado, afirma-se que a sociedade do futuro será uma sociedade
que saberá investir na inteligência, uma sociedade em que se ensina e se aprende, onde cada um
poderá aprender a construir a sua própria qualificação. Por estes motivos, é necessário a
especialização e a qualificação dos trabalhadores da Sociedade da Informação.
Estas actividades serão suportadas pelas TIC. Em virtude do uso das TIC muitas das actividades
que hoje existem desaparecerão, pelo que se prevê, em consequência, uma desqualificação e um
correspondente aumento do desemprego. Mas novos empregos tecnológicos têm que ser criados,
Capítulo 2: A Sociedade da Informação 13
prevendo a Comissão Europeia que se crie meio milhão de postos de trabalho e prevê-se que até
2002 este número aumente até 1,6 milhões6.
O trabalho na nova sociedade terá uma natureza essencialmente intelectual e criativa valorizando
o papel do indivíduo, com a correspondente libertação das tarefas mecânicas e repetitivas, em
favor da criatividade. Contudo, este papel poderá vir a ser desvalorizado pela submissão à
tecnologia e, estando esta em constante evolução, implicará uma actualização contínua de
conhecimentos e competências individuais.
O trabalho essencialmente criativo pode fazer surgir novas oportunidades para os elementos que
até aqui estavam marginalizados, nomeadamente aqueles que são portadores de deficiências
motoras (Ministério da Ciência e da Tecnologia, 1997).
6 Publicado no Memorando para a Aprendizagem ao Longo da Vida, pela União Europeia, na cimeira em Lisboa em
Junho de 2000.
7 Disponível em http://www.europa.eu.int/comm/elearning (consultado em 30-04-2002)
Capítulo 2: A Sociedade da Informação 14
plano de acção pretende explorar as oportunidades que as TIC oferecem e a sua integração nos
contextos educativos, em termos de interactividade pedagógica e de trabalho colaborativo entre
professores e alunos. Dele constam como prioritárias quatro grandes linhas de acção que incidem
em: infra-estruturas e equipamentos; formação; conteúdos e serviços de qualidade; e redes e
plataformas de cooperação europeias.
Urge preparar os Europeus para o advento da Sociedade da Informação, como uma tarefa
prioritária. A educação assumirá um papel principal. O objectivo, descrito no Livro Branco, que
garante aos cidadãos o direito à educação ao longo da vida, contribui para a necessidade de
encorajar e promover iniciativas de divulgação (públicas e privadas) a nível regional e local.
Assim, é necessário preparar os Europeus para o advento da Sociedade da Informação com
prioridade, recorrendo à educação e à difusão de inovações.
Por outro lado, será que estaremos preparados para iniciar a revolução? Neste ponto, o relatório
Bangemann (Comissão Europeia, 1994, cap. 3), conclui que a base tecnológica é suficiente.
Contudo, recomenda um especial cuidado para a implementação dos sistemas de informação,
devendo estes, permitir a exploração do valor dos serviços oferecidos aos utilizadores.
O conceito actual de educação articula-se com o de sociedade de informação, uma vez que se
baseia na aquisição, actualização e utilização de conhecimentos. Desta forma, a escola deve
garantir o acesso às TIC, de forma a potenciar o acesso à informação digital, permitindo um
enriquecimento contínuo dos saberes (Ministério da Ciência e da Tecnologia, 1997). De facto,
para que nas escolas se possam leccionar programas no âmbito da Sociedade da Informação, há
que promover a revisão de programas e currículos e integrar nestes as TIC (Ministério da Ciência
e da Tecnologia, 1997; Brandão, 2001). Recomenda-se, no entanto, uma avaliação relativamente
ao impacto dessa mesma alteração. Só desta forma se poderão efectuar ajustes na implementação
dos referidos programas. Por outro lado, a escola tornar-se-á um dos pilares do conhecimento, se
puder transformar-se num espaço mais atraente para a comunidade escolar (alunos, professores,
funcionários entre outros) e se for encarada como um lugar de aprendizagem onde o papel do
professor tradicional é complementado por um espaço em que são facultados os meios para
construir o conhecimento, com o aluno em parceria na construção desse conhecimento.
Capítulo 2: A Sociedade da Informação 15
Como muitos dos indivíduos já não estão em idade escolar, e uma vez que a Sociedade da
Informação exige novos conhecimentos e um esforço de aprendizagem permanente, torna-se
obrigatório a criação de novos programas de ensino com suporte nas tecnologias.
Para não se criarem condições de marginalização e de info-exclusão toda a sociedade deverá ser
info-alfabetizada. O livro Verde salienta este facto ao recomendar o fomentar da info-
alfabetização (Ministério da Ciência e da Tecnologia, 1997). De facto, um meio privilegiado de
actuação para combater a desigualdade de condições de acesso é o sistema de ensino. Se os
alunos, nos diversos graus de ensino, estiverem excluídos do acesso aos meios de interacção com
a Sociedade da Informação no interior dos seus estabelecimentos escolares, resultará
irremediavelmente uma estratificação entre aqueles que têm acesso em casa, e os que não têm
esse benefício (idem).
O ensino secundário ocupa um lugar de destaque na construção do futuro dos cidadão e das
sociedades. Em Portugal, como noutros países da União Europeia, tomou-se consciência de que
o ensino secundário tem que responder com mais eficiência às necessidades educativas dos
jovens e pais e da sociedade. Tendo em conta que o nível de qualificações da população é muito
inferior ao dos parceiros da União Europeia, o ensino secundário em Portugal enfrenta os
seguintes desafios: a melhoria das aprendizagens; a articulação mais estreita entre a educação, a
formação e a sociedade, numa perspectiva de facilitar a transição para o mercado de trabalho; a
criação de condições que assegurem o acesso à educação e à formação ao longo da vida; a
concretização do ensino experimental no cerne do desenvolvimento de aprendizagens
significativas.
Capítulo 2: A Sociedade da Informação 16
Os desafios propostos exigem que as escolas secundárias sejam capazes de criar ambientes de
aprendizagem estimulantes baseados em projectos claros, coerentes e com real valor educativo e
formativo. Projectos que articulem o currículo definido a nível nacional com o contexto social,
cultural e económico em que aquelas estão integradas. A resposta a estes desafios passará
também pela oferta de disciplinas ou até de cursos tecnológicos próprios que as escolas podem
propor tendo em conta a realidade social, cultural e económica em que se inserem.
Como os alunos contam com um instrumento que lhes permite aceder a recursos educativos que
se situam muito para além dos muros da escola, os professores tenderão a transformar-se nos
guias que poderão orientar os alunos na utilização desses recursos, e nos contactos com outros
estudantes e professores, muitas vezes situados em ambientes geográficos, culturais e
linguisticamente diferentes dos seus. Deste modo assistiremos no futuro, por um lado, a uma
alteração do perfil profissional do professor e, por outro lado, em termos de aprendizagem, o
acento tónico será colocado, sobretudo, no desenvolvimento de competências sócio-cognitivas e
de pesquisa de informação, numa perspectiva de colaboração.
influenciam uns aos outros no decorrer das interacções e partilham relações de interdependência
com o intuito de atingirem metas comuns (Hargie, Saunders e Dikson, 1996), cabe ao professor
monitorar o comportamento dos alunos através da observação directa dos seus comportamentos.
Portugal entrou tardiamente num processo essencial para vencer o atraso histórico no âmbito da
Sociedade da Informação. Contudo, no último quadriénio, as escolas melhoraram quer em
termos sociais quer em termos organizacionais (Ministério da Ciência e da Tecnologia, 2000).
Para preparar o futuro, as escolas devem utilizar e aumentar mais a informação na Internet;
generalizar a todas as escolas e agrupamentos de escolas do 1º ciclo do Ensino Básico, a Rede
RCTS, assim como a todas as associações culturais e científicas, em condições de gratuitidade
para os utilizadores e de apoio à produção e exploração de conteúdos (“multiplicação por mil os
conteúdos portugueses na Internet”); estimular os alunos para o uso da Internet; estender o
programa Cidades Digitais a todo o país; associar um diploma de competências básicas em
tecnologias da informação à conclusão da escolaridade obrigatória. Só assim se contribuirá para a
construção da Sociedade da Informação e do Conhecimento.
Para concretizar estas metas espera-se que a evolução e a convergência tecnológica, especialmente
da Internet de banda larga (Internet II e III, a 155Mbps e 40Gbps) e a terceira geração de
comunicações móveis UMTS9, provavelmente venham fazer surgir novos serviços, novas
plataformas, novas tecnologias e novas formas de as utilizar para fins educacionais.
Blanco considera que a tecnologia educativa “surgiu, por um lado, como uma via de acesso ao
problema geral da tecnização da vida, isto é, o homem deve ser educado para actuar
conscientemente num ambiente tecnológico e, por outro lado, como uma ciência aplicada capaz
de contribuir para tornar o processo educativo mais eficiente” (Blanco & Silva,1993). Deste
modo, Blanco (Blanco, 1983) caracteriza a tecnologia educativa como um processo complexo e
integrado que implica homens e recursos numa interacção homem-máquina, métodos que exigem
inovação e uma organização eficiente para analisar os problemas e imaginar, implantar, gerir e
avaliar as suas soluções numa nova meta caracterizada por mudança educativa.
2.7 Conclusão
Parece ser dado adquirido que na Europa e no nosso país, se pretende acompanhar a evolução
em direcção à Sociedade da Informação. Esta evolução irá necessariamente passar pelas
metodologias de ensino motivadas pela necessidade de educação e formação permanente.
A Internet surge como uma resposta providencial, pois é um meio ideal para a difusão da
informação e do saber. Os recursos associados à Internet, permitem disseminar a própria
Capítulo 2: A Sociedade da Informação 20
Ao longo deste capítulo mostrou-se que as TIC(em especial a Internet), serão uma das formas de
difusão do saber requerido pela Sociedade da Informação. Neste contexto, as instituições de
ensino assumem um papel de destaque, porque podem iniciar e preparar uma nova sociedade, em
virtude de possuírem o saber e a tecnologia necessária.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 21
Capítulo 3
3.1 Introdução
Este capítulo aborda conceitos de colaboração e de mudança organizacional apoiados por redes
de computadores e pelo modelo construtivista-colaborativo, procurando novas formas de
representar a informação e estimular a aprendizagem, para construir o conhecimento.
Embora a mudança seja importante, não resolve o principal problema: Como tornar uma escola
do ensino secundário mais activa, nesta Sociedade da Informação e do Conhecimento?
Vários autores como, por exemplo, Lewis e Romiszowski (Lewis e Romiszowski, 1999)
evidenciam uma tendência em comparar escolas com organizações, às quais devem aplicar-se
teorias de mudança organizacional. Estas mudanças educacionais devem ter em conta tanto
aspectos administrativos, como pedagógicos e tecnológicos.
Segue-se uma abordagem à Internet como um ambiente que procura melhorar a AC,
evidenciando as várias ferramentas colaborativas que a promovem.
3.2 Colaboração
O dicionário da língua portuguesa define colaboração como “trabalho em comum com outrém;
cooperação” (Costa e Melo, 1998). Arends (Arends, 1995) define cooperação como “conjunto de
actividades nas quais as pessoas trabalham juntas para atingirem objectivos comuns ao grupo”.
Para tornar clara a distinção entre os termos colaboração e cooperação, é importante destacar a
discussão que os envolve. Segundo Dillenbourg (Dillenbourg e Schneider, 1995), os termos
“colaboração” e “cooperação” são utilizados como se tivessem o mesmo sentido. Porém, alguns
investigadores, diferenciam os termos pela forma como a actividade é executada no grupo. A
cooperação seria realizada pela divisão do trabalho entre participantes, como uma actividade em
que cada indivíduo é responsável por uma porção da resolução do problema. A colaboração
caracteriza-se pela participação mútua dos participantes, num esforço coordenado, para juntos
resolverem o problema.
Porém, a diferença não reside em termos da divisão da tarefa, mas na forma como a divisão é
feita, ou seja, como se coordena a divisão das actividades. Na cooperação, a tarefa é dividida
hierarquicamente em subtarefas independentes. Na colaboração, o processo cognitivo pode ser
dividido em camadas entrelaçadas. “A coordenação das actividades cooperativas é apenas
obrigatória na montagem dos resultados parciais, enquanto a colaboração é «uma actividade
coordenada e sincronizada, que é resultado de um esforço continuado para construir e manter,
uma concepção partilhada de um problema»” (idem).
Nos sistemas educativos, a colaboração pode ser feita entre alunos, professores, escolas e
empresas que partilhem ideias e informação, por forma a gerar conhecimento (Bouton and
Garth, 1983; Whipple, 1987).
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 23
A maioria das pessoas recorda uma experiência colectiva quando questionadas sobre uma
situação onde tenha ocorrido a aprendizagem. No entanto, a maioria das teorias e metodologias
pedagógicas referem-se a situações individuais de aprendizagem (Larocque, 1997).
É sabido que a aprendizagem ocorre somente a nível individual, mas quase todos os teóricos da
aprendizagem, entre eles Piaget e Vygotsky, enfatizam a importância das trocas sociais para
promoverem a aprendizagem. Estas actividades colectivas de aprendizagem são designadas por
aprendizagem em grupo (“group learning”), e são normalmente divididas em aprendizagem
cooperativa, quando o processo é imposto e existe uma certa ordenação nas tarefas, ou
colaborativa, quando os elementos possuem uma meta em comum e não existe uma hierarquia.
Harasim (Harasim, 1995) define AC como qualquer actividade na qual duas ou mais pessoas
trabalham juntas para criar significado, explorar um tópico ou melhorar habilidades.
iniciativa, mal entendidos, conflitos e descrédito, os benefícios potenciais não são sempre
alcançados;
− AC não significa necessariamente aprender em grupo, mas implica a possibilidade de
poder contar com outras pessoas para apoiar a sua aprendizagem e dar retorno, se e
quando necessário, no contexto de um ambiente não competitivo.
Para alguns autores, (Silverman, 1995; Harasim, 1997; Larocque, 1997; Klemm, 1997;
Otsuka,1997) distinguem-se como objectivos principais:
− promover o desenvolvimento cognitivo de um grupo de alunos através da interacção
colaborativa entre estes, durante a realização de uma tarefa de aprendizagem;
− estimular o desenvolvimento da expressão dos alunos, permitindo que estes expressem
melhor as suas ideias, justifiquem as suas opiniões, argumentem e debatam;
− desenvolver socialmente os alunos através da promoção da auto-estima e de
relacionamentos positivos com indivíduos que possuam diferente formações sociais e
culturais;
− estimular a resolução de problemas, o pensamento crítico e a análise, facilitando a
compreensão de conceitos abstractos;
− possibilitar a aprendizagem através de experimentações activas, de acções construtivas e
de discursos reflexivos em grupo;
− assumir o conceito de aprendizagem como uma actividade ao longo da vida e não a
aquisição de um conjunto fixo de conhecimentos. O aluno deve ser capaz de aprender
colaborativamente e aprender a aprender;
− melhorar a motivação do aluno através da contextualização do processo de aprendizagem
em tarefas do mundo real.
Para Kumar (Kumar, 1996), a AC permite que o processo de aprendizagem se torne mais rico e
motivador. A interacção entre os alunos cria um contexto social mais próximo da realidade,
aumentando a efectividade da aprendizagem.
A teoria sócio-construtivista baseia-se em estudos de Piaget. A sua tese principal sustenta que o
conhecimento é construído a partir do conflito cognitivo de pontos de vista. Segundo a teoria de
Piaget, o indivíduo em interacção com os outros, combinando a sua abordagem da realidade com
a realidade dos outros, reconhece melhor as novas abordagens (Valadares e Pereira, 1991). A
partir dessa perspectiva, as experiências ocorrem entre indivíduos de idades diferentes e com
conhecimentos anteriores semelhantes.
Segundo Rego (Rego, 1995), a teoria de Vygotsky sugere um redimensionamento do valor das
interacções sociais no contexto escolar, que passam a ser condição necessária para a produção de
conhecimentos pelos alunos, particularmente aqueles que permitem o diálogo, a cooperação, a
troca de informações, o confronto de pontos de vista divergentes e que implicam na divisão de
tarefas, onde cada um tem uma responsabilidade que, somadas, alcançam um objectivo comum.
Brown e Kumar (Brown, 1998; Kumar, 1996) descrevem que na abordagem da cognição
partilhada, o ambiente é parte integral da actividade cognitiva, e não meramente um cenário de
circunstâncias nas quais é desempenhado o processo cognitivo independente do contexto. A
colaboração é vista como um processo de construção e manutenção de conceitos de um
determinado problema, garantindo um ambiente de aprendizagem natural.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 27
Dillenbourg (Dillenbourg, 1999) aponta algumas razões pelas quais se conclui que a colaboração
é uma estratégia de aprendizagem que produz resultados positivos. Entre elas, as actividades
colaborativas envolvem acções onde o indivíduo precisa explicar o que pensa ao parceiro. Tal
actividade prevê resultados positivos para ambos os lados, tanto para quem recebe a explicação,
que entra em contacto com novos conhecimentos, como, sobretudo, para quem explica, pois tem
a oportunidade de verbalizar e elaborar o seu próprio conhecimento de modo a ser
compreendido pelo outro indivíduo.
As actividades colaborativas envolvem uma constante interacção entre indivíduos. Isso requer
esforço intelectual de ambas as partes para se fazerem compreender. O mesmo ocorre quando é
necessário negociar pontos de conflito ou estabelecer regras relacionadas à actividade que está a
ser debatida. A colaboração é positiva pois proporciona aos participantes a partilha da carga
cognitiva (Kumar, 1996). Outra razão é que a pessoa aprende a partir de situações de conflito,
conclusão que se baseia nas teorias sócio-construtivistas. Desta forma, estas teorias sustentam
que as pessoas aprendem a partir do conflito entre aquilo em que acreditam, com aquilo com que
se confrontam.
Para melhor compreender o processo de aprendizagem, na tabela 3.1 faz-se uma síntese das
principais linhas orientadoras no contexto das teorias de aprendizagem e suas implicações na AC,
segundo o modelo tradicional e o modelo construtivista.
Fosnot (Fosnot, 1996) valoriza a perspectiva construtivista a qual descreve o conhecimento como
temporário, não objectivo, construído internamente e mediatizado social e culturalmente e a
aprendizagem como um processo auto-regulador do conflito entre o conhecimento pessoal do
mundo e as novas perspectivas com que o indivíduo se vai deparando. A aprendizagem progride
devido à construção de novas representações e de modelos da realidade e à negociação do novo
saber com os outros, através do diálogo (idem). São rejeitadas noções como a utilização do
reforço, a repetição e a motivação externa, que são preocupações centrais para quem transmite o
saber. Neste sentido, o papel do professor sofre mudanças drásticas quanto aos seu
comportamento (Arends, 1995, p.5).
Segundo Bates, "o modelo de transmissão da informação do professor para o aluno não é
suficiente numa sociedade onde o conhecimento muda rapidamente, e as habilidades necessárias
no trabalho e nas nossas vidas sociais estão a tornar-se cada vez mais complexas" (Bates, 1995, p.
17). Bates sustenta que, actualmente, é necessário um modelo educacional que dê às pessoas a
habilidade "de se comunicar efectivamente, trabalhar em equipes, procurar e analisar novos
conhecimentos, participar activamente na sociedade e gerar, ao mesmo tempo que assimila,
conhecimento" (idem).
Os autores Tiffin e Rajasingham (Tiffin & Rajasingham, 1995) explicam que o modelo tradicional
não aproveita adequadamente as novas tecnologias de informação e comunicação. Segundo os
mesmos autores, este modelo reflecte a forma de comunicação "ponto-a-multiponto" dos média
da sociedade industrial (textos, televisão, rádio), onde a comunicação flui do emissor para
múltiplos receptores. Actualmente, os computadores e as redes permitem um modelo mais
interactivo, que segundo os mesmos autores leva a reflectir quanto à interface que cada modelo de
ensino gera e incorpora, de acordo com o modelo de comunicação.
Para Tiffin & Rajasingham (Tiffin & Rajasingham, 1995), o modelo tradicional é baseado no
ensino presencial, onde os alunos estão organizados numa sala de aula, isolados do mundo
externo por quatro paredes, que os distancia de qualquer interrupção que os possa distrair. O
professor é posicionado para servir como mediador principal, entre a informação do mundo e os
alunos. No modelo colaborativo, os alunos são divididos em pequenos grupos, aprendem entre si
e com o apoio do professor. Eles constróem o conhecimento pelo confronto de diferentes
pontos de vista e pela explicação das suas ideias individuais, baseadas no contexto da sua
realidade e das informações que recolhem ao seu redor.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 30
Harasim (Harasim, 1995) constata que, com a comunicação mediada por computador (CMC),
quase todas as actividades da aula podem ser planeadas como actividades colaborativas. Estes
espaços partilhados dão origem a lugares de experiências ricas e satisfatórias de AC. Isto porque
eles facilitam o trabalho com textos e ideias, e assim promovem o processo de construção de
conhecimento interactivamente e em grupos.
A evolução da informática, as redes de alto débito e o software com interfaces mais intuitivas e
usáveis, proporcionam condições para melhorar a aprendizagem segundo o modelo
construtivista-colaborativo em linha. Os ambientes colaborativos actuais podem ser apoiados por
interfaces 3D, agentes inteligentes e bases de dados distribuídas, permitindo a troca de ideias
representadas não só em formato de texto, como em formato multimédia e, em simultâneo,
proporcionam maior facilidade na armazenagem e recuperação da informação.
Com esta visão, McArthur, Lewis & Bishay (McArthur et al,1993), constatam que existem várias
técnicas alternativas de ensino-aprendizagem que demostraram ser igualmente ou ainda mais
valiosas, do que o modelo tradicional de ensino. Porém, antes da introdução de computadores e
redes, estas eram trabalhosas ou caras demais para incorporar no sistema educativo. Os autores
citam técnicas apoiadas em bases de dados e inteligência aplicada como sejam: a colaboração, o
raciocínio baseado em casos, a aprendizagem por reflexão, a visualização e a simulação, entre
outras. Para Gardner (Gardner, 1995), será mais proveitoso oferecer uma variedade de
abordagens e estratégias pedagógicas ao aluno, com múltiplas formas de representar as
informações (texto, imagens, vídeo, multimédia interactiva, etc.) e ferramentas de apoio às
mesmas, respeitando as várias inteligências e estilos de aprendizagem dos alunos.
Para que a inovação seja contínua é importante conhecer todos os tipos de conhecimento. Este
pode ser dividido em: conhecimento tácito, de base subjectivo, difícil de expressar verbalmente,
adquirido através de experiências ou imagens e reflexões; conhecimento explícito, de base
objectivo, expresso verbalmente ou em qualquer forma tangível como documentos, regras,
rotinas, dados ou outros; conhecimento cultural, constituído pelas crenças da organização acerca
da sua identidade e objectivos, suas capacidades e ambiente (Nonaka e Takeuchi, 1995).
explícito
Externalização Combinação
tácito explícito
Socialização
Internalização
tácito
Figura 3.1 – Processo de conversão do conhecimento numa organização (Nonaka e Takeuchi, 1995)
Este tipo de ferramentas devem ser desenhadas com o objectivo de diminuir a distância
comunicativa e promover um contexto comum para armazenamento, acesso e partilha do
conhecimento.
A aplicação desta teoria e deste tipo de ferramentas à educação torna-se evidente: o ensino
secundário deve rentabilizar o conhecimento gerado pelos professores e alunos; os professores
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 33
devem aproveitar, ao máximo, o conhecimento dos alunos; as TIC devem apoiar este processo de
modo eficaz e rápido.
Ao mesmo tempo que produz bens e serviços, o trabalho produz conhecimento. Os bens e
serviços são trocados pelos recursos necessários à continuidade do trabalho, enquanto o
conhecimento é utilizado para aumentar a eficácia e eficiência do próprio trabalho. Desta forma,
o conhecimento é o principal factor de inovação disponível ao ser humano (Castro, 1995).
Recursos
são aplicados no
Trabalho
são trocados por
A qualidade total actua sobre a construção desse conhecimento de modo a coordenar os esforços
de todos os elementos da organização, orientando-os na consecução de objectivos e no estímulo
para a aprendizagem por parte de todos.
Drugg e Ortiz (Drugg e Ortiz , 1994) constatam que a escola deve ser encarada como uma
empresa, procurando a qualidade total e a satisfação dos clientes. Segundo a perspectiva dos
autores, os últimos clientes da educação são a comunidade e a sociedade, à medida que os alunos
sejam absorvidos como cidadãos e profissionais na sociedade. "O sucesso da escola é o sucesso
do aluno e, portanto, é necessário que o ensino seja adequado às expectativas, aos interesses e às
necessidades dos clientes (....) a procura da qualidade total é procurar a melhoria contínua dos
processos pedagógicos, técnicos e administrativos da escola, é o compromisso de todos com a
educação, é a busca permanente da excelência" (idem, p. 50).
De acordo com Gianesi e Corrêa (Gianesi e Corrêa , 1996), o conceito de qualidade total
fundamenta-se em algumas considerações importantes na gestão de uma organização:
− todos na organização podem contribuir para a qualidade final;
− todo o esforço direccionado para a melhoria da qualidade repercute-se na
competitividade;
− há sempre uma forma diferente de fazer as coisas;
− a qualidade deve ser construída ao longo do processo e não verificada no final.
Uma das características fundamentais da qualidade total, que contribui para o sucesso das
organizações, é envolver todos os elementos da organização no processo de inovação e produção
de conhecimento segundo um ambiente colaborativo (Castro, 1995).
Malhotra (Malhotra, 1996), citando Peter Senge, define aprendizagem organizacional como um
processo onde um grupo de pessoas que aumenta continuamente a sua capacidade de criar
conhecimento ao longo da vida e, em consequência, a organização melhora continuamente ao
longo da sua vida.
Niederman, Visser e Prokesch (Niederman, 1991; Visser , 1997; Prokesch, 1997) explicam que o
desafio de melhorar a qualidade das instituições educacionais explicitamente requer que elas
mudem, tanto mais que toda a mudança é, ela própria, um processo de aprendizagem. A teoria da
aprendizagem organizacional implica que as organizações, assim como os indivíduos, sejam
obrigados a adaptarem-se e aprenderem continuamente.
Em função dos autores apontados, pode-se deduzir-se que aprender é uma actividade social e que
as organizações existem devido à colaboração. Através do trabalho em grupo as pessoas
conseguem realizar mais do que se o fizessem individualmente. Assim, uma organização de
aprendizagem constrói relacionamentos colaborativos, a fim de se fortalecer pelos diversos
conhecimentos, experiências, capacidades e habilidades, possuídos pelos seus membros.
Tecnologias de
aprendizagem em grupo
+
+ -
Aprendizagem
Desempenho Desempenho Colaborativa
Individual Organizacional
+ +
Figura 3.3 - Relação entre o desempenho individual e organizacional, a aprendizagem colaborativa e as tecnologias de
aprendizagem em grupo (Cooper et al, 1998).
De acordo com Cooper et al. (Cooper et al, 1998), a integração da abordagem colaborativa e das
tecnologias de aprendizagem em grupos servem como uma solução tanto para os indivíduos,
quanto para as instituições competirem e lidarem efectivamente diante das dinâmicas e exigências
do mercado globalizado.
Torna-se agora conveniente, ainda que de uma forma sucinta, apresentar as ferramentas
colaborativas Internet e os seus benefícios, assim como algumas experiências práticas que as
integram na abordagem colaborativa, seguida de alguns ambientes Internet que promovem a
colaboração.
Por sua vez, os sistemas informáticos de suporte à CMC e de apoio à aprendizagem colaborativa,
vulgarmente conhecidos por groupware, são típica e tradicionalmente classificados por categorias
segundo uma matriz de tempo/localização dos utilizadores: síncronos, assíncronos, presenciais e
remotos.
O groupware consiste num tipo de software que permite melhorar a comunicação dentro das
organizações, no que diz respeito principalmente à troca de mensagens, troca de documentos,
organização de grupos de trabalho e acompanhamento de projectos (Hills, 1997; Dewan, 2000;
Gouveia, 2002). Portanto, o groupware apoia a comunicação, colaboração e coordenação das
actividades do grupo. Por outro lado, este tipo de software pode representar uma estratégia para
que as organizações possam atingir os objectivos de flexibilidade, agilidade e de diferença face aos
seus concorrentes. Assim, a utilização de ferramentas groupware nas organizações pode melhorar o
seu desempenho, para atingir os desafios, apresentados no capítulo 2, da actual sociedade da
informação.
10 Através da utilização de ferramentas e sistemas disponíveis no mercado como, por exemplo, o Microsoft
Netmeeting (http://www.microsoft.com/windows/netmeeting), o Real Networks (http://www.real.com) ou o
Microsoft Windows Media (http://www.microsoft.com/windows/windowsmedia).
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 38
O correio electrónico (e-mail) é uma ferramenta de grande utilidade e eficiência, pois permite aos
alunos e professores corresponderem-se entre si de forma assíncrona, colmatando
indisponibilidade de horário e, em complemento, possibilitando a associação de ficheiros de
texto, gráficos ou outros11.
“Com o correio electrónico, dirigimo-nos a um interlocutor virtualmente real ...” (Arnold, 1998).
Estas mensagens podem ser trocadas pessoalmente ou em grupo, através de grupos de discussão
(fora12).
Uma grande vantagem dos fora é a possibilidade de ler as mensagens dos intervenientes, ver a
resposta do professor, voltar a ler se necessário, ver o histórico de cada uma delas, de forma a
saber quem a leu ou quem respondeu à mesma. Desta forma, os fora são uma boa forma de
disseminação de conhecimento em ambientes colaborativos, proporcionando de alguma forma,
uma GC entre todos os intervenientes.
Enquanto a maioria das conferências por computador é feita de forma assíncrona, existem alguns
sistemas que suportam comunicações em tempo real de modo síncrono.
O IRC (Internet Relay Chat) possibilita uma interacção com respostas rápidas ou, por vezes,
imediatas entre alunos e o professor, em ambientes colaborativos ou em canais temáticos
devidamente organizados.
O Quadro Branco é um serviço integrado que possibilita uma interacção síncrona em ambientes
colaborativos, com a partilha de informação gráfica, trabalho cooperativo, utilização de
ferramentas de desenho ou de texto e gravação de sessões remotas.
Outro serviço que possibilita comunicações interactivas e síncronas consiste na difusão de áudio
ou vídeo em tempo real, e a videoconferência. Nestes casos, a comunicação poderá ser
estabelecida entre dois ou mais pontos, o que possibilita a comunicação áudio e vídeo entre
alunos e professores. A sua reduzida expansão está relacionada com a ainda fraca velocidade de
11 Existe uma grande variedade de sistemas de email: MS Exchange, Pegasus, FirstClass, Eudora, Netscape
Messenger, Groupwise, Sapo, Megamail, Google, Yahoo ou Hotmail.
12 Também conhecidos por BBS – Bulletins Board System.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 39
transmissão (largura de banda) de acesso à Internet, que não suporta comunicações interactivas
de vídeo com elevada qualidade de serviço.
Estas ferramentas de comunicação, ao dispor dos alunos, são um importante elemento para a
constituição de um ambiente colaborativo de aprendizagem, já que envolvem os alunos numa
mesma comunidade de partilha. Dias (Dias, 2000) refere aliás, a este propósito, que : “... os
processos participatórios e de imersão nas representações do conhecimento são a expressão do
modelo de AC na Web. A partilha dos meios de comunicação mediada por computador, como o
correio electrónico, a conferência áudio e vídeo, o grupo de discussão, o fórum e o quadro virtual,
promove o envolvimento dos membros da comunidade nos processos de negociação das
representações, do reajustamento continuado dos modelos mentais, da compreensão da
complexidade do conhecimento e ainda do desenvolvimento do pensamento crítico através da
experiência partilhada, enquanto meios de comunicação em rede que se transformam e são
utilizados como prolongamento das capacidades cognitivas do aluno”.
Uma qualidade frequentemente reconhecida à Internet, que contribui para a progressão da AC, é
a possibilidade de se comunicar sem limite de distância e tempo.
A colaboração é uma característica desejável num ambiente em linha. Wolz (Wolz et al, 1997)
refere que é através da troca de dúvidas, perguntas, e comentários que o processo de
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 40
Santos(Santos, 1995), refere que a Internet é um dos media que possui uma qualidade
revolucionário para a comunicação: a interactividade13 em grande escala. Até recentemente os
medias só permitiam a comunicação "ponto-a-ponto" (exemplo: telefone) e "ponto-a-
multiponto" (exemplo: rádio, televisão). Porém, a Internet é caracterizada como sendo um meio
de comunicação "multiponto-a-multiponto" (exemplo: email, sites WWW).
O trabalho de Resnick, desenvolvido no ensino secundário, indica que a integração das TIC nos
curriculos alternativos, poderá resultar num aumento do nível de conhecimento dos alunos
jovens, possibilitando a expansão do conhecimento na sociedade da informação.
13 Vários autores discutem a existência ou não de diferenças semânticas e técnicas entre os termos interactividade e
interacção. Sem negar as razões plausíveis que os autores podem ter para fazer essa discussão, neste trabalho utiliza-
se os termos sem distinção.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 41
Uma das estratégias mais simples que integra a Internet na abordagem colaborativa é o
desenvolvimento de actividades colaborativas em sala de aula. Um exemplo típico: o professor,
solicita ao(s) aluno(s) a escolha de um assunto predefinido e interessante, assim como um
conjunto de fontes de informação necessárias à consecução da actividade. Depois, de obtida a
informação e realizado o seu tratamento, os resultados são socializados, discutidos, partilhados na
sala de aula e colocados no site da disciplina. O facto do aluno ver a publicação dos seus trabalhos
na Internet exerce uma forte motivação no desenvolvimento de trabalhos futuros. A divulgação e
colaboração com outros colegas de outras escolas promove as interacções sociais neste ambiente
de aprendizagem. O professor Bernard Dogdge da Universidade de San Diego (Dogdge, 1995)
chamou a estas actividades de Webquests.
Outras actividades colaborativas, que decorreram nas escolas secundárias portuguesas, das quais
se resumem aquelas que julgamos mais importantes :
- “Ciber-correspondência: para fazer amigos noutras escolas”, recorrendo ao email,
possibilita aos alunos a troca de ideias, experiências quer em contexto escolar quer de
cultura geral;
- “NetMóvel” tem o objectivo de sensibilizar e esclarecer professores, alunos e
encarregados de educação à cerca do uso educativo da Internet. As sessões do
“NetMóvel” incluem comunicação (os alunos utilizam o IRC para comunicarem com
alunos de outras escolas; elaboração de trabalhos colectivos, etc.), pesquisa (procura de
material pedagógico na Web) e publicação (no final das sessões são colocados na parede
os trabalhos realizados pelos alunos, é emitido um certificado de participação e tirada
uma fotografia de grupo para, posteriormente, ser colocada no sítio Web da escola);
- “Atelier uArte”15 é uma iniciativa do Programa Internet na Escola, tem por objectivo
proporcionar às escolas, nomeadamente alunos e professores, uma área de publicação
dos seus projectos na Web;
- “O Clube dos Inventores” é uma actividade no âmbito do Programa Internet na Escola
com a colaboração do escritor Medina Ribeiro. Pretende-se com esta actividade
proporcionar aos alunos do ensino básico e secundário uma aproximação ao mundo da
escrita, ao mesmo tempo que desenvolvem competências na área das TIC. A
colaboração entre alunos e escritor é realizada presencialmente ou recorrendo a
ferramentas Internet colaborativas. Os melhores trabalhos serão publicados na Web
para motivar os alunos.
Para apoiar este processo, são usados portais que remetem para documentos colocados na Web,
peritos num determinado assunto e base de dados pesquisáveis na própria Internet. Impede-se,
desta forma, que o aluno vagueie pela Internet, que lhe dificultaria desnecessariamente a
finalização da tarefa num intervalo de tempo razoável.
As páginas criadas pelos alunos poderão fazer uso de formulários CGI e HTML para permitir a
entrada de dados no ambiente. Este tipo de interacção facilita a colaboração porque os alunos
podem ver facilmente o trabalho dos outros e fazer comentários sobre estes ao longo do seu
desenvolvimento.
Desde então, não pararam de evoluir sistemas Web de ensino-aprendizagem constituídos por
combinações de ferramentas e aplicações Internet, tais como as listadas na secção 3.4.1, e
ferramentas de estatísticas para avaliação, testes em linha de escolha múltipla, contadores de
acessos, etc.
Estes sistemas facilitam a implementação de “turmas virtuais” (Porter, 1997), com a possibilidade
de acesso remoto e distribuído a um conjunto de facilidades como a colocação ou resolução de
exercícios, de questões sobre a matéria, de trabalhos intermédios, de estudos de casos, de
identificação de referências ou pesquisas, de actualizações de conteúdos ou de um ambiente
colaborativo diferido ou em linha para alunos.
Existem disponíveis no mercado vários ambientes colaborativos que podem ser usados em
contexto de ensino presencial utilizando tecnologia e ferramentas Web. Os ambientes
apresentados na tabela 3.2, são iniciativas nacionais e internacionais que demonstram sucesso em
programas de e-Learning.
Após consulta dos sítios Web associados a cada ambiente educacional apresentamos, a seguir,
uma breve síntese de cada um, dos quais alguns são aplicados ao ensino secundário.
O ambiente WebCT (Web Course Tools), desenvolvido pelo grupo Murraw W. Goldberg, da
University of British Columbia fornece um conjunto de ferramentas que facilita a criação de cursos
educacionais baseados em ambientes Web (Goldberg et al, 1996). Não requer na prática, qualquer
conhecimento técnico por parte do professor ou do aluno. A interactividade, a estrutura de
navegação e as ferramentas educativas são fornecidas pelo ambiente, podendo ser incorporadas
outras. Além de ferramentas educacionais que auxiliam a aprendizagem, a comunicação e a
colaboração, o WebCT também fornece um conjunto de ferramentas administrativas que auxilia o
autor no processo de gestão e melhoria contínua do curso. Este ambiente foi inicialmente
desenvolvido para simplificar a criação de cursos internos na University of British Columbia. É um
produto bastante divulgado, por ter sido desenvolvido e adoptado em colaboração com outras
universidades Norte Americanas, surgindo normalmente como referência.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 45
O Web Course in a Box (WCB) foi desenvolvido para a criação e manutenção de cursos. Este
ambiente permite a criação de páginas Web para vários serviços tais como o menu do curso, a
agenda e homepages pessoais, além de funções interactivas como os fora de discussão e a realização
de exercícios de correcção automática. A autoria e o consumo do curso são ambos feitos através
de um qualquer programa de navegação e não requerem quaisquer conhecimentos técnicos.
O ambiente Blackboard, desenvolvido pela Blackboard Inc, fornece uma plataforma que permite
realizar a gestão de cursos educacionais baseados em ambientes Web. Não requer na prática,
qualquer conhecimento técnico por parte do professor ou do aluno. Trata-se de um ambiente
utilizado em escolas do ensino secundário, como por exemplo, “eHigh School”
(http://www.cobb.k12.ga.us). Além das ferramentas educacionais que auxiliam a aprendizagem, a
comunicação e a colaboração, o Blackboard fornece um conjunto de ferramentas que auxiliam a
gestão de cursos.
Tabela 3.3 – Endereços Web de instituições ligadas ao ensino secundário que utilizam eLearning
A comparação deste tipo de ambientes é útil para obteremos uma visão global do uso de
ferramentas Internet no processo ensino-aprendizagem. Fica evidente que a maioria destes
ambientes visa facilitar as necessidades de professores e alunos, efectivando desta forma, a
aprendizagem individual ou em grupo, mas não aproveita o potencial de colaboração entre
professores, nem entre turmas. Assim, a possibilidade de enriquecer a instituição por gerir o
conhecimento colectivo e a aprendizagem organizacional é prejudicada.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 47
Tabela 3.4 - Comparação de serviços e ambientes de ensino baseados na Web (Adaptado de Lima, 1999)
Ambiente
Learning
→ AulaNet Virtual - U WebCT WCB Blackboard ClassNet EFTWeb
Space
Serviços ↓
- Grupo de - Correio - Correio - Correio - Contacto - Grupo de - Correio - Correio
interesse electrónico electrónico electrónico com o interesse electrónico electrónico
- Grupo de - Grupo de - Grupo de - Grupo de professor - Grupo de - Net forum - Grupo de
Comunicação
Sim
Sim Não Não Não Não Não (com uso de De momento
Java Classnet) não, mas
possível
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 48
Novos ambientes Web deverão ser construídos com ferramentas que facilitam a troca de
conhecimento, tanto a nível institucional quanto entre instituições. Conforme veremos na
próxima secção, existem exemplos de ferramentas e conjuntos de ferramentas colaborativas na
Internet, mais voltados ao modelo de colaboração "estendido" às grandes empresas e
organizações.
Um factor que diferencia as aplicações Internet utilizadas nas escolas e nas organizações é que,
nestas últimas enfatiza-se a integração da informação entre os departamentos, e os vários grupos
da organização.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 49
Machado (Machado, 1999) define intranet como “uma rede privada de computadores, utilizando
a tecnologia e serviços da Internet, com vista à comunicação e ao aumento da produtividade
interna, através da partilha de recursos informativos coerentes, mas podendo ser acessível, total
ou parcialmente, pelo resto da Internet”. Ampliando a definição, podemos dizer que uma
intranet é um sistema que permite a uma organização apresentar-se como uma entidade
completa, um grupo, uma família, no qual todos têm conhecimento dos papéis individuais, e
onde todos trabalham para a melhoria contínua e a “saúde” da organização.
Sendo a intranet uma rede privada e local, a informação circula geralmente com maior velocidade
pois possui maior largura de banda. Maior largura de banda proporciona o uso de serviços
Internet que, actualmente, nem sempre são viáveis de serem utilizadas, como por exemplo, o real
áudio e vídeo.
Por vezes, certas instituições necessitam de disponibilizar informação a outras instituições. É, por
exemplo, o caso de escolas que têm relações estreitas com um número limitado de outras escolas,
ou o caso de instituições que colaboram frequentemente na realização de projectos.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 50
Nesses casos, os volumes de informação a trocar podem ser consideráveis. Pode, assim, ser
conveniente a interligação das diversas intranets das instituições envolvidas, constituindo-se o que
se chama de extranet.
Como é natural, os mecanismos de segurança são, também nesses casos, essenciais. Nem toda a
informação disponível numa intranet será acessível a partir de outras intranets. De facto, só a
informação comum aos diversos parceiros será livremente acedida por estes.
Há, assim, em cada intranet, uma parte privada, só acessível à própria instituição, e uma parte
pública, acessível aos membros da extranet. A interligação das diversas intranets poderá ser feita
com recurso a redes privadas ou com recurso à própria Internet. Neste último caso, deverão ser
utilizados mecanismos que garantam a confidencialidade e integridade da informação que
atravessa esta rede. A figura 3.4 ilustra os conceitos de intranet e extranet.
Corta-fogo(Firewall)
ServidorWWW Extranet
Base
Dados
Internet
Base
Dados
Intranet
Posto de trabalho
A revisão das fontes de informação realçam uma série de benefícios, e vários documentos e
estudos demonstram vantagens para as organizações (Barberá, 1996; May, 1996; Morrell, 1997;
Bater, 1997; Black, 1997; Helm, 1997; Hills, 1997; Fox, 1998; Intrack, 1998; Nanfito, 1998; Pal,
1998; Microsoft, 2001; Lerner, 2002). No entanto, vários autores focam os seguintes benefícios :
ganhos financeiros; aumento da eficiência dos sistemas de informação; implantação com
reduzidos recursos tecnológicos; facilidade de utilização.
Para além destes quatro benefícios, Greer (Greer, 1998) classifica os benefícios das intranets em
função de múltiplos pontos de vista que se podem resumir da seguinte forma:
Vale a pena reforçar a facilidade de uso, o alcance mundial e o custo relativamente baixo das
intranets, baseadas na simplicidade dos navegadores e protocolos Internet, o que está a causar
pressão nos grandes fornecedores de softwares empresariais. Um exemplo disso é o Lotus Notes,
provavelmente o software comercial de partilha e gestão de informação mais utilizado (Ehrlich e
Cash, 1999). Foi construído com o objectivo de apoiar grupos de trabalho num ambiente de
negócios e utilizado, para consolidar a comunicação electrónica e partilhar dados e documentos
através de divisões dispersas. A versão inicial não era dedicada à Internet, mas recentemente, foi
lançada uma nova versão para a Web.
Resumindo, na secção 3.4. foi visto que existem variados objectivos, formatos e iniciativas que
aproveitam a Internet para facilitar a colaboração, comunicação e construção de conhecimento.
Com estes exemplos, percebe-se a diferença entre uma ferramenta colaborativa e um sistema
colaborativo, que é um grupo de ferramentas. Assim, um sistema colaborativo baseado na
Internet não é apenas uma disciplina onde o professor incorpora estratégias colaborativas e as
apresenta numa página Web, mas um sistema mais próximo dos conceitos da universidade virtual
e rede colaborativa. Não é apenas uma escola com computadores e um gateway para a Internet,
mas um novo modelo educativo, com estratégias pedagógicas que aproveitam as qualidades
inéditas das novas tecnologias de comunicação, com o objectivo de capacitar os alunos e
instituições educacionais para a sociedade de informação.
Este ambiente é baseado na Internet pelas qualidades de apoio à colaboração, mas não exclui a
importância dos outros media. Segundo Moran, "A chave do sucesso está em integrar a Internet
com outras tecnologias: vídeo, televisão, jornal, computador. No mesmo sentido, o uso da
estratégia colaborativista também não exclui outras estratégias pedagógicas construtivistas que
ajudam o aluno a cumprir o perfil do trabalhador exigido na sociedade de informação,
significando integrar as mais avançadas tecnologias com as técnicas já conhecidas, dentro de uma
visão pedagógica nova, criativa, aberta" (Moran, 1997).
Podem equacionar-se os vários problemas que podem acontecer durante a implantação de novas
tecnologias e novos modelos pedagógicos na educação. Começando com a implementação na
sala de aula, seguindo para o exame dos problemas ao nível organizacional, e finalmente a
apresentação de estratégias de implementação de acordo com diversos autores e algumas
considerações a ter em conta durante a implementação de sistemas.
Embora existam ferramentas, iniciativas e fontes de informação, nem sempre é fácil ao professor
incorporar ferramentas colaborativas na sala de aula. Existem complexidades. Os problemas são
de vária ordem, desde a escassez de equipamentos informáticos, incompatibilidades de alguns
sistemas até à instalação de ferramentas no servidor da instituição.
A aquisição de serviços a empresas especializadas poderia ser uma opção, mas os custos
associadas tornam impraticável este tipo de serviço. Além de existirem dezenas de ferramentas
colaborativas para escolher, o professor precisa compreender o seu funcionamento para as usar
na sala de aula, de um modo presencial ou a distância. Isto representa uma barreira para muitos
professores que não têm tempo nem saber suficiente, para criar uma página pessoal ou sítio Web
da sua disciplina e, às vezes, têm dificuldades em implementar estratégias colaborativas.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 55
Vários professores revelam que têm falta de apoio nos momentos da construção de materiais
didácticos para a Internet. Este problema, muito comum nas escolas, conduz à reformulação de
projectos travando o sentido da melhoria contínua.
Quase todos os sistemas de universidades virtuais têm ferramentas que são reproduções do
modelo tradicional, e assim correm o risco de "dar um verniz de modernidade, sem mexer no
essencial" (Moran, 1997).
Este perigo nem sempre é tido em conta no processo de avaliação dos sistemas, pois factores
relacionados com o sucesso do aluno em reproduzir o conteúdo indicado pelo professor, ou em
termos de usabilidade do sistema, têm peso superior na avaliação. Como tal, sistemas que têm
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 56
por objectivo melhorar o modelo tradicional devem ser avaliados segundo novos termos, de
acordo com seus objectivos (Harasim, 1995).
No entanto, as metas de algumas instituições podem também ser outras, como o prestígio, a
modernidade, capacidade de acomodar mais alunos, etc. A integração de um sistema deste tipo
no ensino secundário requer uma reflexão cuidada em termos de objectivos relacionados com o
processo de ensino-aprendizagem e a melhoria contínua dos serviços prestados pela escola.
Muitas vezes, a inserção da informática na educação está associada a uma preocupação excessiva
com a aquisição de equipamentos e software educativo, em vez de uma preocupação com uma
mudança no sistema educacional.
A escola de hoje exige uma nova maneira de pensar sobre a educação. Trata-se de um sistema
complexo, aberto e flexível, que inter-relaciona conceitos, ideias e teorias segundo uma rede
aberta a novas ligações. No relacionamento destas ligações, o conhecimento encontra-se em
movimento contínuo de construção, de reconstrução. A colaboração no entendimento destas
relações permite a construção de novos sistemas.
Projectar e criar uma nova ferramenta educativa não significa que seja adoptada. Segundo
Hopper, a implementação da tecnologia instrucional, deve ter em conta os ensinamentos dos
pioneiros da área. Num estudo de vários casos que falharam, ela indica “As razões para o
insucesso incluíram o subestimar da dimensão da tarefa (frequentemente por uma quantidade
superior), o usar um modelo pedagógico inadequado, dificuldades com o sistema, dificuldades em
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 57
Surry explica que vários investigadores confrontados com a falta de usabilidade dos novos
produtos e práticas instrucionais, consultam as teorias de difusão para encontrarem soluções. O
estudo da difusão trata questões de como melhorar a adopção de produtos e práticas inovadoras,
muitas vezes relacionadas com aspectos psicológicos da adopção de novas tecnologias (Surry,
1997).
Rogers (Rogers , 1995) foca quatro factores que influenciam a difusão de uma inovação: a
inovação em si; a forma como a informação sobre a inovação é comunicada; o sistema social no
qual a inovação está a ser introduzida; e, tempo. O factor tempo está relacionado com a taxa de
adopção de uma inovação. Estudos realizados por Rogers revelam que as inovações passam por
um período de crescimento gradual, antes de passar por um período de crescimento
relativamente rápido. Depois desse período, a taxa da adopção estabiliza e eventualmente declina.
Este processo pode ser representado pela típica curva "S":
ou Quantidade
de utilizadores
Percentagem
Tempo
Figura 3.6 - Curva "S" representando a adopção de uma inovação ao longo do tempo
Além dos quatro factores mencionados, Rogers aponta um aspecto psicológico que não pode ser
ignorado no processo de difusão: a capacidade do indivíduo em ser inovador. Quando estiver a
ser implementada qualquer inovação, deve-se levar em conta que algumas pessoas têm
predisposição em adoptar uma nova tecnologia, outras não. Em geral, a distribuição desta
capacidade numa população toma a forma de uma curva em forma de sino, ilustrada na seguinte
figura:
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 58
Figura 3.7 - Curva da capacidade do indivíduo em ser inovador (adaptado do Rogers, 1995)
Analisando todos os factores em jogo, a difusão do modelo colaborativo apoiado em redes tem-
se mostrado efectivo desde os anos 80. De acordo com Turoff (Turoff, 1995), vários estudos
sobre o uso de ambientes colaborativos mediados por computador e redes demonstram que, para
os aprendizes maduros e motivados, o modo colaborativo de aprender em linha pode ser mais
interactivo e efectivo que os métodos tradicionais de ensino (citando Welsch, 1982; Quinn et al,
1983; Davie and Palmer, 1984; Harasim, 1990; Hiltz, 1988, 1990, 1992, 1993, 1995, Santos, 2000).
A teoria da difusão por si só não resolve todos os problemas. A conjugação desta teoria com a
teoria da usabilidade poderá dar origem à construção de sistemas mais eficientes, eficazes e
pedagógicos. Uma pequena síntese sobre usabilidade de sistemas será apresentada na secção
seguinte, tendo por objectivo apresentar algumas pistas para a construção do novo sistema.
Segundo Moran, "Ensinar na e com a Internet atingem-se resultados significativos quando se está
integrado num contexto estrutural de mudança do processo de ensino-aprendizagem, no qual
professores e alunos vivenciam formas de comunicação abertas, de participação interpessoal e em
grupo" (Moran, 1997).
Segundo Harasim (Harasim, 1995) as redes de aprendizagem são implementadas com sucesso
quando existem elos entre as actividades curriculares e modelos de gestão de sala de aula. Ela
afirma que há vontade política, e compromisso administrativo em integrar estes ambientes de
aprendizagem.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 59
McArthur et al. (McArthur et al, 1993) acreditam que uma coordenação melhor entre os
diferentes grupos de pesquisadores e educadores, envolvidos no desenvolvimento, avaliação e
design das tecnologias instrucionais é a chave no processo de implementação. Importante é a
coerência entre novo currículo, novos métodos e instrumentos para avaliação, novas práticas de
ensino e formação de professores.
Outras ideias e intuições, sobre a dificuldade de implantar novos sistemas colaborativos vêm da
área da gestão empresarial, enfatizando a evolução e não a revolução no processo de
reestruturação organizacional. Cox explica que a tendência em utilizar planos centrados, como na
época da industrialização, ainda permanece. "Os engenheiros, cientistas, políticos, gerentes e
teóricos educacionais ainda dizem que podemos, devemos e logo precisamos projectar sistemas
humanos inimaginavelmente complexos, como se eles fossem motores a vapor ou carros,
manipulando-os externamente como se o designer não fosse um componente integral na noção
de design " (Cox, 1997, p. 2). Na realidade, segundo Cox, o que governa os sistemas complexos
raramente é a noção do design como é entendido por industriais. Estes sistemas evoluem, da
mesma forma que a interacção entre o sistema e seu ambiente, que um organismo e sua ecologia
(idem).
Para Peter Senge : "A primeira explicação para que a maioria dos esforços de mudança não dê
muito certo é a seguinte: as organizações não são máquinas. Na realidade são organismos vivos.
Insistimos em recorrer a mecânicos, quando, na realidade, precisamos é de jardineiros. Insistimos
em tentar impor mudanças, quando o que precisamos é cultivar mudanças. Essa mentalidade
mecânica pode complicar a vida de quem busca mudanças humanas por meio de aprendizagem
organizacional ou com fusões e reorganizações." (Entrevistado por Weber, 1999)
Dentro da organização educacional pode-se entender que em vez de abordar a sua mudança de
forma top down, exigindo mudança radical tem que ser dado maior ênfase a cultivar uma cultura de
trabalho e investigação colaborativa, oferecer ferramentas e possibilidades ao próprio utilizador
para alimentar e criar o sistema, de forma gradual, com objectivos bem direccionados.
A usabilidade está directamente relacionada com a interface, que constitui uma das principais
componentes de estudo da Interacção Homem-Computador16 (Nielsen, 1990; Grudin, 1992; Dix
et al, 1993; Hix e Hartson, 1993; Nielsen, 1993; Preece et al, 1994; Baecker et al, 1995; Martins,
1995; Smith e Mayes, 1996; Shneiderman17, 1996; Hackos e Redish, 1998; Carvalho, 2001). Para
Hix e Hartson (Hix e Hartson, 1993), e está relacionada com a eficácia e a eficiência e com a
reacção do utilizador à interface.
Dix (Dix et al, 1993) consideram três categorias gerais para analisar a usabilidade : facilidade de
aprendizagem, a facilidade com que o novo utilizador consegue começar uma interacção eficaz e
atingir o desempenho máximo; flexibilidade, a multiplicidade de modos através dos quais o
utilizador e o sistema trocam informação; e robustez, o nível de suporte proporcionado ao
utilizador para determinar sucesso nas tarefas e nos objectivos. Nielsen (Nielsen, 1993) enumera
cinco parâmetros para medir a usabilidade: fácil de aprender, o utilizador rapidamente consegue
interagir com o sistema, aprendendo as opções de navegação e a funcionalidade dos botões;
eficiência para usar, depois de ter aprendido como funciona, consegue localizar a informação que
precisa; fácil de lembrar, mesmo para um utilizador que usa o sistema ocasionalmente, não tem
necessidade de voltar a aprender como funciona, conseguindo lembrar-se; pouco sujeita a
enganos, os utilizadores não se devem enganar frequentemente, ou se se enganarem devem
16 A Interacção Homem-Computador tem, segundo Martins (Martins, 1995), três entidades envolvidas,
funções específicas; rapidez na execução da tarefa; identificação de erros; satisfação do utilizador e retenção dos
comandos.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 61
A aceitação de um sistema informático, segundo Nielsen (Nielsen, 1995), depende, entre outros
elementos, da sua aceitação social18, para a qual contribuem factores culturais. Estes factores
manifestam-se sobretudo através da incompreensão dos ícones, propondo Nielsen (Nielsen,
1995) a expressão “usabilidade internacional”. Assim, a colaboração poderá contribuir para a
aceitação do sistema que, por sua vez, trás reflexos culturais na sociedade actual.
3.6 Conclusão
A literatura organizacional veio reforçar a literatura educativa, trazendo para o meio educativo o
interesse pelos processos e métodos organizacionais, enquanto promotores de uma aprendizagem
mais eficaz. Desta forma, na aprendizagem organizacional, o desempenho valioso da integração
18Nielsen (Nielsen, 1995) considera que para a aceitação de um sistema contribuem a aceitação social, os custos, a
compatibilidade com outros sistemas, a fiabilidade, a funcionalidade e a utilidade.
Capítulo 3: Integração da abordagem colaborativa em ambientes Internet 62
das ferramentas Internet e da abordagem colaborativa foi encontrado num modelo de Intranet.
Uma Intranet pode facilitar a GC, aproveitar o potencial inovador e possibilitar à instituição
organizadora posicionar-se como referencial de conhecimento ("knowledge broker").
Capítulo 4
4 Modelo GCV
4.1 Introdução
É geralmente aceite que os novos desafios da educação se centrarão nas TIC e nas teorias de
aprendizagem, as quais constituirão as bases de concepção da escola de amanhã e da educação
para a Sociedade do Conhecimento.
Após análise dos meios e técnicas para adquirir, produzir e gerir conhecimento numa escola
secundária, este capítulo propõe a criação do modelo GCV, baseado numa intranet, que visa
melhorar a GC, proporcionando o aumento da produtividade com qualidade.
Entende-se por método de investigação uma estratégia de pesquisa que vai desde as
considerações filosóficas subjacentes até ao desenho da investigação e recolha de dados (Myers,
1997).
Um estudo de caso examina um fenómeno no seu ambiente natural, empregando vários métodos
de recolha de dados de uma ou mais entidades. Os métodos de recolha de dados que podem ser
usados incluem documentos, registos de arquivo, entrevistas, observação directa e artefactos
físicos (Bell, 1993)
A análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats) constitui um instrumento que
permite estudar a competitividade de uma organização, de um produto ou de uma solução
tecnológica, segundo quatro variáveis: forças (strengths), fraquezas (weaknesses), oportunidades
(opportunities) e ameaças (threats) (Hendriks e Vriens, 1998). Apresentamos, seguidamente, uma
lista que sintetiza a análise SWOT aplicada à intranet, e que fundamenta a selecção deste sistema.
Forças
− Reduzido investimento inicial em tecnologia.
− Facilidade de utilização.
− Facilidade de actualização dos conteúdos.
− Facilidade de manutenção.
− Facilidade de implementação, com reduzidos recursos tecnológicos.
− Segurança da informação.
− Ganhos financeiros.
− Aumento da eficiência dos sistemas de informação.
− Maior rapidez de comunicação.
− Melhoria da colaboração entre professores, alunos e funcionários.
− Aumento de produtividade.
− Inovação.
− Redução dos custos de impressão e tempo de distribuição.
Capítulo 4: Modelo GCV 66
Fraquezas
− Elevados custos de manutenção associados à criação e actualização de conteúdos,
controlo de acessos e segurança do sistema e manutenção de hardware e software.
− Dado que as intranets assentam sobre tecnologia recente, verifica-se uma constante
evolução das mesmas, o que pode levar a situações em que as soluções construídas sobre
infra-estruturas se encontrem rapidamente ultrapassadas ou obsoletas.
− Falta de uma forte cultura de instituição, com subsequente pulverização de vontades.
− Ausência de hábitos de colaboração no sentido de rentabilizarem os processos inerentes à
escola (administrativos e pedagógicos).
− Adesão, ainda insuficiente, a uma vontade de renovação da qualidade pedagógica.
− Carências de instalações, laboratórios e equipamentos, em alguns sectores.
Oportunidades
− As intranets podem ser usadas como poderosas infra-estruturas para suporte de sistemas
de informação ou para a divulgação de conteúdos pedagógicos.
− Aumento da proximidade dos professores que assumem cargos, ao seu grupo.
− Melhorar o conhecimento inerente aos planos curriculares e da instituição.
− Maior coesão social.
Ameaças
− Quando toda a informação da organização estiver disponível (excepto a estritamente
confidencial), passará a existir uma quebra do sigilo, provocando uma certa desconfiança
no seio dos vários membros da organização. Paralelamente ao processo da divulgação da
informação, irá existir uma resistência à mudança.
− Resistência pelas alterações das relações de poder e domínio da informação.
− Concorrência de outras escolas quanto à qualidade dos alunos e imagem junto da opinião
pública.
− Ritmos de trabalho diferentes.
Capítulo 4: Modelo GCV 67
A plataforma tecnológica e as orientações gerais para gerir a informação numa escola secundária
devem atender a um modelo19 que assente em três dimensões: contexto, conteúdo e infra-
estruturas, que permite contextualizar uma escola secundária e as suas necessidades. Essas
dimensões encontram-se representadas na figura 4.1 e a sua intersecção possibilita a análise de
aspectos fundamentais a considerar no processo de implantação do modelo.
Conteúdos Contextos
Autonomia
Qualidade
Espaços Web Organização
Base de dados Liderança
Estratégia
Gestão
Inf ra-estruturas
Este modelo foi inspirado na análise tridimensional aplicada ao ensino proposta por Dias de
Figueiredo (Figueiredo, 1999).
19 Um modelo consiste na interpretação de um dado domínio do problema segundo uma determinada estrutura de
conceitos. Por outro lado, um modelo é sempre uma interpretação simplificada e apresenta uma visão ou cenário da
realidade. A ciência em geral procurou desde sempre representar a “sua realidade” através de modelos mais ou
menos correctos, mais ou menos abrangentes, mais ou menos detalhados. Achamos que é preferível um mau modelo
que nenhum modelo na descrição de qualquer sistema.
Capítulo 4: Modelo GCV 68
Uma das características mais importante na implantação deste modelo é o facto de ser um
esforço que é conduzido por objectivos concorrentes (figura 4.2). Ou seja, qualquer esforço no
sentido de melhorar um determinado objectivo, geralmente irá sacrificar um ou mais dos
restantes. Uma análise pormenorizada de tais objectivos permite gerir o processo de implantação
do modelo.
4.4.1 Contexto
O contexto é formado pela cultura da escola e pelo clima de trabalho. A cultura tem a ver com as
características próprias e relevantes da organização, os seus costumes, a forma como se fazem as
coisas e o que se considera aceitável ou culpável. O clima laboral é o ambiente que se vive devido
ao ânimo das pessoas, geralmente sincronizado com as pressões do ensino, a época do ano, a
competência, etc. A união entre a cultura e o clima laboral é o contexto. Sumariamente, o
contexto descreve os ambientes e estratégias de aprendizagem, a dinâmica dos espaços de
construção de saber, as formas de participação na realidade social e económica, a cultura da
escola, os valores e comportamentos que ela instila.
Na tabela 4.1 são apresentados aspectos contextuais que contribuem para o sucesso da
implantação do modelo, essenciais no desenvolvimento de actividades inerentes à implantação.
Aspecto Descrição
É essencial estimular o surgimento de lideranças a todos os níveis do processo.
Liderança Liderança entendida como a capacidade para imprimir direcções estratégicas,
mobilizar vontades, promover a mudança e instilar uma cultura e uma ética.
A capacidade para imprimir estratégias deriva das capacidades de liderança. É
indispensável que todas as iniciativas chave decorram de visões mobilizadoras e
Estratégia sustentáveis no tempo, da identificação das missões, do reconhecimento de
objectivos, da consideração de factores críticos de sucesso, do esclarecimento de
competências a reunir.
A autonomia é condição indispensável para que a escola se desburocratize e se
Autonomia
constitua como elemento integral da realidade em que se inscreve.
É importante imprimir princípios da gestão da qualidade centrados sobre uma
Qualidade cultura de excelência, de melhoria contínua, de racionalidade nos custos, de
participação de todos os parceiros na configuração de um projecto de escola e de
uma auto-avaliação regular.
A estrutura organizativa deverá ser afinada tendo em conta as recomendações
Organização resultantes da gestão da qualidade e os desafios colocados pela gestão responsável
da autonomia.
A gestão deverá ser assegurada por elementos eleitos, devidamente preparados
Gestão para o seu exercício com elevados níveis de profissionalismo e dedicação. Deverão
ser proporcionados cursos de formação para o seu exercício.
grupo deve conter, obrigatoriamente, elementos com formação sólida em sistema de informação
relacionados com a Internet.
Por outro lado existe uma infindável lista de tarefas que podem ser realizadas por pessoas que
demonstrem pouco ou nenhum conhecimento na área das TIC, os colaboradores. Os
colaboradores, elementos da comunidade educativa que utilizam correctamente as ferramentas do
sistema, têm como principal missão a realização de tarefas de recolha e tratamento de
informação, de forma a ser disponibilizada, no formato correcto, aos vários autores. Todos os
elementos da comunidade educativa são potenciais colaboradores.
4.4.2 Conteúdo
Os dados e a informação são os tijolos para a construção do ambiente intranet, e estes têm de
estar identificados e organizados logicamente. Assim, este modelo deve sustentar-se na existência
de informação para que as pessoas possam aplicá-la à sua experiência, ao seu conhecimento
prévio, e dessa forma, gerar novo conhecimento útil para o ensino: novas oportunidades,
decisões mais acertadas, mais trabalho em menos tempo, etc. Para que a implantação do modelo
GCV seja bem sucedida deve ter-se em conta a informação e assegurar a infra-estrutura que
garanta a sua actualidade, qualidade e usabilidade. Desta forma, o conteúdo descreve os saberes
estruturados fornecidos pelos curricula e suportados por manuais, publicações e outros média.
4.4.3 Infra-estruturas
Nesta dimensão devem ser tomadas algumas decisões quanto à arquitectura de base sobre a qual
se irá implantar a intranet tomando sempre em consideração a realidade das escolas secundárias.
A tabela 4.2 apresenta uma listagem dos elementos que podem constituir a plataforma para a
implantação da intranet.
Relativamente ao público alvo a atingir, considera-se que a intranet poderá e deverá atingir toda a
comunidade educativa, incluindo os pais e encarregados de educação, numa primeira fase com
acesso dentro da escola e numa fase posterior com acesso através do exterior (via Internet).
Capítulo 4: Modelo GCV 72
Internet
Pais e Fórum de
Chat Correio electrónico
Encarregado Discussão Prof essores
s de
Educação
Sistemade
Sistemade
Pesquisa e
Serv iço de FTP incubação de
Personalização da
projectos
Inf ormação
Legenda :
Fluxo Fluxo
Unidireccional Bidireccional
Por outro lado, o cuidado na implantação e utilização dos serviços apresentados nos blocos da
figura 4.3, que não se devem constituir como barreira à entrada e participação dos membros da
comunidade educativa, pode constituir-se como um ambiente facilitador da inovação de
mentalidades e experiências educativas múltiplas. Esta interacção deve ser aliada a um cuidado na
definição de políticas internas da comunidade, em que os seus elementos participem na sua
definição e alteração por forma a desenvolver mecanismos de agregação e de satisfação com o
projecto. Assim sendo, o vector da colaboração formatada em diferentes projectos pode ser uma
realidade. Finalmente um clima adequado de confiança aliado a uma estrutura de debate,
Capítulo 4: Modelo GCV 74
Aprender é uma construção marcadamente social, que decorre dentro e fora da escola,
encontrando na intranet e na Internet um enorme potencial pelo facto de serem redes de
interacções com pessoas e objectos adequados a diferentes ciclos de necessidades.
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 75
Capítulo 5
Para levar a cabo esta experiência inédita no nosso país foi escolhida a Escola Secundária Emídio
Navarro de Viseu (ESEN) devido à sua história, e à crescente informatização de alguns sectores
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 76
da escola. Esta informatização deve-se, em grande medida, ao esforço desenvolvido pelo actual
órgão executivo, que demonstrou um espírito aberto e inovador face às potencialidades das TIC.
Das estatísticas publicadas em setembro de 2001 pelo órgão executivo, a ESEN dispõe os
recursos humanos apresentados na tabela 5.1.
A ESEN disponibiliza diversos espaços físicos dotados de equipamento informático, dos quais
destacamos os mais relevantes :
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 77
Com o objectivo de articular e colaborar com todos os grupos disciplinares, foram criados
diversos núcleos que lhes servem de apoio: Programa de Promoção de Educação para a Saúde,
Clubes, Serviço de Psicologia e Orientação (SPO), gabinete de apoio aos alunos com
Necessidades Educativas Especiais, Unidade de Inserção na Vida Activa e um Centro de
Documentação e Informação (CDI).
Abrangido pelos objectivos do Programa Internet na Escola (ver anexo A) deu-se início no ano
lectivo de 1998/1999, ao projecto de construção da home page da ESEN20. O referido projecto é
mantido e gerido por elementos da comunidade educativa. Apresenta-se na figura 5.1 a página de
entrada do sítio da ESEN.
Figura 5.1 – Home Page da Escola Secundária Emídio Navarro (consultado em 30-04-2002)
Pelas estatísticas do sítio da Internet pode-se concluir que a maioria dos conteúdos publicados
obtiveram poucas consultas contribuindo para o reduzido número de publicações no sítio.
O aumento de informação nas escolas tem dado origem à criação e uso de alguns sistemas de
informação, com a finalidade de suportar os fluxos de conhecimentos entre a comunidade
educativa. Por isso, o hardware e, em particular, o software, têm sido projectados com os
objectivos de pesquisa, de classificação, de processamento, de armazenamento, de extracção e de
uso da informação.
Segundo Berkman gerir bem o conhecimento criando ambientes mais colaborativos reduz a
duplicação de esforço, encoraja a sua partilha poupando tempo e dinheiro (Berkman, 2001).
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 80
Como tal, o conhecimento das escolas modernas é considerado como o activo mais importante,
criando-se métodos e ferramentas para obtê-lo, administrá-lo e conservá-lo.
Pretende-se implantar a colaboração incidindo em três áreas estratégicas: na gestão das tarefas
dos directores de turma; no fornecimento de uma caixa de correio electrónico (e-mail) a cada
professor e no acesso gratuito à Internet para todos os elementos da comunidade educativa.
Porém na área da GC e no apoio tecnológico aos métodos pedagógicos segundo a abordagem
colaborativa-construtivista, os benefícios da colaboração não se fizeram sentir.
Na home page da ESEN não existe nenhum sistema de informação implementado que permita a
partilha e pesquisa pela comunidade educativa, em particular, por alunos e professores. Por
exemplo, não é facultada a possibilidade de pesquisa de artigos, trabalhos, projectos,
apresentações, recorrendo a base de dados, realizados pelos alunos e professores. Esta lacuna
prejudica, em muito, o desenvolvimento de uma cultura de colaboração dentro da escola.
A carência de uma cultura de colaboração e de ferramentas que a facilitem podem, por exemplo,
resultar na produção no mesmo tipo de trabalhos, ou grupos diferentes a pesquisar o mesmo
assunto.
Segundo Peter Senge (Senge, 1990), o estabelecimento de uma cultura de colaboração entre todos
os indivíduos de uma organização é um pré-requisito para existir aprendizagem organizacional.
Como implementar esta cultura na Educação? Considerando o resumo das fontes de informação
do capítulo 3, um dos processos é a construção de ambientes e de ferramentas colaborativas.
Outro, será através de métodos pedagógicos.
Quanto aos métodos pedagógicos é prática normal os alunos elaborarem trabalhos sobre
conteúdos leccionados pelo professor e no âmbito da área escola ou de projecto (actividades
curriculares e extra-curriculares). Estes trabalhos são entregues ao(s) professor(res) para
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 81
correcção. Como normalmente são muitos trabalhos a corrigir, este factor limita o feedback do
professor. De acordo com a abordagem colaborativa, este tipo de método repercute na qualidade
da produção académica e representa um grande desperdício de troca de conhecimento entre
alunos e professor. Por outro lado, estes trabalhos têm vários destinos. Os que ficam na posse
dos professores e os que ficam na posse dos alunos. Ambos os casos atrofiam a disseminação e a
produção de novo conhecimento. Como consequência, existe uma grande dificuldade em
publicar informação em formato digital, nomeadamente na Internet. Embora exista um sítio da
escola na Internet do conhecimento de toda a comunidade escolar, os diversos grupos não fazem
chegar às pessoas responsáveis pela administração do sítio, a informação considerada importante
para publicação.
O oitavo sistema de informação, tem por objectivo a elaboração de horários para professores e
para as turmas. Este sistema utiliza um SGBD com uma estrutura interna própria.
Finalmente, o nono sistema de informação situa-se na biblioteca e, para além de constituir uma
base da bibliografia e demais documentação existente na escola, também permite fazer a gestão
dos empréstimos e devoluções dos livros requisitados. Este sistema de informação utiliza o
PorBase, um programa específico para o tratamento de informação bibliográfica, funciona em
MS-DOS e tem um SGBD com uma estrutura interna própria.
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 82
5.2.5 Infra-estruturas
Internet
RDIS
10 Mbps
PISO 2 Sala Prof essores
Biblioteca Router
100Mbps
Museu
Serv idorWWW Serv idor
100Mbps
Sala 26
100Mbps
SPO Switch
10/100Mbps
Sala 27
Electrotecnia
Sala 1
PISO 0 100Mbps 100Mbps
Of icina
PES
Switch Univ a
10/100Mbps
O dimensionamento das ligações da LAN aos postos de trabalho e aos servidores é feita a
100Mbps ficando previsto o aumento da capacidade de evolução da infra-estrutura.
O router está instalado no distribuidor de rede e garante o acesso ao exterior. Este equipamento
também desempenha funções de filtragem de endereços, garantindo de alguma forma, a
segurança contra intrusos na rede.
Os comutadores (switch) têm como função o suporte da ligação do servidor Web e a ligação aos
hubs que se encontram em cada compartimento.
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 84
A alimentação dos servidores, do router e do comutador que se encontra na sala dos servidores é
efectuada pela UPS.
A tese e linha de pesquisa desta dissertação defende que o melhor processo para atingir a
qualidade total, numa escola do ensino secundário, reside na capacidade de gerir o conhecimento
que possui. A GC será conseguida pela capacidade de processamento de informação das
tecnologias, e com a capacidade inovadora e criativa de todos os elementos da comunidade
educativa.
O projecto de intranet teve início em 1999 com uma proposta de uma metodologia genérica para
o ensino elaborada por Machado (Machado, 1999). Tendo como base o trabalho desenvolvido,
no início do ano lectivo 2000/2001 foi constituído o GTI formado por professores da ESEN e,
com o apoio do conselho executivo procedeu-se à implementação de novas políticas, novas
metodologias de trabalho e mais incentivos à participação.
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 85
Após análise dos meios e técnicas da ESEN em gerir conhecimento procedeu-se à implantação
do modelo GCV apresentado no capítulo 4, cuja fundamentação se apresenta em 5.3.1.
A implantação das infra-estruturas do modelo GCV segue uma metodologia genérica para o
ensino, proposta por Machado (Machado, 1999), que permite realizar a gestão pedagógica de uma
escola do ensino secundário.
Esta iniciativa abrange apenas uma parte da instituição. As razões que suportam esta ideia são
várias :
− mais tempo para acompanhar as pessoas envolvidas no projecto e para o monitorar;
− maior probabilidade de sucesso devido à razão anterior;
− e, possibilidade de construir um caso de sucesso para apresentar ao resto da instituição
como elemento de persuasão.
5.3.1 Motivação
A revisão das fontes de informação antes apresentadas demonstra que a tecnologia associada à
Internet está vocacionada para apoiar actividades colaborativas e GC, elementos importantes
numa Sociedade de Informação e do Conhecimento.
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 86
Embora exista um sítio onde podem ser publicados os conteúdos da escola, não existe nenhum
sistema de informação que permita cumprir todas as finalidades propostas pelo presente projecto,
nem nenhuma proposta de implementação de uma cultura de colaboração no seio da escola.
Outro argumento importante que contribuiu para a selecção do modelo GCV, é o facto de ser
único no ensino secundário em Portugal.
O Software utilizado foi fornecido pelo Ministério da Educação para cumprimento dos planos
curriculares do curso Tecnológico de Informática, e aproveitado para concretizar esta
implantação. As estações de trabalho funcionam com o sistema operativo Windows 98 e os
servidores com o sistema operativo Microsoft Windows 2000 Server que oferece, entre outras, as
seguintes funcionalidades:
− Servidor Web
− Servidor de FTP
− Servidor de Ficheiros
− Servidor de Aplicações
− Servidor de Impressão
− Acesso a base de dados via ODBC (Open Database Connectivity)
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 87
Tendo como pilar o projecto da base de dados do SIP (Machado, 1999) e feita a identificação das
necessidades dos utilizadores, foram projectadas e implementadas as base de dados de email,
fórum, notícias, recursos e livro de visitas.
Nesta fase da implantação, não se procedeu à transferência dos conteúdos existentes no sítio da
escola da Internet para a intranet. A não consecução desta tarefa deve-se à falta de
disponibilidade dos elementos do GTI.
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 88
Na consecução dos trabalhos, procedeu-se à implantação dos novos sistemas SIP, email, fórum,
notícias, recursos e livro de visitas. A implementação de sistemas desta natureza requer uma forte
colaboração entre os intervenientes. Esta comunicação é realizada por email e por reuniões
presenciais. Destas reuniões são elaborados relatórios para posterior reflexão que serão
publicados em linha.
Um dos objectivos definidos para a implantação do modelo GCV assenta na qualidade, como
factor fundamental no processo educativo. Esta qualidade centra-se sobre uma cultura de
excelência, de melhoria contínua, de racionalidade nos custos e de participação.
O acesso à intranet é efectuado a partir da página principal, como representado na figura 5.3.
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 89
− Espaço informativo
Este espaço está reservado às informações, de interesse quotidiano, para a comunidade
educativa. Neste espaço, constam as noticias do dia, as novidades, as actividades que se irão
realizar, os destaques e a ementa diária do refeitório. O acesso a este tipo de informação é
realizado a partir da página principal (figura 5.3). Alguns ecrãs estão representados nas figuras
5.4 e 5.5.
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 90
Figura 5.4 – Notícias de interesse para a escola Figura 5.5 – Calendário das actividades na ESEN
Recursos educativos
O período que registou maior acesso, a rondar os 50%, foi o mês de Novembro de 2001. Este
aumento, deveu-se ao facto de se terem realizado mais actividades durante esse mês.
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 96
− Fórum de discussão
O fórum permite a disseminação de conhecimento por todos os elementos da comunidade
educativa, podendo ser utilizado nas várias áreas disciplinares, na área de projecto ou na
criação de pequenas comunidades agrupadas à volta de um interesse em comum. O sistema
evidenciou grande aceitação entre professores e alunos.
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 97
Os professores parecem ter interiorizado algumas das potencialidades dos fora de discussão e
de algumas implicações para o ensino-aprendizagem. No entanto, parece que mais trabalho é
necessário para que os professores fiquem conscientes de todas as implicações e delas
aprendam a tirar o máximo partido, quer para a renovação e inovação das estratégias de
ensino-aprendizagem, quer para o seu próprio desenvolvimento profissional.
− Ligação à Internet
A ligação à Internet é feita através de uma linha RDIS disponibilizada pelo Ministério da
Educação “Internet na Escola”, a partir de qualquer terminal existente na escola.
Dado o tempo reduzido para a implantação de todos os blocos funcionais do modelo GCV, o
GTI optou por implementar as funcionalidades atrás referidas, por achar serem as mais
importantes para a comunidade escolar. Ainda no ano lectivo de 2001/2002 está prevista a
implementação das seguintes funcionalidades:
− Informação da biblioteca
Este espaço permitirá dinamizar o funcionamento da biblioteca, através da gestão dos fundos
bibliográficos e disponibilização de livros em formato digital (eBooks).
− Serviço FTP
Este serviço deve permitir enviar ou receber ficheiros, quer para publicação na intranet, quer
para utilização pessoal;
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 100
− Motor de pesquisa:
Este sistema deve permitir pesquisar informação personalizada, na intranet, segundo diversos
parâmetros;
seio da escola, tendo em conta a percepção e visão dos professores, alunos e funcionários,
originando uma mudança de mentalidades.
Da consulta do livro de visitas da intranet e por entrevistas informais com vários elementos da
comunidade escolar (professores, funcionários e alunos), constataram-se como principais pontos
fracos resultantes da implantação:
− nem todos os elementos têm as mesmas competências ou capacidades em termos de
utilização das TIC;
− falta de comprometimento e empenhamento de professores e alunos;
− desconhecimento do valor dos sistemas de informação;
− produção académica muito reduzida;
− falta de empenhamento dos órgãos de topo da escola, como demonstra a continuação da
publicação de informação (convocatórias, avisos, etc.) em formato de papel;
− os directores de turma preferem utilizar o sistema de informação antigo para realizarem a
gestão da sua direcção de turma, resultante de não ter sido feita uma opção clara, por
parte dos Órgão de Gestão pela obrigatoriedade na utilização do novo sistema (SIP);
− o número de acessos dos professores à intranet é realizado em períodos sazonais (época
de exames, reuniões de fim de período), por poderem consultar a distribuição de serviços
com antecedência, relativamente à sua afixação;
− dificuldades em encontrar trabalhos (apontamentos, fichas, projectos) realizados nos anos
anteriores;
− atraso na disponibilização de informação para alimentar os sistemas;
− falta de um espaço dedicado à informação do pessoal não docente;
− a comunidade educativa, em geral, não contribui com sugestões para a melhoria dos
sistemas de informação implementados na intranet.
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 103
No processo de assimilação de uma tecnologia dinâmica como esta devem ser constantes as
adaptações que facilitem a usabilidade do sistema. Ficou óbvio que a eficiência também é um
factor importante a considerar, que vai mudando de acordo com a taxa de utilização (frequência
de utilização). Para aumentar a eficiência e a eficácia dos sistemas foram realizados, com alguma
regularidade, testes de usabilidade por observação directa e diálogo com os utilizadores. Estes
testes contribuíram para melhorar a interface dos hiperdocumentos, interacção e aceitação com
os sistemas.
Segundo Machado (Machado, 1999) existe uma infindável lista de tarefas que podem ser
realizadas pelos colaboradores que demonstrem pouco ou nenhum conhecimento na área das
TIC. Este poderá ser um meio de envolver todos os elementos da comunidade educativa na
implantação da intranet.
Uma das formas que leva ao uso da intranet deve-se à mesma filosofia que se segue para
fomentar qualquer web site, o marketing de “guerrilha”. Considera-se marketing de “guerrilha”
como a aplicação de todas as tácticas que permitem alcançar a atenção de grupos ou comunidades
concretas de pessoas potencialmente interessadas na utilização dos serviços ou ferramentas da
intranet. É indispensável informar as pessoas de que na intranet existe aquilo que elas precisam
na hora do café, na reunião de grupo, nas conversas de corredor, no correio electrónico, enfim,
de forma insistente e permanente. O maior sucesso foi a divulgação da distribuição de serviço de
exames aos professores, via intranet.
Reconhece-se, no entanto, que ganhando uma primeira batalha, ainda está longe o vencer da
guerra.
A implantação dos sistemas referidos anteriormente é, por si, um trabalho colaborativo que
envolveu e continua a envolver uma equipa de professores do grupo de informática. A
Capítulo 5: Estudo de caso de aplicação do modelo GCV 105
comunicação realizada durante este trabalho foi apoiada por email, na partilha de ideias e
experiências, e por reuniões presenciais na tomada de decisões.
Durante a experiência com o fórum, a comunicação permitiu aos participantes, não só reflectir nas
contribuições dos outros, mas também colocar no fórum a sua própria reflexão, dando uma
colaboração pensada e preparada. Deste modo é compreensível que a qualidade das respostas
numa discussão em linha aumente, pois há tempo para pensar, processar e relacionar ideias.
Tendo em atenção todos os benefícios indicados nas tabelas 3.4, 5.3 e 5.4, associados às intranets,
é disponibilizado o acesso a serviços, ferramentas e aplicações para trabalho colaborativo. Estas
ofertas contribuem para a existência de espaços para a publicação de conteúdos, de espaços para
a dinamização, reflexão e debates (fórum, listas de distribuição de correio electrónico, etc) com
uma componente lúdica importante, flexível e aberta.
5.4 Conclusões
O modelo GCV evidencia uma infra-estrutura que integra harmoniosamente as TIC, centrado
num projecto que dá expressão ao princípio da autonomia responsável e que tenta implementar
uma estratégia liderada a vários níveis, regida pelos fundamentos da gestão da qualidade.
Outras constatações da experiência permitiram concluir que o papel do professor deve sofrer
uma adaptação constante, quer nas atitudes, quer na orientação das actividades, destacando-se os
seguintes aspectos:
− o professor lança as propostas de trabalho para os grupos, mas não controla a sequência
de acontecimentos que lhe seguem, isto é, a organização do trabalho tem de apresentar
objectivos intermédios bem definidos que sejam passíveis de controlo e comunicação,
isto é, exige-se um planeamento prévio;
− a relação de um para muitos, estabelecida entre professor e alunos muda para uma relação
de muitos para muitos, com os alunos a interagirem, regulados pelo professor;
− a disciplina constatada durante o desenvolvimento da actividade, embora continue a
depender da motivação dos alunos, é agora mais difícil de manter. A interacção constante
entre diferentes alunos é essencial; com esta aumenta também o ruído e potenciais
desvios que a rede vem incrementar: acesso a locais de presença na Internet fora do
âmbito do trabalho, comunicação com elementos exteriores à sala de aula, diálogos, jogos
e utilização de programas diversos que desviam a atenção dos elementos do grupo;
− a parceria entre professor e alunos aumenta, pois a colaboração entre elementos do grupo
aumenta, o que vem redefinir o papel do professor como entidade máxima na sala de
aula;
− a motivação dos alunos passa pelo conhecimento dos resultados do seu desempenho.
Capítulo 6
6 Conclusão
Ao longo dos primeiros capítulos, apresentou-se o estudo que levou à identificação dos
problemas que resultam da utilização dos actuais sistemas de informação nas escolas do Ensino
Secundário. Ficou claro que a utilização cuidadosa das tecnologias e serviços da Internet, através
da construção de uma intranet, constitui um excelente meio para ultrapassar esses problemas.
Este capítulo apresenta as considerações finais sobre modelo GCV e pretende simultaneamente
fazer uma síntese do trabalho realizado, apontar os principais contributos, apresentar algumas
sugestões para trabalhos futuros e tirar conclusões.
O modelo GCV proposto centrou-se numa questão bastante enfatizada nas fontes de informação
actuais: as organizações públicas do ensino secundário adaptam-se de modo insuficiente às novas
tendências e realidades da Sociedade da Informação e do Conhecimento.
Capítulo 6: Conclusão 110
Foi analisada a possibilidade de aplicar a tese deste trabalho numa Escola Secundária e escolhido
o modelo que mais se adequa às suas necessidades, o modelo GCV. A incorporação deste
Capítulo 6: Conclusão 111
modelo numa escola do ensino secundário, onde uma grande parte do conhecimento será
acessível e alimentado por todos os elementos da comunidade educativa, poderá ser uma
ferramenta fundamental para atingir um alto desempenho dessas escolas. A implementação
rápida do modelo na escola onde decorreu a experiência contribuiu para que esta funcione como
um ponto de referência a nível nacional.
No decorrer da experiência poderia ter existido um melhor desempenho, com mais ênfase na
GC, uma maior participação dos professores, alunos, pais e encarregados de educação.
A experiência demonstrou que a mudança para uma cultura mais participativa é difícil e não
acontece de um dia para o outro. O autor observou que, mesmo no GTI, participativo e
motivado, o processo de mudança requer atenção constante. Pode-se concluir que alguns dos
sistemas implantados não têm nada de inovador, mas é preciso começar de alguma forma no
sentido de motivar os elementos da comunidade educativa.
A presente dissertação procurou demonstrar que, qualquer esforço em utilizar as capacidades das
TIC, no processamento de informação em conjunto com a capacidade inovadora das pessoas
através da abordagem colaborativa, é um grande passo para atingir um maior desempenho nas
escolas.
Sintetizando, a experiência com a intranet confirmou as expectativas criadas, sendo por isso um
produto aparentemente natural que consegue cumprir com os seus objectivos. As suas
características, simplicidade, facilidade de utilização, integração de ferramentas e recursos, bem
como a flexibilidade demonstrada, permitiu antever o sucesso deste sistema e por consequência
do modelo GCV.
Capítulo 6: Conclusão 112
Seleccionar escolas piloto que adiram à implantação do modelo GCV. Um estudo comparativo
da implantação do respectivo modelo pelas diversas escolas servirá para melhorar de forma
contínua a estrutura e aplicabilidade do modelo, assim como o modo de gerir as escolas.
Para garantir a evolução do modelo é importante expandir e redefinir o modelo GCV para outros
níveis e tipos de ensino.
A interactividade e colaboração mediada por computador não se limitará à troca de textos, inclui
multimédia e novas formas de representar o conhecimento. Espera-se que, a curto prazo, a
pedagogia aplicada aos alunos inclua técnicas mais sofisticadas de simulação, visualização 3D e
agentes inteligentes.
6.4 Conclusão
Não será correcto afirmar que o trabalho até agora realizado tenha conseguido atingir todos os
objectivos propostos, o que já era esperado, atendendo às resistências da comunidade escolar. No
entanto, pensa-se que as virtudes já demonstradas pelo modelo GCV são uma boa base de
trabalho para o seu melhoramento e sua expansão, conduzindo à sua implementação em maior
número de escolas, para que retirem as mesmas vantagens que nós.
É nestas breves linhas de reflexão que se projectam as nossas expectativas quanto à aplicabilidade
do modelo GCV. Esperamos que o trabalho desenvolvido ajude a criar contextos de trabalho que
agarrem de forma esclarecida as potencialidades das TIC.
Capítulo 6: Conclusão 114
Bibliografia 115
Bibliografia
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Glossário
Active-X
Componentes utilizadas para permitir a ligação via objectos activos, com aplicações do lado
servidor.
Bandwidth
Largura de Banda. Termo que designa a quantidade de informação passível de ser transmitida por
unidade de tempo, num determinado meio de comunicação (fio, onda rádio, fibra óptica, etc.).
Normalmente medida em bit, kilobit ou megabit por segundo.
Glossário 130
Browser (Navegador/Vasculhador)
Programa de aplicação cliente que permite aceder, geralmente por meio de uma interface gráfica,
de maneira aleatória ou sistemática, a informações diversas, contendo textos, imagens, gráficos,
sons, etc. O acesso ao servidor remoto pode ser feito via rede local ou modem.
Comutador (Switch)
Os comutadores permitem obviar os problemas, cada vez mais comuns, de estrangulamento da
largura de banda em segmentos de rede. Um comutador consiste numa expansão do conceito de
ponte e actua de modo idêntico, permitindo ligar várias redes. As suas decisões em termos de
envio de pacotes de dados são tomadas também em função de endereços MAC.
Download
Processo de se transferir uma cópia de um ficheiro num computador remoto para outro
computador através da rede; o ficheiro recebido é gravado no disco do computador local.
E
Ethernet
Padrão muito utilizado nas redes locais, originalmente desenvolvido pelo Palo Alto Research Center
(PARC) da Xerox nos EUA. Descreve o protocolo, ligação de cabos, topologia e mecanismos de
transmissão de dados. Os dados circulam à velocidade de 10 Mbps.
Glossário 131
Firewall
”Parede corta-fogo”. Dispositivo que controla o tráfego entre a Internet e um computador ligado
à mesma. Impede que utilizadores não autorizados entrem neste computador, via Internet, ou
que dados de um sistema caiam na Internet, sem prévia autorização. Assim, um firewall é um
sistema que, em última análise, impede a violação dos dados numa Intranet.
Gateway
1. Sistema que possibilita o intercâmbio de serviços entre redes com tecnologias completamente
distintas, como BITNET e INTERNET;
2. Sistema e convenções de interligação entre duas redes de mesmo nível e idêntica tecnologia,
mas sob administrações distintas.
Router (terminologia TCP/IP).
Glossário 132
Home Page
Página inicial de um sítio da Web, referenciada por um endereço electrónico. É a página de
apresentação de uma empresa ou instituição. Escrita em HTML, pode conter textos, imagens,
sons, ponteiros ou links para outras páginas ou outros servidores da Internet, etc.
Host
Computador principal num ambiente de processamento distribuído. Na Internet é qualquer
computador ligado à rede, não necessariamente um servidor.
Hub
Não passa de um aparelho com uma série de portas RJ-45, às quais são ligados os cabos de rede
provenientes de cada um dos computadores. Este tipo de aparelho permite a ligação dos
computadores numa topologia de estrela.
Internet
1. Com inicial maiúscula, significa a "rede das redes". Originalmente criada nos EUA, tornou-se
Glossário 133
IP (Internet Protocol)
Protocolo responsável pelo envio de pacotes entre dois sistemas que utilizam a família de
protocolos TCP/IP, utilizada na Internet. É o mais importante dos protocolos em que a Internet
é baseada.
Intranet
Rede privada de computadores, utilizando a tecnologia e serviços da Internet, com vista à
comunicação e ao aumento da produtividade interna, através da partilha de recursos informativos
coerentes, mas podendo ser acessível, total ou parcialmente, pelo resto da Internet.
Java
Linguagem orientada por objectos, com sintaxe similar ao C++, que permite o desenvolvimento
de aplicações e applets java. Gera código intermédio (byte codes) que é interpretado em tempo de
execução, o que, juntamente com a sua biblioteca, torna a linguagem multi-plataforma,
permitindo que o seu código seja executado nas mais diversas máquinas e sistemas operativos,
sem a necessidade de adaptação.
Linguagem Script
São linguagens de programação cujo código fonte é interpretado pelo programa em tempo de
execução.
Login
O login é o nome digitado pelo utilizador para aceder ao servidor da rede. Para entrar na rede, é
necessário digitar uma identificação (login), seguido de uma senha (password).
Extensão que permite o envio de ficheiros que não sejam texto, via correio electrónico, como
imagens, áudio e vídeo.
Modem
Dispositivo que permite a ligação de um computador a uma linha telefónica. Converte os sinais
digitais do computador para frequências de áudio (analógicas) do sistema telefónico, e converte as
frequências de volta para sinais digitais no lado receptor.
Navegação
Acto de ligar-se a diferentes computadores da rede, distribuídos pelo mundo, usando as
facilidades oferecidas por ferramentas como os navegadores. O navegador da rede realiza uma
"viagem" virtual explorando o ciberespaço, da mesma forma que o astronauta explora o espaço
sideral.
Newsgroups
Usenet News, Usenet ou News. Serviço de discussão electrónica sobre uma vasta gama de assuntos,
cada qual ligado a um grupo de discussão.
Ponte(Bridge)
A função de uma ponte consiste em interligar troços de rede separadas fisicamente entre si,
encaminhando os pacotes entre eles. Permite a ligação de redes com tipologias e infra-estruturas
diferentes ou redes do mesmo tipo.
Glossário 136
Router
Dispositivo responsável pelo encaminhamento de pacotes, numa rede ou entre redes. Um router
consiste numa combinação de hardware e software e permite filtrar o tráfego numa rede, ao nível do
protocolo IP, em vez do endereço MAC dos pacotes, ou seja, é visível para o IP. É precisamente
esta a grande diferença entre pontes e routers, já que estes analisam não os endereços MAC, como
as pontes, mas os endereços de rede e estes são atribuídos de acordo com a topologia da rede,
contendo portanto mais informação sobre a organização desta.
Uma instituição, ao ligar-se à Internet, deverá adquirir um router para ligar a sua Rede Local
(LAN) ao Ponto de Presença mais próximo.
Servidor
Numa rede, é um computador que administra e fornece programas e informações para os outros
computadores ligados à rede. No modelo cliente-servidor, é o programa responsável pelo
atendimento a determinado serviço solicitado por um cliente. Referindo-se a equipamento, o
servidor é um sistema que fornece recursos tais como armazenamento de dados, impressão e
acesso telefónico para utilizadores de uma rede de computadores.
Sítio (Site)
Conjunto de documentos (páginas HTML) Web interligados, alojados num ou mais
computadores, no seio de uma instituição ou entidade. No mundo virtual, é um endereço cuja
porta de entrada se designa por home page.
Glossário 137
Tecnologia
Conjunto de instrumentos, métodos e processos específicos de qualquer arte ou técnica.
Anexo A
Projecto Minerva
A primeira tentativa de introdução sistemática de novas tecnologias nas escolas do ensino não
superior deu-se com o Projecto MINERVA (Meios Informáticos No Ensino: Racionalização,
Valorização, Actualização), um projecto do Ministério da Educação, gerido pelo mesmo, que
vigorou entre 1985 e 1994. Este projecto foi criado através do Despacho 106/ME/85, de 15 de
Novembro e o seu principal objectivo é “a evolução acelerada das tecnologias de informação, a
sua difusão crescente e o seu efeito transformador sobre a sociedade”. Este trabalho foi
desenvolvido numa articulação inovadora entre instituições de ensino superior e escolas dos
restantes níveis de ensino (Ministério da Ciência e da Tecnologia, 1997).
Um dos domínios em que mais de metade dos Pólos do Projecto MINERVA se envolveu de
forma especial desde 1989/90 foi o da Telemática Educativa, investindo nas componentes de
investigação, acção, formação e desenvolvimento de actividades e projectos telemáticos, de forma
a manter a ligação e a coesão entre escolas, reforçar a sua capacidade de apoio mútuo, facilitar o
lançamento e desenvolvimento de outros projectos educativos e contribuir para a construção e
disponibilização de recursos partilhados por todos.
Depois de 1994, este projecto deu origem ao serviço telemático educativo “BBS-MINERVA”,
sediado na secção de Ciências da Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade Nova de Lisboa e ao Grupo EDUCOM (Grupo Nacional de Telemática
Educativa), que integrou os docentes formadores ligados ao Projecto MINERVA, responsáveis
pela dinamização e acompanhamento das actividades relacionadas com a utilização de meios
telemáticos em contextos educativos.
Pela sua longevidade e implantação a nível nacional (cerca de 25 pólos espalhados pelo país), o
Projecto Minerva foi um marco importante na sensibilização de professores e alunos para as TIC.
No entanto, convém referir que uma das principais causas do insucesso do Projecto Minerva nas
escolas do ensino secundário, se deveu à falta de formação académica adequada na área de
Informática, dos responsáveis pelo mesmo, nas diferentes escolas.
Os Cursos Tecnológicos
Como consequência dos cursos de Informática, no seio das escolas, começaram a aparecer os
primeiros técnicos especializados em Informática, já que se tornou necessária a contratação de
Anexo A: Programas que promovem o Ensino Secundário 141
Estava assim criado um foco dinamizador no seio das escolas, que permitiu dar uma resposta
adequada à revolução tecnológica que se avizinhava: a introdução da Internet nas escolas.
Este programa concretizou-se, numa primeira fase, pela instalação na biblioteca ou mediateca de
todas as escolas do ensino não superior, público e privado, do 5º ao 12º ano, de um computador
com capacidades multimédia e sua ligação à Internet. Foram ainda abrangidas algumas escolas do
1º ciclo, bibliotecas e associações, num total de mais de 1600 escolas ligadas no início do ano
lectivo de 97/98. Numa segunda fase (setembro 1999) estender-se-á a mais de 1900 escolas, cerca
de 250 bibliotecas e 15 museus.
Para esta ligação à Internet, a Fundação para a Computação Científica Nacional24 (FCCN),
organismo que tem fornecido acesso à Internet às instituições de ensino superior, implementou
15 pontos de acesso à rede (PoP – Point of Presence), distribuídos por todo o país e sediados em
23 URL:http://www.mct.pt
24 URL:http://www.fccn.pt
Anexo A: Programas que promovem o Ensino Secundário 142
80000
70000
60000
50000
40000
30000
20000
10000
0
1997 1998 1999
19767 59650 74410
Com o objectivo de acompanhar o programa Internet na Escola, foi criada a uARTE28 (Unidade
de Apoio à Rede Telemática Educativa) tendo a seu cargo a tarefa de acompanhamento de todo o
processo, funcionando como elemento de ligação entre escolas e os vários parceiros,
nomeadamente as Associações Científicas, Educacionais e Profissionais, Centros de Formação de
Professores e o Ministério da Educação. A promoção de actividades mobilizadoras do uso da
25 URL:http://www.fccn.pt/rccn/index.html
26 URL:http://www.rcts.pt
27 Fonte: Fundação para a Computação Científica Nacional /Observatório das Ciências e das Tecnologias, 1999;
Consultada em 15-04-2002
28 URL:http://www.uarte.mct.pt/
Anexo A: Programas que promovem o Ensino Secundário 143
Um servidor World Wide Web (Web), criado e mantido por esta equipa, constitui uma das
formas de apoio do programa, que recorrerá ainda ao uso de outros serviços da Internet para
comunicação com as escolas: Correio Electrónico, Conferências Electrónicas, Conversa e
Arquivos de Ficheiros.
Por outro lado, as escolas dispõem dos seus próprios endereços de correio electrónico e espaço
para as suas páginas de WWW, nos respectivos PoPs. Desta forma, podemos dizer que as escolas
não se encontram “de facto” na Internet, uma vez que não possuem um servidor Web próprio e
sofrem de várias limitações, como por exemplo não estarem ligadas 24 horas por dia à Internet.
Pode dizer-se que o Ministério da Educação disponibilizou às escolas uma “janela para a
Internet”.
O computador colocado nas escolas pelo Programa Internet na Escola foi instalado na biblioteca,
no entendimento de que esta deve hoje constituir-se como um centro de recursos multimédia,
funcionando em livre acesso e destinado à consulta e produção de documentos em diferentes
suportes e ser, por isso, o espaço onde é possível a toda a comunidade escolar utilizá-lo directa e
livremente.
É importante que se diga que a instalação de um único computador para a Internet não impede a
ligação em rede a este computador de outros que multipliquem o número de postos de acesso.
Trata-se, no fim de contas, de disponibilizar um instrumento de trabalho que deve possuir um
acesso o mais facilitado possível. Como diz João Pedro da Ponte(Ponte, 1997), o “equipamento
existente será provavelmente muito insuficiente, mas o melhor para justificar a necessidade de
novas aquisições será a boa utilização que se fizer do material existente”. Isto, sem prejuízo de
poderem vir a ser instalados outros computadores com acesso à Internet noutros espaços da
escola. Contudo, correspondendo esta possibilidade apenas a uma ínfima percentagem de escolas
portuguesas, é também na biblioteca que poderão ter que se desenvolver actividades de ensino
que apelem ao uso da Internet. Neste caso, as decisões sobre a sua utilização devem ser tomadas
de acordo com as estratégias de ensino e aprendizagem pensadas pelos professores e implicam
uma articulação de meios, equipamentos e materiais a utilizar, os modos de agrupamento dos
Anexo A: Programas que promovem o Ensino Secundário 144
É de salientar que uma medida menos conseguida para ser concretizada no ano de 2000, foi a
instalação de um computador multimédia por sala de aula nos ensinos básicos e secundário,
pressupondo a ligação desses computadores a uma rede local com acesso às redes telemáticas
nacionais e internacionais.
O valor educativo da Internet é hoje unanimemente aceite. A Internet pode constituir um recurso
valioso para a aprendizagem, como fonte de informação, através da consulta de páginas Web,
como meio de comunicação, através do recurso ao correio electrónico, a listas e grupos de
discussão e como meio de difusão de conteúdos, através da construção e publicação de novas
páginas.
Suportado pela experiência do projecto Minerva, nasce o Programa Nónio-Século XXI, ao abrigo
do despacho 232/ME/96, de 4 de Outubro, uma iniciativa do Ministério da Educação com o
objectivo de apoiar e adaptar o desenvolvimento das escolas às novas exigências colocadas pela
Sociedade de Informação: exigências de novas infra-estruturas, de novos conhecimentos e de
novas práticas.
Anexo A: Programas que promovem o Ensino Secundário 145
Este programa governamental tem a duração de quatro anos lectivos, estando sujeito a uma
avaliação anual e uma avaliação final.
Apesar das dificuldades em aceder ao programa, devido aos condicionalismos impostos pelo
regulamento de candidatura, são muitas as escolas que têm apresentado projectos bastante
válidos.
Ainda no âmbito do Programa Nónio Século XXI, foi disponibilizado o sistema Profmail. O
Profmail tem o objectivo de facilitar as tarefas quotidianas dos professores (marcações de visitas
de estudo, troca de informações entre professores do mesmo nível de ensino ou das mesmas
áreas disciplinares, dinamização de projectos educativos inter-escolas), fomentando o trabalho
colaborativo, recorrendo desta forma ao correio electrónico, possibilitando a constituição de
redes específicas de conhecimento. As contas de correio electrónico são disponibilizadas
gratuitamente aos professores que as desejarem.
Não podemos deixar de referir que, na actual Sociedade da Informação, uma sociedade para
todos, onde o acesso à informação e ao conhecimento deve estar assegurado para todos, através
de computadores e redes de comunicação acessíveis em locais públicos, particularmente nas
escolas (Ministério da Ciência e da Tecnologia, 1997).
O Programa Ciência Viva apoia, desde 1996, projectos que visam a promoção de actividades
experimentais na aprendizagem das ciências, envolvendo as comunidades científica e educativa,
numa perspectiva de partilha de recursos e de conhecimentos.
O Programa Cidades Digitais, suportado pela RCTS, encontra-se a dinamizar iniciativas viradas
para a produção e utilização de conteúdos de uso cultural e educativo; criação de clubes Internet;
disponibilizar endereços na Internet; lançamento de programas de oferta de equipamentos
informáticos às escolas; dinamização de uma rede de alto débito para fins educativos (RCTS-2).
por forma a inspirar novas práticas de qualidade nas escolas portuguesas. Estas práticas são
desenvolvidas em diversos domínios, tais como: promoção da qualidade das aprendizagens para
todos; qualidade do funcionamento organizacional e da vida da escola como espaço educativo;
adequação e interacção da acção educativa face às características da comunidade, nomeadamente,
pela resolução de problemas e necessidades; rentabilização educativa das TIC.
Anexo A: Programas que promovem o Ensino Secundário 148
Anexo B: Ferramentas Colaborativas para Gestão do Conhecimento 149
Anexo B
Dataware Knowledge Solução muito completa para e-business que permite capturar,
Management Suite 3.0 gerir e partilhar todos os activos do conhecimento de uma
http://www.dataware.com/ organização, incluindo documentos, base de dados e outros
elementos.
Tem a capacidade de fazer Text-mining que permite ao utilizador
descobrir as relações entre conceitos guardados em grandes
depósitos de conhecimento. KMS gera uma lista de conceitos
relacionados que proporciona, ao utilizador, grandes
quantidades de informação que este pode processar e destaca a
informação mais importante.
Lotus Notes Talvez seja o software do tipo groupware mais conhecido. Permite
http://www.lotus.com/home. que as pessoas possam comunicar entre elas num espaço
nsf/welcome/domino
virtual, através do tempo, capturando interacções. O produto
está desenhado segundo um sistema de navegação simples de
utilização. Integra dados de diferentes tipos, página web, e-mail,
mensagens de newsgroup, formulários, etc. O produto
disponibiliza diferentes versões linguísticas com especificações
locais.
Picture Talk Software Software que permite a comunicação em tempo real, a troca
http://www.picturetalk.com/p ideias, apresentar informação interactiva no ecrã do
roducts.html
computador e agrupa pessoas em tempo real em qualquer
lugar.
Team Center v3.0 Team Center é uma ferramenta útil para organizações que
http://www.inovie.com/produ tenham necessidades de sincronizar actividades em grupo.
cts.html
Disponibiliza uma grande gama de capacidade de colaboração e
Anexo B: Ferramentas Colaborativas para Gestão do Conhecimento 153
Anexo C