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Laboratório de Planeamento III – Vº Ano – FAPF – UEM

GESTÃO
AMBIENTAL
URBANA – O CASO
DE MOÇAMBIQUE
Antecedendes, Intervenientes, Instrumentos e a sua Aplicabilidade

Nasser Bay
Abril de 2008
UEM (Universidade Eduardo Mondlane) FAPF
Vº Ano Laboratório de Planeamento – III
GESTÃO AMBIENTAL URBANA – O CASO DE MOÇAMBIQUE

INTRODUÇÃO

Âmbito
No âmbito do plano temático da cadeira de Planeamento Físico III do 1º
Semestre do 5º Ano da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico da
Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique, realiza-se este
trabalho didático cujo foco é a GESTÃO AMBIENTAL URBANA, para efeitos de
conhecimento e análise contextual. Trata-se de um trabalho de pesquisa; uma
análise superficial ao tema com referência a trabalhos realizados por outros
autores, que será desenvolvido em 11 páginas.

Objectivos
Geral – Pretende-se realizar um trabalho sobre a Gestão Ambiental
Urbana, num compto geral, onde se possa perceber a origem da sua
necessidade, os seus intervenientes e instrumentos, e o sua
aplicabilidade em Moçambique.

Específico – Pretende-se, com este trabalho e, partindo do conceito da


palavra:
 Perceber a origem da sua necessidade, contextualizando-se o
Processo de Urbanização e os problemas que dele advêm,
dando maior ênfase aos problemas de carácter ambiental e aos
problemas que estes causam;
 Perceber quais são os seus intervenientes e instrumentos,
olhando para o caso específico de Moçambique, buscando-os
nos documentos legais existentes no país;
 Perceber a sua aplicabilidade em Moçambique, olhando para o
que é definido pela legislação, identificando-se os problemas
específicos das cidades moçambicanas e propondo-se possíveis
soluções, a geito de conclusão.

Metodologia da Pesquisa
Conhecendo-se os parâmetros para a realização do trabalho, a pesquisa para
este, começa com o tema focal (foco), que é Gestão Ambiental Urbana. É um
tema pouco preciso, que pode tomar direcções e sentidos diversos. Pode ser
tratado na óptica teórica (filosofias, definições, teorias, etc) ou prática
(mecanismos de gestão, desempenho, etc); ou ainda, numa óptica futurística.

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De um modo geral, este pode ser abordado sobre várias ópticas, o que tornou,
até certo ponto, complicado o início desta pesquisa. O ponto de partida para a
pesquisa foi a Internet (http://www.google.com - Google), com a palavra chave
“Gestão+Ambiental+Urbana”. Outra fonte valiosa para o trabalho foi o livro
“Colectânea de Legislação do Ambiente” 1. Cerca de 35 documentos da internet
foram seleccionados para análise, apartir da pesquisa feita sobre a palavra
chave. Daqui, apenas 12 foram destacados. Estes documentos são, em maior
parte, documentos oficiais portugueses e/ou brasileiros, ou até mesmo de
outras origens, traduzidos para português. Os restantes, são oriundos de
trabalhos de pesquisa, análises “in situ”, dissertações, fóruns, conferências,
debates, teses ou outros.
No processo de pesquisa, foi tomada em conta a possível e inicial organização
do trabalho, começando por se pesquisar o sentido etmológico da palavra e de
seguida os fundamentos teóricos e as problemáticas dos ambientes urbanos
que levaram a necessidade de se criar a Gestão Ambiental Urbana.
Em síntese, têm que ser definidas as diversas modalidades de análise do
problema, na elaboração dos dados e na definição das conclusões, através de
uma descrição detalhada e motivada da escolha das fontes de referência, dos
critérios e das técnicas processuais de investigação, de análise, de avaliação e
de selecção dos dados e das soluções elaboradas. Obviamente que esta síntese
levou a eliminação de parte das fontes bibliográficas que, apenas serviram
como pontos de referência e mais valia para o conhecimento do autor.

I - É NECESSÁRIO EXISTIR UM SISTEMA PARA A GESTÃO

AMBIENTAL URBANA

Gestão Ambiental Urbana


Para iniciar este tema, nada melhor que perceber o que é a Gestão Ambiental
Urbana que, segundo FORTES, S/D2, é o termo usualmente empregue para
conceituar as actividades dedicadas ao gerenciamento de uma cidade na
perspectiva da melhoria e da conservação da sua qualidade ambiental onde
estas, tanto no espaço intra-urbano como na sua área de influência, represente
um objectivo determinante. Constitui, portanto, o conjunto das actividades
técnicas, administrativas, legais e normativas para as quais se pressupõe uma

1
SERRA, Carlos; 2006;Colectânea de Legislação do Ambiente; Centro de Formação Jurídica e Judiciária – Ministério da Justiça;
Central Impressora e Editora de Maputo; Moçambique
2
FORTES, OTÁVIO F. . S/D - Gestão Ambiental Urbana: Conceituação Básica.
http://www.unilivre.org.br/centro/textos/Forum/gestao.htm

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acção coordenada e de parceria entre os diferentes níveis de governo e a
capacidade mobilizadora da comunidade. Já, segundo LANNA 3, a gestão
ambiental tem sido descrita e conceptualizada como um processo cujo
objectivo é controlar as alterações ou as intervenções no meio ambiente,
focalizando a elaboração de princípios e directrizes que orientem sistemas de
gerenciamento, projectos e planos voltados ao uso, protecção e conservação
do meio ambiente. O meio ambiente mencionado, refere-se ao ambiente
urbano, caracterizado por torres de betão, cimento e tinta; fumo de
automóveis e algum industrial; saturação por resíduos e informação de vária
ordem. Com este cenário, torna-se necessário buscar a origem das cidades,
para compreender a origem dos seus problemas.

Assim, o surgimento dos conglomerados urbanos é um facto histórico,


geográfico e, acima de tudo, social. Inicia com o fim da pré-história, numa
época em que a sociedade primitiva desenvolveu apenas aldeias rurais, que
eram nómadas (períodos paleolítico e mesolítico). Mais adiante, no período
neolítico, aconteceu a sedentarização, com duas revoluções bastante
importantes, caracterizadas por dois movimentos culturais que provocaram
mudanças sociais muito significativas: a Revolução Agrícola e a Revolução
Urbana. Ocorre, então, a separação entre a agricultura e o pastoreio e,
consequentemente, a primeira divisão social do trabalho. Note-se que a
sociedade de classes precedeu a origem da cidade. Este fenômeno que é a
cidade, teve o seu começo com os postos de troca, onde foram se criando
aglomerações de pessoas e com elas as primeiras especializações profissionais,
resultantes de Processos de Urbanização que, para alguns historiadores, seria
uma das principais hipóteses para o surgimento das cidades.

As cidades são, então, e de uma forma muito generalizada e, quiçá, na sua


forma mais pura, resultados de Processos de Urbanização. O Processo de
Urbanização consiste, pode-se afirmar, num processo contínuo de resolução de
problemas próprios e característicos de uma Zona Urbana (necessidade de
habitação, de emprego, de lazer, de circulação e comunicação, de acomodação
e gestão dos componentes urbanos); sendo, principalmente nos países em
desenvolvimento, uma das mais agressivas formas de relacionamento entre o
homem e o meio ambiente. Este processo de urbanização das cidades acelerou
de forma acentuada e desordenada, a partir da revolução industrial, quando
diversas massas humanas convergiram para as cidades atrás de emprego e de
melhores condições de vida; por duas razões: a necessidade de mão-de-obra
nas indústrias e a redução do número de trabalhadores no campo. Já nos países
subdesenvolvidos, o fenômeno é bastante recente, já que os factores que
conduzem ao desenvolvimento das cidades decorre normalmente do êxodo
rural, por causa da má condição de vida no campo e da liberação de mão-de-
obra em razão da mecanização da lavoura ou das inovações da pecuária.

Pode-se afirmar que o Século XX é o século da urbanização, pois nele se


acentuou o predomínio da cidade sobre o campo. O Processo de Urbanização
3
LANNA, Antonio Eduardo. Gerenciamento de bacia hidrográfica: aspectos conceituais e metodológicos. Brasília: IBAMA, 1995

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traz desenvolvimento e progresso, mas causa igualmente enormes problemas.
A desorganização social, com carência de habitação, de estradas, de
saneamento básico e de desemprego; são alguns desses problemas. A
modificação do uso do solo e transformação da paisagem urbana, também são
considerados como tal; embora por vezes possam ser consideradas soluções
para os problemas que as cidades enfrentam. Nos países desenvolvidos, a
urbanização causou inúmeros problemas, como as pestes, as revoluções
industrial e francesa, a luta de classes, todas ocorridas no decorrer do século
XVIII e XIX.

Os primeiros problemas sociais, como a falta de saneamento básico, saúde e


habitação surgiram antes, na Idade Média, com o desenvolvimento do
comércio e da indústria, que por sua vez trouxe um incremento da
concentração urbana. Porém, este aumento significativo de população
transformou as cidades num verdadeiro caos, já que não havia habitação
suficiente, muito menos infraestrutura de saneamento básico e higiene, o que
causou um aumento desordenado da mortalidade. Nesta altura, os empregos
existentes nas fábricas eram insuficientes frente a demanda, aumentando
ainda mais os níveis de pobreza e de miséria o que, por sua vez, acentuou os
défices da sociedade. Como o desenvolvimento industrial dos países
subdesenvolvidos só ocorreu no século XX, aqui, os problemas da urbanização
só estão a aparecer agora. É o caso da falta de infra-estruturas de circulação
(ruas e transporte colectivo), de geração de empregos, de novas habitações e
principalmente problemas de carácter ambiental, como a falta de saneamento
básico, a falta ou má gestão de resíduos sólidos, os diferentes tipos de poluição
(visual, sonora, do ar), quer cometidos pelo homem como indivíduo, bem como
pelo Homem como comunidade.

Na presença do leque de problemas característicos da zona urbana, e com a


necessidade da cidade continuar a desenvolver-se, tornou-se necessário criar
uma série de mecanismos para gerir, monitorar e fiscalizar a dinâmica urbana.
Um destes mecanismos é a Gestão Ambiental Urbana. Em concordância com o
anteriormente definido, trata-se de uma série de regras e normas
disciplinadoras, com os seus intervenientes e instrumentos. A intervenção do
poder público torna-se crucial neste processo, mas á que conhecer-se os
instrumentos que o suportam.

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II - Intervenientes e Instrumentos

Conforme anteriormente mencionado, a intervenção do poder público, que


procura transformar o meio urbano e criar novas formas urbanas, é crucial para
este processo. Nesse sentido, o município torna-se o alvo preferencial para
implantação das políticas de desenvolvimento urbano e cabe ao poder público,
nas suas diferentes esferas governamentais, a responsabilidade sobre a busca
das condições que viabilizem acima de tudo a qualidade de vida da população
urbana e a superação das actuais condições de exclusão territorial em que se
encontra a maior parte da população urbana. Os impactos ambientais
decorrentes do processo de urbanização aliados à implementação de políticas
urbanas que nem sempre atendem ou condizem com a real situação/ dinâmica
das cidades propiciaram as dificuldades para se garantir o efectivo acesso ao
saneamento, habitação, transporte, segurança, educação e saúde. Com o
crescimento das aglomerações urbanas aumentou a pobreza urbana, tornando
cada vez mais complexa a resolução dos problemas que afligem as cidades.
Entre os fatores que contribuíram para essa situação, destacam-se a dificuldade
de acesso a terra e a inadequação da política urbana às necessidades da
população, que acentuaram a proliferação de assentamentos urbanos
informais.
Contudo, não se pode deixar esta responsabilidade somente sobre o poder
público. A sociedade civil também tem a sua quota parte nesta
responsabilidade, assim como o sector privado. A educação cívica do indivíduo,
quer pela cultura do seu povo, como pela instrução escolar e caseira é, talvez, a
melhor forma para obter-se intervenientes activos. O poder público tem a
responsabilidade de disponibilizar os meios para uma Gestão eficiente, quer
estes sejam materiais ou a nível de formação; normas, leis e regulamentos.
Estes instrumentos devem estar disponíveis para acesso público.
Analisando o caso de Moçambique, podemos perceber quem são esses
intervenientes, os instrumentos que os suportam, e como decorre este
processo.

O Caso de Moçambique
Para o caso particular de Moçambique, temos como intervenientes desta
Gestão Ambiental Urbana o MICOA (Ministério para a Coordenação da Acção
Ambiental), em primeiro plano, como entidade responsável por criar, monitorar
e garantir que as balizas pelas quais os parâmetros ambientais devem ser
regidos, mantenham-se integros, bem como garantir a interactividade entre os
diversos intervenientes; o Ministério da Saúde que, através dos seus
intervenientes deverá monitorar a qualidade ambiental da cidade, quer seja a
nível do ar, ou físico (qualidade da água e outros produtos de consumo); os
Ministério das Obras Públicas e Habitação, da Agricultura e Pescas, da Indústria

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e Comércio, do Turismo, dentre outros; o Conselho Municipal que, através dos
seus intervenientes, deverá fazer a gestão de resíduos sólidos, controlar ou
garantir que os limites de poluição não sejam excedidos, quer estes sejam a
nível de poluição do ar ou visual; as associações de defesa do consumidor; e na
ponta final deste esquema, não sendo o menos importante mas sim, talvez o de
maior importância, o próprio usuário/poluidor, que é responsável pela gestão
ambiental a nível individual. Outras organizações como a IMPACTO, WWF e
Centro Terra Viva participam também neste esquema de Gestão Ambiental
Urbana, quer de forma directa ou indirecta. Existe o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Sustentável, criado a luz do Decreto nº 40/2000, de 17 de
Outubro que é o órgão responsável por criar uma inter e intra-operacionalidade
entre os intervenientes acima sitados; propor políticas e estratégias de gestão,
protecção e mitigação de questões ambientais. O Governo terá, ao abrigo da
Lei do Ambiente, “de criar os mecanismos adequados para envolver os diversos
sectores da sociedade civil, comunidades locais, em particular as associações de
defesa do ambiente, (...)”4.
Os instrumentos que regem esta gestão são: a Legislação da terra; Legislação
do ambiente; Legislação das águas; Legislação do mar; Legislação de recursos
minerais; Legislação sobre a energia; Legislação de transportes; Legislação de
estrada e Legislação de pescas; a Lei dos Municípios; com as suas Políticas, Leis,
Regulamentos e Normas inerentes. A título de exemplo, temos:
 Lei nº 20/97, de 1 de Outubro (Lei do Ambiente);
 Resolução nº 5/95, de 3 de Agosto (Aprova a Política Nacional do
Ambiente);
 Resolução nº 16/2005, de 11 de Maio (Aprova o Plano Quinquenal do
Governo para 2005 – 2009);
 Decreto nº 32/2003, de 12 de Agosto (Aprova o Regulamento relativo
ao Processo de Auditoria Ambiental);
 Decreto nº 39/2003, de 26 de Novembro (Aprova o Regulamento do
Licenciamento Industrial);
 Decreto nº 2/2004, de 31 de Março (Aprova o Regime de
Licenciamento de Obras Particulares);
 Decreto nº 45/2004, de 29 de Setembro (Aprova o Regulamento sobre
o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental);
 Decreto nº 495/73, de 6 de Outubro (Determina várias medidas de
protecção contra a poluição das águas, praias e margens do ultramar);
 Lei nº 16/91, de 3 de Agosto (Lei de Águas);
 Decreto nº 15/2004, de 15 de Julho (Aprova o Regulamento dos
Sistemas Prediais de Distribuição de Águas e Drenagem de Águas
Residuais);
 Diploma Ministerial nº 180/2004, de 15 de Setembro (Aprova o
Regulamento sobre a Qualidade da Água para o Consumo Humano);
 Decreto nº 18/2004, de 2 de Junho (Aprova o Regulamento sobre
Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes);

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SERRA, Carlos – 2006 – Colectânea de Legislação do Ambiente – Artº 8 da Lei do Ambiente – Maputo, Moçambique

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 Diploma Ministerial nº 153/2002, de 11 de Setembro (Aprova o
Regulamento sobre os Pesticidas);
 Decreto nº 8/2003, de 18 de Fevereiro (Aprova o Regulamento sobre a
Gestão dos Lixos Bio-Médicos);
 Decreto nº 13/2006, de 15 de Junho (Aprova o Regulamento sobre a
Gestão de Resíduos);
 Diploma Ministerial nº 51/84 (Aprova o Regulamento sobre os
Requisitos Higiénicos dos Estabelecimentos Alimentares);
Para além destes instrumentos internos, Moçambique está, ao abrigo da
Constituição da República, sob protecção dos instrumentos Internacionais de
Gestão Ambiental.

Conhecendo-se os intervenientes e os instrumentos aplicados à Moçambique, e


tendo-se uma noção generalizada sobre a teoria do tema, é tempo de se
perceber como é que esses instrumentos são aplicados na prática, fazendo-se
uma análise sobre os problemas específicos das cidades moçambicanas e como
é que a gestão ambiental lida com esses problemas, sugerindo-se possíveis
alternativas para solucioná-los. É o que se trata a seguir.

III – A APLICABILIDADE DA GESTÃO AMBIENTAL URBANA

EM MOÇAMBIQUE

Para se proceder à Gestão Ambiental Urbana, a que conhecer primeiro os


instrumentos (mencionados anteriormente) e mecanismos para o seu correcto
desempenho. É necessário, portanto, conhecer-se algumas directrizes.

Primeiro, de acordo com a Lei do Ambiente, é proibido poluir. Poluir, significa


depositar, no ambiente substâncias em quantidade tal que o afecte
negativamente; isto é, depositar substâncias fora dos Padrões de Qualidade
Ambiental, que de acordo com a mesma Lei, deverão ser estabelecidos pelo
Governo, em paralelo com as normas e prazos de mitigação de excessos. Há
que conhecer as Medidas Especiais de Protecção do Ambiente, patente na
mesma Lei (CAPÍTULO IV). O CAPÍTULO V dá a conhecer os meios para a
Prevenção de Danos Ambientais, nomeadamente o Licenciamento Ambiental; a
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e as Auditorias Ambientais; que
constituem, uma parte significativa da Gestão Ambiental Urbana. A fiscalização
também é uma fase importante deste processo (explanada no CAPÍTULO VIII da

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Lei do Ambiente). Segundo a Resolução nº 5/95, de 3 de Agosto, que aprova a
Política Nacional do Ambiente, a Educação e Divulgação Ambiental; a Formação
de Profissionais Ambientais; a Investigação Ambiental e criação de um Banco de
Dados integrado; a Monitorização Ambiental; a integração da mulher, da
comunidade, e do sector privado na gestão ambiental e a Cooperação
Internacional são estratégias para a Gestão Ambiental Urbana.
Para as cidades moçambicanas, esta Gestão, é considerada particularmente
difícil, visto existirem dois sistemas sócio-económicos com necessidades e
interesses por vezes contraditórios, sendo o sector tradicional, informal e rural
por um lado e o sector moderno, formal e urbano por outro lado. A capacidade
humana, material e financeira das instituições responsáveis pela gestão do
ambiente urbano, em especial os governos locais, é considerada fraca; o que
torna esta gestão ainda mais difícil, devido a sua complexidade, o que a torna
praticamente inevitável a sua degradação. Por outro lado, a intervenção pública
individual (do cidadão), que deveria existir, é bastante reduzida ou
praticamente nula. A Resolução nº 5/95, de 3 de Agosto, que aprova a Política
Nacional do Ambiente5, prevê estratégias para a Gestão do ambiente urbano,
que se passa a citar:
 Capacitação Institucional Eficiente e Estabelecimento de mecanismos de
coordenação – pretende-se integrar os aspectos ambientais no Projecto
de Reforma dos Órgãos Locais e Engenharia; estabelecer o Centro de
Desenvolvimento Sustentável de Nampula, especializado na área do
tema do trabalho; dotar as instituições intervenientes neste processo,
de autonomia orçamental para a execução dos seus programas e
projectos; rever, divulgar e aplicar a legislação existente referente à
gestão ambiental urbana; realizar um inventário nacional sobre a gestão
ambiental urbana. As estratégias para esta capacitação passam por
definição e formulação de uma política nacional de desenvolvimento
urbano e ambiental; a descentralização da competência da gestão
ambiental urbana para os municípios e a capacitação, em matéria
ambiental, de todos os sectores envolvidos na gestão urbana.
 Reabilitação e/ou edificação dos sitemas de saneamento urbano e
fornecimento de água potável – pretende-se fortificar as empresas
responsáveis pelas águas e saneamento, através de capacitação nas
áreas de gestão e planificação; elaboração de mapas de riscos
ambientais e, apartir destes, identificar as áreas que requiram
intervenções prioritárias e propor medidas correctivas, principalmente
as com eminência de epidemias; fortificação da componente de
sensibilização do poder público e doadores; providenciar estações de
tratamento de águas residuais à todas as cidades, introduzindo
igualmente, ou melhorando os sistemas de drenagem de algumas
cidades; definição de políticas que garantam que as normas de
qualidade de água e saneamento sejam devidamente consideradas no
processo de planeamento urbano, bem como a implantação do Plano
Director para o Saneamento e Ambiente. Para se garantir isto, a que
reforçar os programas de extensão da cobertura dos sistemas de água
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SERRA, Carlos – 2006 – Colectânea de Legislação do Ambiente – Artº 8 da Lei do Ambiente – Maputo, Moçambique

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para as periferias das cidades, incluindo reabilitação; pesquisar o uso de
tecnologias apropriadas, visando soluções sustentáveis; reforçar,
melhorar e integrar o Programa Nacional de Saneamento a Baixo Custo
nos concelhos municipais; formular e adoptar uma política de tarifária
baseada em custos reais.
 Programas de Combate à erosão e ao Desflorestamento – apartir de
capacitação dos conselhos municipais nas áreas de combate à erosão,
no que diz respeito à aplicação de tecnologias apropriadas à
participação comunitária e ao uso de recursos locais; recuperação dos
viveiros municipais para os programas de arborização; procedimento de
zoneamento ecológico, definindo as zonas de reflorestamento e de
protecção das cidades e; definição de uma política de energia urbana
que promova o uso de recursos renováveis e reduza o consumo de
fontes de energia fóssil e biomassa; procurar envolver o empresariado
local na manutenção e gestão dos parques e jardins; desenvolver
programas de educação comunitária sobre a importância da árvore para
o ambiente local e o benefício para a economia do sector familiar;
desenvolver e subsidiar a introdução e utilização de fogões ecológicos
melhorados; introduzir modelos de gestão de áreas florestais situadas
nas proximidades das cidades e das zonas de protecção.
 Gestão de resíduos sólidos domésticos e hospitalares – através de
capacitação dos conselhos municipais nas áreas de gestão de resíduos
sólidos domésticos e hospitalares, visando a melhoria do sistema de
recolha, deposição e tratamento de lixos e; introdudução de
mecanismos de participação comunitária na gestão dos resíduos sólidos;
criar e gerir novas lixeiras, introduzindo sistemas de tratamento e
reciclagem dos resíduos sólidos; introduzir nos citadinos, mecanismos
para a prática de separação dos resíduos sólidos domésticos e adoptar
medidas legislativas que obriguem os poluidores a procederem à
reciclagem dos seus desperdícios.

O Decreto nº 18/2004, de 2 de Junho, que aprova o Regulmanento sobre


Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes, fornece as balizas
para que se possa compreender onde começa a poluição e daí implementar as
medidas para mitigar esse problema. Este decreto faz referência a Qualidade
do Ar, Qualidade da Água, Qualidade do Solo e Emissão de Ruídos.

Conclusão

Já se conhece a origem da necessidade de uma Gestão Ambiental Urbana, ou


seja, a cidade surge da necessidade de resolver alguns problemas; e da cidade

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surgem problemas específicos que têm que ser geridos, monitorados e
resolvidos. Alguns desses problemas são os ambientais e, a disciplina
responsável por eles é a Gestão Ambiental Urbana que constitui, portanto, o
conjunto das actividades técnicas, administrativas, legais e normativas para as
quais se pressupõe uma acção coordenada e de parceria entre os diferentes
níveis de governo e a capacidade mobilizadora da comunidade. O poder público
é considerado o principal interveniente nesta gestão, mas não deve, de forma
alguma, tomar a responsabilidade por todo o processo. A sociedade civil
também tem a sua quota-parte na responsabilidade pelo processo. O poder
público deve criar os mecanismos e polos a disposição, bem como garantir a
formação da sociedade. Já a sociedade por seu lado, tem o dever de agir
positivamente, tomando parte activa da solução, desempenhando um papel
primordial na tomada de acção. A sociedade tem obrigação de cumprir as
regras, e denunciar as infracções. Também tem a função de educadora e
monitora desta gestão. A sociedade faz parte do processo, e deveria estar
integrada em todas as fases, desde a escolha da legislação, as tomadas de
decisão até a fase final.
Moçambique possue os intrumentos legais para uma Gestão Ambiental Urbana
eficaz. Estes são claros e eficazes, pelo menos na teoria. A gama de problemas
que retratam, tornam clara a ideia de se possuir uma base sólida para que se
desempenhe uma gestão com sucesso. Igualmente, os problemas para serem
resolvidos por essa gestão, também existem, e em grande escala. Fala-se aqui
dos Resíduos Sólidos, Poluição do Ar, Poluição Sonora, Poluição da Água,
Saturação de informação publicitária, emição de fumo por veículos, etc.
Portanto, o cenário está montado. Mas o sistema não é eficaz. Não responde às
necessidades da sociedade e da cidade, muito menos às directrizes criadas pelo
próprio sistema. Onde será que reside o problema, então?
O problema reside nos intervenientes e nos meios que estão a disposição. Por
exemplo, quanto a gestão de resíduos sólidos, a legislação prevê a separação
do lixo por tipo (plásticos, vidro, orgânico, papel, metal) e reciclagem; mas a
não é o que acontece na realidade. Não existem, nas ruas, contentores
separados por tipo, nem todo o tipo de indústrias, no país, para proceder a
reciclagem (embora esta possa ser feita individualmente). Outro exemplo tem a
ver com os Padrões de Qualidade do Ambiente que estipula os limites máximos
de emissão de poluentes atmosféricos e efluentes líquidos e, estipula as
sanções a serem aplicadas em caso de violação. Nota-se nas cidades
moçambicanas e principalmente na capital (Maputo), a circulação de veículos
que libertam fumo preto pelo escape, o que polui o ambiente. Visualmente,
estes veículos saem fora dos padrões estipulados, mas infelizmente nenhuma
força de poder toma acção contra essa infracção.
Soluções? Primeiro é necessário levar-se a sério a legislação existente,
capacitando todos os intervenientes do processo. É necessário igualmente
disponibilizar os mecanismos e meios para se atingir o resultado. Capacitar é
um passo importante. Não só saber que a legislação existe, mas tomar parte da
solução! Reciclar pode, provavelmente, ser a solução para o problema da
Gestão dos Resíduos Sólidos; uma solução para o séc. XXI.

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Criar, Monitorar e Executar, são fazes deste fenômeno que é a Gestão
Ambiental Urbana. A participação da comunidade e o recurso a tecnologias e
processos ecologicamente sustentáveis, são provavelmente, duas estratégias
para se atingir as soluções pretendidas.

Definições

Gestão que se diz do acto de gerir; a execução de uma cadeia de processos para garantir um
fim.
Ambiente que, como termo é de uma grande ambiguidade. Indo de encontro ao tema focal do
trabalho, Ambiente significará:
 Em biologia, principalmente na ecologia, o meio ambiente inclui tudo o que afecta
directamente o metabolismo ou o comportamento dum ser vivo ou duma espécie,
incluindo a luz, o ar, a água, o solo ou os outros seres vivos que com ele coabitam.
Meio Ambiente que se diz “das condições sob as quais qualquer pessoa ou coisa vive ou se
desenvolve; a soma total de influências que modificam o desenvolvimento da vida ou do
caráter”6, verificando-se, assim, que está composto de elementos naturais e culturais.
Urbano que se diz uma área urbanizada, isto é, uma Zona urbana que é a área de um município
caracterizada pela edificação contínua e a existência de equipamentos sociais destinados ás
funções urbanas básicas, como habitação, trabalho, recreação e circulação e que; diferencia-se
de vilas e outras entidades urbanas através de vários critérios, os quais incluem população,
densidade populacional ou estatuto legal. Conhecida igualmente como Cidade.

6
TUAN, Yi-Fu, "Environment and World", in: Professional Geographer, 17 (5), 6-7, 1965

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BIBLIOGRAFIA

Livros
 SERRA, Carlos – 2006 – Colectânea de Legislação do Ambiente – Centro
de Formação Jurídica e Judiciária. Maputo, Moçambique

Internet
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12 | P a g e
Docentes: Mazembe e Sondeia Abril de 2008
Discente: Nasser Bay
UEM (Universidade Eduardo Mondlane) FAPF
Vº Ano Laboratório de Planeamento – III
GESTÃO AMBIENTAL URBANA – O CASO DE MOÇAMBIQUE

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 1

ÂMBITO 1
OBJECTIVOS 1
GERAL 1
ESPECÍFICO 1
METODOLOGIA DA PESQUISA 1

I - É NECESSÁRIO EXISTIR UM SISTEMA PARA A GESTÃO AMBIENTAL URBANA 2

GESTÃO AMBIENTAL URBANA 2

II - INTERVENIENTES E INSTRUMENTOS 5

O CASO DE MOÇAMBIQUE 5

III – A APLICABILIDADE DA GESTÃO AMBIENTAL URBANA EM MOÇAMBIQUE 7

CONCLUSÃO 10

DEFINIÇÕES 11

GESTÃO 11
AMBIENTE 11
MEIO AMBIENTE 11
URBANO 11

BIBLIOGRAFIA 12

ÍNDICE 13

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Docentes: Mazembe e Sondeia Abril de 2008
Discente: Nasser Bay

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