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Universidade Estadual de Montes Claros

Curso de Direito
Disciplina: Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Jurídico
Profª. Ms. Ionete de Magalhães Souza
Acadêmico: Comphúcio Allyson Mota Fraga

FICHAMENTO

IHERING, Rudolf von. A luta pelo Direito. Título original: Der Kampf ums Recht. Tradução de
Ricardo Rodrigues Gama. Campinas (SP): Russel, 2004.
O autor inicia a obra colocando em foco que o objetivo do direito é a paz e que
somente mediante a luta os cidadãos irão de encontro aos seus direitos. Explicita que o Direito
não se trata de uma mera teoria, mas sim de uma força viva.

O direito não é uma idéia lógica, porém idéia de força; é a razão por que a justiça,
que sustenta em uma das mãos a balança em que pesa o direito, empunha na outra a
espada que serve para fazê-lo valer. A espada sem a balança é a força bruta, a
balança sem a espada é o direito impotente; completam-se mutuamente: e na
realidade, o direito só reina quando a força despendida pela justiça para empunhar a
espada corresponde à habilidade que emprega em manejar a balança. (p. 8)

Expõe que todos devem ter em si o sentimento de obrigação de lutar para defender seu
direito, pois assim acabam por participar do trabalho incessante de desenvolvimento de sua
nação. Abre ressalva para que não esqueçamos que a paz da qual desfrutamos hoje e que todas
as grandes conquistas da historia do direito são resultado de guerras travadas por gerações
anteriores.

O autor faz uma demonstração de como o direito e a propriedade podem ser reparados
de maneira a conferir a um o prazer e a paz, e a outro o trabalho e a luta, tendo então, duas
facetas cada. Propondo, assim, que para se ter direito e moral é necessária a luta, para se ter a
propriedade é necessário o trabalho. “[...] dois sentidos em que encaramos a propriedade e o
direito, podendo decompor-se subjetivamente de tal modo que o gozo e a paz estejam de um
lado e a luta e o trabalho de outro.” (p.9)

O autor elucida o duplo sentido da palavra direito, o objetivo e o subjetivo. Mostra seu
estudo voltado para o direito subjetivo, sem se esquecer, é claro, do objetivo. “[...] o sentido
objetivo, que nos oferece o conjunto de normas jurídicas em vigor, a ordem legal da vida, e o
sentido subjetivo, que é, por assim dizer, o precipitado da norma abstrata no direito concreto
da pessoa.” (p. 10-11)
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Evidencia sua atenção à ordem jurídica como caminho para a luta contra o
anarquismo. “O estado não pode conseguir a ordem legal, sem lutar continuamente contra a
anarquia que o ataca.” (p. 11)

Mostra-se contrário ao pensamento romanista de Savigny e Puchta (o direito se dá de


forma sutil, sem força, sem luta e livre de dificuldade), defendendo o ideal de que o Direito
acontece por meio da luta e não por vias essencialmente naturais. “O direito, considerado em
seu desenvolvimento histórico, apresenta-nos, portanto, a imagem da investigação e da luta,
em uma palavra – dos mais penosos esforços.” (p. 15)

Ihering diz ainda que a luta pelo direito subjetivo é provocada quando o direito é
violado. Quando um indivíduo é prejudicado nos seus direitos, deve perguntar-se se ele os
sustentará, se resistirá ao seu adversário, e por conseqüência se ele lutará, ou se, para escapar
à luta, abandonará, em um ato de covardia, o seu direito.

Quando um indivíduo é lesado em seu direito, faz-se irremissivelmente esta


consideração, nascida da questão que em sua consciência se apresenta, e que pode
resolver como bem lhe aprouver: se deve resistir ao adversário ou se deve ceder.
Qualquer que seja a solução, deverá fazer sempre um sacrifício; ou sacrificará o
direito à paz ou a paz ao direito. (p. 21)

Coloca a defesa do direito como um dever da preservação da moral própria. O


abandono dessa defesa constitui um suicídio moral. “Temos, pois, o dever de defender nosso
direito, porque nossa existência moral está direta e essencialmente ligada à sua conservação;
desistir completamente da defesa, o que atualmente não é muito prático, porém que poderia
ter lugar, equivaleria a um suicídio moral.” (p. 25) “O direito, que é prosa no campo material,
torna-se, na luta por uma ideia, em poesia, porque o combate pelo direito é, em verdade, a
poesia do caráter.” (p.40)

Examinando-se mais de perto a questão do Direito Objetivo e o Subjetivo, o autor


expõe que o direito concreto não existe sem que haja a regra jurídica abstrata. Ele não apenas
recebe a vida e a força do direito abstrato, mas devolve-lhas por sua vez.

Ihering contrapõe a idéia de interesse individual pela idéia de interesse coletivo,


dizendo que quem defende o seu direito acaba por atingir o da coletividade. Por uma esfera
mais estreita, tal ato e suas conseqüências refletem diretamente muito além de seu próprio
indivíduo.
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O homem luta, pois, pelo direito inteiro, defendendo o seu direito pessoal no estreito
espaço em que ele se exerce.

O interesse e as demais conseqüências de sua ação se estendem, pelo mesmo fato


muito, além de sua personalidade. (p. 50)

Para o autor, a nação nada mais é que o somatório de todos aqueles que a integram.
Portanto, se a defesa do direito individual esta intrinsecamente associada ao direito do
coletivo, semear e preservar o sentimento de justiça de uma nação é, pois, a defesa mais
eficiente que um estado soberano possa ter. Cultivando o sentimento de justiça estará
cultivando a força do país. Ter o direito violado leva os indivíduos a uma reação de defesa
pessoal, estando, então, o direito agregado ao idealismo. “A luta é o eterno trabalho do direito.
Se é uma verdade dizer: Comerás o teu pão com o suor da tua fronte, não o é menos
acrescentar também: É somente lutando que obterás o teu direito.” (p. 92)

Montes Claros, 11 de setembro de 2009.

Comphúcio Allyson Mota Fraga

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