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Partido Operário de Unidade Socialista

Secção portuguesa da IVª INTERNACIONAL

Por que estamos a manifestar -nos?


A 29 de Setembro de 2010, muitos milhares de trabalhadores manifestam com a CGTP, nas cidades
de Lisboa e do Porto, e milhões manifestarão ou farão greve em outros países da União Europeia,
todos ao apelo da chamada Confederação Europeia dos Sindicatos (CES).
Nestas jornadas de luta existe a mesma angústia e preocupação com as consequências das políticas
de austeridade, agora integradas nos Programas de Estabilidade e Crescimento (PECs), que o
governo de Sócrates não hesitou nem hesita em cumprir à risca.
Todos os manifestantes querem impedir a aplicação destes ataques, todos querem que se formem
governos que executem políticas de desenvolvimento, de proibição dos despedimentos e da
precariedade, de criação de postos de trabalho com direitos, de garantia de serviços públicos de
qualidade.
Não eram estas as políticas que esperavam e esperam aqueles que, nas últimas eleições legislativas,
recusaram votar no PSD e no CDS?
Numa delegação organizada pelo POUS ao Grupo parlamentar do PS, no passado mês de Março, o
que disse o seu presidente? Afirmou que estas políticas não poderão ser postas em prática porque
elas implicam atacar os senhores do capital financeiro, os banqueiros e especuladores, e em
consequência Portugal ficaria isolado.
É um facto, que as políticas que dão substância ao desenvolvimento e à democracia têm contra elas
todas as instituições que ditam as medidas económicas necessárias à manutenção do sistema
capitalista (BCE, U.E., FMI,…). Basta pensar nos recentes ditames da OCDE!
Tem razão a CGTP ao denunciar a cumplicidade da OCDE com o BCE, que empresta dinheiro aos
bancos à taxa de 1% para estes o voltarem a emprestar ao Estado português a uma taxa superior a
6%!
Esta actuação do BCE – perante a qual Governo português e todos os outros defensores da aplicação
dos PECs se ajoelham, ao mesmo tempo que dizem que “vem aí a bancarrota e o FMI” – ilustra bem
para que serve a União Europeia e as suas instituições.

O POUS sempre afirmou e continua a afirmar que o nosso país só pode ter uma política de
desenvolvimento quando romper com as instituições da União Europeia.
Outras forças políticas e militantes não colocam esta condição para uma saída positiva para a crise.
Mas, perante o cerco que está a ser feito aos trabalhadores e ao conjunto dos países da Europa, para
todos se torna cada vez mais consciente e generalizada a necessidade de ligar as mobilizações em
todos os países, para derrotar estes PECs.
Qual é o objectivo da direcção da CES ao apelar a esta jornada de luta?

Segundo a direcção da CES, esta jornada de luta visa “protestar contra as medidas de austeridade”,
acrescentando que “os assalariados não devem ser os únicos a pagar a irresponsabilidade
especulativa de certas instituições financeiras”. Ela propõe o reforço do “diálogo social” europeu.
É caso para perguntar: Terão os trabalhadores de continuar a pagar “a sua parte” no saneamento dos
“fundos tóxicos” dos bancos? Não foi o erário público que pagou os 4,2 mil milhões de euros para o
buraco do BPN!!? Vamos “partilhar os sacrifícios”, quando se aumenta a dívida em benefício do
capital financeiro e dos especuladores, os únicos responsáveis pela crise?
Mas, uma coisa são os objectivos da direcção da CES, e outra são as necessidades e as aspirações
dos trabalhadores.
São estas necessidades e aspirações que, tanto em Espanha como em França, muitos milhares de
sindicalistas têm expresso ao rejeitarem as leis anti-laborais ou a contra-reforma da Segurança Social
“concertada” com os respectivos governos. Tal como o expressarem os três deputados expulsos do
PASOK (o Partido Socialista que está a governar a Grécia) ao recusarem aprovar o respectivo PEC –
que a direcção da CES disse que o povo grego não tinha outro remédio se não aceitar.

A luta dos trabalhadores é internacional

O POUS está convicto que será o desenvolvimento do movimento dos trabalhadores, numa frente
unida com as organizações que o estruturam – sindicatos e comissões de trabalhadores – que levará à
ruptura com as orientações preconizadas pela direcção da CES e imporá, em Portugal, a formação de
um Governo assente nos partidos que se reivindicam da defesa do socialismo e dos trabalhadores.
O POUS reconhece que este movimento faz parte integrante do movimento de conjunto dos outros
países da Europa e do resto do mundo. Movimento que precisa de ter no seu seio redes de militantes
e de organizações apostados na defesa da democracia, da paz, do desenvolvimento e do bem-estar de
toda a humanidade.
Com este entendimento, os militantes do POUS participaram na organização da Conferência
Operária Europeia, que teve lugar em Berlim no passado mês de Junho, reunindo militantes e
organizações de 19 países de toda a Europa.
É com base nesta mesma orientação que o POUS age para que se concretize a participação de uma
delegação portuguesa auto-financiada, na Conferência Mundial Aberta (CMA) contra a guerra e a
exploração*, a realizar de 27 a 29 de Novembro, em Argel, por iniciativa de dirigentes sindicais da
China e dos EUA, bem como do Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AIT).

(*) Ver o Apelo à CMA de Argel em http://pous4.no.sapo.pt/page_2.html

29 de Setembro de 2010

O Secretariado do POUS

POUS Sede: Rua de Santo António da Glória, nº 52 B, cave C, 1250 – 217 Lisboa
Página na Internet: http://pous4.no.sapo.pt email: pous4@sapo.pt

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