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DEFICIÊNCIA MENTAL

SOBRE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MENTAL

Ø No Brasil, até o final do Império as pessoas com deficiência mental


contavam com duas instituições: uma em Salvador, criada em 1874 e
outra no Rio de Janeiro, criada em 1887.
Ø Com a Proclamação da República, em 1889, o Federalismo proporciona
uma certa independência ao estados. Surgem, nesta época, algumas
manifestações acerca da deficiência mental no RS, RJ e SP, com
delineamento de novos planos educacionais. No final da década de 20, o
Brasil conta com 7 instituições para deficientes mentais.
Ø De 1920 a 1935 a educação das pessoas com deficiência mental seguiu
nas mãos de médicos e professores, sob a influência da psicologia. Em
1932 é fundada a Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff. O Instituto
Pestalozzi foi fundado em 1935.

Ø Gardner, defensor da existência de mais de um tipo de inteligência,


propôs em 1980 a Teoria das Inteligências Múltiplas, classificando-as em 7
formas: 1) inteligência lingüística; 2) inteligência cinestésica; 3)
inteligência espacial; 4) lógico-matemática; 5) musical; 6) inteligência
interpessoal;7)inteligência intrapessoal.
Ø As diferentes formas de expressão das habilidades humanas devem ser
consideradas quando se trabalha com pessoas que apresentam
dificuldades de desenvolvimento na área cognitiva.

Coeficiente intelectual
Ø Segundo o Manual Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais
(DSM-IV), deficiência mental é o estado intelectual significativamente
inferior à média, associado à limitações em pelo menos dois aspectos do
funcionamento adaptativo: comunicação, cuidados pessoais, competência
doméstica, habilidades sociais, utilização dos recursos comunitários,
autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho.
Ø diferentes tipo de níveis de cognição feitos através de testes
psicométricos:
COEFICIENTE DENOMINAÇÃO NÍVEL COGNITIVO/PIAGET
INTELECTUAL
QI menor de 20 Profundo Período sensório-motor
QI entre 20 e 34 Severo Período sensório-motor
QI entre 35 e 49 Moderado Período Pré-Operatório
QI entre 50 e 69 Leve Período Operatório
Ø Atualmente, a tendência é a não-classificação por coeficiente
intelectual, por serem estes testes limitados devido a sua especificidade,
levando-se em conta o histórico pessoal de cada um.

Origens
Ø Classificada em 6 áreas: 1) genética; 2) complicações pré-natais; 3)
complicações peri-natais; 4) complicações pós-natais; 5) sócio-
culturais; 6) desconhecidas. (DAVIS,1980)
Origem Genética
Apresenta-se sob duas formas: desordem bioquímica (Fenilcetomia
e Galactosemia) e desordem cromossômica (síndrome de Down, a
Síndrome de Rett e a Síndrome do X Frágil)
Desordem química:
Ø Fenilcetonúria: autossômica recessiva, hereditária, acontece quando por
erro genético, ocorrem mutações no gene da enzima hepática fenilalanina-
hidroxilase. A fenilalanina que é um aminoácido, quando em excesso no
sangue é tóxica, atacando principalmente o cérebro causando a deficiência
mental.
Ø Galactosemia: doença metabólica hereditária causada pela incapacidade
de metabolizar a galactose. se não identificada, causa retardamento
mental e pode ser fatal.

Desordem cromossômica:
Ø Síndrome de Down: a mais comum e conhecida, era também chamada
de mongolismo, em função das pregas no canto dos olhos que lembram
pessoas da raça mongólica. As causas podem estar ligadas ao par de
cromossomos 21, implicando na presença de um cromossomo a mais no
par 21, denominada Trissomia do Cromossomo 21. Outra forma de
apresentação é pela translocação entre o cromossomo 21 e outro
cromossomo, denominada Translocação Robertsoniana. Finalmente,
a Síndrome de Down em Mosaico ocorre, provavelmente, através dos
zigotos com trissomia do “21”, sendo que representam casos anormais,
onde os indivíduos são levemente, comprometidos, menos propensos à
cariotipagem.
Ø Síndrome de Rett: retardamento mental acentuado, que se supõe ser
um distúrbio dominante ligado ao X, atacando somente meninas.
Ø Síndrome do X Frágil: é uma das mais comuns, sendo superada apenas
pela Síndrome de Down. É causada por uma alteração cromossômica
ligada ao cromossomo X.

Complicações pré-natais
Ø As complicações pré-natais podem ser causadas pela ação de raios X
durante o período de gestação, ingestão de drogas e álcool pela mãe no
período gestatório, doenças adquiridas pela mãe e que passam ao feto,
tais como rubéola, infecções hepáticas.
Ø Doenças contraídas durante a gestação que podem causar problemas ao
feto: sífilis, toxoplasmose, encefalite, rubéola, dentre outras.
Ø Outra causa de complicações é a incompatibilidade sanguínea entre
mãe e feto que pode ocasionar a Eristroblastose Fetal ou Doença
Hemolítica do Recém-Nascido (DHR).
Ø O hábito de fumar e ingerir álcool durante a gestação também é
causador de problemas ao feto.

Complicações peri-natais
Ø relacionados à prematuridade, que ocasiona o baixo peso (PIG –
pequeno para a idade gestacional); à má assistência no momento do
parto que pode ocasionar traumas ao bebê; à hipóxia ou anóxia e icterícia
grave do recém-nascido.

Complicações pós-natais
Ø podem ser causadas por desnutrição, desidratação grave, carência de
estimulação global; por infecções como encefalites que, caracterizadas por
febres altas, podem destruir as células cerebrais e meningite,
resultantes do ataque de bactérias que causam danos no sistema nervoso
central; intoxicações exógenas (envenenamento) por remédios,
inseticidas, produtos químicos (chumbo, mercúrio); acidentes, tais como
de trânsito, afogamento, choque elétrico, quedas, etc...

Síndrome do Autismo

Ø Pode-se dizer, de forma geral, que o autismo acarreta dificuldades na


comunicação, na interação com o ambiente e nas relações inter-pessoais.
Ø Segundo a CID-10 “um transtorno invasivo de desenvolvimento definido
pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometimento que se
manifesta antes da idade de 3 anos e pelo tipo característico de
funcionamento anormal em todas as três áreas de interação social,
comunicação e comportamento restrito e repetitivo.” Sua incidência é
numa proporção de 4 homens para uma mulher, variando numa faixa de 5
a 15 casos em cada 10.000 indivíduos.
Ø Critérios para diagnóstico do autismo, segundo a CID-10, onde pelo
menos 8 dos itens especificados devem ser aceitos:
1. Lesão marcante na interação social recíproca, manifestada por pelo
menos três dos próximos cinco itens:
- dificuldade em usar adequadamente o contato ocular, expressão facial,
gestos e postura corporal para lidar com a interação social;
- dificuldade no desenvolvimento de relações de companheirismo;
raramente procura conforto ou afeição em outras pessoas em tempos de
tensão ou ansiedade, e/ou oferece conforto ou afeição a outras pessoas
que apresentem ansiedade ou infelicidade;
- ausência de compartilhamento de satisfação com relação a ter prazer
com a felicidade de outras pessoas e/ou de procura espontânea em
compartilhar suas próprias satisfações através de envolvimento com
outras pessoas;
- falta de reciprocidade social e emocional;

2. Marcante lesão na comunicação


- ausência de uso social de quaisquer habilidades de linguagem existente;
- diminuição de ações imaginativas e de imitação social;
- pouca sincronia e ausência de reciprocidade em diálogos;
- pouca flexibilidade na expressão de linguagem e relativa falta de
criatividade e imaginação em processos mentais;
- ausência de resposta emocional a ações verbais e não-verbais de outras
pessoas;
- pouca utilização das variações na cadência ou ênfase para repetir a
modulação comunicativa;
- ausência de gestos para enfatizar ou facilitar a compreensão na
comunicação oral;

3. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento,


interesses e atividades, manifestados por pelo menos dois dos próximos
seis itens:
- obsessão por padrões estereotipados e restritos de interesse;
- apego específico a objetos incomuns;
- fidelidade aparentemente compulsiva a rotinas ou rituais não funcionais
específicos;
- hábitos motores estereotipados e repetitivos;
- obsessão por elementos não funcionais ou objetos parciais de material
de recreação;
- ansiedade com relação a mudanças em pequenos detalhes não
funcionais do ambiente

Exames pré-natais

EXAME DETECTA QUANDO FAZER


Vilocorial(CAVC)Alterações cromossômicas
e doenças congênitas Entre 11a e 14a seman

Amniocentese Alterações cromossôm Entre 14a e 20a seman

Cardocentese Alterações cromossômicas


e doenças genéticas 18a semana

Ultra-sonografia Alterações genéticas Qualquer época

Ultra-som morfológico Mal-formações A partir da 18a seman

Ultra-som em 3a dimensão Mal-formações A partir 20a semana

Translucencia nucal Alterações cromoss Entre 11a e 14a seman

Doppler do duto venoso Alterações cromossômicas


e problemas cardíacos Entre 11a e 14a semana

Algumas orientações

Ø alunos com deficiência mental podem apresentar dificuldades de


abstração e no entendimento das tarefas propostas, tais como regras e
estratégias de jogo. Ao sugerir tarefas motoras para o grupo, certifique-se
de que todos tenham compreendido o que foi proposto. Exemplifique ou
demonstre a seqüência do jogo a ser realizado.
Ø A explicação do jogo/brincadeira deve ser feita de forma calma e as
informações dadas uma de cada vez utilizando uma linguagem de fácil
compreensão, permitindo que todos assimilem o jogo/brincadeira.
Ø Algumas crianças ou adolescentes com deficiência mental podem
apresentar comprometimento no seu desenvolvimento motor, fator que
acarretará em dificuldades para combinar seqüências de movimentos.
Portanto o professor deve contemplar também aquelas brincadeiras que
parecem ser muito simples, pois talvez alguns de seus alunos só consigam
realizar estas.
Ø Podem ocorrer situações em que os alunos apresentam instabilidade
emocional, tais como teimosia e ficar “emburrados”.O professor deverá
tentar conversar de igual para igual fazendo com que ele entenda a
situação. Se mesmo assim ele não compreender, deixe-o sozinho que logo
ele se acalmará e voltará para a brincadeira como se nada tivesse
acontecido. O conhecimento adquirido sobre cada aluno (para o que pode-
se fazer uso de fichas), facilitará para orientar sobre como agir nesses
momentos.
Ø As crianças e os adolescentes com Síndrome de Down podem
apresentar instabilidade atlanto-axial, não devendo, nesse caso, forçar as
primeiras vértebras cervicais, evitando rolamentos e mergulhos. Podem
também apresentar problemas cardíacos, motivo pelo qual as atividades
de resistência cárdio-respiratórias devem ser moderadas, embora devam
ser realizadas. É recomendável o acompanhamento médico para estes
alunos.

Bibliografia sugerida:

GABBARD, C.P. Lifelong motor development. 3. ed. Boston: Allyn & Bacon,
2000.
GARDNER, Howard. Estruturas da Mente: a teoria das inteligências
múltiplas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.
JANNUZZI, Gilberta. A Luta pela educação do deficiente mental no Brasil.
São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1985.
THOMPSON, Margaret W.; McINNES, Roderick R.; WILLARD, Huntington F.
Thompson & Thompson genética médica. Tradução de Marcio Moacyr de
Vasconcelos. 5a.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.

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SUGESTÕES DE JOGOS PARA CRIANÇAS E JOVENS COM DEFICIÊNCIA


MENTAL:

PASSA JOÃO
Número de Participantes: livre.
Local: sala ou ginásio
Formação dos Alunos: em círculo
Descrição do Jogo: Com os alunos sentados em círculo, o professor
inicia pegando uma bola e cantando a canção " Passa João" : " O João vai
passar, ele ainda não chegou, ele ainda não chegou, ele acaba de
chegaaaaar!" Enquanto isso, os participantes passam a bola de mão em
mão para os colegas, até que todos os componentes do círculo a tenham
tocado. Ao parar a música, a bola deixa de ser passada e aquele que
estiver com a bola deverá imitar um bicho.
Variável: Em vez de cantar " Passa João", trocar pelos nomes dos alunos
consecutivamente, até citar o nome de todos. Exemplo: "A Maria vai
passar, ela ainda não chegou, ela ainda não chegou, ela acaba de
chegaaaaar!" Neste tipo de brincadeira, estimular a criança a participar do
jogo, cantando.
NÃO-ME-TOQUE

Número de Participantes: no mínimo 6.


Material Necessário: nenhum.
Local: quadra.
Formação dos Alunos: dispostos livremente.
Descrição do Jogo: Um dos participantes, escolhido pelo professor,
será o pegador. Assim que o professor gritar o nome de um dos outros
participantes, os demais colegas deverão formar um círculo ao seu redor,
impedindo que o pegador toque nele. Só será trocado o pegador quando
ele conseguir tocar em alguém.

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