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2.2.

Ciência e construção
– validade e verificabilidade das hipóteses
https://www.publico.pt/2020/01/13/ciencia/noticia/antigo-material-terra-po-estrelas-1900159
Questões orientadoras

1- O que é e em que consiste o método


científico?

2- Qual o critério que permite


demarcar/distinguir teorias científicas de
teorias não científicas?
(o problema da demarcação)
Especificidade metodológica da ciência
MÉTODO (o que é?)
Conjunto de procedimentos, orientados por um conjunto de regras, que estabelecem a ordem das
operações a realizar com vista a atingir um determinado resultado.
Não existe apenas um método científico, mas vários…
A escolha de um método está dependente do objeto de estudo.

O que permite o método?

… permite (ou poderá permitir) distinguir conhecimento científico de Problema da


conhecimento não científico. demarcação

Qual o critério de cientificidade?


A conceção
indutivista do
método científico

Francis Bacon (1561-1626)

“O conhecimento científico tem por finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre a natureza.”
Raciocínio dedutivo vs Raciocínio indutivo

(1) Todos os metais dilatam sob a (1) O ferro, a prata e o alumínio


ação do calor. dilatam sob a ação do calor.
(2) O ferro é um metal. (2) O ferro, a prata e o alumínio
(3) Logo, o ferro dilata sob a ação são metais.
do calor. (3) Logo, todos os metais dilatam
sob a ação do calor.
INDUTIVISMO

Perspetiva que salienta a importância da indução para a ciência, quer ao nível das descobertas
científicas, quer ao nível da justificação das teorias.

Francis Bacon (1561- O conhecimento científico deve fundar-se na indução e na


1626) experimentação e não na metafísica e na especulação.

Segundo o indutivismo, a atividade científica obedece à seguinte lógica de procedimentos:

Formulação de
Observação Experimentação Lei
hipóteses

pp. Manual 113


Como procede a ciência?
Atentem ao seguinte exemplo:
“Estamos no ano 368 2. C. Aristóteles é um adolescente muito observador e curioso. Vive em Atenas, na Grécia. Um dia
observou um cão e um gato que mal se seguravam de pé. Pareciam ter falta de equilíbrio. Soube que os donos os tinham mandado
abater e autopsiou-os. Descobriu que ambos tinham lesões numa parte do cérebro chamada cerebelo. Semanas depois descobriu
mais três casos semelhantes, sendo um deles uma ovelha. (O culpado era um rapaz das redondezas que, por crueldade, tinha
enfiado grandes agulhas de ferro na nuca dos bichos.) Aristóteles conjeturou o seguinte: o cerebelo é responsável pelo equilíbrio
corporal dos mamíferos. Como não gostava de ficar por meros palpites, decidiu tirar o caso a limpo e comprou um porco e um
cavalo, com a intenção de lhes provocar lesões no cerebelo e depois estudar o seu comportamento. Não ligou ao ar reprovador da
mãe e disse-lhe: "Aposto que depois de eu lhes espetar esta agulha eles perderão o equilíbrio". Como de facto isso aconteceu,
Aristóteles concluiu que a sua ideia estava certa: o cerebelo é realmente responsável pelo equilíbrio corporal dos mamíferos.
Dias mais tarde, contaram-lhe que muitos pássaros apanhados em ratoeiras de madeira, se estas os atingiam na nuca mas
não os matavam, pareciam incapazes de se equilibrar. "Talvez a relação entre o equilíbrio e o cerebelo não aconteça apenas nos
mamíferos mas sim em todos os animais", pensou Aristóteles. Este arranjou logo maneira de infligir lesões no cerebelo de duas
galinhas, três melros e quatro andorinhas. Ao perceber que também perdiam o equilíbrio tirou a seguinte conclusão: O cerebelo é
responsável pelo equilíbrio corporal de todos os animais".

Considera esta perspetiva correta? Será mesmo assim que a Ciência funciona? Porquê?

Realiza em o forms que se segue.


11ºD

#Realiza em grupo de 3
https://forms.gle/ZjEyrNDndiDgU1E7A
11ºA

#Realiza a tarefa a pares


https://forms.gle/dZ52zd8iA8abJ6mF7
Etapas/Operações fundamentais do método indutivo

- O cientista observa os factos ou fenómenos e regista-os de forma


sistematizada para procurar encontrar as suas causas. Exemplo:

1. Observação - A observação, que precede a teoria, é neutra (isenta de Observo que o metal x
dos fenómenos pressupostos teóricos), objetiva e imparcial. conduz eletricidade.
Observo que o metal y
- A observação e o registo devem ser repetidos várias vezes, com conduz eletricidade.
rigor e método.

- Por meio da comparação e classificação dos casos observados, o


investigador procura aproximar os factos para descobrir a relação Exemplo:
2. Descoberta entre eles.
da relação entre
- Formulação da hipótese, da explicação geral (provisória) acerca Verifico a relação entre
os fenómenos
dos fenómenos e das suas relações, recorrendo à indução os metais x e y.
(inferem enunciados gerais a partir de particulares).

pp. Manual 113


Etapas/Operações fundamentais do método indutivo

- A experimentação é o processo de confirmação da hipótese explicativa enunciada.


Esta terá de ser testada e, confirmando-se o que ela propõe, pode passar a lei
científica.
3. Experimentação
- A experimentação é fundamental para que se possa verificar e confirmar se as
relações estabelecidas são aplicáveis a todos os fenómenos semelhantes.

- Recorrendo, uma vez mais, à indução, o cientista Exemplo:


4. Estabelecimento generaliza a relação encontrada entre os factos
da lei geral semelhantes, traduzindo numa lei que expressa as Todos os metais
conduzem eletricidade.
relações constantes entre esses factos.

pp. Manual 113


Nesta perspetiva, a indução é a chave para o estabelecimento das teorias e leis universais.

Mas é legítimo passar a enunciados gerais de enunciados particulares/singulares?

Sim, se obedecer a três condições necessárias do indutivismo.

1º O número de enunciados 3º Nenhum enunciado


2º As observações devem
singulares na base de uma singular deve entrar em
repetir-se numa ampla
generalização deve ser contradição com uma lei
variedade de circunstâncias.
grande. universal derivada.

Na perspetiva indutiva, o conhecimento científico constitui-se por meio da indução a partir de observações
e o seu crescimento é linear e contínuo, apropriando-se progressiva e cumulativamente da verdade.
#Recorda
• De acordo com Francis Bacon, defensor do método indutivo (ou experimental), as teorias científicas
têm de ser confirmadas pela observação, experimentação e indução.

• O cientista parte da observação (neutra, imparcial e objetiva) de fenómenos e, em seguida, formula


hipóteses explicativas.

• Para confirmar a hipótese, realizam-se testes experimentais e, se os resultados forem confirmados,


conduzem a uma generalização e à formulação de uma lei científica.

• Uma teoria científica é o conjunto de afirmações consideradas válidas pela comunidade científica
para explicar a lei.

Segundo esta perspetiva, que critério permite demarcar teorias científicas de teorias não científicas?
Como sabemos que obtemos Como sabemos que temos uma boa
um conhecimento hipótese científica?
seguro/fiável?

Qual é o critério de
cientificidade, para os
indutivistas?

Como demarcar o conhecimento científico de outros


tipos de conhecimento?
Como respondem os indutivistas?
Resposta (indutivista) ao problema da demarcação

A verificação (empírica) é o critério para


Filósofos neopositivistas
distinguir o que é científico do que não o é.

Critério da Uma teoria é científica se for possível verificar


empiricamente (ou em princípio), isto é,
verificabilidade através da experiência, aquilo que ela propõe.

Quando é que uma proposição é verificável?


Uma Proposição…

é empiricamente verificável se for possível determinar, através da


observação, o seu valor de verdade.

“Há cisnes negros.” “Há anjos negros.”

É científica, porque pode Não é científica, porque não


ser verificada pela se pode verificar
observação. empiricamente o que ela
afirma.
São as teorias e as leis propostas pelos cientistas efetivamente
verificadas?

“Há cisnes brancos.” “Todos os cisnes são brancos.”

Esta proposição é verificável. Esta proposição não é verificável.


(enunciado particular) (enunciado universal)

É impossível saber a cor de todos os cisnes


que existiram no passado, que existem e que
existirão no futuro.
Problema da indução

Como ultrapassam os defensores do indutivismo, o problema da indução?


Se todos e cada um dos cisnes observados até ao momento forem Alguns filósofos neopositivistas
brancos, o enunciado «Todos os cisnes são brancos» traduz uma afirmam, porém, que basta que os
proposição verdadeira. Assim, o enunciado confirma-se, o que é enunciados sejam empiricamente
suficiente para que seja reconhecido como científico.. confirmáveis.
Portanto...
• O critério da verificabilidade supõe que uma teoria só é científica se for empiricamente
verificável (na prática ou em princípio).

• O critério de demarcação entre ciência e pseudociência é a verificação.

• O método indutivo assenta numa perspetiva verificacionista, segundo a qual o cientista,


através da experimentação, procura testar a hipótese com vista à sua confirmação.
Críticas ao indutivismo
1- A observação não é o ponto de partida da ciência
- A observação não é imparcial. Quando
um cientista parte para a observação tem já um
conjunto de pressupostos teóricos e
expectativas que o influenciam e condicionam a
interpretação dos factos.

- A observação é seletiva, uma vez que as


teorias e as expectativas de que dispõe, levam o
cientista a selecionar os aspetos da realidade
que quer observar (K. Popper).

- O problema é o verdadeiro ponto de partida e


surge quando a observação entra em conflito
com as teorias e as expectativas que o cientista
dispõe.
2- Algumas teorias científicas referem-se a objetos que não podem ser
observados

- Teorias sobre ADN, eletrões, genes,


campos eletromagnéticos são científicas,
mas os seus objetos não se prestam a
uma observação direta. Logo, não podem
ser estabelecidas com base em simples
generalizações indutivas a partir da
observação.
3- As inferências indutivas são injustificáveis – o problema da indução
As inferências indutivas são injustificáveis – o problema da indução

- Não há justificação racional para se inferir enunciados gerais a partir


de enunciados singulares e / ou particulares, ainda que disponhamos de
um grande número de casos.

- David Hume, já tinha advertido para o problema. Defendeu que por


maior que seja o número de casos em que observamos certas
regularidades (PUN), nunca teremos justificação racional para aceitar que
essas regularidades se irão manter no futuro (este foi o caso da galinha
indutiva).

- K. Popper também considera o problema e defende que as dificuldades


lógicas evidenciadas pela indução são intransponíveis. E como tal, a
indução não deve ser considerada.
4- A lógica subjacente à verificação experimental é falaciosa
- A observação não permite provar a verdade de enunciados gerais.
Porém...
- A ciência lida com enunciados gerais que, do ponto de vista da crítica, não estão comprovados.

- A explicação e a previsão de mais e novos casos é feita partindo destes enunciados, com recurso à dedução, porém
comete uma falácia, como se exemplifica:

- A estrutura argumentativa deste argumento comete a falácia da afirmação do consequente. Afirmar a


verdade do condicionado (condição necessária) não garante a verdade da condição (condição suficiente).
A conceção
falsificacionista da ciência
de K. Popper
– o método conjetural
Karl Popper
(1902-1994)

Considera que a especificidade Rejeita o critério da verificabilidade e


da confirmação das hipóteses e teorias
metodológica da ciência não pode científicas tal como proposto pelo
assentar na indução. positivismo lógico.

Onde deve assentar? Qual é o critério?

A construção do conhecimento científico O critério que garante a cientificidade


faz-se através de conjeturas e refutações. das teorias é o da sua falsificabilidade.

Uma das obras de referência “Conjeturas e Refutações”


Etapas do método conjetural ou
Hipotético-dedutivo

Corroboração
Afinal, como procede a ciência?
Atentem ao seguinte exemplo:
“Trouxeram um dia, ao meu laboratório, coelhos do mercado. Colocaram-nos numa mesa onde urinaram e observei, por acaso, que a sua urina era
clara e ácida. Este facto impressionou-me, porque os coelhos têm geralmente a urina turva e alcalina por serem herbívoros, enquanto os carnívoros,
como se sabe têm, pelo contrário, urinas claras e ácidas.
Esta observação da acidez da urina dos coelhos fez-me supor que estes animais deviam ser da condição alimentar dos carnívoros. Supus que eles
não tinham comido havia muito tempo e que se tinham transformado, pela abstinência, em verdadeiros animais carnívoros (...) Nada era mais fácil de
verificar pela experiência do que esta ideia preconcebida ou esta hipótese.
1) Dei erva a comer aos coelhos e, algumas horas depois, as suas urinas tinham-se tornado turvas e alcalinas. 2) Submeti em seguida os mesmos
coelhos à abstinência e, vinte e quatro ou trinta e seis horas depois, as suas urinas tinham-se tornado claras e fortemente ácidas; 3) depois voltavam
a ser alcalinas se lhes desse ervas, etc. Repeti esta experiência tão simples um grande número de vezes com os coelhos e sempre com o mesmo
resultado. 4) Repeti-a em seguida com um cavalo, animal herbívoro, que tem igualmente a urina turva e alcalina. Verifiquei que a abstinência tinha
produzido, como no coelho, uma pronta acidez da urina com um acréscimo relativamente considerável da ureia, a ponto de cristalizar por vezes,
espontaneamente, na urina arrefecida.
Cheguei assim, em consequência das minhas experiências, a esta proposição geral que então era desconhecida: em jejum, os herbívoros têm
urinas semelhantes às dos carnívoros.
Mas, para provar que os meus coelhos em jejum eram carnívoros, havia uma contraprova a fazer. Era preciso, experimentalmente, fazer um coelho
carnívoro, alimentando-o a carne, a fim de saber se as suas urinas seriam claras, ácidas e relativamente carregadas de ureia como durante a
abstinência. Por isso, fiz alimentar coelhos com carne de vaca cozida fria, alimento que comem muito bem, quando não se lhes dá outra coisa. A
minha previsão foi ainda verificada e, enquanto durou esta alimentação animal, os coelhos conservaram urinas claras e ácidas.”
Claude Bernard, Introdução ao estudo da medicina experimental

Considera esta perspetiva correta? Será mesmo assim que a Ciência funciona? Porquê?

Realiza o forms que se segue.


11ºA

#Realiza em grupo de 2
https://forms.gle/naeneYX922A6BMieA
11ºD

#Realiza em grupo de 3
https://forms.gle/ab62FxXj6hXqPT2fA
Para Karl Popper…
CIÊNCIA

Faz-se por um processo de construção criativa de hipóteses– conjeturas – para


responder a problemas.

A observação não é o ponto de partida do cientista, nem as teorias resultam de


inferências indutivas.

A ciência parte de problemas (ou factos-problemas) e as teorias começam por ser hipóteses
explicativas e criativas (conjeturas) que terão de ser submetidas a testes rigorosos, com vista à
sua refutação e não à confirmação.

Etapas do método: Hipótese Dedução das Testes


Problema consequências
Corroboração/não
(conjetura)) (refutação) corroboração da
hipótese
1 – “Facto-problema”
1 – Facto-problema.

Exemplo: O ponto de partida da investigação científica são os problemas ou


Constata-se que algumas
factos-problemas (resultantes de conflitos decorrentes das nossas
crianças, mesmo quando bem
alimentadas e sem problema de expectativas ou das teorias ou do confronto entre uma observação e
foro genético diagnosticado, as expectativas ou das teorias já existentes).
revelam um crescimento abaixo
da média. Procura-se explicar a
Para o resolver, o cientista terá de propor uma explicação provisória
razão pela qual estas crianças
revelam um baixo crescimento. – hipótese (ou conjetura).
2 – Formulação da 2 – Formulação da hipótese ou conjetura
hipótese ou conjetura
A formulação da hipótese - explicação provisória do problema –
corresponde ao momento criativo da atividade científica, associado à
Exemplo: intuição, à imaginação, ao raciocínio abdutivo (raciocínio criativo) e
Hipótese 1 – A presença em
não à indução.
excesso da hormona X no
organismo impede o
crescimento. Hipótese

- Explicação provisória de um dado fenómeno que exige comprovação;

- Suposição que se expressa num enunciado antecipado sobre a natureza


das relações entre dois ou mais fenómenos.
3 – Dedução das
3 – Dedução das consequências
consequências

Exemplo:
Dedução das consequências da Depois de a hipótese ter sido formulada, são deduzidas as suas
hipótese 1 – Se a hipótese 1 for principais consequências. Ou seja, na prática o cientista procura prever
verdadeira, a redução ou a o que pode acontecer se a sua hipótese ou conjetura for verdadeira.
inibição da produção da
hormona X promoverá o
crescimento.
4 – Experimentação
4 – Experimentação

Exemplo: Agora será necessário descobrir se as previsões que o cientista fez


Experiências realizadas com estão ou não corretas: a hipótese será testada, confrontada com a
ratinhos revelam que, nos grupos
em que a hormona X foi experiência. Os resultados podem, então, mostrar o “sucesso” ou o
administrada em doses fracasso da conjetura proposta.
sucessivamente superiores, os
ratinhos apresentaram um
crescimento mais ou menos lento • Se for validada pela experiência, a hipótese é considerada como
e pouco significativo, mesmo credível e passará a ser reconhecida na comunidade científica – teoria
quando bem alimentados; já nos
grupos de ratinhos que não corroborada.
sofreram essa administração, o
seu crescimento foi normal. Este
resultado validou a hipótese. Caso • Se não for validada, teremos de a abandonar ou de a reformular –
não tivesse validado a hipótese, teoria refutada.
teríamos de a reformular ou
apresentar uma nova hipótese.
Quais são as condições que garantem a Validade das hipóteses
ou conjeturas?

É preciso criticá-las, tentar refutá-las, procurar os seus pontos fracos, submetê-las a


testes rigorosos, proceder a várias tentativas de falsificação..
“(…) deve ser possível refutar, pela experiência, um sistema empírico.” (K. Popper)

Só assim é possível o desenvolvimento do conhecimento científico.

O crescimento do conhecimento avança de velhos para novos problemas mediante conjeturas e


refutações (K. Popper).

O método científico, segundo Popper, é um método crítico e, por isso, o cientista deve ser
crítico em relação às suas teorias.
Portanto...
• Karl Popper propõe o método hipotético-dedutivo, que rompe com o modelo metodológico indutivista.

• As principais etapas do método hipotético-dedutivo são: constatação do problema, formulação de uma hipótese ou conjetura, dedução das
consequências da hipótese e testes experimentais de refutação/falsificação.

• Uma conjetura (ou hipótese) é uma explicação provisória do problema.

• Refutar ou falsificar uma hipótese é confrontá-la com possíveis casos que provem a sua falsidade (contraexemplos).

• A conjetura é corroborada pela experiência quando, depois de sujeita a testes rigorosos, resiste e não são encontrados contraexemplos.

• A conjetura é falsificada quando não resiste aos testes de falsificação/refutação e se encontram contraexemplos. Neste caso, a hipótese é abandonada e
substituída por outra.

• No entender de Popper, sem atitude crítica não há ciência: através da crítica, o cientista propõe conjeturas ousadas e tenta refutá-las pela experiência
(método das conjeturas e refutações).

• O método crítico baseia-se no raciocínio dedutivo (dispensa a indução) e na regra de dedução modus tollens (os testes procuram falsificar a teoria).
Que critério permite distinguir uma teoria científica de um teoria não científica?

"Da ameba até Einstein vai apenas um


passo. Ambos agem por tentativa e erro.
Qual é a grande diferença? A grande
diferença é que a ameba não quer ser
refutada, enquanto Einstein procura
submeter as suas ideias à refutação."
Entrevista de Karl Popper a J. Mosterín, 1989

2.2.5. O critério da falsificabilidade


https://www.youtube.com/watch?v=3WL1Ybhs4C0
O problema da Demarcação
K. POPPER

rejeita o critério da verificabilidade - Segundo ele, as teorias científicas não


são empiricamente verificáveis.

Uma hipótese é considerada credível, se for falsificável (≠ de falsa).


Uma teoria não falsificável (que não admite testes que a possam refutar) não é uma teoria científica.

Critério da falsificabilidade (critério de cientificidade)

Uma hipótese é científica se, e só se, for falsificável. E é tanto mais falsificável
quanto maior for o seu conteúdo empírico.
Qual dos seguintes enunciados tem maior probabilidade de ser falsificada?

- Amanhã provavelmente vai chover.

- Amanhã vai chover.

- Amanhã vai chover da parte da manhã.

- Amanhã vai chover entre as 10 e 12 horas da manhã. Tem maior conteúdo empírico
Qual é o papel da experimentação?

O papel da experiência...
Corrige a falácia cometida pelo verificacionismo

é testar a resistência das hipóteses aos testes, às tentativas para as refutar ou falsificar.

Quando é que uma teoria científica é válida?

Uma teoria científica é válida enquanto for resistindo à tentativa de a falsificar


empiricamente e é tanto mais forte quanto mais resistir.

Por exemplo...
Se se encontrar um cisne
A atitude do cientista
de outra cor, teremos de
abandonar e/ou
O enunciado «Todos os cisnes são brancos» é deve ser a de procurar
científico, porque é empiricamente cisnes de outra cor (para
reformular o enunciado:
falsificar) e não a de
este não resistiu à falsificável – para o falsificar, basta encontrar procurar cisnes brancos
falsificação e foi, um cisne de outra cor. (para confirmar).
efetivamente, falsificado.
Enunciados

“Surgirá no Céu uma bola de fogo.” “O cometa Halley aparecerá no ano


de 1986.”

Enunciado não falsificável. Enunciado falsificável.

Quanto mais uma teoria é


Uma teoria que não é falsificável, mais possibilidades o
falsificável nada diz de cientista tem de descobrir falhas na
significativo sobre os factos. sua investigação e de propor uma
nova explicação.

Mais possibilidades de a ciência progredir.


Consequência:
Para Popper, “nunca se pode provar nem afirmar que uma teoria científica é verdadeira. Quando muito, pode provar-se
que é falsa (…).” Uma teoria científica será sempre uma conjetura que ainda não foi refutada, mantendo-se válida, enquanto
corroborada pela experiência e será tanto mais forte quanto mais resistente for aos mais severos e arrojados testes de
falsificação.
Portanto...
•A verificação das teorias pelo método indutivista incorre na falácia da afirmação do consequente.

•Segundo Popper, uma teoria só é científica se for empiricamente falsificável. A falsificabilidade é o


critério de demarcação entre ciência e pseudociência.

•Ser falsificável é diferente de ser falsa. Uma teoria é falsificável se admitir testes de falsificação. Uma teoria é falsa quando não
resiste aos testes de falsificação.

•Há graus de testabilidade ou falsificabilidade: quanto mais coisas a teoria proibir, mais conteúdo empírico ela
tem e maior é o seu grau de falsificabilidade. As boas teorias são as que têm um maior grau de falsificabilidade.

•A atitude do cientista deve ser a de procurar refutar as suas teorias, isto é, eliminar erros, como via de
clarificação de novos conhecimentos.

• Nesta perspetiva, a ciência evolui de modo irregular através de uma aproximação progressiva à verdade que
resulta do afastamento sucessivo do erro. A refutação de teorias promove o aparecimento de mais e melhores
teorias.
Críticas ao
falsificacionismo de Karl
Popper
Críticas ao falsificacionismo de Popper

O processo de refutação ou falsificação Considerando a história da ciência, não


não é o procedimento mais comum entre parece que ela possa evoluir por um
os cientistas. processo assente nas refutações.

Ao nível da história da ciência encontramos


Alguns autores, nomeadamente T. Kuhn,
episódios que parecem pôr em causa a
defendem que a atitude falsificacionista não
perspetiva falsificacionista e a ideia de que a
corresponde exatamente àquela que os
ciência progride por meio de conjeturas e
cientistas demonstram na atividade científica.
refutações.

Geralmente, os cientistas procuram confirmar Copérnico, Galileu ou Newton, por exemplo,


aquilo que as teorias científicas propõem e, não abandonaram as suas teorias na presença
mesmo que dada observação implique a de factos que aparentemente as poderiam
rejeição de uma previsão, isso não os demove falsificar. Além disso o problema pode decorrer
de investigar no mesmo sentido. do processo de falsificação e não da teoria.

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