Não acabou e até o final de outubro muitos bits vão rolar pelas Conexões 3G, iPhones e c omputadores. Mas já temos respostas para algumas das perguntas que nos fizemos desde que Obama venceu nos EUA e ficamos imaginando qual seria a importância da comunicação digital na s Eleições 2010, no Brasil. Faço aqui um recorte bem específico, usando como exemplo o Twitter. Jogo o foco para o desdobramento do que aconteceu a partir do último debate e vou até o resultado qu e levou a disputa para o 2º turno apoiado na performance da candidata Marina Silva (@silva_marina, seu nome no Twitter). E já arrisco uma resposta: a internet, especialmente as mídias sociais, tiveram sim, uma parcela de responsabilidade no resultado final da campanha. O sprint de Marina Silva no apagar das luzes do 1º turno teve muito do ambiente digi tal. A parte quantitativa (*) dessa afirmação é relativamente fácil. A qualitativa é mais delic ada pois nem todos os fatores são controlados e é necessário tempo para analisar. Sabemos que esta reta final foi tão surpreendente que mesmo os experientes institu tos de pesquisa tiveram problemas em acertar. Mas temos achados importantes nas redes sociais. O fato é que a temida, por um lado, e desejada, por outro, onda ver de, chegou a tempo pelas redes sociais. Entre os dias 30 de setembro (dia do último modorrento debate entre os presidenciáve is na Rede Globo) e o dia 04/10, 8 horas da manhã, o Twitter funcionou não como onda , mas praticamente como uma tsunami digital verde a favor de Marina Silva. Ou a favor do segundo turno, como queiram. Os Tweets (posts do Twitter que citam @silva_marina) foram exibidos 79.369.950 vez es no microblog nesse período. Essa audiência foi criada por 6,7 milhões de pessoas através de uma frenética postagem d e 150 mil mensagens escritas, originalmente, por 74 mil usuários com perfis ali re gistrados. Para se ter idéia dessa capacidade de exposição e debate digital (lembrem que estamos falando de pouco mais de 3 dias de dados) o candidato José Serra, do PSDB (@josese rra_ no Twitter), é o que vem logo a seguir com um pouquinho mais do que a metade : 40.875.484 impressões, alcançando 5,6 milhões de pessoas através de 52.788 tweets escr itos por 31 mil tuiteiros . A candidata do PT, Dilma Rousseff, vem em seguida com 19.304.199 exibições de mensag ens com seu nome, que alcançaram 3,8 milhões de pessoas através de 23 mil tweets escri tos por 12 mil pessoas. Para entender esses números além do seu valor absoluto, é preciso considerar que houve como é praxe no ambiente das redes sociais um enorme empréstimo de credibilidade dos uiteiros para os candidatos de sua preferência. É uma combinação de número de seguidores (audiência própria) com capacidade de influência ( o de vezes que os seguidores desses influenciadores consideram uma informação import ante e assim a retuitam - reproduzem - para sua audiência própria e dessa maneira, seg uidamente, em ondas multiplicadoras). E aqui a gente tem outro pilar que é preciso compreender: quem foram esses influen ciadores com tanta capacidade de atuar nesse recorte de 4 dias do Twitter? No caso de Marina tivemos uma combinação de mídia online do próprio perfil da candidata (muito forte), com celebridades como Bruno Gagliasso (@bgagliasso), Danilo Genti li (@danilogentili) e @nerdfeliz. Eles fizeram posts com uso das hashtags #ondav erde e #marina43 . Adicionalmente, direcionaram mensagens para os jovens, chaman do-os a aderir à candidata verde. José Serra (@joseserra_) mostrou força da militância em se mobilizar no digital na hor a da definição do 1º. turno. Os perfis que mais contribuíram para sua exposição foram @rede 5, Sabrina Sato (@sabrinasatoreal) e Luciano Huck (@huckluciano). Huck, em especial, contribuiu com grande exposição positiva para o candidato ao tece r comentários sobre a ofensiva de comunicação digital importante da campanha de Serra, já no último dia: a realização de uma Twitcam no início da noite, quando toda a campanha já h avia sido suspensa nas mídias tradicionais. José Serra falou pela câmera no Twitter, por mais de 1 hora, com cerca de 10 mil pes soas (números innformado pela Rede Mobiliza durante o evento). Elas o ouviram e fi zeram perguntas. Huck tuitou sobre a entrevista on line e isso gerou enorme repercussão. O que ele postou: Gosto dos canditados dando importância ao twitter...soube que hj as 19h te m twitcam com @joseserra_ http://www.livestream.com/redemobiliza Logo depois Huck ainda fez outro post dizendo que estava feliz por ver José Serra usando o Twitter dessa forma pois tinha sido ele (Huck) uma das pessoas que o in centivaram a fazê-lo. Só com isto ele catapultou a imagem de @joseserra_ para mais de 2.4 milhões de impre ssões. No caso de Dilma a influência de seus apoiadores foi pulverizada por vários perfis. Destaque para @ProfMariaRachel, o militante @blogdilma2010 e @mercadante. A destacar também a capacidade de multiplicação do Hugo Chavez, presidente da Venezuel a. O tweet dele (@chavezcandanga) é um dos que mais produziram exposição para a candid ata do PT. Mas ela teve um problema importante: os 3 perfis que mais contribuíram para sua ex posição o fizeram com posts neutros ou negativos. Foi o caso de @huckluciano (neutro ), @alanbez, @LeiSecaRJ e @luiefs (negativos). Foram perfis que geraram muita exposição para @dilmabr mas não eram apoiadores. Ou sej a, na verdade não entram na conta da candidata e sim na dos seus concorrentes. Jun tos, eles representam quase 3 milhões de impressões negativas. Leia a íntegra do artigo em A Tsunami Digital do 1º Turno
Risoletta Miranda é jornalista, tem MBA em Marketing e é diretora executiva da FSB P