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Cães que brigam com os outros cães da mesma casa

Este é o ponto mais importante, e também mais delicado envolvendo cães briguentos. Vários são os relatos de cães
que se digladiam no quintal da casa, muitas vezes sendo necessário que tais cães fiquem em quintais separados
definitivamente.

• Algumas vezes temos alterações hormonais agindo aqui. Algumas fêmeas quando no cio assumem uma
atitude muito agressiva com outras fêmeas da mesma casa. Esta é uma situação provisória que dura
enquanto durar o cio; ou ainda, dura enquanto durar a alteração hormonal. Nestes casos o melhor a fazer é
optar pela castração da fêmea. Se ela não entra no cio, não terá esta mudança de comportamento, pois não
terá alterações hormonais. Situações parecidas podem ser observadas também quando certas fêmeas logo
após o parto. No ímpeto de proteger sua ninhadas, tais fêmeas viram verdadeiras feras com os demais cães
da casa, e até mesmo com humanos. O melhor aqui é evitar que outros cães tenham acesso aos filhotes, e
que o menos número possível de humanos se aproxime da cria até que os filhotes tenham pelo menos 25
dias.

• Cães que brigam sempre, mas somente quando seus donos estão por perto. Trata-se claramente de
um problema de hierarquia. O problema ocorre pelo fato dos proprietários de tais cães se esforçarem sempre
em tratar seus cães igualmente, e então a confusão se instala definitivamente. A sociedade canina é
composta por posições hierárquicas muito rígidas, e por isso mesmo funciona perfeitamente. Quando o
humano resolve tratá-los de forma igual os cães recebem a mensagem que seus donos não entenderam quem
é o líder canino, com isso eles brigam constantemente na frente do dono para que este perceba quem é o
líder, e o trate como tal. Outras vezes não há tratamento igual, mas os donos privilegiam o cão subordinado,
invertendo a hierarquia canina. Enquanto tais donos não obedecerem a hierarquia que os cães estabelecem
jamais irão acabar com as brigas em casa. A matéria “Melhorando a convivência entre 2 cães na mesma
casa” descreve com detalhes esta estrutura, como ela se desenvolve e como devemos agir para reforçá-la.

Como evitar que essas brigas ocorram? Como identificar o líder?

A chave aqui é ficar muito atento ao comportamento dos cães, e não esperar que a definição da liderança seja feita
segundo a lógica humana: nem sempre o cão mais velho irá ser o líder; nem sempre o cão maior será o líder; e nem
sempre o cão de guarda dominará o cão de companhia. A lógica canina é outra!

Fique bastante atento no acesso de seus cães aos brinquedos, à água, etc:

• Se dois dos seus cães correrem atrás de uma bolinha e um deles recuar na hora de abocanhar essa bolinha,
para que o outro pegue, é por que o que pegou a bolinha é o líder.

• Quando seus cães passam por uma porta, ou outra passagem qualquer, o líder sempre passará primeiro que
os demais.

• Dois deles vão tomar água: o líder tomará água primeiro, e o subordinado irá esperar até que o líder
termine, para se aproximar da água.

Quanto mais clara for a hierarquia entre os cães da sua matilha, mais harmoniosa e tranqüila será a convivência entre
eles.

Se por um lado os cães não demoram muito nem têm muita dificuldade para estabelecer a regra do jogo entre eles,
por outro, os donos mesmo sem saber estimulam disputas "protegendo" o menos dominante e brigando com o mais
dominante. Por que eles começam a brigar? Porque quando o dono protege o menos dominante a mensagem que ele
está passando é que espera que o mais fraco domine o mais forte ("vai lá pequenininho, eu estou aqui e vou te dar
todo apoio"). Enquanto isso o mais forte fica tentando provar para o dono que ele é o mais qualificado para a posição,
e a melhor maneira para provar isto é dar uma "surra" no mais fraco.

É uma tendência natural do ser humano (não do cachorro) querer equilibrar as relações, tentando fazer com que
todos se sintam bem e que tenham os mesmos direitos. Para evitar maiores conflitos entre os peludos é preciso
aceitar que existem certos privilégios, de acordo com a posição hierárquica que cada um ocupa, que devem ser
respeitados (pelo menos para o cão isto é muito importante). Um deles é a proximidade física do líder (especialmente
notada quando os líderes são os humanos). O apoio não vem do líder, parte do cão mais dominante a decisão de
manter o mais submisso meio afastado do líder.

É um engano pensar que cachorros precisam ser tratados com igualdade e que eles se sentem infelizes quando são
"deixados um pouquinho" de lado. Nem todos os cães nascem para serem líderes, muitos são submissos por
natureza. Um outro ponto é que ser líder não é uma atividade muito fácil. O cão tem que cuidar da segurança do
grupo (ele nunca dorme direito, está sempre alerta), ele tem que promover as caçadas, afastar intrusos, manter a
ordem, etc. É muito mais relaxante para os outros cachorros ocupar posições menos importantes. Uma vez que tudo
esteja claro eles vivem muito bem. O problema é quando a gente bagunça isso, ou quando dois filhotes nascem
geneticamente dominantes. A raça do cachorro também pode ser um fator de forte influência na freqüência em que
vão ocorrer brigas entre os cães. Embora qualquer cachorro possa arranjar encrenca com outros cães (na maioria das
vezes do mesmo sexo), nos casos dos terriers (inclusive o American Pit Bull) isto e' uma fato consumado. A
socialização do filhote sempre ajuda a diminuir muito esta tendência para brigas, mas com algumas raças não é
totalmente seguro e garantido deixar duas fêmeas, ou dois machos juntos sem supervisão.

Um outro ponto que vale a pena lembrar é que nem sempre a dominância é estabelecida pelo cão mais velho, nem
mesmo por quem chegou primeiro no território, embora esta pareça ser a regra geral. Alguns cães são simplesmente
mais dominantes geneticamente do que outros. São líderes natos e não importa quem chegue, quando chegue, onde
chegue, ou o tamanho que tenha, estes cãezinhos irão subjugar e seduzir os outros cães pelo poder. Quando se tem
dois cachorros brigando na mesma casa é preciso fazer algumas alterações na nossa rotina para poder ajudá-los a se
ajustar.

Primeiro identifique quem é o cão mais dominante e portanto com maior propensão para assumir a liderança. Fique
de olho sempre que eles estiverem juntos e vá vendo como eles se comportam. Se um aceitar bem as correções do
outro (geralmente o mais velho vai ser o mais dominante), dificilmente vão haver grandes confrontos enquanto o
mais novo não atingir a maturidade (mais ou menos 2 anos).

Deixe que os cães estabeleçam quem é o dominante e quem é o dominado e aceite este arranjo entre eles. De
comida, fale, brinque, faça festa e qualquer outra coisa, sempre para o mais dominante primeiro. Não tenha pena de
deixar o mais submisso em segundo plano. Para os cães isso é a lei natural das coisas e eles aceitam bem a
hierarquia, desde que ela esteja bem definida.

Coloque-os para comer em tigelas separadas e ofereça primeiro a comida do mais dominante. Evite grande sinais de
mimos para o menos dominante na frente do mais dominante. Deixe bem claro que você é, e será sempre, o líder
máximo e que não tolerará
brigas entre eles.

Se as brigas forem poucas e nada sérias deixe que eles se entendam. Se as "ranhetações" estiverem incomodando,
brigue com o mais submisso e nunca com o mais dominante, mas não admita, em hipótese nenhuma, que ele (o mais
dominante) desobedeça as suas ordens, mesmo que seja para dar uma dentadinha no mais submisso. A castração
pode ajudar bastante mas deve ser realizada sempre de baixo para cima, ou seja, do mais submisso para o mais
dominante.

Um outro exercício que ajuda bastante (principalmente para que a introdução de um novo cachorrinho aconteça
sem muitos tropeços) é levar os cães para passear na rua, em local neutro. Cada um deve ir com uma pessoa, o
mais dominante sendo levado pela pessoa que é mais respeitada e que seja o líder. Procure deixar os cães
andarem lado a lado, com uma ligeira vantagem para o cachorro mais dominante ir na frente. Repita este
exercício todos os dias. Ao chegar em casa libere da coleira primeiro o cachorro mais dominante e depois o
mais submisso. Deixe eles descansarem juntos.

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