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Software Livre

1 - Conceito

Software livre hoje é uma realidade. Ele ocupa espaço significativo no cenário tecnológico
brasileiro e, aos poucos, vem crescendo e se desenvolvendo. Nesse modelo, a fonte de receita
provém da prestação de serviços e da necessidade de agregar conhecimento.

Cenário nacional

Um levantamento encomendado em 2006 pela Associação Brasileira das Empresas de Software


(ABES) e realizado pela consultoria IDC indica que o mercado nacional de softwares e serviços é
o 12º maior do mundo, movimentando US$ 7,41 bilhões em 2005.

Em primeiro lugar está o mercado norte-americano, com US$ 287,5 bilhões de um segmento que
movimento, no ano passado, US$ 662 bilhões em todo o mundo.

Em 2005, apenas as vendas de softwares atingiram US$ 2,72 bilhões , um crescimento de 15%
em relação ao ano anterior, quando o setor movimentou US$ 2,36 bilhões. Esse montante
representa 1,2% do mercado mundial de programas e equivale a cerca de 41% do mercado
latino-americano. A expectativa da IDC e da Abes é que o segmento mantenha um crescimento
médio de 11% até 2009, indica a pesquisa.

Porém, o País importa aproximadamente US$ 1 bilhão e exporta US$ 100 milhões, no modelo de
software proprietário. A realidade é uma situação de quase monopólio na comercialização de
software de escritório e de oligopólio em outras áreas.

A adoção do software livre como novo paradigma tecnológico apresenta-se como uma solução
para equilibrar essa balança. Os sistemas de escritório oferecem uma solução estável e eficiente.
Alguns aplicativos em código aberto já dominam amplamente o mercado mundial, como o servidor
de web Apache, utilizado em mais de 70% dos sites, inclusive na Casa Branca e no Deutsch
Bank, entre outros.

Fruto de trabalho colaborativo mundial, o Brasil não está sozinho ao seguir essa tendência. Além
de países como Alemanha, França, Espanha e Índia, há um número crescente de empresas
adotando a nova forma de fazer negócio na área de TI, como IBM, Novell e HP. Uma das
iniciativas é o caso do KDE, uma interface gráfica que permite o uso amigável do computador. O
KDE nasceu em 1996, devido à insatisfação com os sistemas existentes do programador alemão
Mathias Ettrich.

No modelo de software livre, a fonte de receita provém da prestação de serviços e da


necessidade de agregar conhecimento permanentemente. Assim, a renda gerada com o
desenvolvimento dos softwares é apropriada localmente e a geração de empregos se dá no
próprio país. Isso é uma oposição à atual situação, que gera dependência externa e o envio de
royalties desnecessários.

Vale lembrar que, quando o governo incentiva a adoção de soluções em código aberto, não se
está proibindo que a indústria de software continue a trabalhar com as soluções proprietárias. No
entanto, comprovadamente na área de TI, países e empresas que adotaram na vanguarda novos
paradigmas conquistaram parcela significativa de mercado e passaram a predominar no espaço
mundial.

A maior diferença entre o software livre e o modelo proprietário não está na possibilidade de ler
seus códigos, mas sim na possibilidade de alterar, customizar e melhorar. Isso possibilita
independência tecnológica e de fornecedores para o país.

Há brasileiros liderando muitos projetos, empresas que começam a se destacar nesse novo
modelo e universidades que se transformaram em centros de excelência em projetos utilizados
pelo mundo. Isso tudo sem haver a necessidade do envio de um único centavo em royalties para
o exterior e com compartilhamento do conhecimento. Isso posiciona o Brasil na vanguarda na
área de tecnologia da informação e os resultados logo serão percebidos.

Conceito de Software Livre

Quando alguém se inicia no caminho dos programas gratuitos, a primeira discussão encontrada é
a diferença entre software livre e código aberto. Apesar de serem muito parecidos, esses dois
conceitos se diferenciam muito em seus fundamentos.

O conceito de free software, criado pelo pesquisador Richard Stallman, do laboratório MIT AI Lab,
baseia-se na idéia de que um programa e seu código fonte são conhecimentos científicos e, assim
como os teoremas matemáticos, não podem ser guardados. A idéia é que, se eles forem
escondidos do público, correremos o risco de ter uns poucos controlando o conhecimento –
retardando, assim, o avanço da ciência.
Richard Stallman vem desenvolvendo essa idéia com o projeto GNU (Gnu is Not Unix), criado em
1984, por meio da organização Free Software Foundation (FSF). O projeto GNU iniciou a
pesquisa e o desenvolvimento de diversos programas que são distribuídos gratuitamente, como o
processador de texto EMACS. Todos os programas são licenciados, seguindo o modelo GPL
(GNU General Public License), que define claramente as características necessárias a um
programa para que ele seja considerado livre.

Pela determinação da GPL, todo programa que utiliza fragmentos de programas licenciados pela
GPL também deve ganhar o status de GPL, ou seja, livre . Esse conceito de software livre oferece
uma barreira enorme às empresas, já que elas têm como principal objetivo não o aumento do
conhecimento humano, e sim o lucro. Por isso, durante muito tempo, o uso de software livre ficou
restrito a universidades e centros de pesquisa.
Em 1997, um grupo formado por membros da comunidade de software livre se reuniu e amenizou
o conceito, tornando-o mais atraente para as empresas. Entre os participantes, estavam Eric
Raymond (autor do livro A Catedral e o Bazar – a bíblia da comunidade free software), Tim
O’Reilly (editora O’Reilly, especializada em livros técnicos) e Larry Augustin (presidente da VA
Research, estrela das bolsas americanas pelo seu IPO fenomenal).

O novo conceito, batizado de open source, permitiria que se comercializasse um software de


código-fonte aberto ou se usasse parte de um código comercial em um produto gratuito. Optando
por programas free ou open source, paga-se o mesmo valor pelo produto final: zero. Isso é ótimo
para os bolsos das empresas, mas onde está o apelo para o profissional de TI recomendar e
utilizar free software em seus projetos? A resposta é: custos menores e margens de lucros
maiores, que é o desejo de qualquer corporação. Como um projeto baseado em software livre ou
open source não tem os altos custos de licenciamento de software, essa economia pode (e
costuma) ser utilizada para contratar mais e melhores profissionais de TI.

O que é o software livre


Richard Stallman é sempre enfático em destacar os quatro níveis de liberdade que caracterizam
o software livre. Primeiro, liberdade de usar o software. Segundo, liberdade de alterar o software
conforme as necessidades pessoais. Terceiro, liberdade de aperfeiçoar o software e distribuir
cópias para a comunidade. Quarto, liberdade de melhorar o software e publicá-lo com essas
melhorias.
E para que isso aconteça, o software precisa ter o código aberto, única forma de o
usuário/programador conseguir modificá-lo para uso próprio ou para compartilhar com outras
pessoas. Isso é o que torna o software livre uma alternativa consistente e segura, pois é
totalmente transparente para o usuário.

Quem garante que no software proprietário, de código-fonte fechado, não exista nenhum
"backdoor" ou cavalo de tróia, ou algum outro mecanismo secreto que permita o acesso do
fabricante ou de terceiros no computador alheio? No software livre, existe uma comunidade de
usuários verificando isso, e se achar algum problema pode corrigi-lo e acrescentar essa melhoria
ao software.

A história é a seguinte: após trabalhar treze anos no Laboratório de Inteligência Artificial do


Massachussets Institute of Technology (MIT), Stallman deixou seu emprego, em 1984, para criar
um sistema operacional livre. Optou por desenvolver um sistema portável, similar ao Unix, dando
início ao projeto GNU, que estabelece a licença pública geral como premissa básica do software
livre.

Criou então várias ferramentas, entre elas o editor de textos Emacs. Mas foi somente a partir de
1991 que o GNU passou a utilizar o kernel criado por Linus Torvalds, chamado Linux. Por isso, diz
Stallman, as pessoas utilizam o GNU/Linux e não o Linux, pois ele nada mais é do que o software
desenvolvido pela GNU com o kernel do Linux. E o kernel é uma parte de um conjunto de
programas, como o Emacs, o GCC, o debuger, o X Window System, os gerenciadores de janelas,
entre outros.

Também é importante distinguir o movimento Software Livre do movimento Open Source (código
aberto), pois este último não trata das questões éticas que garantem a liberdade de compartilhar o
software com outros e de publicá-lo com melhorias. No Open Source, o código-fonte do software é
protegido por direito autoral, o que é muito diferente do movimento Software Livre que é uma
forma de consciência social, que encoraja a cooperação e o espírito comunitário de compartilhar
conhecimentos.

Software livre X software proprietário

O software proprietário trata-se de um modelo que restringe as liberdades do usuário, como por
exemplo: limitando a finalidade do mesmo, o número de cópias que podem ser instaladas, negam
acesso ao código-fonte impossibilitando assim, o estudo e a modificação do software. Outra
característica que geralmente acompanha o software proprietário é o seu alto custo para o
consumidor final.

O software livre vem para garantir a todos os usuários a execução do software, para qualquer
uso, estudar o funcionamento de um programa e a de adaptá-lo às suas necessidades; a
redistribuição de cópias e a facilidade de melhorar o programa e de tornar as modificações
públicas de modo que a comunidade inteira se beneficie da melhoria. Também conhecido como
software libertário, os softwares livres são distribuídos gratuitamente, apesar de não serem
necessariamente grátis.

Enquanto no software livre o programador abdica de um dos canais de receita pelo seu trabalho,
em troca da preservação do controle dos termos de uso da sua obra, no software proprietário, o
programador abdica da liberdade de controlar sua obra, em troca de salário e compromisso de
sigilo, o distribuidor torna-se proprietário de tudo. Desde o código-fonte, tido como segredo de
negócio, até as cópias executáveis, licenciadas ao usuário sob custódia e regime draconiano. Em
contrapartida, se a obra tiver qualidades, agregará eficiência aos empreendimentos em torno dela.

Software Livre não significa um software não-comercial. Um programa livre deve estar disponível
para uso comercial, desenvolvimento comercial, e distribuição comercial. O desenvolvimento
comercial de software livre não é incomum; tais softwares livres comerciais são muito importantes.

Independentemente da competição com o código aberto, o software proprietário no Brasil


enfrenta o problema do valor das licenças. Muitas pessoas vão escolher software de código
aberto ou resolver piratear o Windows. De uma forma ou de outra, a Microsoft não ganha dinheiro.
É uma história que se repete em vários países ao redor do mundo. Mas, de uma maneira mais
geral, a principal diferença entre software fechado e software de código aberto está no fato de que
a produção de código aberto é mais eficiente. No sentido em que converte de uma melhor forma
trabalho e capital em software que funciona. Com o tempo, a forma mais eficiente de produção
sempre vence.

Linux, o pingüim

O sucesso do GNU/Linux, cujo mascote é um pingüim chamado Tux, motivou a criação de outros
projetos seguindo a mesma filosofia, sustentados por comunidades de empresas, governos,
instituições, programadores, analistas, usuários e voluntários em geral. Hoje, o Software Livre
consolida-se como um grande conjunto de soluções tecnológicas robustas, abertas, seguras e
flexíveis, ideais para organizações onde a inovação já faz parte do dia-a-dia.

O Linux, como é do conhecimento de todos os adeptos da computação, se vem tornando um


sistema operacional cada vez mais presente. Uma das razões para isso é que, além de sua
qualidade, ele é um sistema que proporciona baixo custo em implementações pelo simples motivo
de ser gratuito. Assim como o próprio sistema, uma variedade enorme de softwares encontra-se
disponível sem ser necessário pagar nada por eles.

O Software Livre possui tanta importância que se não fosse assim o Linux não existiria ou ficaria
restrito aos muros de uma universidade. Linus Torvalds, o "pai do Linux", quando criou o sistema,
não quis guardá-lo para si. Quis montar um sistema que atendesse às suas necessidades, mas
que também pudesse ser útil para mais alguém. Fez isso sem saber que estava acabando de
"fundar" uma comunidade: a Comunidade Linux.

Essa comunidade consiste em um número enorme de programadores e colaboradores no mundo


todo que trabalham com um único objetivo: ter um sistema operacional robusto, confiante,
dinâmico, e que, principalmente, esteja ao alcance de todos. A idéia é muito simples: para ser um
sistema ao alcance de todos, todos podem colaborar, mostrar suas idéias e participar.

Não a toa o Linux, a cada dia, vem conquistando novos usuários domésticos e cada vez mais
atraindo empresas de todos os portes, que buscam um sistema confiável e barato. De quebra,
podem alterá-lo para suprir suas necessidades e não precisam gastar com sistemas pagos e
limitados. Tudo isso se tornou possível graças ao fato do Linux ser um sistema livre. Sua licença
de uso é a GPL, sigla para GNU Public License, e é uma das formas mais conhecidas de
distribuição de programas. A maior parte dos softwares para Linux é baseada na licença GPL.

Vale dizer que uma licença é um documento que permite o uso e distribuição de programas
dentro de uma série de circunstâncias. É uma espécie de copyright (direitos autorais) que protege
o proprietário do programa. Tendo copyright, o dono pode vender, doar, tornar freeware enfim. A
Microsoft, por exemplo, atua assim. Você tem de pagar pelos programas e não pode utilizar uma
mesma cópia para mais de um computador.

A licença GPL faz exatamente o contrário. Ela permite copiar o programa, e instalar em quantos
computadores quiser, alterar o código-fonte e não pagar nada por isso. A GPL não é
simplesmente um texto que diz o que você deve fazer para desenvolver um software livre. É,
resumidamente, um documento que garante a prática e a existência do mesmo.

2 - Licença de software livre

Os programas de computador (proprietários ou não-proprietários) são protegidos pela legislação


de direitos autorais, e por isso possuem uma dimensão patrimonial. O proprietário do programa
pode doá-lo ou vendê-lo, distribuí-lo de forma remunerada ou gratuita.

Introdução à legislação de informática

O software ou programa de computador possui definição legal no art. 1°. da Lei n°. 9.609, de 19
de fevereiro de 1998. Diz o referido dispositivo legal: “é a expressão de um conjunto organizado
de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza,
de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos,
instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou analógica, para fazê-los
funcionar de modo e para fins determinados”. O conceito adotado parece adequado à natureza da
atividade no universo jurídico.

Se adotarmos, para fins de classificação, o critério da forma de comercialização ou distribuição


serão dois os tipos básicos de softwares (ou programas de computador): o proprietário e o
não-proprietário, como já tratado no módulo anterior. O software proprietário é aquele em que o
código-fonte não é distribuído e permanece como algo de exclusivo conhecimento de seu criador.
Já no software não-proprietário, por definição, o código-fonte permanece acessível para todo
aquele que se interesse por ele.

Em regra, o programador escreve, em linguagem de programação de alto nível, inteligível por


humanos, instruções ou declarações. Esse conjunto articulado de instruções ou declarações,
voltado para um fim específico, é chamado de código-fonte. O arquivo que contém o código-fonte
não é ”entendido” pelo computador. Assim, ele precisa ser compilado para ser transformado num
arquivo com “código do objeto” em linguagem de máquina. Esse tipo de código possui instruções
compreensíveis para o processador do computador, estando pronto para ser executado.

Sob a ótica jurídica, o software proprietário é comercializado por meio de contrato de licença de
uso. Nesse sentido, diz o art. 9°. da Lei n°. 9.609, de 1998: “O uso de programa de computador no
País será objeto de contrato de licença. Parágrafo único. Na hipótese de eventual inexistência do
contrato referido no caput desse artigo, o documento fiscal relativo à aquisição ou licenciamento
de cópia servirá para comprovação da regularidade do seu uso”. Portanto, o usuário de um
software proprietário não compra o programa, não é dono ou proprietário dele. O usuário em
questão apenas firma um contrato de utilização daquele programa sob certas condições, previstas
na licença, a qual aderiu.

O tratamento jurídico do software não-proprietário, no entanto, não é tão direto quanto o do


software proprietário, objeto de comercialização em massa. Não é difícil perceber que a legislação
foi elaborada para atender ao modelo proprietário. O ponto de partida das considerações jurídicas
é justamente o fato de que os programas de computador (proprietários ou não-proprietários) são
protegidos pela legislação de direitos autorais.
Direitos autorais

Segundo a legislação em vigor, os direitos autorais possuem uma dimensão patrimonial. Assim, o
programa de computador possui um proprietário. Nos termos da Lei Civil, o proprietário pode, em
relação ao bem de sua propriedade, usar, gozar ou dispor dele. Eis aqui o cerne da questão: o
proprietário do programa pode conformar, nos termos que entender convenientes, a forma de
utilização, distribuição ou comercialização do mesmo. Portanto, o proprietário do programa pode
doá-lo ou vendê-lo, distribuí-lo de forma remunerada ou gratuita, liberar ou restringir o acesso ao
código-fonte. Pode mais. Pode preestabelecer condições para uso por terceiros.

Nessa linha de raciocínio, são lícitas licenças extremamente restritivas, como aquelas utilizadas
pelo software proprietário. Também são perfeitamente lícitas as licenças menos restritivas, como
aquelas utilizadas pelo software não-proprietário, notadamente o software livre.
As licenças em questão funcionam como condicionamentos de uso formulados pelo autor
(proprietário) do programa (proprietário ou não-proprietário) e aceitos pelo usuário. Por exemplo,
um programador não pode incorporar código-fonte de software livre num programa proprietário
(qualquer utilização ou aperfeiçoamento do software livre necessariamente também precisa ser
livre).

A licença de uso do Linux, por exemplo, o mais popular dos sistemas livres é a GPL, sigla para
GNU Public License e é uma das formas mais conhecidas de distribuição de programas. A maior
parte dos softwares para Linux é baseada na licença GPL. Vale lembrar, como já foi citado no
módulo anterior, que uma licença é um documento que permite o uso e distribuição de programas
dentro de uma série de circunstâncias. É uma espécie de copyright (direitos autorais) que protege
o proprietário do programa. Tendo copyright, o dono pode vender, doar e tornar freeware.

Para falar sobre licenças de Software Livre é indispensável definir Direitos Autorais e Copyright,
uma expressão criada pelos norte-americanos com o objetivo de dar exclusividade de edição de
materiais de imprensa escrita aos seus detentores. Dessa forma, autores que possuíssem o
Copyright de suas obras poderiam designar quem poderia, e como poderia, copiar e distribuir
cópias de seus livros, artigos ou revistas. Entretanto, como não é necessário ser autor da obra
para deter o seu Copyright, não podemos dizer que direito autoral é igual a Copyright. O sistema
de copyright atribui donos ao software e esses donos têm o direito de estabelecer regras de
distribuição do software.

Outras licenças

Software Livre não é necessariamente de domínio público, apesar de essa ser uma interpretação
compreensível do conceito de liberdade, para quem ainda não se familiarizou com a quebra do
paradigma do software proprietário. Um programa de domínio público é aquele em que o criador
abre mão de seus direitos de autoria e de licenciamento de cópias. Nesse caso, quem estiver de
posse do código tem o direito de fazer dele o que desejar, sem ter de obedecer qualquer restrição
ou norma.

Se considerarmos o programa como uma maneira de se resolver determinado problema, com a


ajuda do computador, fica mais simples aceitar o software como uma idéia, não como um bem. E
o melhor é que as boas idéias sejam utilizadas em benefício de todos, e que todos possam
desfrutar das idéias e das novidades da tecnologia e da ciência.
Para garantir essa liberdade, no caso do software para computador, a Free Software Foundation
redigiu algumas licenças, as quais aplicadas ao programa, mantém os direitos de autoria ao
implementador do software, dando aos usuários do programa certas liberdades.
Além da GNU – General Public License, há outras licenças, algumas mais, outras menos
restritivas. A Lesser GPL (LGPL) – também redigida pela FSF, por exemplo, é mais permissiva
que a GPL. Bibliotecas de função sob a LGPL podem ser usadas por software proprietário, apesar
de serem livres. Se essas mesmas bibliotecas estiverem sob a GPL, elas podem ser usadas
apenas por programas também sob a mesma licença . A escolha mais adequada vai depender de
quão restrita o autor do software deseje que seja a utilização do seu programa.

Punição ao mau uso

A Lei de número 9609/98 diz que o uso de programa de computador será objeto de contrato de
licença. Por sua vez, a violação dos direitos de autor de programa de computador pode resultar
em detenção de seis meses a dois anos ou multa. Se a violação consistir na reprodução, por
qualquer meio, de programa de computador, no todo ou em parte, para fins de comércio, sem
autorização expressa do autor ou de quem o represente, a pena é de reclusão de um a quatro
anos e multa.

A Lei que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais é a 9610/98. São obras
intelectuais protegidas, as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em
qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, incluindo entre
outros programas de computador.

Diante da demanda colocada pelo governo brasileiro, foi firmado um acordo entre a Fundação do
Software Livre e o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, por meio da escola de Direito
da Fundação Getúlio Vargas e da organização não-governamental americana Creative Commons.
Como resultado do convênio, nasceu a CC-GNU GPL, licença oficial que tem sido utilizada pelo
governo Federal para o licenciamento de software em regime livre. A licença original GNU GPL foi
escrita somente para advogados e seu idioma original é o inglês.

Por meio do projeto, pioneiro no mundo, foi possível fazer a tradução para o português do texto
da licença americana e, em seguida, acrescentar duas outras camadas das licenças do Creative
Commons, que facilitam a compreensão e a utilização da licença. A camada para leigos explica
para qualquer pessoa, seja advogado ou não, o que a licença faz e quais direitos ela confere. A
outra camada, feita para máquinas, permite marcar o código do software eletronicamente, para
que qualquer computador possa identificar o regime de licenciamento que se aplica a ele.

O primeiro software licenciado por ela foi o TerraCrime, do Ministério da Justiça, um programa
que faz controle estatístico de criminalidade e que hoje encontra-se disponível para usuários e
desenvolvedores de todo o Brasil. O setor privado também tem usado a licença brasileira, como o
discador UOL.

Licença não assegura garantia

As licenças, como a CC-GNU GPL, permitem o desenvolvimento de novos modelos de negócio,


ao mesmo tempo em que promovem a disseminação do conhecimento, que é compartilhado com
toda a sociedade. A questão é que, se o software em si é livre, não é sobre ele que se está
estabelecendo qualquer negócio jurídico oneroso, mas sobre bens e outros serviços correlatos.
Um ponto polêmico em relação ao uso do Software Livre é a questão da garantia sobre o produto.

No texto da Licença Pública Geral, destaca-se a exclusão de garantia, pois o programa é


licenciado sem custo. Além disso, há exclusão de responsabilidade civil, tanto do criador do
programa original quanto daqueles que o modificaram por quaisquer danos causados pelo uso.
Essa discussão fica ainda no campo hipotético porque não se teve notícia, até o momento, que a
validade de tal cláusula tenha sido objeto de apreciação judicial, pois mesmo os softwares
proprietários apresentam uma garantia limitada. No caso de um defeito no computador, é difícil
identificar de onde veio o problema, se do software, do hardware ou das inúmeras relações que se
dão entre os dois sistemas.

A inexistência de garantia também não fere o Código de Defesa do Consumidor, porque a


relação jurídica estabelecida nos termos da GPL não é uma relação de consumo. Essa relação se
forma entre os sujeitos definidos como fornecedor e consumidor, e tem por objeto produtos ou
serviços que este adquire daquele. Como os termos da GPL definem o que usar, copiar, modificar
e distribuir o programa, não deve gerar pagamento de contraprestação, não se caracteriza uma
comercialização.

Uma vez que o programa é licenciado sem ônus, cuja ausência de garantia tem respaldo legal, a
exceção é quando os detentores dos direitos autorais e/ou terceiros expressam de forma escrita
as garantias de comercialização e adequação de qualquer propósito, o que não assegura ao
usuário a qualidade e o desempenho do programa, custos a serem arcados pelo comprador.

A Fundação para o Software Livre não fornece garantias quanto ao seu software e não pode
prometer que o software GNU está livre de bugs de qualquer tipo. Mas é possível dizer que esses
bugs são bem difíceis de ocorrer, pois existem poucas razões para isso e a mais provável pode
ser a versão, cuja listagem está disponível no site com todas as versões disponíveis.
"www.gnu.org":http://www.gnu.org.

3 - Regulamentação

A popularização do Software Livre está criando novas necessidades no campo jurídico. No


Congresso Federal existem diversos projetos de lei sobre a adoção preferencial de Software Livre
e código aberto. E, ao mesmo tempo, a ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software)
critica esses mesmos projetos, pois entende que se está criando uma espécie de reserva de
mercado.

Projetos em discussão

A popularização do Software Livre está criando novas necessidades no campo jurídico, tanto no
nível da relação usuário-prestador de serviço, quanto no de implementação de políticas públicas
que favoreçam a adoção desse tipo de programa. Iniciativa como de um grupo de advogados de
São Paulo, que criou a Creative Commons, com o objetivo trabalhar num projeto de tradução de
licenças da Open Source Iniciative, exemplifica essas necessidades.

As definições de Open Source e Software Livre são bastante semelhantes. Para o movimento
open source, o fato do programa de computador ser de fonte aberta é uma questão de cunho
prático e, para o Software Livre é de cunho ético, compreendendo uma mobilização sócio-política.
As licenças de fonte aberta são variáveis quanto à utilização do uso do código-fonte, enquanto as
licenças de Software Livre possuem uma forte característica: a necessidade de compatibilidade
com a GNU GPL ou com as chamadas quatro liberdades: executar, estudar, redistribuir e
aperfeiçoar o programa.

Existem diversos projetos de lei no Congresso Federal sobre a adoção preferencial de Software
Livre e código aberto, além da Frente Parlamentar do Software Livre, que articula politicamente a
aprovação de tais leis, alterando inclusive a Lei das Licitações, número 8.666/93. Um deles é a Lei
do Software Livre (2.269/99) do deputado petista Walter Pinheiro. Segundo o parlamentar, a
medida resultaria numa economia de até 60% nos gastos do governo.
Enquanto a Lei Federal não entra em vigor totalmente - somente alguns estados, como Paraná e
Rio Grande do Sul já adotaram a Lei - , cabe ao poder executivo, que é quem redige os editais,
em todas as esferas, a opção de melhor custo/benefício e socialmente mais responsável. E,
nesse ponto, é fundamental a fiscalização da sociedade e, no campo jurídico, a impugnação de
editais dirigidos, que firam o princípio da isonomia ou princípio de igualdade de todos perante a
lei.

Em 2007, a Assembléia Legislativa do Paraná protocolou Projeto de Lei 503/2006, do deputado


Edson Praczyk (PRB), que dispõe sobre a padronização de documentos públicos em formato
OpenDocument Format ODF. A proposta prevê a adoção desse formato por órgãos públicos e
autarquias em documentos públicos quando forem criados. Isso porque o padrão aberto é
imperativo para a isenção do Software Livre. A iniciativa, se efetivada em 2007 vai propiciar
avanços significativos na utilização do modelo no Estado do Paraná.

Críticas à legislação

A ABES (Associação Brasileira de Empresas de Software) vem criticando os projetos de lei, bem
como as leis já aprovadas sobre o Software Livre, pois entende que se está criando uma espécie
de "reserva de mercado". Isto porque, nas legislações citadas, há a obrigatoriedade da
Administração Pública utilizar o software aberto ou que dê preferência a este, eliminando a
participação de diversos desenvolvedores de software proprietários existentes no território
brasileiro.

A preocupação da entidade não é de todo equivocada. Na ânsia de querer eliminar custos, a


Administração Pública pode causar vários entraves jurídicos nessa questão. Afinal, não seria
respeitado o princípio constitucional da livre-concorrência e obrigaria o gestor público a dar
preferência a um determinado tipo de software que pode não ser o de melhor solução técnica e
econômica.

Muitas empresas, inclusive multinacionais, já estão destinando parcelas significativas de seus


investimentos no desenvolvimento de soluções baseadas em sistemas abertos. Entretanto, se for
levada ao extremo a obrigação legal de apenas comercializar sistemas abertos, centenas de
empresas não poderiam mais desenvolver softwares dentro dos padrões que consideram mais
adequados, tendo de adotar umas das versões operacionais abertas.

Além disto, há outra grande preocupação no empresariado nacional no que tange a aprovação de
uma lei desse gênero. Dependendo de como a lei for aprovada, as empresas que fornecem
programas de computador ao governo teriam de entregar a sua propriedade intelectual, ou seja, a
pedra fundamental de sua atividade. É exatamente a exploração dessa propriedade que gera a
receita da empresa, o movimento econômico, empregos e arrecadação de tributos.

Como se pode observar, é uma área fértil para as discussões e debates. A implementação e o
aumento do uso do software aberto é indiscutível e inevitável. Resta aos profissionais das áreas
envolvidas criar regulamentos e normas que disciplinem o uso desse tipo de programa. O ponto
essencial é não engessar o mercado, deixando as empresas, usuários e governo, livres para
escolher o melhor tipo de software, de acordo com a melhor análise custo/beneficio.

Projetos de lei para aumentar a utilização

Em alguns países, já foram propostos projetos de lei incentivando/obrigando a utilização de


software nos órgãos da administração pública. Entre estes, estão a França, a Alemanha, a China,
o México e o Brasil.
O deputado federal Sérgio Miranda (PCdoB-MG) é um dos pioneiros na luta pela implementação
do Software Livre no Brasil. Ao lado do deputado Walter Pinheiro (PT-BA), questionou a aplicação
de recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) para
instalação de um sistema operacional de código fechado em computadores de escolas públicas.
Conseguiram aprovar uma medida que prevê que as máquinas funcionem com dois aplicativos: o
Windows, da Microsoft e o Linux.

O programa de informatização das escolas previa a criação de laboratórios com acesso à


internet. Eram recursos vultosos, para a compra de 240 mil computadores. E havia a imposição de
que todos tivessem o sistema operacional da Microsoft e isso significava promover a inclusão
digital, usando apenas o programa da Microsoft. Para a empresa, era uma enorme vantagem
competitiva.

Para a Microsoft, não se tratava apenas de uma questão monetária, mas também de domínio de
mercado. A tática da Microsoft sempre foi incentivar a pirataria de seus próprios programas. As
pessoas tiveram acesso ao Windows e essa era única realidade que elas conheciam. Depois, a
empresa começou a cobrar e justamente onde vende mais, ou seja, no setor público. Deputados
acreditam que mesmo que ela fosse a fornecedora do programa do FUST a preços muito baixos,
depois ela aumentaria o preço, devido ao monopólio que exerce.

Com o Linux, além da gratuidade, outra vantagem seria o fato de poder rodar em máquinas mais
defasadas, que é a realidade de boa parte das escolas públicas. Com um bom servidor, é possível
usar computadores mais antigos. Todos esperam que o Brasil desponte na corrida pela difusão
dos programas de código aberto. Entretanto, nem sempre os projetos de lei são o caminho mais
rápido para que isso aconteça. O melhor dos mundos é que o Software Livre conquiste mais
espaço na sociedade por meio do convencimento e da demonstração, na prática, das vantagens
que pode oferecer.

Outras iniciativas

Além do projeto de Sérgio Miranda, há outras leis e m destaque: o do deputado federal Walter
Pinheiro (PT/BA), o qual já foi citado no curso, e o do vereador recifense Waldemar Borges
(PPS/PE), sancionada em 2001. Os dois são bastante semelhantes, embora o de Borges fuja a
uma contradição de termos utilizados por Pinheiro, quando esse indica uma obrigatoriedade
opcional de free software. Em vez disso, Borges propõe a utilização preferencial.

Administradores dos setores público e privado, técnicos e grupos de usuários têm se manifestado
em debates em eventos e em listas de discussões existentes na Internet. Um projeto dessa
natureza pode tornar as decisões no setor público ainda mais lentas e burocráticas. Ou seja,
poderia engessar ainda mais o governo. Há quem defenda que possa ser exatamente ao contrário
– os órgãos e os técnicos teriam mais independência em relação aos fornecedores de software, o
que tornaria a manutenção dos sistemas mais ágil e bem menos burocratizada.

Hoje, isso pode parecer uma afirmação um pouco fora da realidade. Mas talvez, em pouco
tempo, pode passar a ser vista como uma verdade óbvia pelas pessoas. O Linux e outros
softwares livres estão se difundindo rapidamente e, a cada dia, mais pessoas estão interessadas
em sua utilização e nos seus desdobramentos. .

Lei como a do vereador Waldemar Borges tem um mérito indiscutível de trazer esse tema para a
arena pública. O debate faz parte do jogo democrático e quem sai ganhando é a sociedade.
Existem muitos mitos sobre o Software Livre que têm de ser desfeitos, como a "falta de suporte" e
também muito a esclarecer sobre os recursos disponíveis, como disponibilidade de ferramentas
de desenvolvimento e banco de dados.
Mas não devemos esquecer de que não há solução única e cada órgão tem de ter liberdade para
analisar a pertinência da adoção de Software Livre. Mas o comprometimento da CIPSGA não é
apenas com esse debate e sim com o incentivo para a criação de uma comunidade livre de
tecnologia no Brasil.

Creative Commons

O Creative Commons é um projeto que tem por objetivo expandir a quantidade de obras criativas
disponíveis ao público, permitindo criar outras obras sobre elas, compartilhando-as. Isso é feito
por meio do desenvolvimento e da disponibilização de licenças jurídicas que permitem o acesso
às obras pelo público, sob condições mais flexíveis. Uma das principais características do direito
autoral tradicional é que ele funciona com negativas. Isso quer dizer que para utilizar qualquer
conteúdo, é necessário pedir permissão ao seu autor ou titular de direitos. No sistema jurídico da
propriedade intelectual adotado no Brasil, até mesmo os rabiscos feitos em um guardanapo já
nascem com todos os direitos reservados.

Apesar disso, muitos autores e titulares de direitos não se importam que outras pessoas tenham
acesso aos seus trabalhos. Um músico, um videomaker ou uma escritora podem desejar
justamente o contrário: o amplo acesso às suas obras ou, eventualmente, que seus trabalhos
sejam reinterpretados, reconstruídos e recriados por outras pessoas.

Assim, o Creative Commons gera instrumentos legais para que um autor ou titular de direitos
possa dizer ao mundo que ele não se opõe à utilização de sua obra, no que diz respeito à
distribuição, cópia e outros tipos de uso.
Existem diversas modalidades de licença, cada uma concedendo direitos e deveres específicos.
Há licenças que permitem a ampla divulgação da obra, mas vedam seu uso comercial. Outras
permitem o aproveitamento da obra em outras obras. Há também licenças que permitem a
remixagem, colagem e outras formas criativas de reconstrução da obra, permitindo uma enorme
explosão de possibilidades criativas.

Muda-se, assim, de "todos os direitos reservados" para "alguns direitos reservados",


garantindo-se a existência de uma universalidade de bens intelectuais criativos acessíveis a
todos, que é condição fundamental para qualquer inovação cultural e tecnológica. Nesse sentido,
o projeto tem por finalidade desempenhar atividades em três áreas fundamentais para os
operadores do direito:

1. Plano Normativo: Tradução de novas licenças jurídicas, além da GNU/GPL, permitindo maior
flexibilidade e desenvolvimento de novos modelos de licenciamento, sempre tendo em vista as
diretrizes da "Free Software Foundation" e da "Open Source Initiative" e sua adequação ao
ordenamento jurídico pátrio;

2. Plano Doutrinário: Produção científica de textos e artigos jurídicos voltados à resolução de


questões práticas e concretas em relação aos negócios e licenciamento envolvendo o Software
Livre;

3. Plano Judiciário: Realização de debates sobre questões em torno desse modelo de


licenciamento.

4 - Produtos

Há uma grande variedade de produtos disponível no mercado de código-fonte aberto. Um dos


mais conhecidos e utilizados é o sistema operacional Linux. A busca pela liberdade de criação e a
disseminação solidária de aperfeiçoamentos no sistema foi o impulso para a expansão do
mercado.

Tipos de Softwares Livres

Há uma grande variedade de produtos disponível no mercado de código-fonte aberto. Um dos


mais conhecidos e utilizados dos softwares livres é o sistema operacional Linux, simbolizado pelo
pingüim Tux e desenvolvido em 1991 por Linus Torvalds, aluno de ciência da computação da
Universidade de Helsinque na Finlândia. Especialista no sistema operacional Unix, Torvalds
queria criar uma plataforma para seu computador pessoal 386, que fosse como o Unix.

O impasse principal foi a constatação de que construir um sistema operacional desse porte seria
uma tarefa impossível de ser efetuada, a partir de software com o código-fonte fechado. Foi então
que ele se prontificou a criar um sistema operacional de código-aberto, que fosse aperfeiçoado
por quem se dispusesse a contribuir, corrigindo defeitos e pequenos erros.

A busca pela liberdade de criação e disseminação solidária de aperfeiçoamentos no sistema


operacional Linux foi o impulso necessário e vital para o seu crescimento, amadurecimento e
desenvolvimento. O conjunto de softwares que constitui o Linux forma uma extensa biblioteca que
não pára de crescer, consultada por empresas, especialistas, programadores, desenvolvedores
de softwares e leigos.

O software livre nasceu na Universidade e está se expandindo rapidamente para a sociedade.


Um passo decisivo para a consolidação, propagação e difusão do Linux foi dado por Richard
Stallman, que criou o projeto de software gratuito intitulado GNU, que significa "GNU Não é Unix".
A administração do projeto é efetuada pela organização Free Software Fundation (FSF), que está
encarregada de proteger juridicamente os desenvolvedores de softwares gratuitos, a partir da
General Public License (GPL), contra a apropriação e a pirataria das grandes empresas.

A GPL garante que os softwares possam ser utilizados ou compartilhados gratuitamente, com a
autorização de seus criadores, de forma livre por qualquer pessoa. O conhecimento de sua
produção está sendo compartilhado de forma solidária, por empresas, gestores, milhões de
usuários, hackers e inúmeras comunidades de cientistas. Um novo dispositivo é lançado e
imediatamente já se começa o desenvolvimento do seu driver ou de seus aplicativos e muito
rapidamente os usuários têm acesso ao produto. Um novo tipo de software é lançado e milhares
de desenvolvedores correm contra o tempo para fazer os aplicativos correspondentes para a
plataforma Linux. Existe uma demanda contínua por parte dos usuários e isso impulsiona
empresas e desenvolvedores, alimentando um gigantesco círculo produtivo.

O Linux pode ser obtido gratuitamente pela internet em inúmeros sites (www.cipsga.org.br ;
www.conectiva.com.br ; www.redhat.com ; techupdate.zdnet.com ;
www.procempa.com.br/softlivre) ou pode ser comprado a preços acessíveis em qualquer
revendedora de software ou lojas do ramo comercial da área. O Linux pode ser instalado também
de forma particionada, isso significa que podemos ter a opção de instalar conjuntamente aos
sistemas operacionais que vêm instalados em nossas máquinas.

Projeto Apache

O Projeto Apache é um esforço coletivo de vários colaboradores para o desenvolvimento de um


software robusto, gratuito, e com qualidade, para a implementação de um servidor HTTP
(HyperText Transfer Protocol) –usado na internet. O projeto é administrado por um grupo de
voluntários do mundo todo, que se comunica por meio da internet, para planejar e desenvolver o
Apache e sua documentação.

Em fevereiro de 1995, o software de servidor mais usado na internet era o desenvolvido por Rob
McCool no National Center for Supercomputing Applications, da Universidade de Illinois. Porém, o
desenvolvimento daquele servidor HTTP estava perdendo espaço depois que muitos webmasters
tinham criado suas próprias extensões e por causa das dificuldades existentes em função de uma
distribuição inadequada do software.
Dessa forma, um pequeno grupo de webmasters se reuniu com a finalidade de coordenar as
mudanças nesse servidor. A partir daí, Brian Behlendorf e Cliff Skolnick criaram uma lista, onde
constavam os nomes de todos os colaboradores. Estava formado o Apache Group (ou Apache
Software Foundation), que possuía oito integrantes.

Feitas as alterações no servidor até então usado, foi lançado o Servidor Apache (versão 0.6.2),
em abril de 1995. Durante o período de maio-junho do mesmo ano, o grupo focou em implementar
características novas para a versão 0.7.x do servidor Apache, ao mesmo tempo em que a
comunidade de usuários e colaboradores do Apache crescia. Enquanto isso, Robert Thau, outro
integrante do grupo, projetou uma arquitetura de servidor nova, batizando-a de Shambhala, que
possuía, entre outras qualidades, uma melhor alocação de memória. De tão boa que era a
Shambhala, o grupo decidiu trocar a base do servidor pela do novo projeto e a somou às
características da versão 0.7.x do Apache, que resultou no Apache 0.8.8, lançado em agosto.

Depois de vários aperfeiçoamentos, testes e uma documentação nova, feita por David Robinson,
o Apache 1.0 foi lançado em 1° de dezembro de 1995. Com isso, menos de um ano depois, o
Apache já era o servidor mais usado. Segundo a IDC, em junho de 2006, o Apache estava
presente em mais de 60% dos servidores da internet. O concorrente mais próximo é o Internet
Information Services (IIS), da Microsoft, com 20% do mercado.

O Apache existe para oferecer uma implementação robusta do protocolo HTTP. Para isso, é
necessário que ele rode em plataformas de código-fonte aberto, onde pessoas e empresas
possam utilizar o software de acordo com suas necessidades e pesquisas. Segundo o Grupo
Apache, as ferramentas de publicação de sites deveriam estar nas mãos de todos que
necessitassem.
Assim, as desenvolvedoras de software ganhariam dinheiro provendo serviços usando o Apache
e apoiariam, dessa forma, o desenvolvimento contínuo do software. Isso traria menos custos à
empresa e ela usaria um software de grande qualidade e impediria a indústria de software de
controlar todos os protocolos existentes e fazendo a internet depender delas.

Além disso, o Apache é desenvolvido por uma entidade colaborativa, onde quem quer e pode
ajudar, participa e usufrui dos benefícios de um software feito por muitas pessoas e ajuda com
suas ações no projeto. Esse tipo de comunidade só pode existir se todos os participantes
trabalharem por espontânea vontade. Se fosse algo pago, cada um iria querer receber sua parte e
isso geraria uma grande confusão. A intenção do grupo é ver o Apache sendo usado amplamente,
por meio de companhias grandes, médias, pequenas; instituições de pesquisa, escolas,
indivíduos, em intranets, enfim, em todos lugares.

Outros softwares livres

Os softwares livres podem ser divididos entre sistemas operacionais, como o Linux, suíte de
escritório para o usuário final (Open Office e o KOffice), editor de imagens, (Gimp e o Gphoto),
navegador de Internet (Mozilla, Firefox, Konqueror), e-mail (KMail, Evolution, Thunderbird),
multimídia (XMMS, Noatum, KDE Media Player), banco de dados (MySQL, PostgreSQL), servidor
de páginas web (Apache), ambiente para gerenciamento de conteúdo (Zope), agente integrador
de rede Windows e Unix (Samba), gerenciamento remoto com criptografia (OpenSSH) e
servidores (Proxy server; DNS server; OpenLDAP, LDAP Server).

A maior parte pode ser usada da mesma forma que os sistemas proprietários, como o navegador
de Internet Firefox. Ele importa automaticamente seus favoritos do Internet Explorer e permite ao
usuário organizá-los, exportá-los ou manipulá-los de forma extremamente intuitiva.
Outro destaque é o Wiki, uma ferramenta de gerência e desenvolvimento colaborativo de
conteúdo. A idéia do nome Wiki originou-se da palavra "wikiwiki", que significa "rápido-rapido" no
idioma Havaiano. Segundo seus idealizadores, em um ambiente wiki não existem chefes, apesar
de ser normal o desenvolvimento natural de lideranças (a não ser nos casos em que se reflete o
funcionamento da instituição em que o wiki é usado).

O Zope é outro bom exemplo desenhado para prover suporte dinâmico de conteúdo da web, e
baseia-se em um modelo orientado para objeto. É um pacote que combina um sistema de
gerenciamento de conteúdo com um servidor de web e um sistema de modelos em um pacote. É
comum encontrar o Zope colocado atrás do Apache, em uma configuração multisservidor, onde o
Apache serve conteúdo estático e atua como acelerador baseado em cache para as partes do site
geridas pelo Zope.

O PHP-Nuke é um SGC (Sistema de Gerenciamento de Conteúdo), termo do inglês "Content


Management System", reconhecido facilmente pela popular sigla, CMS. O sistema recebe esse
nome porque integra todas as ferramentas necessárias para criar e gerenciar um portal, seja ele
comercial ou institucional. É caracterizado pela grande quantidade de funções presente na
instalação padrão e/ou nos módulos adicionais. Já o nome PHP-Nuke vem do inglês nuke, que
possui vários significados, sendo o mais comum um dispositivo ou arma nuclear.

Ferramentas de proteção

Existe um grande número de filtros de e-mail livres, ferramentas anti-spam, que evitam que
anexos executáveis sejam baixados juntamente com os e-mails e diversos outros tipos de opções.
O SpamAssassin é provavelmente o mais utilizado de todos os filtros anti-spam. Seu princípio de
funcionamento é buscar por assinaturas heurísticas típicas de spams no cabeçalho e no corpo
das mensagens e atribuir a cada ocorrência encontrada uma pontuação. Em seguida, a
pontuação é checada e, se exceder um limite do que é considerado normal, a mensagem é
declarada como spam.

O Anomy Sanitizer é um conjunto de filtros que permite procurar por vírus nas mensagens de
e-mail, desabilitar códigos HTML e Javascript potencialmente perigosos, bloquear ou remover
anexos baseado em seus nomes de arquivo. Dessa forma, você não precisa receber, por
exemplo, visual basic scripts, e também não precisa se preocupar com o risco de receber esse
tipo de arquivo.

O MailScanner é um e-mail vírus scanner, protetor de vulnerabilidades, e marcador de spam. Ele


utiliza o SpamAssassin para uma detecção muito boa dos spams e é desenhado para tratar com
ataques do tipo Denial Of Service (negação de serviço). Ele vai detectar arquivos zip protegidos
por senhas e aplicar uma checagem de nome de arquivos aos seus conteúdos. É fácil de instalar
e suporta uma grande quantidade de servidores de e-mail, Postfix, Sendmail, Exim, Qmail,
Zmailler e diversos antivírus: Sophos, MacAfee, F-Prot, F-Secure, DrWeb, ClamAV, BitDefender,
RAV, Panda e pode ser integrado em qualquer sistema de e-mail.

Se os sistemas de software livre estiverem configurados corretamente, os vírus terão efeito até
certo ponto. No entanto, há o problema de passar vírus para os locais que executam outros
sistemas operacionais. Assim, o controle de pragas eletrônicas é necessário principalmente para
evitar a transmissão de vírus para outros locais que não sejam baseados em software livre.
Embora o correio eletrônico seja uma das principais formas de transmissão de vírus, não é a
única, portanto, é necessário fazer uma varredura geral dos arquivos para evitar a transmissão
por outros meios.

Um exemplo de software livre que pode atuar como uma solução de antivírus para servidores de
correio eletrônico, é o Clamav Antivírus (http://clamav.sourceforge.net). No entanto, é possível
garantir que os arquivos executáveis possam ser instalados apenas pelo sistema administrador,
por meio da configuração dos sistemas de arquivos, tanto nos servidores quanto nas estações de
trabalho.

5 - Aplicações

Segundo estudo realizado com as 100 empresas que mais investem em tecnologia da informação
no Brasil, em 2004 o Linux foi adotado por 64% delas. O que aponta um salto de 12% em relação
ao levantamento anterior.

Usos do software livre

Surgido na década de 80, o software livre é um assunto relativamente novo e já possui um


mercado cativo. Exemplo disso é o sistema operacional GNU/Linux. Segundo estudo realizado
com as 100 empresas que mais investem em tecnologia da informação no Brasil – que acontece
há nove anos, publicado na revista Info Exame –, em 2004 o Linux foi adotado por 64% dessas
empresas. A pesquisa aponta um salto de 12% em relação ao levantamento anterior. Exemplos
de corporações que utilizam o Linux são Varig, Embrapa, Sucos Mais, Petrobras, Carrefour, Pão
de Açúcar, Casas Bahia, entre outras.

Outro sucesso no mundo do software livre é o servidor web Apache, utilizado em cerca de 60%
dos sites mundiais, como tratado no texto anterior do curso. Existe um outro aspecto que deve ser
avaliado nessa questão. Muitas empresas produtoras de programas e aplicativos dependem
exclusivamente da venda de seus produtos para um tipo de plataforma que é a dominante no
mercado no momento da comercialização. Por estarem habituados a trabalhar apenas para esse
mercado, os desenvolvedores deixam de atender a outras plataformas, como Linux e Macintosh.
Mas as grandes companhias já começaram a adotar outros paradigmas, como é o caso da IBM e
HP, que vendem servidores com Linux. Já a Novell, em 2006 adquiriu uma das mais importantes
distribuidoras de Linux do mundo, a SuSE Linux.

Um exemplo é o que aconteceu com a IBM, que no ano 2000 tomou conhecimento de três fatos.
Primeiro: ela não tinha uma solução Unix muito boa em preço/performance. Isso estava fazendo
com que concorrentes, entre eles a Sun, levassem clientes embora. Segundo: eles tinham
servidores baratos, poderosos, baseados em hardware Intel, que poderiam reverter o quadro, se,
ao menos, a IBM tivesse um sistema operacional Unix-like para colocar neles. Terceiro: eles
dependiam da Microsoft para fornecer o único sistema operacional disponível para toda a linha de
servidores Intel. Isto é, eles dependiam da mesma empresa que era parceira no desenvolvimento
do OS/2 e que lançou um produto, o Windows 3, para concorrer justamente com o OS/2.

Aplicações críticas

Nas palavras da IBM em 2000, o Linux não estava bom o bastante para aplicações críticas. Foi
quando eles decidiram que, em vez de portar novamente o AIX para Intel, investiriam recursos
para tornar o Linux "enterprise-ready". Trocando em miúdos, a IBM achou que o mercado de
sistemas operacionais proprietários para PCs estava morto (a Microsoft consome todos os
recursos desse "ecossistema") e que não valeria a pena investir num AIX/x86 quando, por menos
dinheiro, eles poderiam ajudar a deixar o Linux capaz de atender às demandas dos clientes.

Brigas judiciais à parte, pois há quem pense que a IBM se apropriou do código e usou "métodos
proprietários" para colocar no Linux, a Big Blue fez várias contribuições de código para o kernel e
drivers do Linux em áreas importantes. Entre elas, a de escrita em discos e suporte a
multiprocessamento com acesso não-uniforme à memória (que tinha sido desenvolvido por uma
empresa que a IBM comprou, a Sequent, especializada em computadores com dúzias de
processadores).

A IBM também fez e bancou vários estudos sobre como o uso de servidores Intel rodando Linux
era economicamente vantajoso em relação ao emprego de máquinas RISC, rodando versões
proprietárias de Unix (inclusive os pSeries da própria IBM). Debaixo da mesma bandeira,
favoreceu o desenvolvimento de versões do Linux para seus mainframes.
Resumindo: ao investir junto com outras empresas no desenvolvimento do Linux, a IBM
conseguiu várias vitórias importantes. Ela agora tem uma linha de servidores Linux de baixo
custo, competindo com enormes vantagens com soluções RISC dos seus concorrentes e mesmo
com servidores baseados em Windows.

A IBM é o único fornecedor de mainframes, reportando crescimento das vendas no segmento,


com empresas consolidando dezenas de servidores menores em um único equipamento. Como
um efeito colateral, o
kernel do Linux deu um salto impressionante de qualidade.

Outros gigantes adotam Linux

Na mesma linha de raciocínio, Intel e HP perceberam que lançar o processador Itanium no


mercado sem um suporte expressivo de software aplicativo seria suicídio. Em vez de pedir a
Microsoft que portasse o Windows para o Itanium e torcer para que ele estivesse pronto ao
mesmo tempo em que o processador fosse lançado, a HP decidiu fazer mais duas apostas. Uma
delas, o port do HP/UX (o Unix proprietário da HP) para o Itanium e, em outra, no port do Linux
para o processador. Com um processador de 64 bits no mercado há algum tempo, a HP hoje
pode vender suas soluções com uma escolha maior de sistemas operacionais em vários
mercados que não estariam acessíveis não fosse essa decisão.

Atualmente, a HP vende os equipamentos HP/UX sobre Itanium aos seus clientes HP/UX
tradicionais, vende máquinas Itanium rodando Windows para seus clientes Windows e vende
máquinas Itanium rodando Linux para os clientes que preferem Linux. E, claro, vendem máquinas
Intel também.
Outro caso bem interessante é o do Metrô de São Paulo, que já tinha trocado um sistema de
e-mail corporativo baseado em mainframe por um construído com software livre, quando decidiu
economizar dinheiro usando StarOffice (naquela época a Sun não cobrava por ele) em vez do
Microsoft Office.

Eles tinham dois problemas: o primeiro deles era que não existia documentação, material didático
ou tutoriais em português para o produto. Para resolver essa questão, o Metrô contratou uma
empresa para ajudar na preparação da documentação e dos treinamentos. O segundo problema
era o do idioma. Existia uma versão do StarOffice/OpenOffice em português, mas era o de
Portugal. A solução, no entanto, não veio do Metrô. Um engenheiro químico decidiu coordenar a
tradução do OpenOffice, que acabou, inclusive, sendo concluída antes que a Sun conseguisse
lançar o StarOffice 6 em português.

Por fim, mesmo investindo dinheiro para modificar e complementar uma oferta existente, a
economia feita em licenças não compradas de Microsoft Office mais do que cobriu os
investimentos no produto livre. Pode não ser muito vantajoso se você tem um escritório com cinco
pessoas, mas para eles, com mais de 1000 desktops por toda a companhia, a decisão foi
acertadíssima.

Software Livre no Governo

O uso de Software Livre em governos tem crescido rapidamente em todo o mundo. A


racionalidade por trás dessa opção é a mesma que orienta o crescimento da adoção de Software
Livre em organizações privadas: redução de custos, independência de fornecedores e razões
técnicas (estabilidade, segurança etc). No caso brasileiro, a opção pelo Software Livre como
programa oficial para o governo foi um pioneirismo do PT, principalmente do governo do RS,
sendo que o governo atual continua incentivando projetos de adoção ao Software Livre.
Podemos apontar cinco principais argumentos para defender o uso do software livre no governo
Federal: o macroeconômico, o de segurança, o da autonomia tecnológica, o da independência de
fornecedores e o do compartilhamento do conhecimento. Primeiro, o macroeconômico. O Brasil
reduz o envio de royalties para o exterior pelo pagamento de uso de software proprietário,
gerando maior sustentabilidade do processo de inclusão digital da sociedade brasileira e de
informatização e modernização das empresas e instituições. Os recursos economizados podem
ser investidos no desenvolvimento da indústria tecnológica nacional.

O segundo argumento é o da segurança. Como saber se um software é seguro se não temos


acesso ao seu código-fonte? Programas com código aberto baseiam-se no princípio da
transparência e permitem auditoria plena. Possibilitam a retirada de rotinas duvidosas, falhas
graves ou mesmo backdoors (forma de deixar no programa um caminho de invasão sem
despertar a desconfiança do usuário) e, como conseqüência direta, mais segurança.

Evidentemente, a opção pelo Software Livre não significa que, a partir de agora, todos os
softwares proprietários serão retirados dos computadores do governo. Serão necessários estudos
de viabilidade e políticas de migração para os casos em que software livre for a melhor opção.
Vale destacar também que optar pelo padrão livre não significa apenas usá-lo, mas também
incentivar o seu desenvolvimento. Nesse sentido, seria muito salutar a criação de uma espécie de
Projeto Software Livre Brasil, com o objetivo de centralizar iniciativas globais e auxiliar os diversos
órgãos de TI do governo.

Algumas aplicações em saúde

Já existem inúmeros projetos mundiais com a finalidade específica de desenvolver softwares


livres para a saúde. Um bom exemplo é o OSHCA – Open Source Health Care Alliance – que há
anos organiza encontros anuais para debater soluções baseadas em software livre para a área.
Outro ótimo exemplo de esforço para disponibilizar software livres para a saúde é o Projeto
Debian-med, uma idéia integrante do projeto Debian, que pretende disponibilizar programas
abertos integrados com a sua distribuição GNU/LINUX. Existem inclusive desenvolvedores
brasileiros.

O próprio Ministério da Saúde disponibilizou um documento elaborado pelo Departamento de


Ciência e Tecnologia em Saúde (Decit), setor integrante da Secretaria de Políticas de Saúde,
onde são sugeridas mudanças na política de C&T / S, visando a ampliação e a intensificação das
políticas para a área. Uma das sugestões é a criação da "Agenda Nacional de Prioridades em
Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico em Saúde" no âmbito do SUS.

Os princípios norteadores do desenvolvimento de uma metodologia para orientar a elaboração da


Agenda de Prioridades em Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico em Saúde são: integração
com o SUS; ampla participação e representatividade dos atores envolvidos na formulação de
políticas, principalmente gestores e comunidade científica; garantia da sua replicabilidade e
continuidade em todas as instâncias de governo; incorporação de todas as dimensões que
norteiam os problemas de saúde; identificação da Agenda Nacional de Saúde e das informações
oriundas dos sistemas de informações em saúde como instrumentos de orientação; e
estabelecimento de uma sistemática permanente de avaliação para redefinição de rumos e
prioridades.

Algumas áreas em que já existem projetos de softwares livres:

Sistema estatístico: uma das principais ferramentas de um profissional da área de saúde, mais
especificamente a epidemiologia, são softwares estatísticos. O principal software proprietário
utilizado, chama-se SPSS, mas poucos profissionais sabem que existe um software mantido pela
Fundação do Software Livre com a mesma finalidade, o PSPP. Também existem outros
softwares, que apesar de não-livres, são gratuitos como o Epiinfo e podem ser uma opção.

Geoprocessamento: O Geolivre é um projeto da PROCERGS que se iniciou em julho/2000 e visa


prover informações básicas, confiáveis e permanentes sobre o espaço geográfico do Estado do
Rio Grande do Sul, além de disseminar a tecnologia de Geoprocessamento nos diversos órgãos
da administração direta e indireta daquele Estado. Essa experiência poderia contribuir para as
iniciativas de controle de epidemias como a dengue.

Processamento digital de imagens: uma das contribuições mais inovadoras da tecnologia para a
saúde é o processamento digital de imagens. Ela pode tanto reduzir custos com armazenamento
e distribuição de exames dentro de um hospital como também ser utilizada de forma integrada a
sistemas de telemedicina. Nesse caso, existem padrões abertos (exemplo, DICOM) para
processamento digital de imagens.

Telemedicina: grande parte da infra-estrutura necessária para projetos de telemedicina pode ser
montada utilizando software livre. Num país continental e com grandes desigualdades regionais
como o Brasil, recursos como esses são essenciais.

6 - O impacto do software livre

As oportunidades de negócios compõem um fator de grande atração na indústria do software livre.


Novas formas de fazer dinheiro são incorporadas ao mercado. Os modelos de negócio vão do
Serviço Integral (venda do pacote físico e de todo tipo de suporte ao software) até a Oferta online
(desenvolvimento e oferta de software livre em sistemas cujo acesso é autorizado mediante
pagamento de uma taxa de associação

Internet e Software Livre

Revolução pode ser definida como uma mudança fundamental e repentina. Nos últimos anos,
temos visto resultados de algumas delas, mas é sempre difícil prever o impacto da próxima. As
revoluções normalmente trazem uma onda de mudanças e inovações. O PC se tornou comum no
final da década de 80, estendendo o acesso à computação a todos os profissionais no ambiente
de trabalho. A competição acirrada entre os fabricantes e a consolidação de padrões de hardware,
software e protocolos de comunicação permitiram que o computador ficasse mais acessível.

Alguns anos atrás, o uso da Internet popularizou-se e gerou demanda explosiva por
computadores para uso doméstico. Os volumes gerados pelo mercado de consumo acentuaram
ainda mais a queda de preço, também observada em servidores para aplicações profissionais, já
que esses compartilham muitos dos módulos e componentes com os computadores de uso
doméstico. A vantagem de custo que o hardware especializado tinha em relação a servidores de
uso geral está desaparecendo. Componentes e módulos de hardware padrão estão se tornando
tão baratos que inviabilizam o projeto de hardware proprietário. Essa tendência está chegando a
um ponto em que, com outro catalisador, é capaz de gerar uma mudança de paradigma.

A revolução do Software Livre (ou Open Source Software) é a distribuição, sem restrições de
instalação e uso, sempre acompanhada do código-fonte. Não é necessariamente gratuito, mas o
usuário pode modificá-lo conforme suas necessidades específicas. Freqüentemente, essas
necessidades são compartilhadas com outros usuários e as modificações beneficiam a todos e
retornam à comunidade.
Esforços são direcionados à inovação, sem reinvenção da roda. O crescimento do Linux, por
exemplo, está relacionado principalmente em aplicações de Internet, mas o seu uso vem
crescendo rapidamente também em aplicações corporativas.

Com raízes na Internet, o Linux desenvolveu suporte a networking muito forte e melhor que
outros sistemas operacionais. Por ser software livre e por receber contribuições de uma base
grande de desenvolvedores ao redor do mundo, é mais flexível e está evoluindo muito
rapidamente. Não há dúvidas de que o Linux está mudando o mercado de servidores, desktops e
redes.

O Brasil no contexto do software livre

Estima-se que no Brasil o mercado de sistemas operacionais baseados em software livre/código


aberto tenha uma dimensão mínima de R$ 77 milhões, considerando-se somente a venda de
distribuições e serviços correlatos do Linux, com potencial de crescimento de 2,5 a 3 vezes até
2008. O sistema Linux respondeu em 2003 por 9% do mercado mundial de sistemas operacionais
e a estimativa é que em 2007 seja responsável por 18%. Além disso, o não pagamento de
licenças pode significar uma economia de cerca de R$ 85 milhões ao ano para as empresas.

Existem alguns mitos que não se confirmam se compararmos o Brasil com os demais países. Por
exemplo, o perfil dos desenvolvedores brasileiros é muito semelhante ao dos europeus, que é
bastante profissionalizado, tendo a predominância de pessoal qualificado. Entre as empresas
desenvolvedoras, destacam-se as que já desenvolviam software proprietário e que estão
adotando o modelo por exigência do mercado e multinacionais que têm nesse modelo uma forma
de ampliar sua participação.
Entre as principais motivações do uso do software livre no Brasil estão as financeiras e as
tecnológicas. Enquanto empresas e usuários individuais são motivados por questões técnicas e
econômicas, desenvolvedores individuais o são por questões de capacitação (aprendizado) e
empregabilidade. Quanto aos usuários, há predomínio de grandes organizações (64% têm
faturamento superior a R$ 1 milhão ao ano e 65% mais de 99 funcionários), com destaque para os
setores de tecnologias da informação e comunicação, governo, comércio e educação. Suas
principais motivações são econômicas (diminuição de custos) e técnicas (desenvolvimento de
novas habilidades).

Impacto na indústria tradicional

As oportunidades de negócios compõem um fator de grande atração nessa indústria. O software


livre incorpora novas formas de fazer dinheiro, cujos modelos de negócio vão do serviço integral
(baseado na venda do pacote físico e de todo tipo de suporte ao software) até a oferta online
(desenvolvimento e oferta de software livre em sistemas cujo acesso é autorizado mediante
pagamento de uma taxa de associação). Entretanto, dadas suas características de disseminação
do código-fonte, ele ameaça a continuidade de modelos tradicionais de negócios, onde a
manutenção do sigilo do código-fonte (apropriabilidade) é fundamental, como venda de pacotes,
componentes de software e produtos customizados. Em outras palavras, se o modelo do software
livre tornar-se padrão de desenvolvimento, os modelos de negócios tradicionais deverão
reformular-se e terão uma diminuição de lucratividade no que tange à venda de licenças. Porém,
poderão ter forte incremento na venda de serviços, embora com maior concorrência. Em resumo,
a inovação acelera a transição da indústria de software dos produtos para os serviços.

O software livre não acaba com os regimes proprietários, mas afeta especificamente os que
combinam baixa especificidade de aplicação (programas mais genéricos, normalmente
comercializados como pacotes) com alta apropriabilidade (manutenção do código-fonte fechado).
Em paralelo, o código aberto traz novos rumos para velhas trajetórias e novas trajetórias dentro
de uma mesma tecnologia.

Mesmo com um movimento de software livre mundial concentrado na Europa, EUA e Japão,
como apontam estudos internacionais, em países em desenvolvimento como o Brasil ele está
inserido em atividades principais, especialmente nas de suporte e gerenciamento dos sistemas e
programas. Fora isso, a concentração geográfica também se verifica no âmbito nacional: 78% dos
desenvolvedores individuais, 81% das empresas desenvolvedoras, 84% dos usuários individuais e
85% das companhias usuárias encontram-se nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Rio Grande do
Sul e São Paulo são os dois principais focos de desenvolvimento e de uso de software livre no
País.

Software livre no mundo

A questão de tecnologias abertas de informação e de comunicação, em particular a de software


livre e aberto, está entrando com força na agenda política de diversos países e blocos
econômicos. Segundo avaliações da União Européia, em documentos como "Free Software/Open
Source: Information Society Opportunities for Europe" está se formando rapidamente uma massa
crítica que viabilizará a utilização de software aberto e livre em larga escala nos mais diversos
segmentos sócio-econômicos. Enxerga-se, na nova conjuntura que está sendo delineada, uma
grande oportunidade para a Europa assumir, em algumas áreas, uma posição de destaque no
mercado de software hermeticamente fechado por meio de modelos de negócios apropriados.

No outro lado do Atlântico, também os norte-americanos, normalmente defensores ferrenhos de


propriedade intelectual em função de sua supremacia tecnológica, estão atentos ao que ocorre no
movimento de software livre. O documento "Recommendations of the Panel on Open Source
Software For High End Computing" do President’s Information Technology Advisory Committee
(PITAC), faz fortes recomendações em relação ao software livre e aberto ao governo dos Estados
Unidos.

Muito antes do setor público ficar mais atento à questão de software aberto, grandes atores no
mercado de software estavam reorientando as suas estratégias de negócios para ocupar um
espaço maior em um mercado cada vez mais competitivo. Um exemplo interessante é a IBM, que
no passado tentou impor padrões próprios e sofreu diversos reveses econômicos em função
dessa estratégia. Um documento bastante vasto, intitulado "Exploring Open Software Standards
for Enterprise e-Business Computing: An IT Manager’s Guide", em que não cita nenhum de seus
produtos proprietários, evidencia claramente tal reposicionamento.

Motivações para o crescimento

A tendência de crescimento do mercado de software livre se deve em grande parte ao crescente


monopólio de empresas americanas e ao poder que tal monopólio confere a essas empresas no
tocante a política de preços e características de seus produtos. Como um exemplo recente
podemos citar a política de licenciamento do Windows XP, onde a licença de uso será gerada a
partir das informações de hardware da máquina, o que impedirá o uso do sistema em
computadores diferentes daqueles onde foram originalmente instalados.

O fator econômico certamente não é determinante. A qualidade de sistemas livres é atestada


pela sua ampla utilização e diversos testes de desempenho e confiabilidade conduzidos por
diversas empresas idôneas. O panorama no ambiente de trabalho pessoal é completamente
diferente. Sistemas Microsoft dominam o mercado em taxas superiores a 90%. A fatia de desktops
equipados com GNU/Linux situa-se em redor de 2%.

A evolução dos aplicativos tradicionais de produtividade e mesmo do ambiente gráfico de


sistemas GNU/Linux se tem dado de forma muito rápida. Além disso, existem diversas alternativas
funcionalmente equivalentes aos sistemas proprietários. O ambiente gráfico KDE oferece a suite
KOffice, que embora ainda limitada, provê competentemente a maior parte das funcionalidades
básicas.
Os maiores obstáculos à adoção como ferramenta de trabalho residem primordialmente em uma
cultura profundamente arraigada de uso de sistemas e aplicativos para ambientes Microsoft
Windows. Não obstante o forte fator cultural, algumas empresas têm promovido esforços no
sentido de substituir componentes proprietários por outros gratuitos ou livres.
Nos Estados Unidos, a cidade de Largo, na Flórida, emprega uma solução totalmente baseada
em sistemas Unix e terminais, com impacto significativo na questão financeira e em produtividade.

A viabilidade ou não do Linux no desktop é objeto de acentuadas controvérsias. A Intel afirma


que sistemas GNU/Linux não estarão em condições de competir com sistemas Windows a menos
que o número de aplicativos disponíveis seja equivalente nas duas plataformas. A empresa Dell
afirma que sistemas GNU/Linux possuem mais chances no mercado de servidores.

Por outro lado, existem alguns fatores a serem considerados. Sistemas GNU/Linux contêm, além
do sistema operacional, milhares de outros aplicativos com as mais diversas funcionalidades. A
variante comercializada pela empresa Conectiva, sediada em Curitiba, denominada Conectiva
Linux versão 7.0, exibe, após a instalação completa, 2.287 aplicativos. Em funcionalidade básica,
os aplicativos de ambientes GNU/Linux respondem satisfatoriamente às necessidades mais
comuns.

A adoção ampla de sistemas GNU/Linux em desktops é difícil devido, principalmente, a fatores


culturais. Não obstante esta dificuldade, fatores econômicos e estratégicos como os já citados
estão forçando muitas empresas e organismos públicos a reverem suas posições e a desenvolver
programas de adoção de software livre.

7 - Desafios

Os entraves que o Software Livre tem de enfrentar e superar vai muito além de oferecer soluções
confiáveis, seguras e robustas, que propiciem boa performance, disponibilidade e economia. É
preciso superar monopólios já sólidos e, mais do que isso, trabalhar para uma mudança cultural
imposta pelas grandes corporações.

Após o impacto, o desafio

Com certeza, o movimento do software livre é de grande importância, pois afeta a estrutura da
indústria de software e obriga a revisão de algumas práticas comerciais de licenciamento. Já
observamos claras mudanças na própria maneira como o software passa a ser distribuído e
remunerado.
O software livre pode causar sérios transtornos nas empresas extremamente dependentes de
licenciamentos de softwares em seus modelos de negócio. Um novo cenário de negócios,
causado por uma tecnologia de ruptura que atua diretamente na faixa de mercado da corporação,
torna o seu crescimento mais árduo, gerando por parte dessa empresa reações bastante
agressivas para evitar eventual percepção negativa dos investidores. Entretanto, os impactos do
novo contexto afetam de maneira diferente as corporações do setor.

Assim, uma companhia que atua intensamente em serviços pode rapidamente aumentar sua
receita entrando forte nesse novo segmento. Por outro lado, uma empresa que obtém a maior
parte de sua receita de licenças de software, com serviços sendo uma receita marginal, é afetada
negativamente. Pressionada pela redução de preços, causada pela entrada de uma alternativa de
software livre, diretamente concorrente ao seu produto ‘premium’, uma empresa será tentada a
levar para a faixa de baixo do mercado seu modelo de negócios de lucratividade mais alta,
vendendo seus produtos a preços menores que os praticados normalmente ou criando versões
mais simples.

Mas, na prática, pouco ou quase nada dessa receita incremental se transfere para a
lucratividade, porque todo aumento de receita decorrente do maior volume de vendas acaba
sendo absorvido pelos seus próprios custos. O modelo de software livre vai transformar a indústria
de software, mas não de maneira uniforme. Conviveremos sob ambos os modelos, softwares
livres e proprietários, e que cabe à indústria e aos usuários extrair o melhor das alternativas
disponíveis.

A condição que favorece a adoção do software livre por empresas comerciais depende da
estratégia de negócios que será adotada para fazer com que o software livre contribua para suas
próprias atividades empresariais. Isso pode acontecer por diversas razões. A primeira delas se dá
quando a empresa entende que determinados softwares do seu portfólio estão caminhando para
um rápido processo de commoditização (reduzido ao nível de mercadoria comum) e não seria
mais justificável manter custosas equipes de desenvolvimento e manutenção, pois o investimento
não teria retorno do mercado.

O estágio de commoditização aparece quando os clientes não mais percebem valor nas
melhorias e inovações incluídas pelo vendedor em seus produtos de software, fruto dos trabalhos
das suas equipes de pesquisa e desenvolvimento. As funcionalidades já existentes atendem
perfeitamente bem às necessidades dos clientes, que por sua vez, não desejam pagar mais por
nenhuma funcionalidade adicional. O fator mais importante de competição nesse estágio passa a
ser o preço.

Outro critério para a adoção do software livre é quando a empresa concentra-se em partes do
software que ainda apresentam oportunidades de diferenciação competitiva, liberando apenas a
parte do código commoditizável para a comunidade. Esses produtos mais sofisticados obrigam a
empresa a buscar as faixas superiores do mercado, mais exigentes em suas demandas. Por outro
lado, essa faixa de mercado leva a margens de lucro mais altas e à tendência natural de descartar
as faixas inferiores. A opção de liberar código à comunidade aparece como uma alternativa
interessante para continuar competindo no segmento menos exigente do mercado.

Em linhas gerais, existe também a possibilidade de utilizar um software livre quando a empresa
entende que determinado software gera mais receitas em serviços como instalação, suporte e
integração e concentra-se nessa atividade, deixando com a comunidade a tarefa de evoluir e
manter o software. E ainda quando uma empresa de hardware pode vender mais equipamentos
se existir maior disponibilidade de software para seu produto e não tem condições de gerar esse
software, por si, de maneira economicamente viável.
Fator cultural é uma das barreiras

Em todas as esferas, seja pública ou privada, uma das maiores barreiras para o uso do software
livre ainda é cultural. O desconhecimento dos aplicativos existentes em software livre e as suas
potencialidades, além do hábito de utilizar os programas já conhecidos podem levar a uma
resistência à mudança. Portanto, não bastam investimentos nas tecnologias, é preciso uma
capacitação para essa mudança.
Com intuito de superar esse entrave, o governo já está tomando providências com eventos de
capacitação dos servidores públicos. Em 2006, em Brasília, ocorreu a Semana de Capacitação
em Software Livre, que contou com a participação de mais de 5 mil servidores de 124 instituições
municipais, estaduais e federais distribuídos em 98 cursos. O investimento de R$ 300 mil teve
como objetivo principal capacitar os servidores para implementar e gerenciar, em suas
instituições, plataformas e aplicativos baseados em códigos abertos.

Os cursos foram divididos em eixos temáticos como gestão e suporte em software livre, bases de
dados, infra-estrutura e desenvolvimento de software. Os servidores capacitados nesses cursos
devem servir como multiplicadores da proposta em suas instituições de origem. Uma proposta que
tem como foco a busca pela inserção da discussão sobre a importância e benefícios do software
livre nos diferentes níveis do governo. Essa inserção é considerada pelos organizadores como um
dos grandes desafios do governo Federal para a mudança dos órgãos públicos em todo o Brasil.
Não existem, entretanto, incentivos financeiros para a adoção desse novo modelo.

A mudança cultural para a utilização do software livre passa, ainda, por outro espaço: a escola. O
ensino de informática em escolas é, atualmente, baseado no uso de sistemas e programas
proprietários. Nesse modelo vigente, os alunos não aprendem informática, mas sim a utilização de
um produto específico. No ensino de informática baseado em software livre, os alunos devem
aprender os conceitos envolvidos em um editor de textos ou de planilhas, por exemplo.

O Rio Grande do Sul é pioneiro no uso de software livre na administração e no sistema público de
ensino. As escolas participantes do programa “Rede Escolar Livre” tiveram como base o uso do
Linux em seus servidores. O projeto abrange também 10 núcleos de tecnologia educacional
voltados para a capacitação de professores. A "Rede Escolar Livre" foi implementada em parceria
com o programa federal ProInfo, voltado para a aquisição de equipamentos e softwares e
capacitação de professores.

Criado em 1997, o ProInfo não tinha como um de seus objetivos o uso de software livre. Isso se
refletiu, de certa forma, em obstáculos visualizados por professores na avaliação do programa em
2002: a falta de licenças de softwares foi considerada um grande problema para o
desenvolvimento das atividades nos laboratórios de informática montados. Um obstáculo que não
existiria caso o software livre fosse adotado. Segundo dados do Departamento de Informática na
Educação a Distância do Ministério da Educação, de 1997 a 2002, o ProInfo equipou mais de 4
mil escolas com cerca de 54 mil computadores, um investimento de R$ 207 milhões entre
aquisição de equipamentos e softwares e capacitação de professores.

Outra iniciativa Federal que envolve a informatização de escolas é o Fundo de Universalização


dos Serviços de Telecomunicações (Fust). O Fust é constituído por 1% da receita das operadoras
de telefonia, de TV por assinatura e outros serviços de telecomunicações e, em 2001, parte
desses recursos foi destinada à compra de equipamentos e instalação de acesso à internet em
mais de 12 mil escolas de ensino médio no País.

Na época, a exigência de um sistema computacional proprietário na maioria das máquinas levou


à paralisação judicial do projeto por dois anos. Segundo dados da Agência Nacional de
Telecomunicações, o Fust possui, hoje, R$ 3 bilhões acumulados para a implementação de
pontos de acesso à internet em todo o País. Entre outras instituições contempladas, está prevista
a instalação de computadores em 185 mil escolas e 300 mil pontos de conexão para internet em
escolas e bibliotecas públicas. Dessa vez, a compra de softwares proprietários não está incluída.

Mão-de-obra é um dos maiores desafios

As perspectivas de adoção do software livre são promissoras. Em 2005, os projetos envolvendo o


Linux no País ultrapassaram os US$ 7 bilhões, valores divulgados pela e-Consulting. Mesmo
assim, o mercado de trabalho para os desenvolvedorescresce lentamente. . O maior desafio é a
sustentação econômica. De toda a comunidade de desenvolvedores no Brasil, apenas uma
minoria consegue sobreviver da programação, sem ferir seu compromisso com o software livre. A
maioria ainda escreve suas linhas de código nas horas vagas, trabalhando em outras atividades,
relacionadas à computação ou não.

Nesse sentido, há mobilizações de usuários não apenas do Brasil, mas de toda a América Latina
que buscam a união e troca de experiências desses profissionais. Em novembro de 2007 será
realizada, em Foz do Iguaçu (PR), a IV Conferência latino-americana de Software Livre -
Latinoware 2007, evento internacional que reúne profissionais e interessados em programas de
computador de código aberto. A Latinoware 2007 é promovida pela Itaipu Binacional e pela
Celepar (Companhia de Informática do Paraná), com o objetivo abrir espaço para discussões e
reflexões sobre a utilização do Software Livre na América Latina, aproximar desenvolvedores e
profissionais de tecnologia e, divulgar soluções de TI desenvolvidas em Software Livre. O evento
abrigará, também, a III Olimpíada de robótica latino-americana e sessões técnicas sobre Software
Livre, encontro de comunidades e o II Fórum de Software Livre do setor elétrico.
Como o software livre não é obrigatoriamente gratuito e uma vez adquirido o usuário tem o direito
de copiá-lo e distribuí-lo para quem quiser, as empresas que não têm o software como atividade
principal, como a americana IBM e a Cyclades, multinacional criada por brasileiros, estão
conseguindo prosperar com o software livre. O problema são aquelas que têm no software sua
atividade principal.

A defesa do software livre, porém, está bastante vinculada à esfera governamental em diversos
partidos. Além das administrações petistas, o governo estadual de São Paulo, do PSDB, decidiu
dar preferência a esse tipo de programas abertos, assim como a prefeitura de Solenópoles (CE),
também do PSDB. A Frente Parlamentar Mista pelo software livre tem como presidente de honra
o senador José Sarney, do PMDB.

O que conta muito em favor do Linux é a convicção dos seus defensores, pois não é fácil
competir com os milhares parceiros certificados que a Microsoft tem no Brasil. Além de sua
dominação de 95% do mercado de sistemas operacionais para computadores de mesa, a maior
empresa de software do mundo usa a organização descentralizada da comunidade de software
livre como um dos argumentos a favor do Windows e do Microsoft Office.

Um cliente precisaria integrar 17 produtos de diferentes fornecedores se fosse usar o software


livre para seu sistema de certificação. Existem diversos exemplos malsucedidos em software livre,
mas estão mais ligados à falta de profissionalismo de prestadores de serviço em software livre
que problemas de tecnologia. Afinal, grandes empresas brasileiras, como as Casas Bahia, a
Telemar e a Petrobras, já abraçaram o Linux em atividades importantes.

Lição de casa para as distribuições

Um grande desafio para o futuro do software livre vem da tendência das empresas de distribuição
do Linux adicionarem software não-livre ao GNU/Linux, em nome da conveniência e do poder.
Todos os maiores desenvolvedores de distribuição fazem isso. Só a Red Hat oferece um CD
completamente livre, mas nenhuma loja o vende; as outras empresas nem mesmo produzem tal
produto. A maioria não identifica claramente os pacotes não-livres em suas distribuições; muitas
até mesmo desenvolvem software não-livre e o adicionam ao sistema.

As pessoas justificam a adição de software não-livre com o argumento da "popularidade do


Linux", valorizando a popularidade acima da liberdade. Por vezes isso é admitido abertamente. A
adição de software não-livre ao sistema GNU/Linux ajuda a aumentar a popularidade, se
entendermos por popularidade a quantidade de pessoas utilizando parte do GNU/Linux em
conjunto com software não-livre. Mas ao mesmo tempo, essa prática estimula a comunidade a
aceitar software não-livre como algo bom, e a esquecer a meta de liberdade. Não há propósito em
ir mais rápido se não formos capazes de nos manter no caminho.

Quando o "add-on" não-livre é uma biblioteca ou ferramenta de desenvolvimento, ela pode se


tornar uma armadilha para os desenvolvedores de software livre. Quando esses escrevem
software livre que depende de um pacote não-livre, o software não pode ser parte de um sistema
completamente livre. Isso cria problemas, cujas soluções demoram anos para ficar prontas.

Se a liberação de alternativas livres fosse apenas uma questão de programação, a solução dos
problemas no futuro se tornaria mais fácil na medida em que os recursos de desenvolvimento da
comunidade aumentam. Mas há obstáculos que ameaçam tornar tudo ainda mais difícil: leis que
proíbem software livre. Conforme patentes de software se avolumam e que leis são utilizadas para
proibir o desenvolvimento de software livre para tarefas importantes, como ver um DVD ou escutar
um stream RealAudio, as dificuldades de disseminação do software livre só crescem.

Devemos salientar que nem sempre a melhor saída é o software livre, existem algumas áreas de
aplicação para as quais alternativas gratuitas ainda não têm "maturidade" suficiente para competir
com softwares comerciais. É claro que o contrário também é verdadeiro: existem situações em
que o software livre se comporta melhor do que o software comercial, ou seja, são mais robustos,
flexíveis e gerenciam melhor aplicações críticas, como no caso dos "web servers". No caso de
aplicações para fins didáticos e disseminação de conhecimentos, a utilização desses softwares
deve ser profundamente incentivada, uma vez que eles são de fácil acesso (todos os meses há
uma distribuição na banca de jornais mais próxima) e isentos de licenças comerciais.

8 - Tendências

As grandes empresas estão usando software livre por motivos que vão desde a redução de custos
de software e hardware até as facilidades que os sistemas oferecem de atualização, modificação
e customização.

Perspectivas do software livre

O software livre vem se mantendo como o tema do momento ao longo dos últimos anos. O
assunto vem ganhando força desde que o Governo Federal começou a dar sinais de que essa
seria uma de suas prioridades no campo tecnológico. Da alternativa de ausência de custo de
licenciamento como vantagem competitiva, até a liberdade de adaptar o programa conforme as
reais necessidades, passando pela menor dependência de softwares com "código fechado", as
polêmicas aumentam quase na mesma proporção da fatia de mercado desses produtos –
algumas estimativas apontam para um crescimento acima de 20% ao ano nas vendas de
servidores Linux, por exemplo.
As ações para o desenvolvimento desse mercado continuam sólidas. Uma iniciativa que promete
impulsionar esse mercado vem da USP (Universidade de São Paulo), com a criação do Centro de
Competência em Software Livre. Com previsão de ser concluído em 2008, o CCSL estará
equipado para o desenvolvimento de trabalhos de alunos da disciplina de ciência da computação,
com especificação em software livre.

As grandes empresas estão usando software livre por motivos que transitam da redução de
custos de software e hardware (a necessidade de atualização e reposição de hardware é menor
com software livre) às facilidades que os sistemas oferecem de atualização, modificação e
customização. De outro lado, as companhias do setor de informática, especialmente as que
desenvolvem software e serviços relacionados, estão cada vez mais usufruindo das vantagens
econômicas de participar de amplas redes de desenvolvimento, nas quais muitos profissionais se
integram a projetos, reduzindo prazos e ampliando as bases de competências.

Quanto aos usuários, há predomínio de grandes organizações, com destaque para os setores de
tecnologias da informação e comunicação, governo, comércio e educação. Suas principais
motivações são econômicas (diminuição de custos) e técnicas (desenvolvimento de novas
habilidades).
Existem três tipos de empresas atuando no mercado de software livre, que são pequenas e
médias, fundadas nas décadas de 80 e 90. Elas são dedicadas principalmente ao software
proprietário, mas entraram neste ramo, muitas inclusive, por exigências do mercado. Há também
pequenas e médias empresas criadas mais recentemente e que têm grande parte de suas
atividades em software livre. Além disso, as grandes empresas, algumas delas multinacionais,
que também ingressaram nesse mundo.

Empresas como Carrefour, Embrapa, Itaú, Metrô SP, Petrobras, Pão de Açúcar, Varig e Wall
Mart estão entre os casos bem-sucedidos de utilização de SL/CA, especialmente em
infra-estrutura (sistema operacional, servidores web etc) e equipamentos dedicados (PDVs e
ATMs).

Mapeamento de software livre

Para o Brasil e a América Latina, não existem iniciativas formais de mapeamento da utilização de
software livre. Existem relatos de utilização de software livre em diversos setores, porém devido
ao seu caráter pontual não se registram análises de maior amplitude.

Não obstante este fato, o Brasil tem sido pioneiro no sentido de tentar criar legislação
favorecendo o uso de software livre em preferência ao software proprietário. A cidade do Recife
foi a primeira no mundo a aprovar legislação nesse sentido, restringindo a compra de software
proprietário apenas a situações em que não existam similares livres. Essa decisão é tomada por
um conselho integrado por diversos setores da sociedade.

Também a cidade de Amparo, em São Paulo, adotou legislação semelhante.


Uma das principais motivações do crescimento dessa tendência é o desejo de se encontrar
alternativas a monopólios no mercado de software, dominado pelos Estados Unidos. Existe uma
preocupação em ter operações governamentais vitais sob a dependência de um único fornecedor
e de suas decisões.

Cenário Mundial

Na Europa, onde foram apresentados inúmeros projetos e resoluções, os governos federais e


estaduais investiram no tema. Na França, o parlamento encaminhou uma proposta de lei tratando
da questão da disponibilidade do código-fonte de programas utilizados pelo governo e da adoção
de padrões abertos. Foi apresentada uma proposta que determina, com algumas exceções, o uso
de software livre em todos os órgãos governamentais e empresas estatais. Em 2006, o ministro
francês da Economia, Finanças e Indústria, Thierry Breton anunciou a decisão do governo em
transformar a região próxima à capital em um centro de excelência para o desenvolvimento de
software livre, com o objetivo de desenvolver a indústria de software de código aberto.

Na Alemanha, o governo patrocinou iniciativas do "German Unix Users Group" (GUUG), para
adaptar o software de criptografia GnuPG, para uso de órgãos governamentais. Esse projeto
menciona as restrições à exportação de software de criptografia dos Estados Unidos.

A União Européia solicitou recomendações ao grupo de trabalho sobre software livre, o qual no
último ano levantou a possibilidade de que seja adotada pela União Européia "sempre que
possível", mas não chegou a implementar de fato essa recomendação. Na Espanha, o parlamento
das Ilhas Canárias recentemente aprovou uma resolução multipartidária recomendando o uso de
software livre pelo governo.

Na Ásia, diversos governos têm agido de forma diversa, não propondo legislação específica,
porém tomando medidas visando reduzir o uso de software proprietário. Na Coréia do Sul, em
1997, as universidades públicas, em dificuldades devido à diminuição em seu orçamento, se viram
impossibilitadas de adquirir softwares. Em resposta a essas restrições, o Ministério da Informação
e Comunicação implementou programas de treinamento para administração de sistemas em
GNU/Linux. Na Índia, o estado de Tamil Nadu decidiu que a partir de 2007, todos os projetos de TI
serão desenvolvidos como software livre, tendo em vista fatores como o menor custo do sistema,
facilidade de operação e segurança. O Estado migrou todos os sistemas da Microsoft que
rodavam nos servidores e desktops por software livre, incluindo Linux.

Na China, o governo encoraja o uso da distribuição Red Flag de forma a tentar reduzir a
dependência de softwares de empresas americanas, particularmente da Microsoft. O México está
patrocinando o projeto Red Scolar, que tem por objetivo instalar sistemas GNU/Linux em 140.000
laboratórios de escolas primárias e secundárias por todo o país e prover seus alunos de acesso a
correio eletrônico, Internet, processadores de texto e planilhas eletrônicas.

Indicadores mundiais

Esses indicadores mundiais refletem o crescimento e a confiabilidade de sistemas livres,


atestados por diversas pesquisas, que indicam a liderança ou a vice-liderança deles em diversos
nichos de mercado. Em qualquer análise de emprego de software livre, o exemplo mais marcante
de utilização bem-sucedida é a internet pública. Correio eletrônico, tradução de números (DNS),
roteamento e diversos aplicativos de infra-estrutura da internet, em sua maior parte sempre foram
baseados em software livre.

No panorama mundial, no mercado de servidores, sistemas baseados em software livre como


GNU/Linux e FreeBSD são herdeiros de uma tradição iniciada com a disseminação dos primeiros
sistemas Unix, criado pela AT&T. Ao adotarem a filosofia de sistemas Unix e oferecerem uma
qualidade e confiabilidade cada vez maior, esses sistemas passaram a assumir um papel
importante, tanto no mercado de serviços Web, como também no mercado de soluções
corporativas, onde são vistos com menor desconfiança atualmente.

Sistemas GNU/Linux ocupam também a primeira posição como hospedeiros de serviços web,
também conduzido pela empresa NetCraft. Na Europa e em sítios educacionais, segundo dados
de uma iniciativa denominada "The Internet Operating System Counter", a liderança de emprego
de GNU/Linux é incontestável.

As principais razões para esse crescimento são facilidade de instalação, sistemas de arquivos
com log e interfaces mais amigáveis para o usuário . A área de atividade onde o emprego de
software livre será mais intenso é a de aplicações internet.

Tendências de Mercado

A chegada do software livre provocou diversas mudanças de paradigma. Entre elas, a


remuneração principal de empresas produtoras de software era a venda de licenças; no novo
modelo, a remuneração é realizada pela prestação de serviços (suporte, configurações, ajustes,
adaptações etc.) aos usuários de software livre. A mais forte tendência para a sua adoção é
devido às suas qualidades técnicas, pelas corporações e pelos governos, conforme os exemplos
da Venezuela, Brasil, Singapura, Taiwan, Alemanha, China, Índia, Reino Unido, EUA e França.

Quanto ao mercado potencial, além do governo já ter estabelecido sua política para o uso de
software livre, 21% das empresas pensam em adotá-lo nos próximos anos, principalmente em
desktop corporativos. O sistema já está presente em 41% das empresas em alguma aplicação,
seja em firewalls, roteadores ou servidores , o que traz aumento da demanda por capacitação,
manutenção e adaptação, além dos serviços de migração de código para outras linguagens para
tornar um sistema utilizável em Linux.

Existe a demanda concreta de projetos de migração acontecendo. O que o mercado ainda se


pergunta é se há a capacitação de empresas para tal função e o que elas oferecem geralmente é
a consultoria nessa área. As grandes corporações que desejam migrar para o software livre
procuram algumas empresas experientes em soluções baseadas em código aberto. Geralmente,
as corporações definem uma equipe interna para implementar esse plano.

A migração é complexa: envolve planejamento dos softwares necessários à corporação,


levantamento de softwares já existentes que possam suprir a necessidade dos atuais e limitações
em relação a algumas tecnologias proprietárias. Portanto, a decisão de migrar é válida quando o
custo da migração for inferior ao de se manter os sistemas proprietários, ou se o retorno esperado
for melhor com o uso de software livre.

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