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Reportagens

@@imagem_topo| Certificação voluntária


Entidade lança certificação de instalações elétricas. Saiba quanto custa e
como funciona o processo

A busca para agregar valor às


construções residenciais e
comerciais passa por diversos
itens, como localização e a
existência de serviços nas
proximidades, e agora ganha mais
um ponto a ser observado: a
certificação das instalações
elétricas. A inspeção e a
certificação dessas instalações
ainda não são obrigatórias no
Brasil, mas a Certiel Brasil (Associação Brasileira de Certificação de Instalações
Elétricas) lançou, em maio de 2009, a certificação voluntária, inspirada na
metodologia compulsória já existente em Portugal. "Em países em que a certificação
é compulsória, a autorização de uso do imóvel e a ligação da energia elétrica, por
exemplo, só se tornam disponíveis após a certificação da instalação, entre outros
requisitos legais", explica Eduardo Daniel, superintendente da Certiel Brasil.

A certificação concedida pela associação atesta que a instalação elétrica


inspecionada segue a normalização do setor elétrico brasileiro e é composta apenas
de produtos com selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial), quando há certificação aplicável ao equipamento. Assim,
garante a segurança elétrica tanto para os usuários da construção quanto para os
equipamentos eletroeletrônicos. Dessa forma, a construtora pode usar a certificação
como diferencial de venda. Além disso, tem maior garantia de que não haverá
necessidade de intervir na instalação após a sua entrega devido a não
conformidades registradas em uso. "Possíveis falhas ficam evidentes durante o
processo de certificação. Para a construtora, em particular, a certificação significa
também uma forma de avaliar o desempenho de seus instaladores contratados e da
qualidade da mão de obra", completa Eduardo Daniel.

Como funciona
O processo de certificação tem início com o preenchimento de um pequeno
formulário no site da associação (www.certielbrasil.com.br) com os dados básicos da
instalação. Um representante da Certiel entrará em contato informando a proposta e
o orçamento para a certificação da instalação em questão. As avaliações são
compostas de inspeção visual, ensaios e medições. Se a carga da instalação for
inferior a 12 kW, a inspeção é agendada e efetuada pelo organismo de inspeção. Se
a instalação for aprovada, segue diretamente para a emissão do certificado. Em
caso de haver não conformidades, a instalação é corrigida e novamente avaliada
antes da certificação. Quando a instalação tiver carga superior a 12 kW, será
necessária uma análise do projeto antes da avaliação dos equipamentos. O
certificado é emitido após a aprovação do projeto e da instalação.

A norma utilizada para a inspeção é a ABNT NBR 5410, que trata de instalações
elétricas de baixa tensão - considerada a "norma-mãe" do setor elétrico - e possui
em seu sétimo capítulo os procedimentos para verificação final das instalações. A
Certiel faz a mediação para a obtenção da certificação entre o solicitante e os
organismos de inspeção acreditados pelo Inmetro, que têm a responsabilidade de
checar se o projeto e a instalação estão em conformidade com os requisitos da
norma. "Atualmente temos dois organismos de inspeção envolvidos com as
certificações da Certiel Brasil e seus processos de acreditação estão em
andamento.

Apesar de não possuir organismos contratados em todo o País, a associação já


possui propostas de certificação de instalações em vários Estados do Brasil e tem
condições de atendê-las", conta Eduardo Daniel que, por enquanto, foca os esforços
da associação nas instalações paulistas e curitibanas, mas pretende ampliar a
atuação da Certiel para todo o território nacional. Dentre os pedidos de certificação,
boa parte é de construtoras, mas por não terem sido concluídos, ainda não podem
ser divulgados. "Como o interessado pode desistir a qualquer momento por não
interesse ou por resultado inadequado (não conformidade de suas instalações),
resguardamos a confidencialidade. Por isso só divulgamos os nomes dos
certificados já emitidos", explica o superintendente da associação.

Custos
O custo para a certificação dependerá das características da instalação, de sua
complexidade e do tempo necessário para a realização das fases de análise de
projeto e da inspeção visual e dos ensaios. Por exemplo, para um edifício
residencial, o valor por apartamento varia, em função de sua área útil, de R$ 50,00 a
R$ 75,00, considerando a inspeção nas instalações gerais do edifício, áreas comuns
e apartamentos, segundo as condições do documento de acreditação do Inmetro.
Isso significa que para um edifício residencial com 100 apartamentos, por exemplo,
o custo total para a certificação pode variar de R$ 5.000 a R$ 7.500, dependendo da
área útil.

Os prazos dependerão da complexidade da instalação e do resultado das


verificações. Do que depende da associação, o início do processo de verificação do
projeto e da instalação em si pode ser feito em dois dias, desde que eles estejam
disponíveis. A designação do organismo de inspeção e o agendamento da
averiguação podem ser feitos em paralelo, e sua realização - estando a instalação e
o responsável técnico da construtora disponíveis - leva mais três dias. O término do
processo dependerá dos resultados encontrados. Caso todas as instalações estejam
em conformidade, o relatório do organismo e o certificado da instalação são emitidos
rapidamente. O certificado não tem período de validade, uma vez que ele representa
as condições encontradas no momento da realização do processo. "Temos casos
em discussão em que as alterações da instalação já certificada são comunicadas e
a continuidade do atendimento aos requisitos da NBR 5410 é verificada, emitindo-se
um novo certificado, a um custo menor", conta Eduardo Daniel.

Experiência
A Corner Engenharia foi a primeira empresa a ter suas instalações certificadas.
Foram três obras corporativas com áreas de, no mínimo, 400 m². Luiz Jacob
Piepszyk, diretor comercial da instaladora, conta que decidiu certificar as instalações
executadas por sua equipe porque acredita que todos os envolvidos podem ganhar
com o processo. "A indústria, a instaladora, o cliente e seus funcionários e o meio
ambiente só têm a ganhar com a certificação. Hoje se fala muito sobre aquecimento
global, sustentabilidade, edificações 'verdes' etc.; e uma emenda ou conexão
malfeita gera uma fuga de corrente, ou seja, um gasto maior da energia elétrica",
afirma Piepszyk.

Ele também explica que não fazia sentido ter certificação para cabeamento de
dados e voz e não ter para instalações elétricas. "Infelizmente, no Brasil a
certificação das instalações elétricas não é compulsória como na Europa, porém é
um grande diferencial técnico e comercial. Com a certificação há aumento da
segurança do meu cliente, melhoria da mão de obra de execução, redução dos
custos de retrabalho e de responsabilidade civil", completa. Piepszyk acredita que
os custos com a certificação não a tornam inviável. "A certificação não aumenta o
custo das instalações elétricas, mas faz com que todas as empresas - instaladoras
ou construtoras - executem as instalações seguindo as recomendações das normas
da ABNT, utilizando produtos homologados pelo Inmetro e de boa qualidade",
conclui.

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