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Sumário

1. Prefácio.

2. Introdução.

3. Um pouco da origem desse conhecimento.

4. Algumas considerações.

5. Perfil geral de cada temperamento.

6. Análise de suas forças.

7. Análise de suas fraquezas.

8. O antídoto supremo para nossas fraquezas.


Prefácio

Este trabalho é o resultado de minhas muitas elucubrações a respeito desse tema. Muito antes
de tomar conhecimento da existência de espécie distinta de temperamentos, sendo classificados
basicamente em quatro categorias, já me perguntava como as diferenças entre indivíduos eram tão
acentuadas, e como é espantoso o contraste entre pessoas, até mesmo de uma mesma família, onde
puderam receber o mesmo tipo de educação ou princípio.
Considero esse assunto como algo de que todos deveriam procurar conhecer a fim não só de
compreender um pouco mais sobre si mesmos, mas também ficar sabendo o por que de muitos dos
comportamentos disparatados ou extremos de seu próximo.
O estudo sobre temperamentos enriqueceu muito minha compreensão e solucionou muitas de
minhas dúvidas. Acho inclusive que deveria ser ministrado em todas as igrejas como forma de
promover uma maior cumplicidade entre os irmãos. Ressalvo, no entanto, que não faço menção,
necessariamente, desta apostila que tem em mãos, pois a mesma foi elaborada com o mais sincero
propósito de, ao menos, lhes abrir as cortinas para um assunto tão necessário à nossa edificação, não
apenas como crentes, mas até mesmo como indivíduos que vivem em comunidade onde precisa de
realização pessoal através de um convívio mais saudável.
Espero honestamente que este material possa ser tão proveitoso para os leitores quanto foi para
mim em minhas dúvidas e especulações. Depois desta experiência, passei não só a me conhecer
melhor, como aumentei o respeito por mim mesmo e pelas diferenças de meu próximo.

Carlos Alberto
Introdução

Todos nós muitas vezes nos perguntamos por que existem comportamentos tão diversos?
Uns são abertos, outros fechados, uns extrovertidos outros introvertidos. Ainda outros, são
mais rigorosos, outros mais relaxados; tímidos, conversadores, etc. Também existem ainda aqueles
que tem mais afinidade com uns do que com outros. Toda essa questão fez parte de minhas
especulações durante um bom tempo de minha incompleta juventude até que o Senhor me concedeu a
oportunidade de conhecer um bom material sobre este tema. Desta feita em diante, foram longos
períodos de estudos e pesquisa até que pudesse compenetrar-me do assunto para poder compreender
mais acuradamente as distinções de cada temperamento.
Antes de entrarmos propriamente no tema deste estudo, se faz necessário fazer uma devida
discriminação entre três coisas aparentemente iguais: Temperamento, Caráter e Personalidade. Não
podemos confundir o elemento em estudo com o que podemos chamar de derivações do mesmo.

1. Temperamento:
É o conjunto de características com as quais nascemos com elas. Características que herdamos de
nossos ancestrais e que tem relação direta com o nosso procedimento, ainda que de maneira
inconsciente ou subconsciente.

2. Caráter:
Vem a ser o nosso eu, propriamente, como resultado do nosso temperamento trabalhado pela
disciplina e pela educação que nos foram ministradas na infância, ou seja, é o nosso temperamento
“cidadanizado”; é o nosso temperamento “adestrado”.

3. Personalidade:
É a pessoa que fazemos transparecer ao mundo ou à nosso próximo, podendo ser igual, ou não, ao
nosso caráter, dependendo de quão autêntico sejamos – eis a explicação para tanta hipocrisia,
muitas vezes, em nosso meio.
Resumindo:
O temperamento é a combinação de características que nos são transmitidas hereditariamente,
o caráter é o resultado desse mesmo temperamento moldado pela educação recebida na infância, e a
personalidade é o rosto que nos parece melhor apresentar aos nossos concidadãos. Em suma, se
desenvolvemos bem o nosso caráter, podemos melhorar nossa personalidade, porém só o Espírito
Santo muda nosso temperamento.
É justamente em torno disso que gira a importância desse nosso estudo, visto que, parte de
nosso temperamento todas as nossas características degenerativas herdadas do pecado original.
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Parte I

Um pouco da origem desse conhecimento

Mais de quatrocentos anos antes de Cristo, existiu entre os filósofos gregos um brilhante
personagem médico e filósofo, que após longos períodos de estudos e observações, constatou e expôs
uma teoria de que existem basicamente quatro tipos de temperamentos no mundo, os quais ficaram
conhecidos como, Sangüíneo, Colérico, Melancólico e Fleumático. Seu nome era Hipócrates e sua
teoria jamais foi “desmentida” ou superada por qualquer psicologia moderna; apesar de alguns
equívocos de interpretação por parte do mesmo. Hipócrates acreditava na influência de quatro fluidos
orgânicos que predominavam no corpo humano. Ele observou quatro tipos de tino no comportamento
humano, que sugeriu sumariamente como os tipos: Jovial, Enérgico, Desanimado e Fleumático,
(acomodado).
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Parte II

Algumas Considerações

1. Nenhuma pessoa possui o padrão de um único temperamento. Ao apontarmos uma pessoa


como sendo de um determinado temperamento, significa que aquela pessoa possui o
determinado temperamento que lhe é predominante. Portanto, se trata de uma predominância.
Mas o que isso quer dizer?
Quer dizer que temos dois ou mais tipos de temperamentos em proporções menores. Existe
aquele que predomina, mais porções reduzidas de outros tipos. Por exemplo: Uma pessoa pode
ter 60% do temperamento Colérico mais 40% Melancólico; pode ter 40% Sangüíneo, 30%
Colérico, 20% Melancólico e 10% Fleumático, É possível se ter dois, três, ou até os quatro
tipos em diferentes porções, sendo que um deles lhe é predominante. Todavia é impossível se
ter uma idéia exata dessas proporções. Isso pode ser explicado pelo fato de termos quatro avós,
sendo possível herdar um pouco de cada um. Alguns estudiosos sugerem, com muita
propriedade, que herdamos mais características de nossos avós do que de nossos próprios
progenitores ou pais. É essa mistura justamente que nos atribui graus variados de
procedimento e a individualidade de cada pessoa, assim como existe em nosso aspecto físico
informações peculiares que nos constitui diferentes uns dos outros.

2. Nosso temperamento nos atribui forças e fraquezas. Todo temperamento tem o seu lado
brilhante; que contribui de alguma forma para realização de projetos e investimentos para os
quais a vida nos desafia, porém esse mesmo temperamento nos proporciona fraquezas naturais
que irão determinar a qualidade de vida que teremos caso não estejamos cônscios de suas
armadilhas. É lamentável vermos quantas pessoas tem suas vidas dilaceradas por não saberem
como dominar suas fraquezas naturais. Tal situação nos esclarece por que a Bíblia nos ensina
ser necessário nascer de novo. A Palavra nos exorta que, os que estão em Cristo, novas
criaturas são, as coisas velhas se passaram, eis que tudo se fez novo (II Co. 5.17).

3. Como resultado desse material, espero tornar possível à seus apreciadores, a identificação de
seu tipo de temperamento, bem como suas respectivas forças e fraquezas, e, a partir de então,
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procurar aprimorar suas forças e superar suas fraquezas com a direção do Espírito Santo, nosso
auxiliador.
Outro resultado gratificante é fazer uso desse conhecimento para poder melhorar nossa relação
com as outras pessoas, partindo do princípio de que nossas diferenças também são necessárias,
e que existem fatores que nos impulsiona a agir de maneira peculiar ou alheia ao nosso ponto
de vista. Temos um Deus soberano, acima de tudo o que se possa considerar grandioso, e eu
creio que é nessa sua infinita sabedoria que ele tem não apenas nos amado, como nos ensinado
a amar acima de nossas vãs concepções tão mesquinhas e egoístas. Nossas desavenças ocorrem
muitas vezes por estarmos ignorantes a respeito da natureza de Deus. Quando nascemos em
Cristo, biblicamente, passamos a possuir sua natureza santa, mas o fato é que muitos de nós
não nos deixamos moldar por ela. Porém esse é o propósito de Deus “até que cheguemos a
unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varões perfeitos, à medida da estatura
completa de Cristo”, (Efésios 4.13).

4. É importante frisar que procurei ser objetivo ao máximo a fim de não causar enfado para os
leitores. Tudo o que aqui foi dito, teve seu contexto reduzido ao máximo para que apenas o
que interessa fosse expressado.
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Parte III

Perfil geral de cada temperamento

1. Sangüíneo exuberante.
É cordial, eufórico, vigoroso e animado. Os sentimentos geralmente sobrepujam os pensamentos
ponderados. Suas decisões quase sempre são tomadas mais por força do entusiasmo e não por uma
atitude refletida. É eletrizante. Aquele tipo que termina se tornando centro das atenções pelo seu
inesgotável fluxo de assuntos ou conversa. Tem o dom de desarmar uma situação desconcertante e
de grande tenção. É aquele tipo “cara de pau” embora isso não signifique necessariamente
cinismo, e sim, por “sua natureza meio ingênua” e espontânea. Nunca fica sem amigos. Sua
compulsão locutiva o leva muitas vezes a falar antes de pensar, porém sua franca sinceridade
desarma qualquer situação de conflito – existe até um adágio que diz: “sangüíneo é assim mesmo”.
É um verdadeiro entusiasta. São bastante animados e geralmente são bons vendedores, oradores,
recepcionistas, representantes, etc. Um exemplo de pessoa sangüínea na Bíblia é o apóstolo Pedro.
O vemos constantemente a tomar a frente das situações indagativas de Jesus, inclusive na
afirmativa de que não o negaria até à morte; precipitou-se ao cortar a orelha do servo do sumo
sacerdote, talvez pensando que aquele seria o momento de Jesus impor sua autoridade real, e
tantas outras mais situações. O apóstolo Pedro é um belo exemplo de temperamento convertido e
orientado pelo Espírito Santo, após o verdadeiro encontro com o Mestre.

2. Colérico intransigente.
Temperamento ardente, vivaz, ativo e prático. É aquele tipo “de fibra”, decidido, autoconfiante. É
empreendedor. Ele faz o seu destino, não se deixa influenciar pelas circunstâncias! Possui um
cérebro perspicaz (agudez de espírito). Não recua ante os obstáculos, sente antes ser um desafio.
Sua emotividade parece ser a parte menos desenvolvida no seu temperamento, pois seu espírito
prático o leva a ser muito pouco ‘romântico’. Não é dado ao que se pode chamar,
‘sentimentalismo’. Possui um cérebro bem organizado e é muito dinâmico, sem, no entanto, se
deter em análises meticulosas. Tem tendência de ser dominante. É tão decidido e confiante que se
torna muito difícil para ele aceitar sugestões que o desestimule de fazer o que tem em mente.
Quando controlado pelo Espírito Santo, não há limite para o que é capaz de fazer. Muitos dos
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grandes generais e líderes mundiais foram coléricos. São líderes por natureza. O apóstolo Paulo é
um exemplo bíblico de colérico em todos os sentidos: antes, e depois.

3. Melancólico complacente.
É um tipo analítico abnegado, caprichoso e perfeccionista. Sensibilidade aguçada. É o mais rico e
sensível de todos, porém o mais vulnerável. É introvertido, concentrado, compenetrado. Não faz
amigos facilmente; mais comumente espera que se aproximem dele. Apesar dessa característica, o
melancólico é um amigo muito fiel, aliás, essa é a sua marca por excelência, e esta é uma
afirmativa em destaque em alguns livros que tratam deste assunto, concernente ao melancólico.
Sua sensibilidade natural lhe concede desenvolver o senso altruísta em altos níveis, pela sua
natureza abnegada. É aquele tipo “coração de mãe”. Tem uma excepcional capacidade analítica e
consegue fazer o diagnóstico de uma situação em seus mínimos detalhes. Possui “visão de águia”.
É dado à sacrifícios, isto é, geralmente encontra o maior significado da vida através do sacrifício
pessoal. Sua natureza melancólica o faz de alguma forma tomar prazer numa vida devotada. Essa
natureza abnegada lhe atribui propensão a genialidade, pois consegue chegar a limites profundos
de raciocínios e análises demoradas. Muitos dos gênios inventores, filósofos, músicos, teóricos,
etc, eram de temperamento melancólico. Na bíblia temos exemplos como Moisés, João o apóstolo,
Elias o profeta, Jeremias, Oséias etc.

4. Fleumático irreverente.
Calmo, frio e bem equilibrado; não se avexa! Suas emoções estão sempre sob controle e sente
muito mais suas emoções do que deixa transparecer. Uma “tábua lisa”. Personalidade fria,
reticente, quase tímida e que esconde uma combinação muito eficiente de habilidades naturais.
Atrai as pessoas pela sua expressão serena. Sua “paz de espírito” geralmente desperta algum tipo
de fascínio e exerce certa influência para seu círculo de amizades. É o tipo que “está sempre de
fora”; não é do tipo que se “envolve”. Tal característica lhe atribui a capacidade única de encontrar
algo de engraçado nos outros e nas ações deles. É um sarcástico por natureza. Por demais
espirituoso. Freqüentemente é um bom imitador. Conserva uma boa memória e costuma ser bem
organizado. É muito reservado no que diz respeito à suas particularidades. A despeito de sua
característica espirituosa, não é do tipo que deixa nascer ulceras de ressentimento em seu próximo,
pois seu estilo cômico faz parecer mais uma forma bem humorada de ver a vida. É o tipo do
indivíduo que consegue arrancar gargalhadas enquanto se mantém com naturalidade. Muitos
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destes humoristas mais destacados em nosso país, tais como, Tom Cavalcante, Chico Anísio, etc.,
possuem esse tipo de temperamento.
Poderíamos estão dizer, em poucas palavras, que o Sangüíneo é o gênero sociável, o Colérico, é o
empreendedor, o Melancólico, é o apaixonado e o Fleumático, é o expectador.
Alguém, conforme descrito num determinado livro, disse jocosamente: “O superesforçado colérico
fabrica as invenções do genial melancólico, as quais são vendidas pelo elegante sangüíneo e
desfrutadas pelo afável (bom de demanda) fleumático”.
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Parte IV

Análise de suas forças

Depois de termos em mente as devidas noções e distinções de cada um dos tipos de


temperamentos, e depois de uma boa compreensão de suas diferenças específicas, passemos agora
a parte seguinte que diz respeito às suas respectivas forças.

1. Sangüíneo.
Grande apreciador da vida. “Curiosidade infantil”. O tédio não faz parte de sua constituição;
raramente isso acontece, devido a sua extraordinária capacidade de viver bem o presente e
interessar-se por tudo que se torne mais agradável do que suas intempéries. Tem o dom de viver o
presente, e pouco se incomoda com incertezas do futuro nem tristezas do passado. É otimista. De
ânimo contagiante. É amistoso e geralmente se dá bem com a maioria das pessoas. Por natureza é
um sujeito sociável. Atencioso e prestativo. Não é do tipo que guarda rancores, embora sua
natureza atirada, às vezes, os provoque em outros. Esquece o passado com facilidade, não sendo
suscetível a frustrações duradouras. Sabe aproveitar a vida ao máximo a despeito de seus
dissabores.

2. Colérico.
Autodisciplinado. É corajoso e bastante agressivo ao ir de encontro à seus objetivos. Força de
vontade invejável. Determinado. Sabe planejar bem cada etapa de seus empreendimentos. Muito
dificilmente não alcança seus ideais devido a seu espírito aventureiro e sua persistência. É prático
e menos visionário. Geralmente de boa intuição devido à seu senso de segurança. É líder por
natureza justamente por ser bom de comando; transpira segurança. Não se esmorece diante de
obstáculos, antes os encara como desafio. Ao contrário do melancólico, não é dado à análises
profundas, mas sua firmeza e ousadia quase sempre o encaminha ao sucesso de suas coordenadas.
É o tipo de pessoa ideal para trabalhar numa equipe de ambulância onde cada segundo é vital em
casos de atendimentos de emergência. Sua praticidade o faz ser mais intuitivo do que analítico.

3. Melancólico.
“Possui decididamente a mais rica e mais sensível natureza de todos os temperamentos” - assim
descreveu um determinado autor. Talentoso em artes e criatividades. Raciocínio coerente e
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concentrado. Propenso a genialidade. Diz-se que a percentagem de gênios entre os melancólicos é


bem mais alta do que em qualquer dos outros tipos de temperamentos, estatisticamente falando. É
dado a meditações ponderadas através de suas emoções. Nisto está uma acentuada diferença entre
a sensibilidade do sangüíneo e a do melancólico; ambos são emocionalmente sensíveis sendo este
mais tempestivo em relação aquele. Um, por força de momento, enquanto o outro, por estilo de
vida. Tal característica do melancólico freqüentemente o impulsiona o desenvolver criatividades.
É perfeccionista e esse traço de sua índole geralmente o leva a superar os padrões de qualidade.
Bom de perícia. Amigo fiel, pois sua sensibilidade lhe permite valorizar os pormenores da
consciência. Abnegado; geralmente paga o preço de sua responsabilidade mesmo que isso
implique em prejuízo pessoal. Costuma ser preciso.

4. Fleumático.
Bom humor, quase sempre imperturbável. Espirituoso. Essa característica comumente o preserva
de desgastes emocionais ou nervosos. Está sempre seguro das circunstâncias. Não se permite
atazanar por pressões nervosas. Espirituosidade é o seu traço característico. Consegue encontrar
algo de engraçado nas situações mais singelas. Seu humor costuma ser legítimo e contagiante. Em
certo sentido, está sempre de fora dos acontecimentos, essa qualidade aliada a sua disposição
morosa ou folgada, lhe permite ser um bom ouvinte e um admirável conselheiro. Temperamentos
como o colérico e o sangüíneo não costumam ser pacientes o suficiente para permanecer sentados
durante muito tempo, ouvindo problemas alheios; é uma situação muito penosa para suas
naturezas vivazes. É muito objetivo, devido a sua capacidade de não se envolver com seu
interlocutor. Possui boa capacidade de discrição (capacidade de guardar segredo), portanto, digno
de confiança, embora não se envolva em demasia com o próximo como acontece com o
melancólico. Ambos possuem a mesma característica de lealdade, com o, porém de ser o
fleumático muito mais reservado. Bem eficiente devido a sua capacidade de não se afobar
facilmente.
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Parte V

Análise de suas fraquezas.

Tão importante quanto conhecer nossas forças, é conhecer nossas fraquezas. Como já foi dito
anteriormente, nosso temperamento nos atribui tanto forças quanto fraquezas, qualidades e
defeitos, por isso mesmo, creio que para nós, que trilhamos nos santos caminhos de Deus, se faz
ainda mais interessante conhecer nossas fraquezas, pois que o inimigo de nossas almas as conhece,
muitas vezes, melhor do que nós mesmos, e sem sombra de dúvida, se aproveitará delas para
tentar nos destruir. O indivíduo regenerado quando é dirigido pelo Santo Espírito, se torna em
bênção, tanto pra si mesmo, quanto para os outros, porém quando anda por seus próprios caminhos
ou parecer de seus olhos, estará correndo sérios riscos, visto ter um inimigo que não dorme nem
cessa de maquinar maldades, especialmente, para os incautos.
Analisemos agora um pouco de suas respectivas fraquezas.

1. Sangüíneo.
Toda essa natureza ativada do sangüíneo faz, com muita freqüência, com que seja um sujeito
inquieto e turbulento. Tal inquietude, não raro, o desqualifica para ser um bom estudante.
Freqüentemente é pouco prático e desorganizado. E tudo isso, para piorar, acaba afetando sua vida
devocional no que diz respeito a disposição para leitura bíblica e mordomia de seu tempo. Embora
isso seja comum a todas os tipos de temperamentos, nenhum é tão aguçado quanto o sangüíneo.
Sua natureza afoita o leva a ser desconcentrado. Quase sempre indisciplinado. Fala muito e
pondera menos. “Fogo de palha”; é o tipo “pilhoso” e quase sempre nunca termina o que começa.
Ânimo precipitado. Relapso; o tipo que costuma atrasar-se, não necessariamente por comodismo,
como acontece ao fleumático, mas por não ser mordomo de seu tempo. É emocionalmente
instável; não se pode confiar em suas promessas ou declaração pois é aquele tipo “de momento”.
Ama e esquece com muita facilidade. Sua habilidade em viver no presente torna-se algo perigoso
pois o fato de possuir vontade fraca lhe faz uma presa fácil diante de tentações imediatas. A
lascívia o persegue. Abstinência e autocontrole são qualidades pouco cultivadas. Como crente,
pode se arrepender várias vezes do mesmo pecado.
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2. Colérico.
Esse possui algumas fraquezas graves. Tais como, insensibilidade, ira, impetuosidade; ou seja,
impulso forte e agressivo, e auto-suficiência. Pouco senso de compaixão devido a seu aguçado
senso de realismo. Pode ser violento, pois a mesma energia que o estimula em seus objetivos é a
mesma que o torna agressivo quando ferem seu ego. Muita da energia que o mobiliza é gerada
pela sua disposição violenta. É muito vingativo; não perderá a primeira oportunidade para revidar
a ofensa que lhe causaram. Requintes de crueldade. Prepotente e autoritário. Oportunismo faz
parte, na conquista de seus objetivos. Muitos dos criminosos mais depravados do mundo e muitos
ditadores, tais como Adolf Hitler, têm sido coléricos. É obstinado e intransigente. Seu orgulho é
acentuado e dificilmente pede desculpas a alguém. Sua fúria o torna tirânico. A forte tendência em
ralação a independência e à autoconfiança o faz um indivíduo auto-eficiente. Seu temperamento
forte pode torna-lo um indivíduo solitário caso não seja policiada sua impetuosidade. Seus
seguidores ou subordinados se submetem muito mais por uma questão de medo do que de respeito.
Espiritualmente falando é difícil para o colérico compreender as palavras de Jesus quando disse:
“sem mim nada podeis fazer”. Leva-se um bom tempo até que de fato aprenda a depender de
Deus. Pode ser a típica semente que caiu entre espinhos... De fato este é o temperamento mais
rigoroso.

3. Melancólico.
É egocêntrico. Em nenhum outro temperamento essa característica é tão agravante quanto no
melancólico. Facilmente mutilado por suas próprias incertezas. É por natureza inclinado a espécie
de auto-análise complacente e isso o leva a mórbidas condições mentais. Não raro lhe paralisa toda
sua energia e vontade. Esta auto-análise não somente é inadequada como nosciva. Tudo que o
atinge pode inflama-lo e leva-lo a decepções consecutivas. Esta característica egocêntrica do
melancólico, se não corrigida, pode arruinar-lhe, realmente, toda a existência. Complexos de
inferioridade, rejeição, perseguição, etc., lhe permeiam os pensamentos com muita facilidade. Esse
egocentrismo aliado a sua natureza sensível faz com que ele se sinta ofendido ou insultado muito
facilmente. Nenhum outro tipo de temperamento pode tão facilmente se tornar um hipocondríaco.
Possui seus sentimentos literalmente à flor da pele. É propenso à depressão. É desconfiado.
Devido a sua capacidade analítica e perfeccionismo, tende a ser pessimista; isso comumente faz
dele uma pessoa tímida, insegura e temerosa. Projetam alto nível de padrão qualitativo de relação
interpessoal tomando como base sua própria natureza ‘fidedigna’, ou seja, é idealizador, e por
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conseqüência, não são poucas as vezes que sofre desilusões. Torna-se difícil para o melancólico,
‘romantizador’, se deparar com a realidade de um mundo tão conspurcado, com tantas traições,
interesses egoístas, materialismo, indiferenças, frieza, e tantas mais desventuras. Não aprendendo
a conviver com suas agruras, o melancólico normalmente apresenta uma expressão tristonha e uma
constituição abatida. Não obstante este tipo de temperamento possuir maiores forças e
possibilidades traz consigo o que parece ser o maior número de fraquezas em potencial.

4. Fleumático.
Sua pior fraqueza é possuir a tendência a ser moroso e indolente. Sua natureza é inclinada à
acomodação. De pouca motivação, e isso o envereda a ser mais um expectador da vida do que
participante diligente. Com freqüência é um observador desinteressado; “mais apropriado para
supervisor do que para gerente”. Quando ofendido, não deixa transparecer sua zanga, mas pode
estar certo de que ele se utilizará de sua habilidade espirituosa, e através de atitudes e gracejos,
saberá, como ninguém, magoar a auto-estima de seu ofensor. É do tipo ardiloso. Especialista em
pirraças, especialmente pela sua frieza. Para fazer uma separação entre a frieza do colérico e a do
fleumático, podemos dizer que a do primeiro é mais ativa enquanto a do segundo e mais passiva.
Essa mesma característica lhe agrava ainda mais todas as tendências egoístas. Com o passar do
tempo cria-se uma couraça protetora em volta de seu orgulho pessoal fazendo com que se torne
um indivíduo obstinado. Por traz de toda sua indiferença e tranqüilidade, se esconde uma pessoa
indecisa e de pouca agressividade na vida. Sua tendência morosa ao longo da vida e suas
preferências por caminhos mais fáceis não lhe permitiram desenvolver suas aptidões em níveis
desejáveis ou satisfatórios. Também é do tipo que “não perde nada pra ninguém”; “elas por elas”.
Não “trabalha de graça”; em assuntos de cooperação, “sai de fininho”. No campo emocional,
sempre tem reservas, nunca se deixa envolver acima do que lhe pareça ser seus limites. Não se
martiriza.
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Temperamentos

Características Gerais
Sangüíneo Colérico Melancólico Fleumático
Afoito; Eufórico Empreendedor Analítico Calmo
Extrovertido Aventureiro Perfeccionista Frio
Conversador Vivaz Compenetrado Bem equilibrado
Excêntrico Persistente Sensível Sarcástico
Animado Ativo Abnegado Expectador
Jovial Otimista Reflexivo
Perspicaz Sentimental
Enérgico

Força do Temperamento

Sangüíneo Colérico Melancólico Fleumático


Apreciador Força de vontade Sensível Espirituoso
Otimista Firmeza Perfeccionista Digno de confiança
Amistoso Determinação Analítico Prático
Compassivo Praticidade Amigo fiel Eficiência
Vive bem o presente Líder nato Modéstia Tranqüilo
Otimista Dedicação

Fraquezas do Temperamento
Sangüíneo Colérico Melancólico Fleumático
Turbulento Violento Egocêntrico Moroso e indolente
Ânimo curto Cruel Pessimista Provocador
Egoísmo Impetuoso Temperamental Obstinado
Volúvel Auto-eficiente Pouco ânimo Indeciso
Inconseqüente Dominador Inflamável Gozador
Oportunista Relaxado

O Dr. Hallesby definiu os defeitos dos quatros temperamentos em suas relações com as
outras pessoas na seguinte declaração: “O tipo sangüíneo gosta das pessoas e depois as esquece.
As pessoas aborrecem o melancólico mas ele segue seu caminho e as deixa seguir os delas. O
colérico utiliza as pessoas para seu benefício próprio; mais tarde, ele as ignora. O fleumático
analisa as pessoas com indiferença desdenhosa”.
É realmente um quadro desanimador todas essas referências negativas sobre cada tipo de
temperamento aqui destacado. Temperamento é a base para nosso caráter e personalidade, como
foi esclarecido no início, e é justamente essa questão que precisa ser trabalhada em nossas vidas.
Nossa velha natureza nos foi substituída no momento em que decidimos aceitar a proposta de
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Deus para nossas vidas (Mateus 11.28-30). Não precisamos temer, pois que a bendita palavra de
Deus está em nossas mãos, e é ela mesma que nos assegura que “rejeitando toda a imundícia e
superfluidade de malícia, recebendo com mansidão a palavra em nós enxertada a qual salvará as
nossas almas” (Tiago 1.21). No lugar de espinhos e abrolhos – nossa velha natureza – agora nos é
possível dar frutos, e frutos a trinta, sessenta, cem... (Marcos 4.20).
Sabe-se que a causa primária de todos os conflitos e desavenças entre as pessoas no mundo
são o egoísmo. Alguém disse que ele é “a essência do pecado”. Todos os temperamentos
naturalmente dispõem desse mal, entretanto, é bom ressaltar que os temperamentos sangüíneos e
coléricos têm a tendência extrovertida e seu problema predominante é a ira. Já os temperamentos
melancólico e fleumático tendem a ser introspectivos e seu problema predominante é o medo. Os
primeiros são mais explosivos, e os segundos, reprimentes.
Mesmo tendo feito uma exposição tão resumida; na verdade condensada, espero ter trazido
noções claras de cada um dos respectivos temperamentos básicos com suas virtudes e defeitos –
friso que todas as informações aqui contidas são abalizadas por informações e pesquisas de
pessoas competentes no ramo da psicologia e ciências humanas.
Próximo passo agora é saber o que nos diz a Bíblia a respeito de nossas fraquezas ingênitas
e qual o antídoto que a providência divina adotou para nós além daquela homologada no Calvário.
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Parte VI

O antídoto supremo para nossas fraquezas

Todo homem ao nascer, traz consigo uma natureza humana a qual a Bíblia também chama
de terrena (I Co. 15.47). Ao rebelar-se contra Deus, Adão acabou atraindo para si, maldição. Adão
incorreu praticamente no mesmo erro de satanás – mau uso de seu arbítrio, fracassou em sua
responsabilidade de governo (diz a Bíblia que o poder pertence a Deus). Em termos práticos,
passou para o lado inimigo, e como conseqüência, tornou-se maldito.
A Bíblia nos diz que a terra passaria agora a produzir espinhos, cardos e abrolhos; ao que
parece o relevo da terra sofreu sérias alterações. Ao pecar, o homem trouxe contaminação não
apenas para si mesmo como para toda criação. Vale apenas ressaltar, só para se ter uma idéia, que
os cientistas dizem que o homem não chega a utilizar 15% de toda sua capacidade mental. Nossa
mente é um mistério maravilhoso, fascinante. Creio que muitas de nossas potencialidades nos
foram obstruídas com a presença do pecado.
Uma outra referência aos efeitos maléficos do pecado é aquela comprovada pela própria
medicina e evidenciada nas recomendações médicas, de que devemos nos livrar de qualquer tipo
de mágoa e rancores, pois tais sentimentos enraizados provocam o que se chama de doenças
psicossomáticas, implicando, inclusive, na redução de nosso tempo de vida. “Rancores são como
ácidos corrosivos em qualquer coração”.
Com isso podemos deduzir que, de fato, somente ao conhecer a verdade é que somos
libertos e passamos a ter vida (Jo. 8.32; Jo. 11.25,26). Somente depois de um verdadeiro encontro
com o nosso Criador, Nosso acesso à sua gloriosa presença só nos é possível pela sua infinita
misericórdia ao redimir nossos pecados na Cruz do Calvário. Outrora, deixamos de produzir os
nossos frutos, ao sermos arrancados da Videira Verdadeira (Jo.15.1), mas a providência divina nos
enxertou novamente pela sua palavra, como nos afirma Tiago em sua carta, no capítulo 1º e verso
21. A validade desse enxerto depende de nossa observância ao que a própria palavra nos orienta –
todos sabemos que a leitura bíblica deve fazer parte da nossa rotina.
Tudo da parte de Deus já foi feito em nosso favor, a parte que resta, depende basicamente
de nós. Precisamos compreender nossa condição, rever nossos conceitos, reformular a nossa vida.
Podemos nos tornar nossos próprios inimigos se deixarmos de depender de Deus e nos
contentarmos com uma vida conduzida pelo acaso.
Nossas inclinações más são o resultado de uma natureza que nos foi transmitida pelo
“nosso pai Adão”, aquele por quem o pecado entrou no mundo, porém sabemos, por meio da
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palavra, que de Cristo, o segundo Adão, herdamos uma outra natureza; a primeira é corrupta, a
segunda, justa e santa (I Co.15.22 e 45; Rm.5.12 e 14). Ao aceitarmos Cristo, nascemos do
Espírito (Jo.3.5,6), e por sua vez, passamos a ser habitado por ele (Rm.8.11), que como
conseqüência, nos habilitamos para uma vida santa.
O caráter de Deus deve ser o nosso caráter.
No início de seu ministério, o Senhor Jesus fez o seu célebre discurso conhecido como o
Sermão da Montanha (Mt.5-7); dizem alguns, e eu creio, que todos aqueles ensinos contidos
nestes capítulos de Mateus, proferidos por Jesus, era na verdade uma categórica exposição de seu
próprio caráter.
Nosso temperamento precisa ser lapidado ou reconstituído, não mais em termos humanos,
até que possamos alcançar o tipo de caráter que Deus espera de nós.
Nossas fraquezas de temperamento correspondem à natureza caída pela qual sofreu toda
humanidade; e finalmente chegamos ao ponto final desse nosso entendimento: A solução para que
possamos vencer nossas deficiências naturais encontra resposta na exortação do apóstolo Paulo,
inspirado pelo Espírito Santo, à Igreja da Galácia: “Andai em espírito e não cumprireis as obras da
carne, (Gl.5.16)”. É a vivência do fruto do Espírito (Gl.5.22). São nove ingredientes, estimulados
pelo próprio Espírito em nós, que quando vivenciados, passam a ser, literalmente, o antídoto
contra nossas fraquezas.
Toda formação de nosso caráter espiritual depende da prática dessas virtudes em nossas
vidas. São elas que irão ampliar as nossas forças e sobrepujar nossas fraquezas, qualificando-nos
para manifestar o caráter divino.
“Longânimidade para o precipitado sangüíneo, paciência para o intolerante colérico,
alegria para a profunda tristeza do melancólico, a verdadeira paz para o dissimulado fleumático
em tempos de crise”.
Muitas outras coisas ainda poderiam ser ditas aqui com relação a isso, mas o mais
importante, é a compreensão desta importante mensagem de Deus para nós.
Se realmente praticássemos o fruto do Espírito em nosso viver diário, teríamos um caráter
perfeito. A despeito disso, temos as nossas falhas, mas com certeza, se exercitarmos a nossa fé
chagaremos cada vez mais próximo do nosso Mestre em todo seu referencial; “sede santos porque
eu sou santo”... (I Pe.1.16).

Carlos Alberto Rodrigues dos Santos, membro da Igreja Batista Lírios de Sião – Arenoso,
Salvador (BA).

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