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2 a 6 de agosto 2009
ABSTRACT: Specific studies for the evaluation and monitoring of environmental impacts associated
with irrigation are very limited in specialized literature. Thus, this work aimed to subsidize the
construction of a conceptual methodological model for assessing and monitoring environmental
impacts associated with adoption of irrigation technologies in the production of vegetable crops. The
study procedure adopted was to consult primary and secondary sources, with further consolidation and
systematization of data. The consolidated information was systematized considering four basic aspects,
as follow: i) importance and use of irrigation technologies in the production of vegetables, ii) necessity
of building a specific model of environmental assessment and monitoring, iii) legal aspects,
classification and characterization of irrigation regardless its potential environmental impact, and iv)
aspects to be considered in building a model of monitoring and evaluation of environmental impacts
associated with adoption of irrigation technologies in the production of vegetable crops. Such studies
should include an interdisciplinary approach, expanding its efforts to understand the dimensions
technological, socio-economic, health and management.
KEYWORDS: environmental impacts, vegetable crops, irrigation.
INTRODUÇÃO: Os estudos específicos de avaliação e monitoramento de impactos ambientais associados à irrigação são
escassos na literatura especializada Assim, segundo Valarini (2006), “a necessidade de pesquisas relacionadas à avaliação
de impacto ambiental dessas tecnologias agrícolas é hoje uma preocupação mundial”.Tal fato baseia-se na estimativa de
que, devido à degradação ambiental, uma quarta parte da superfície irrigada do mundo já se encontre comprometida devido
à contaminação química da água e do solo, a salinização, a redução da biodiversidade e da sustentabilidade dos
agroecossistemas, dentre outros (ALTIERI, 2003; Andrade & D’Almeida, 2006; VILIERS, M. 2002;). Não obstante, a
irrigação é reconhecida ainda como uma tecnologia fundamental para segurança e soberania alimentar de muitos povos,
sendo utilizada especialmente em regiões, secas (SMEDEMA & SHITI, 2002). Atualmente, 40% da safra mundial é
produzida em sistemas irrigados, correspondendo a uma área de 275 milhões de hectares, com 18% da área total de colheita
do planeta (FAO, 2000). No Brasil, Christófidis (2006) aponta para 3,45 milhões de hectares irrigados, correspondendo
aproximadamente a 5% da área cultivada no país, e representando 16% da produção total e 35% do valor econômico da
mesma. Dentre as culturas mais demandantes de tecnologias de irrigação estão as hortaliças, base da alimentação cotidiana
de milhões de brasileiros. É neste contexto que o presente trabalho se mostra, tendo como objetivo geral prover subsídios
para avaliação e monitoramento de impactos ambientais associados à adoção de tecnologias de irrigação na produção de
hortaliças.
Hortaliças Produção (Mil ha) Área (Mil ha) Safra (R$ Milhões)
Batata 2.951,0 136.000 1.812,41
Tomate 3.303,5 58.8 1.804,55
Cebola 1.059,0 56.6 777,74
Batata-Doce 538,5 48 345,61
Cenoura 765,0 26.0 710,26
Alho 88,5 10.5 427,17
Inhame 230,0 25.0 77,17
Melão 340,9 15.5 135,16
Melancia 1.850 82.0 1.125,41
Outras hortaliças 6.264 320,2 4.272,80
Total 17.399,1 773,2 11.488,28
Fonte: FAO-FAOSTAT, 2006.
Segundo Marouelli (2001), embora a “aspersão convencional” seja o método de irrigação mais utilizado para hortaliças no
Brasil, a mesma não deve ser considerada como ideal para todas as condições, apresentando, por diversas vezes, baixa
eficiência e elevado consumo d’água e energia. Barbosa et al (2007), afirmam que as hortaliças apresentam uma lâmina
líquida requerida de 1.565 mm/ano, superior as culturas perenes na região como: Goiaba(990 mm/ano), Manga(1.111
mm/no) e até Uva (1.378 mm/ano). Especial atenção deve-se à regulamentação legal do uso da água e a promoção de
estudos que conduzam a um processo de uso racional da mesma, vistos hoje como uma necessidade impositiva ao setor,
como se verá adiante. Neste sentido, em 8(oito) de janeiro de 1997 foi aprovada a Lei nº 9.433 que instituiu a Política
Nacional de Recursos Hídricos, na qual a água é definida como “um recurso natural limitado, dotado de valor econômico”.
Os principais objetivos dessa legislação são assegurar a atual e as futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos (MANTOVANI, 2007). O Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) através da Resolução 284/2001 dispõe sobre o licenciamento de empreendimentos de irrigação, por entender
que estes podem causar modificações. Tal resolução tipifica em categorias esses empreendimentos de acordo com a tabela
3, abaixo..
Irrigação
Até 50 50 – 100 100 – 500 500 – 1000 >1000
Localizada A A A B C
Superficial A B B C C
Em tese, uma tipologia de projetos de irrigação com base no seu potencial de dano ambiental. A classificação “A”, “B” e
“C” define as menores ou maiores exigências no processo de solicitação, sendo os empreendimentos de irrigação da
Categoria “A” os mais simples ( com menor potencial de dano) e da Categoria “C” os de maiores exigências. Contudo, essa
classificação deve ser considerada meramente como “indicadora” no desenvolvimento de estudos de impacto ambiental em
projetos de irrigação pois há diversos outros fatores que podem provocar impactos. Para Valarine & Luiz (2006), do ponto
de vista metodológico, os estudos de impacto ambiental de sistemas de produção irrigados devem considerar três tipos de
ações impactantes:1.Uso da terra, sobretudo relacionado a expansão da fronteira agrícola;2. Manejo do Solo; e 3.
Tendências sócio-econômicas. A abordagem interdisciplinar também é um requisito para o desenvolvimento dos estudos de
impacto ambiental, especialmente e sistemas irrigados. Para hortaliças a literatura em avaliação de impactos ambientais em
sistemas irrigados é escassa, embora apresentem metodologias diversas(GUIDUCCI FILHO.& ALMEIDA, 2006;
SILVEIRA, 2004). Todavia, alguns elementos devem ser considerados para o desenvolvimento dessas pesquisas, tais como:
salinização, contaminação dos recursos hídricos, modificação do meio ambiente, problemas de saúde e consumo exagerado
de água: Além desses aspectos um sistema de monitoramento e avaliação de impacto ambiental associado a adoção de
tecnologia de irrigação na produção de hortaliças deve conter mecanismos que visem captar a participação e controle social
para uma gestão mais adequada dos conflitos socioambientais gerados no processo de implantação desse tipo de projeto.
REFERÊNCIAS
ALTIERI, M. A.; SILVA, E. N.; NICHOLS, C. I. O papel da biodiversidade no manejo de pragas. São Paulo,
SP: Editora Holos, 2003. 226 p.
BARBOSA, F.C.; TEIXEIRA, A.D.S.; GONDIM, R.S. Necessidades de irrigação das culturas na bacia
do Baixo Jaguaribe. In: Gestão sustentável no Baixo Jaguaribe, Ceará. Editores Técnicos, Morsyleide
de Freitas Rosa, Rubens Sonsol Gondim, Maria Cléa de Brito Figueiredo. – Fortaliza: Embrapa
Agroindústria Tropical, 2006.
GUDUCCI. FILHO, E. ; ALMEIDA, V. E. S. ; Vilela, N.J. . Análise de impacto 2006: manejo racional de irrigação em
tomateiro para processamento industrial. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2007.. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2007
(Serie documentos)
SMEDEMA,L.K.; SHIATI, K.Irrigation and salinity: a perpective reviem of the salinity hazrds of
irrigation development in the arid zone. Irrigation and Drainage Systems, v. 16, n.2, p. 161-174, 2002.
VALARINE, P.J. & LUIZ, A.J.B. Implantação de tecnologia de irrigação: potencial de risco e
justificativa de demanda. In: Impacto ambiental d agricultura irrigada em Guairá – SP.Jguariúna, Embrapa
Meio Ambiente, 2006. 173p.