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A redacção

   Foi numa tarde ensopada de Janeiro, quando as vidraças da janela choravam por causa da chuva e os

pátios se despediam das bolas, que a professora anunciou o tema da redacção: "A minha turma". Nessa

altura Romeu pensou: " É canja! Está no papo!" E sorriu. A professora viu-o sorrir para o tecto e esteve

quase, quase, para lhe perguntar se andava a namorar alguma lâmpada, mas não perguntou. E ainda

bem, pois o miúdo sorria de pura felicidade. Pudera! Precisava tanto de lhe demonstrar que já se

exprimia melhor por escrito! Quinze dias antes, quase no fim da aula, e como por acaso, ela dissera-lhe:

   - Romeu, a tua cabeça parece um sótão desarrumado! Ordena as ideias. Escreve mais e melhor.

   E pronto, ali estava a sua oportunidade. Sim, que sobre a turma, podia ele falar horas a fio.

Lucília Bonacho
O Futuro Está a Estudar

I. Responde às perguntas com frases completas e palavras tuas.

1. Quem escreveu este texto?

2. De que obra foi tirado este texto?

3. O texto fala-nos de duas personagens. Quem são elas?

4. Como achas que estava o tempo nessa tarde?

5. Explica o sentido da expressão: " as vidraças da escola choravam".

6. "É canja!Está no papo!" Que queria o Romeu dizer com estas expressões?

7. Por que razão a professora esteve quase a perguntar-lhe se andava a namorar alguma lâmpada?

8. Indica qual a opinião que a  professora tinha do seu aluno Romeu.


9. Transcreve uma frase do texto que demonstre que o Romeu tinha muitas coisas para dizer sobre os

seus colegas.

II

1. Quantos parágrafos tem o texto?

2. Quantos períodos tem o segundo parágrafo?

3. Quais os sinais gráficos que encontras no segundo parágrafo?

4. Quais os sinais de pontuação que encontras no segundo parágrafo?

5. Modifica o sentido das frases, alterando e / ou introduzindo pontuação.

5.1. Não estou interessado nas aulas.

5.2. O João não estava doente. Ainda ontem fui visitá-lo. 

6. Escreve por ordem alfabética as seguintes palavras:

professora / Romeu / canja / papo / pudera

João e a Matemática

   João saiu da escola furioso. Mais uma negativa a matemática! Ia ficar de castigo
e, ainda por cima, lhe cortavam a semanada.
   - Para que serve a matemática? – Interrogava-se ele. – Os cães, os gatos, os
elefantes vivem sem fazer contas. Antes de inventarem a escolaridade obrigatória a
humanidade era feliz sem essa tortura. Pior que a matemática, só as injecções da
Tia Engrácia.
   Deu um pontapé numa pedra e logo, por azar tráz!!!! A maldita foi acertar no
vidro da drogaria. Plim…plim…plim desfez-se em cacos.
   João largou a correr, atrás dele o droguista, atrás os colegas a rir, numa chacota.
   - Que pontaria!
   -Não acertas nas contas mas acertas nas montras.
   - Vais ser convidado para a selecção de futebol. Este foi o melhor golo do
campeonato.
   Fingindo não os ouvir, o rapaz esgueirou-se, saltou para um autocarro, sem
saber o destino que levava.
   Aos balanços, sacudindo para ali e além, via passar casas e ruas desconhecidas.
Perdido por cem, perdido por mil. Havia de ir até ao fim da carreira. Voltar para
casa para quê? Para apanhar um raspanete?
   Era quase noite quando o autocarro finalmente parou junto a um lago triste.
Apeou-se. Não sabia onde estava. Foi vagueando ao acaso, por entre prédios
arruinados, até um jardim onde meia dúzia de árvores erguiam os ramos para o
céu, como fantasmas reformados. Doía-lhe a cabeça e tinha a barriga a dar horas.
Sentou-se num banco em frente estava uma pasta de crocodilo.
   Sempre fora curioso. Deu dois passos, carregou o fecho dourado e que viu ele?
Milhares e milhares de notas de 50 euros. Procurou um nome, uma morada.
Absolutamente nada.
   Olhou mais uma vez em volta. Ninguém. Então atirou fora os cadernos e livros e
atulhou a mochila com aquela inesperada fortuna.
   A cabeça quase lhe andava à roda de fome e entusiasmo. Podia comprar uma
quinta, um carro, um cavalo, tudo o que desejasse. Só não podia livrar-se da
matemática.
   Até aos catorze anos era forçado a ir para a escola.
   E ainda dizem que há liberdade!

                                                            Luísa Ducla Soares, O Rapaz e o Robô, Terramar

 A) Assinala, com X, a hipótese correcta:

1. João tinha tirado negativa a matemática por isso saiu da escola...

(  ) muito feliz.
(  ) furioso.
(  ) triste.

2. Para ele pior que a matemática só...

(  ) as injecções da Tia Engrácia.


(  ) a Língua Portuguesa.
(  ) estar doente.

3. Deu um pontapé numa pedra e esta foi acertar no vidro

(  ) do café da Tia Engrácia


(  ) da pastelaria
(  ) da drogaria

4. Para fugir dos seus colegas e do droguista que o perseguiam, João entrou...

(  ) num autocarro
(  ) num táxi
(  ) da drogaria

5. Segundo o texto, João era obrigado a ir para a escola até...

(  ) aos dezasseis anos


(  ) aos catorze anos
(  ) à noite.

                                            II
Responde às seguintes questões de forma completa:
1. Identifica o autor do texto e a obra da qual foi retirado.

2. Identifica as personagens do texto, fazendo a distinção entre personagens


principais, personagens secundárias e figurantes.

3. Como classificas o narrador do texto quando à sua participação? Justifica a


tua resposta.

4. O que levou o João a sair furioso da escola?

5. João largou a correr, atrás dele o droguista, atrás os colegas a rir;


numa chacota.

5.1.        Transcreve do texto as frases que mostram como é que os colegas comentaram o
seu “pontapé certeiro”.

5.2.        O que fez o nosso herói para solucionar o problema e fugir daqueles que o
perseguiam? Concordas com a atitude dele? Justifica a tua resposta.

6. Liga correctamente as colunas A, B e C de modo a saberes o que aconteceu


em seguida.
7. Completa a frase com as palavras correctas de acordo com o texto:

    Com o ___________________ encontrado, João estava


_______________ e podia___________________ uma quinta, um
____________, um __________ e __________________ o que mais
desejasse, no entanto, não ______________ livrar-se da _____________
antes de fazer _____________ anos.

8. Deu dois passos, carregou no fecho dourado e que viu ele?

10.1. Descreve as emoções e os sentimentos que pensas que João sentiu nesse
momento.

11. O que é que o João fez após ter descoberto o tesouro dentro da pasta de
crocodilo?

12. Apoiando-te no texto faz o retrato físico e psicológico do João.

                                       III
1. Completa a tabela seguinte, fazendo a translineação das palavras da coluna
A na coluna B classificando-as respectivamente quanto ao número de sílabas na
coluna C.

                  A                   B                 C


Pontaria
Escola
Carregou

Quase
Esgueirou-se
Fim
Quanto
Desejasse
atulhou

2. Classifica quanto à forma e ao tipo cada uma das frases:

  João saiu da escola furioso.


  Para que serve a matemática?
  João, entra imediatamente no autocarro!
  Que pontaria!
  Olhou mais uma vez em volta.
  E ainda dizem que há liberdade?
  Para apanhar um raspanete?

                                    

O pai via-o amuado pelos cantos e perguntava às mulheres da casa:


— Que diabo tem o rapaz?
E, como ninguém lhe sabia explicar aquela tristeza, trouxe-o uma tarde para junto
do Tunante, o cão guardador do curral das vacas.
Ali se puseram em conversa.
Foi a primeira conversa a sério que o Silvestre Cuco teve com o filho. Este nunca
mais esqueceu tal dia, em que fez uma das descobertas mais surpreendentes da sua vida.
Falaram de homem para homem. Sim, senhor, de homem para homem, e o
Constantino sabe bem o que lhe custou essa conquista. Quando se abriu com o pai para
lhe confessar que a mãe não gostava dele1 por causa do nariz, apareceu-lhe de repente
nos olhos uma grande vontade de chorar e as palavras começaram sair-lhe todas
cortadas. E vai então o pai disse-lhe assim:
— Um homem nunca chora, mesmo que veja as tripas doutro na mão...
Apressado, o Constantino deitou a ponta dos dedos a umas lágrimas que queriam
rebentar, e ali mesmo as esmagou, segurando as outras todas que já vinham numa
carreirinha para fazerem o pranto. Baixou a cabeça por instantes, erguendo-a depois
com um sorriso. Encararam-se, o pai animou-o com um olhar que ele conhecia, e o
Constantino percebeu que ganhara nesse dia o seu melhor camarada.

Alves Redol- Constantino, Guardador de vacas e de sonhos,


1962 (adaptado)

1. Qual é a personagem principal deste texto?


__________________________________________
_________________________________________________________________
_____________
2. Faz o seu retrato
psicológico._____________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3. Qual foi a surpreendente descoberta que o filho do Silvestre Cuco fez naquele
dia?__________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
____________________________________________________
4. Baseando-te nos dados que o texto nos fornece, diz em que lugar se passam os
acontecimentos
narrados.__________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
____________________________________________________
5. Diz de que tipos são as frases seguintes, e em que forma estão escritas:
Frase Tipo Forma
Que diabo tem o rapaz?
Baixou a cabeça.
Um homem nunca chora.

1
Do rapaz.
6. Escreve uma frase imperativa, qualquer, na forma
negativa.____________________________
_________________________________________________________________
_____________
7. Analisa morfologicamente (classe e subclasse, se for possível) as palavras a
negro, pertencentes às frases seguintes:
Foi a primeira conversa a sério que o Silvestre Cuco teve com o filho. Este nunca
mais esqueceu tal dia, em que fez uma das descobertas mais surpreendentes da sua
vida.
a Em
conversa descobertas
a surpreendentes
Silvestre da
com sua

8. Diz em que tempo e modo se encontram as formas verbais a negro no quadro


seguinte:
Tempo Modo
Gostaria muito de que regressasses.
No próximo Domingo irei a tua casa.
Quando eu aparecia, ele escondia-se.
Tinha voltado de manhã cedo.
Já partira quando o recado chegou.
Chegará quando forem duas horas.
É bom estarmos aqui.
Se adivinhasse, não punha cá os pés.
Estuda, rapaz!
Não se pode deixar os livros aí.

9. Faz a análise das funções sintácticas na frase seguinte, completando o quadro:


Naquele dia, junto do Tonante, o rapaz contou ao pai, com tristeza, o seu
problema.
Palavras da frase Funções sintácticas correspondentes
«Naquele dia»
Complemento Circunstancial de Modo
«Junto do Tonante»
«Ao pai»
Predicado
«O seu problema»
Sujeito

10. Escreve uma frase, relacionada com vida familiar, que seja constituída, por
esta ordem, por:
Sujeito:______________________________________________________
C.C.Lugar:___________________________________________________
Verbo:______________________________________________________
C. Directo:___________________________________________________
C.C. Modo:______________________________________________

20.10.09

A girafa que comia estrelas

- Lá estás tu outra vez com a cabeça nas nuvens! – ralhava a mãe.


E era verdade. Aos cinco anos, Filipa já era a mais alta de todas as girafas da savana. Era tão
alta que, quando levantava o pescoço e se punha na pontinha dos pés, a cabeça dela
desaparecia entre as nuvens. A mãe da Filipa, Dona Mariquita, não gostava daquilo:
- As nuvens estão frias, Filipa! Olha que podes apanhar uma gripe.
O pior que pode acontecer a uma girafa é ficar constipada. Primeiro, porque, quando espirram,
correm o risco de perder a cabeça (a cabeça salta com a força do espirro). Depois, porque é
difícil conseguir um cachecol capaz de cobrir pescoços tão compridos. Filipa, porém, gostava
de andar com a cabeça nas nuvens – queria ver os anjos. A avó Rosália, mãe de Dona
Mariquita, dissera-lhe que os anjos dormem nas nuvens. Também lhe dissera que, quando as
pessoas morrem, se transformam em anjos. Dissera-lhe isto pouco antes de morrer. Por isso,
Filipa passava o dia com a cabeça nas nuvens.
À noite, comia estrelas. Enquanto as outras girafas dormiam, Filipa subia ao morro mais alto da
savana, levantava o pescoço e comia estrelas. As estrelas ardiam um pouco na garganta, mas
eram doces e macias e sabiam a pêssego. Ao contrário do que seria de supor, a noite não
ficava mais vazia por causa disso. À medida que Filipa comia estrelas, outras nasciam, novinhas
em folha, brilhando ainda mais do que as antigas. Assim, de certa maneira, ela renovava a
noite.

José Eduardo Agualusa

Notas:
® Savana – Lugar seco ou pantanoso com vegetação pequena e rasteira;
® Morro – Monte pouco elevado;

I
1. Identifica a personagem principal do texto.

2. Caracteriza física e psicologicamente essa personagem.

3. “Era tão alta que, quando levantava o pescoço e se punha em pontinhas dos pés...”
3.1. De acordo com o texto, termina a frase do ponto 3:

4. Quem era Dona Mariquita?

5. A mãe da girafa não gostava que a filha andasse com a cabeça nas nuvens. Porquê?

6. Existia algum motivo para a girafa andar com a cabeça entre as nuvens? Se sim, diz qual.

7. O que é que a girafa gostava de fazer de noite, enquanto as outras dormiam?

8. – Elabora perguntas para as seguintes respostas:


8.1. Ardiam um pouco na garganta, mas eram doces e macias e sabiam a pêssego.
8.2. É um lugar seco ou pantanoso com vegetação pequena e rasteira.

9. “... ela renovava a noite.”


9.1. Explica, por palavras tuas, o que pretende o narrador dizer com esta expressão.

10. Caracteriza o narrador deste excerto.

II

1. Faz a translineação das seguintes palavras:

a. Contrário
b. Pêssego
c. Apanhar
d. Nuvens
e. Mariquita
f. Dissera-lhe

2. Classifica as seguintes palavras, quanto à acentuação:


a. contrário
b. constipada
c. porém
d. rosália
e. estrelas
f. pior
g. pêssego
h. era
i. estão

3. “Aos cinco anos, Filipa já era a mais alta de todas as girafas da savana.”
3.1. Classifica morfologicamente as palavras sublinhadas.
3.2. Reescreve a frase, substituindo a palavra «cinco» por um numeral ordinal.

4. Identifica o sujeito de cada frase:


4.1. Aos cinco anos, Filipa já era a mais alta.
4.2. A girafa gostava de andar com a cabeça nas nuvens.

5. “As nuvens estão frias, Filipa! Olha que podes apanhar uma gripe.”
5.1. Identifica na frase as palavras que correspondem à classificação apresentada.
Nome comum →
Determinante artigo definido →
Verbo da 1ª conjugação →
Adjectivo →
Verbo da 2ª conjugação →
Nome próprio →

6. As estrelas eram doces e macias.


6.1. Identifica os adjectivos da frase anterior.
6.2. Reescreve a frase anterior, substituindo-os por antónimos.
7. Retira do texto:
a. três monossílabos
b. dois dissílabos agudos
c. um polissílabo grave
d. dois polissílabos esdrúxulos

8. Coloca os acentos gráficos apenas nas palavras que deles necessitam:


- amavel - macarrão - urgência - machado -
- maritimo - fugida - paciencia - Estevao - maça -

9. Escreve o infinitivo das seguintes formas verbais:


a. Estás
b. Era
c. Queria
d. Renovava
10. Retira do texto uma frase do tipo imperativo e na forma afirmativa.

11. Reescreve, no futuro, o seguinte excerto do texto:


“À noite, comia estrelas. Enquanto as outras girafas dormiam, Filipa subia ao mor-ro mais alto
da savana, levantava o pescoço e comia estrelas.”

III

Um dia, Filipa descobriu que uma galinha fizera o seu ninho no meio das nuvens. Chamava-se
Dona Margarida. Com o passar do tempo, as duas tornaram-se grandes amigas.
Imagina uma conversa entre as duas.

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