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02/02/2002 Transtorno do pânico - Wikipédia, a en…

Transtorno do pânico
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O transtorno do pânico ou síndrome do pânico é uma condição mental psiquiátrica que faz com que o
indivíduo tenha ataques de pânico esporádicos, intensos e muitas vezes recorrentes. Pode ser controlado com
medicação e psicoterapia. É importante ressaltar que um ataque de pânico pode não constituir doença (se
isolado) ou ser secundário a outro transtorno mental.

Índice
1 Sintomas
2 Ocorrência
3 Tratamento
3.1 Cura e controle
4 Ver também
5 Ligações externas

Sintomas
Este distúrbio é nitidamente diferente de outros tipos de ansiedade, caracterizando-se por crises súbitas, sem
fatores desencadeantes aparentes e, frequentemente, incapacitantes. Depois de ter uma crise de pânico a
pessoa pode desenvolver medos irracionais (chamados fobias) destas situações e começar a evitá-las.

Os sintomas físicos de uma crise de pânico aparecem subitamente, sem nenhuma causa aparente. Os sintomas
são como uma preparação do corpo para alguma "coisa terrível". A reação natural é acionar os mecanismos de
fuga. Diante do perigo, o organismo trata de aumentar a irrigação de sangue no cérebro e nos membros usados
para fugir — em detrimento de outras partes do corpo.

Os sintomas são desencadeados a partir da liberação de adrenalina frente a um estímulo considerado como
potencialmente perigoso. A adrenalina provoca alterações fisiológicas que preparam o indivíduo para o
enfrentamento desse perigo: aumento da frequência cardíaca e respiratória, a fim de melhor oxigenação
muscular; e o aumento da frequência respiratória (hiperventilação) é o principal motivo do surgimento dos
sintomas.

Durante a hiperventilação, o organismo excreta uma quantidade acima do normal de gás carbônico. Este,
apesar de ser um excreta do organismo, exerce função fundamental no controle do equilíbrio ácido-básico do
sangue. Quando ocorre diminuição do gás carbônico ocorre também um aumento no pH sanguíneo (alcalose
metabólica) e, consequente a isso, uma maior afinidade da albumina plasmática pelo cálcio circulante, o que irá
se traduzir clinicamente por uma hipocalcemia relativa (por redução na fração livre do cálcio). Os sintomas
dessa hipocalcemia são sentidos em todo o organismo:

- Sistema Nervoso Central: ocorre vasoconstrição arterial que se traduz em vertigem, escurecimento da visão,
sensação de desmaio.

- Sistema Nervoso Periférico: ocorre dificuldade na transmissão dos estímulos pelos nervos sensitivos,
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ocasionando parestesias (formigamentos) que possuem uma característica própria: são centrípetos, ou seja, da
periferia para o centro do corpo. O indivíduo se queixa de formigamento que acomete as pontas dos dedos e se
estende para o braço (em luva, nas mãos; em bota, nos pés), adormecimento da região que compreende o nariz
e ao redor da boca (característico do quadro).

- Musculatura Esquelética: a hipocalcemia causa aumento da excitabilidade muscular crescente que se traduz
inicialmente por tremores de extremidades, seguido de espasmos musculares (contrações de pequenos grupos
musculares: tremores nas pálpebras, pescoço, tórax e braços) e chegando até a tetania (contração muscular
persistente). Em relação à tetania, é comum a queixa de dificuldade para abertura dos olhos (contratura do
músculo orbicular dos olhos), dor torácica alta (contratura da porção superior do esôfago), sensação de aperto
na garganta (contração da musculatura da hipofaringe, notadamente do cricofaringeo), de abertura da boca
(contratura do masseter e de músculos faciais - sinal de Chvostec), e contratura das mãos (mão de parteiro -
sinal de Trousseau). São muito frequentes as cãimbras.

Adicionalmente, a hiperventilação é realizada através de respiração bucal, o que traz duas consequências
diretas: o ressecamento da boca (boca seca) e falta de ar (ocasionada pela não estimulação dos nervos
sensitivos intranasais).

Tais eventos podem durar de alguns minutos a horas e podem variar em intensidade e sintomas específicos no
decorrer da crise (como rapidez dos batimentos cardíacos, experiências psicológicas como medo incontrolável
etc.). Quando alguém tem crises repetidas ou sente muito ansioso, com medo de ter outra crise, diz-se que tem
transtorno do pânico. Indivíduos com o transtorno do pânico geralmente têm uma série de episódios de extrema
ansiedade, conhecidos como ataques de pânico.

Alguns indivíduos enfrentam esses episódios regularmente, diariamente ou semanalmente. Os sintomas externos
de um ataque de pânico geralmente causam experiências sociais negativas (como vergonha, estigma social,
ostracismo etc.). Como resultado disso, boa parte dos indivíduos que sofrem de transtorno do pânico também
desenvolvem agorafobia.

Ocorrência
O sistema de "alerta" normal do organismo — o conjunto de mecanismos físicos e mentais que permite que uma
pessoa reaja a uma ameaça — tende a ser desencadeado desnecessariamente na crise de pânico, sem haver
perigo iminente. Algumas pessoas são mais suscetíveis ao problema do que outras. Constatou-se que o T.P.
ocorre com maior frequência em algumas famílias, e isto pode significar que há uma participação importante de
um fator hereditário (genético) na determinação de quem desenvolverá o transtorno. Entretanto, muitas pessoas
que desenvolvem este transtorno não tem nenhum antecedente familiar.

O cérebro produz substâncias chamadas neurotransmissores que são responsáveis pela comunicação que
ocorre entre os neurônios (células do sistema nervoso). Estas comunicações formam mensagens que irão
determinar a execução de todas as atividades físicas e mentais de nosso organismo (ex: andar, pensar,
memorizar, etc). Um desequilíbrio na produção destes neurotransmissores pode levar algumas partes do
cérebro a transmitir informações e comandos incorretos. Isto é exatamente o que ocorre em uma crise de
pânico: existe uma informação incorreta alertando e preparando o organismo para uma ameaça ou perigo que
na realidade não existe. É como se tivéssemos um despertador que passa a tocar o alarme em horas totalmente
inapropriadas. No caso do Transtorno do Pânico os neurotransmissores que encontram-se em desequilíbrio
são: a serotonina e a noradrenalina.

O transtorno do pânico é um sério problema de saúde, mas pode ser tratado. Geralmente ele é disparado em
jovens adultos, cerca de metade dos indivíduos que têm transtorno do pânico o manifestam antes dos 24 anos

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de idade, mas algumas pesquisas indicam que a manifestação ocorre com mais freqüência dos 25 aos 30 anos.
Mulheres são duas vezes mais propensas a desenvolverem o transtorno do pânico do que os homens.

O transtorno do pânico pode durar meses ou mesmo anos, dependendo de como e quando o tratamento é
realizado. Se não tratado, pode piorar a ponto de afetar seriamente a vida social do indivíduo, que tenta evitar
os ataques e acaba os tendo. De fato, muitas pessoas tiveram problemas com amigos e familiares ou perderam
o emprego em decorrência do transtorno do pânico.

Alguns indivíduos podem manifestar os sintomas freqüentemente durante meses ou anos e então passar anos
sem qualquer sintoma. Em outros, os sintomas persistem indefinidamente. Existem também algumas evidências
de que muitos indivíduos, especialmente os que desenvolvem os sintomas ainda jovens, podem parar de
manifestar os sintomas naturalmente numa idade mais avançada (depois dos 50 anos). É importante, entretanto,
não alterar qualquer tratamento ou medicação em andamento sem um acompanhamento médico especializado.

Para indivíduos que procuram tratamento ativo logo no início, grande parte dos sintomas pode desaparecer em
algumas poucas semanas, sem quaisquer efeitos negativos até o final do tratamento.

Tratamento
O transtorno do pânico é real e potencialmente incapacitante, mas pode ser controlado. Em decorrência dos
sintomas perturbadores que acompanham o transtorno do pânico, este pode ser confundido com alguma outra
doença. Tal confusão pode agravar o quadro do indivíduo. As pessoas freqüentemente vão às salas de
emergência quando estão tendo ataques de pânico e muitos exames podem ser feitos para descartar outras
possibilidades, gerando ainda mais ansiedade.

O tratamento do transtorno do pânico inclui medicamentos e psicoterapia. O uso de uma nova técnica
denominada estimulação magnética transcraniana repetitiva também vem sendo indicado.

Como os sintomas orgânicos principais são secundários à queda dos níveis plasmáticos de cálcio secundários à
hiperventilação, uma técnica simples pode ser utilizada para controle rápido do mal estar: a reinalação de gás
carbônico; isso se consegue pela respiração em um saco plástico ou de papel, o que ocasiona o aumento desse
gás no sangue, a reversão da alcalose e a liberação do cálcio ligado à albumina. A melhora dos sintomas é
rápida e ocorre em cerca de dois a três minutos. Não se deve esquecer de realizar a troca periódica do ar
dentro do saco (para que não exista queda acentuada do oxigênio!). A tontura ou sensação de "cabeça vazia"
pode demorar algumas horas ou até dois dias para normalização.

O aprendizado de que o controle dos sintomas pode ser feito através do controle da respiração ajuda em muito
no tratamento a longo prazo da Síndrome do Pânico.

Os profissionais de saúde mental que tipicamente acompanham um indivíduo no tratamento do transtorno do


pânico são os psiquiatras, psicólogos, conselheiros de saúde mental, terapeutas ocupacionais e assistentes
sociais. Para prescrever um tratamento medicamentoso para o transtorno do pânico, o indivíduo deve procurar
um médico (geralmente um psiquiatra).

A psicoterapia é tipicamente assistida por um psiquiatra ou um psicólogo. Em áreas remotas, onde um


profissional especializado não está disponível, um médico de família pode se responsabilizar pelo tratamento. O
psiquiatra é, por formação, o mais preparado para a prescrição de medicamentos e deve ser o profissional
escolhido caso haja disponibilidade.

Medicamentos ou técnicas modernas podem ser utilizadas para quebrar a conexão psicológica entre uma fobia
específica e os ataques de pânico.

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Tratamentos empregados incluem:

Antidepressivos: tomados regularmente para constituir uma resistência à ocorrência dos sintomas.
Embora tais medicamentos sejam descritos como "antidepressivos", o seu mecanismo de ação, voltado
para inibição da recaptação de serotonina, é apontado para o efeito antipânico. Muitos indivíduos com o
transtorno do pânico não apresentam os sintomas clássicos da depressão e podem achar que os
medicamentos foram prescritos erroneamente, por isso é importante a orientação do médico ao
prescrever, assim como a combinação com a psicoterapia. Classes de antidepressivos comumente
utilizados:
ISRS
IMAO

Ansiolíticos (benzodiazepínicos): ministrados durante um episódio de ataque de pânico, não trazem


nenhum benefício se usados regularmente (a não ser que os ataques de pânico sejam freqüentes). Se não
utilizados exatamente como prescritos, podem viciar. Geralmente são mais eficazes no começo do
tratamento, quando as propriedades de resistência dos antidepressivos ainda não se consolidaram.

Estimulação magnética transcraniana repetitiva: é uma técnica indolor que atinge o cérebro de maneira
não invasiva, usada desde 1985 em neurologia e desde 1997 no campo da psiquiatria, que pode
beneficiar pacientes refratários, ou seja, nos quais diversas combinações de medicamentos não foram
eficazes.

Cura e controle

A exposição múltipla e cautelosa ao elemento fóbico (associado à doença) sem causar ataques de pânico
(graças à medicação) pode quebrar o padrão fobia-pânico, possibilitando ao indivíduo posteriormente conviver
com a fobia sem necessitar de medicação. Entretanto, fobias menores que se desenvolvem como resultado dos
ataques de pânico podem ser eliminadas sem medicação por meio de terapia cognitivo-comportamental
monitorada ou simplesmente pela exposição.

Geralmente a combinação da psicoterapia com medicamentos produz bons resultados. Alguns avanços podem
ser notados num período de seis a oito semanas. Muitas vezes, a busca pela combinação correta de
medicamentos (e mesmo de um médico com o qual o indivíduo se sinta confortável) pode levar algum tempo.
Assim, um tratamento apropriado acompanhado por um profissional experiente pode prevenir o ataque de
pânico ou ao menos reduzir substancialmente sua freqüência e severidade, significando a recuperação e
ressocialização do paciente (se for o caso). Recaídas podem ocorrer, mas geralmente são tratadas com eficácia
da mesma forma que o primeiro episódio.

Em adição, pessoas com transtorno do pânico podem precisar de tratamento para outros problemas
emocionais. A depressão geralmente está associada ao transtorno do pânico, assim como pode haver
alcoolismo e uso de outras drogas. Pesquisas sugerem que tentativas de suicídio são mais freqüentes em
indivíduos com transtorno do pânico, embora tais pesquisas ainda sejam bastante controversas.

Ver também
Ansiedade
Ataque de pânico
Transtorno da ansiedade
Circulação do sangue

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Ligações externas
Transtorno do Pânico – Quando o alarme falha (Novos avanços sobre a origem de uma das doenças
mais comuns do Século XXI) (http://www.ibneuro.com.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=529:transtorno-do-panico-quando-o-alarme-
falha&catid=3:artigos&Itemid=63)
Anxiety Disorders Association of America (http://www.adaa.org/)
Fórum britânico de indivíduos que têm o transtorno do pânico (http://www.nomorepanic.co.uk/)
Depressão Ansiedade - Transtorno do Pânico
(http://www.depressaoansiedade.com/Ansiedade/Ataques-Panico.html)
Sindrome do Panico (http://sindromedopanico.net)

Obtida de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_do_p%C3%A2nico"
Categorias: Transtornos psíquicos | Síndromes | Transtornos de ansiedade

Esta página foi modificada pela última vez às 15h28min de 27 de setembro de 2010.
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