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Técnico/a de

Acção Educativa
Apresentação
. Quem sou?
. De onde venho?
. O que faço?
. Como e onde vivo?
. O que gosto?
. O que sonho?
. O que penso?
1. Acompanhamento de Crianças
(baby-sitting)

1.1 Psicologia do desenvolvimento da


criança

Identificar os factores condicionantes do


desenvolvimento infantil e as várias
etapas do desenvolvimento infantil.
Desenvolvimento infantil - modelos e etapas

. Conceito e objecto da psicologia do


desenvolvimento

. Modelos psicológicos do desenvolvimento:


- Teoria Psicanalítica (Freud)
- Teoria da Maturação (Gesell)
- Teoria do Ciclo de Vida
- Teoria Cognitiva (Piaget, Brunner)
- Teoria Cognitiva-Social (Vigotsky)
. Gravidez/ nascimento / suas condicionantes

. Desenvolvimento intra-uterino

. Desenvolvimento pós-natal

. Desenvolvimento, crescimento e maturação

. Fases do desenvolvimento infantil


- Fases, idades e perfis do desenvolvimento dos
0 aos 6 anos
Nesta aula abordaremos o conceito e
objecto da psicologia do desenvolvimento
e no final vou fazer uma proposta de
trabalho sobre o tema debatendo as
conclusões a que chegamos.
O que é a Psicologia do
Desenvolvimento?
Conceito e Objecto da
Psicologia do
Desenvolvimento
“Em cada ano que avança no
crescimento (…) há perdas, há lutos a
fazer, mas há novos investimentos que
são igualmente fonte de prazer e
reforço de identidade.
Não sejamos nostálgicos… para não
favorecer regressões, mas não
sejamos demasiado apressados para
que não fiquem lacunas por
preencher.”
A psicologia do desenvolvimento
automatizou-se nos finais do século XIX,
marcada por grandes avanços ao longo do
século. Acompanhou a evolução da ciência e
das transformações socioeconómicas, bem
como das representações sociais do que é
ser criança.
Até Rousseau, no século XVIII, a infância não
era perspectivada como um período de
desenvolvimento diferenciado, com
especificidade própria. As crianças eram
encaradas como adultos em miniatura, o que
se reflecte na literatura e na pintura de várias
culturas e épocas.
O historiador Ariès, nos anos 60, afirma
que na sociedade medieval não existia
um “sentimento de infância”.
Considera que não se distinguiam tipos
de actividades, divertimentos e até de
trabalho entre os mais novos e os
adultos.
Foi Charles Darwin que, no século XIX, ao
estudar as semelhanças e as diferenças
entre o animal e o ser humano, evidenciou o
papel da evolução e chamou a atenção para
estudos sobre a infância. Não nos podemos
esquecer que, comparando o período de
crescimento entre o animal e o ser humano,
o deste é consideravelmente mais longo,
exigindo, por isso, uma reflexão e
investigação próprias.
A noção de infância também não é
clara, sendo difícil estipular se decorre
do nascimento à puberdade, se deve
incluir a vida intra-uterina, se a
adolescência deve ser abrangida. À
medida que se foi valorizando o papel
da infância no comportamento adulto,
foi crescendo o interesse sobre a
evolução e desenvolvimento do ser
humano nos primeiros tempos de vida.
A ambiguidade da palavra infância
relaciona-se com representações
sociais. Associam-se à palavra infância
termos como: indefesa, que necessita
de protecção, dependente, brincalhona,
ingénua, espontânea, verdadeira,
carente….
Outro aspecto relevante na história da
psicologia do desenvolvimento é o
facto de o século XX ser por muitos
considerado o século dos direitos
humanos, onde são expressos os
direitos da criança. Também não será
alheia, ao processo de automatização
da psicologia do desenvolvimento, a
evolução da medicina e da pedagogia.
As transformações na nossa forma de
pensar interagem com as
transformações na organização social
e familiar. Estas mudanças acarretam
práticas educativas diferentes, um
novo papel e estatuto da criança no
interior da família, assim como
aumentaram as responsabilidades
sociais relativas à infância.
As instituições sociais, como as
creches, os jardins de infância, as
escolas de diferentes graus de ensino,
bem como a ocupação organizada dos
tempos livres, têm tido grande
influência na divisão e separação
etária, bem como nas actividades
consideradas adaptadas às diferentes
etapas.
Hoje muito se investe e se joga com a
criança. É contudo, de relevar as
grandes diferenças existentes entre as
crianças, relacionadas com factores
pessoais, socioculturais, económicos e
geográficos. Há muito de comum e de
divergente nas crianças de uma
sociedade rica e avançada e, por
exemplo, de um país em guerra.
O Objecto da psicologia do
desenvolvimento é o estudo das várias
etapas da vida, do desenvolvimento
dos processo psicológicos e
biológicos nas relações interactivas da
pessoa e do meio.
A psicologia do desenvolvimento tem a
sua história. Os métodos e técnicas de
investigação aperfeiçoaram-se e o
objecto de estudo clarificou-se.
Os psicólogos do desenvolvimento,
como Jean Piaget, Henri Wallon e
Arnold Gesell, foram estudiosos da
infância e da adolescência. Erik
Erikson será o primeiro a apresentar
uma evolução segundo estádios ao
longo de toda a vida; hoje, a noção de
desenvolvimento biopsicológico
abrange os sujeitos do nascimento até
à morte.
Conceito de Desenvolvimento
Percorrendo vários dicionários de psicologia,
encontramos, num deles esta definição:

“Desenvolvimento:
1. A progressiva e contínua mudança no
organismo desde o nascimento até à morte.
2. Crescimento.
3. Modificações na forma e integração de
partes do corpo em órgãos funcionais.
4. Maturação ou aparecimento de padrões
fundamentais, não aprendidos, do
comportamento.”
Existem várias concepções de
desenvolvimento que decorrem de diferentes
teorias e correntes: maturacionista,
behavioristas, construtivista, psicossocial…
entre outras.
Ao longo deste módulo vamos perceber as
diferenças entre as várias propostas, mais
concretamente analisar as concepções
contínuas e descontinuas de
desenvolvimento.
Nesta introdução, vamos contrapor
uma visão maturacionista a uma visão
que dá grande importância aos factores
do meio e da aprendizagem, para
podermos concluir como é importante
a interacção entre factores internos e
externos, entre biológico e o social.
A abordagem maturacionista é
desenvolvida por Gesell (1880-1961) e a
sua equipa da Universidade de Yale,
nos EUA, a partir da década de 20. Para
estes investigadores, os
comportamentos sucedem-se numa
ordem sequencial, inalterável, que
reflecte um programação interna
idêntica ao crescimento.
O desenvolvimento e a maturação são
predeterminados geneticamente pois
são hereditários. As diferenças entre
os indivíduos relacionam-se com as
diferenças inatas. O meio e as
experiências vivenciadas têm pouca
importância.
A esta concepção podemos opor a
corrente behaviorista, segundo a qual
os factores do meio e da aprendizagem
são os que determinam o
comportamento.
A corrente construtivista e
interaccionista de Piaget e a corrente
psicossocial de Erikson valorizam
factores maturativos e socioculturais.
Quanto à psicanálise, embora privilegie
o potencial inato e maturativo,
considera relevante a forma como o
sujeito vivência os aspectos
relacionais, sobretudo os
desenvolvidos na infância.
Outro interaccionista, Henri Wallon
(1879-1962), considera que o ser
humano é “um ser total e
primitivamente orientado para a
sociedade”, é um ser biologicamente
social. Da sua inata prematuridade ao
nascer decorre a absoluta necessidade
do “outro” e de um meio propício para
sobreviver.
Hoje considera-se infrutífera a defesa
da oposição estanque entre o biológico
e o social, entre o inato e o adquirido. A
dinâmica entre o organismo e o meio é
uma realidade – o indivíduo é uma
unidade biopsicossocial.
As capacidades internas necessitam de
um meio externo estruturante que lhes
permita a sua realização. Além disso, é
difícil ou impossível adquirir
aprendizagens precocemente sem que
haja uma capacidade interna para essa
aquisição. Assim, serão inúteis os
esforços para ensinar um bebe de seis
meses a andar ou a falar.
Outra questão que se pode levantar é o
problema da existência ou não de
períodos críticos, isto é, etapas
limitadas de tempo durante as quais o
organismo é sensível à estimulação do
meio.
Se, como já foi dito, algumas aprendizagens
não são possíveis antes de certos estados
de maturação, certas aprendizagens também
não são possíveis (ou são-no
deficientemente) se se ultrapassarem esses
períodos. É comum dar-se o exemplo das
crianças selvagens que, não tendo sido
familiarizadas com a linguagem, já não
conseguiram adquirir essa capacidade por
terem ultrapassado determinada idade.
O desenvolvimento tem sido perspectivado
pelos diferentes autores sublinhado um
aspecto privilegiado de evolução. Assim,
Piaget estudou o desenvolvimento da
criança e do adolescente a partir dos
aspectos cognitivos (memória, linguagem,
pensamento lógico); Freud privilegiou o
desenvolvimento da psicossexualidade;
Erikson deu ênfase aos aspectos
psicossociais, estudando a construção da
identidade.
Uma visão desenvolvimentalista dinâmica e
abrangente permite representar o ser
humano como sistema aberto em que
interagem os seus diferentes aspectos –
biológico, fisiológico, cognitivo, motor,
emocional, linguístico e sociomoral. O ser
humano interage com o seu meio
envolvente: o meio natural a família, os
amigos, o grupo, de vizinhança, a escola, a
comunidade. Esta abordagem integrada
opõe-se a uma concepção estática e
simplificada do comportamento.
A própria noção de desenvolvimento traz em
si a noção de mudança, de transformação, de
globalidade.
De notar que só recentemente se estuda o
desenvolvimento ao longo da idade adulta e
da velhice. Esta nova concepção implicou
rejeitar a ideia de que o estado adulto era um
patamar estável de maturação.
Na década de 70, surge também a corrente
americana de ciclo vital que relaciona o
biológico e o social reconhecendo o
desenvolvimento como um processo que se
desenrola até á morte. Abordam os
processos psicológicos de adaptação e de
realização que ocorrem em toda a nossa
existência: o ser humano muda de forma
global e estrutural.
Existem contextos, situações,
acontecimentos, acaso que influenciam
activamente os percursos da nossa
vida: a mudança de terra e de casa, a
doença, a morte de uma pessoa, o
nascimento de um filho, o divórcio,
entre outros. Estas transições –
acontecimentos e mudanças –
implicam a pessoa globalmente nas
respostas que irá dar, nas mudanças
internas vivenciadas, quer seja criança,
adolescente, adulto ou velho.
Leitura atenta do texto e
comentários pertinentes
Abordagem Interdisciplinar
A investigação em psicologia do
desenvolvimento enriqueceu-se com
os conhecimentos, quer de outros
ramos da psicologia, quer de outras
áreas científicas.
Assim, a biologia genética, ao estudar
como se transmite o património
hereditário de pais para filhos, traz
conhecimentos de elevado valor para a
psicologia do desenvolvimento.
Os estudos etológicos sobre os
comportamentos animais contribuíram
para a compreensão da infância
humana.
Os estudos históricos permitiram
conhecer e compreender, por exemplo,
que o conceito de infância, que nos
parece ter sempre existido, tem apenas
trezentos anos.
A antropologia permitiu confrontar
características de desenvolvimento
entre diferentes culturas, como por
exemplo, as da adolescência.
Proposta de trabalho

Compara estas duas representações de


crianças e relaciona-as com os
diferentes conceitos que reflectem.
fotografia 1:
• Aspecto lúdico,
• indefesa,
• que necessita de protecção,
• dependente,
• brincalhona,
• ingénua,
• espontânea,
• verdadeira,
• Carente.
fotografia 2:
• Responsabilidade,
• Criança encarada com um adulto em
“miniatura”, (a arma)
• Como são vestidos, á imagem do
adulto,
• Não é apresentado o aspecto lúdico,
• Defesa e protecção da própria,
• Independente.
Bibliografia
- Paiva Campos, B. (1990). Psicologia do
Desenvolvimento e Educação de Jovens.
Lisboa: Universidade Aberta.

- Rappaport, C. et al (1982). Psicologia do


Desenvolvimento. 4 Vols. S. Paulo: E.P.U.

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