Você está na página 1de 4

Código Penal para Concursos

Art. 4º

Tempo do crime
Art. 4º – Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado

1. BREVES COMENTÁRIOS
O nosso Código adotou a teoria da atividade, atendendo-se ao momento da
prática da ação ou omissão. Existem, ainda, mais duas teorias: do resultado (do
evento ou do efeito), considerando-se tempo do crime quando da ocorrência do
resultado; mista, mais ampla, estabelecendo o tempo de crime quando da ação,
da omissão ou do resultado.
Esse dispositivo tem inteira aplicação não somente na fixação da lei que
vai reger o caso, mas também para fixar a imputabilidade do agente, aferir as
qualidades ou condições da vítima etc.

2. Enunciados de súmula de jurisprudência


STF – Súmula 711
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

3. Jurisprudência COMPLEMENTAR
a) Tempo do crime e crimes permanentes.
EMENTA: O art. 4º do Código Penal afasta o resultado protraído da ação ou omissão
já consumadas. Mas dele não se pode extrair que o crime de natureza permanente
possa ser tido como consumado antes da cessação da permanência. (STF. HC 77324,
Relator(a):  Min. OCTAVIO GALLOTTI, Primeira Turma, julgado em 23/06/1998, DJ 02-
10-1998 PP-00004 EMENT VOL-01925-02 PP-00358)

4. QUESTÕES DE CONCURSOS
01. (Magistratura – TJ/SP – 2006) JOSÉ foi vítima de um crime de extorsão mediante
seqüestro (artigo 159, do C. Penal), de autoria de CLÓVIS. O Código Penal, em seu
artigo 4.º, com vistas à aplicação da lei penal, considera praticado o crime no momento
da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. No curso do crime
em questão, antes da liberação involuntária do ofendido, foi promulgada e entrou em
vigor lei nova, agravando as penas. Assinale a opção correta.
a) A lei nova, mais severa, não se aplica ao fato, frente ao princípio geral da irretroatividade
da lei.
b) A lei nova, mais severa, não se aplica ao fato, em obediência à teoria da atividade.
c) A lei nova, mais severa, é aplicável ao fato, porque sua vigência é anterior à cessação da
permanência.
d) A lei nova, mais severa, não se aplica ao fato, porque o nosso ordenamento penal considera
como tempo do crime, com vistas à aplicação da lei penal, o momento da ação ou omissão
e o momento do resultado, aplicando-se a sanção da lei anterior, por ser mais branda.

45
Arts. 4º e 5º Rogério Sanches Cunha

02. (Magistratura Federal – TRF3 – 2º Concurso) Na determinação do momento do crime,


adotou a reforma penal de 1984 a teoria:
a) da atividade;
b) do resultado;
c) da ultratividade;
d) mista.

03. (Promotor de Justiça – MP/PR – 2008 – adaptada)


Quanto ao tempo do crime, a lei penal brasileira acolheu a teoria da ação ou da atividade, critério
indicativo de que nos delitos permanentes a conduta se protrai no tempo pela vontade do agente
e o tempo do crime é o de sua duração, como se dá no crime de seqüestro e cárcere privado.

Gabarito
01 C 02 A 03 V

Territorialidade
Art. 5º – Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido no território nacional
§ 1º – Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasi-
leiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.
§ 2º – É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves
ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil

1. BREVES COMENTÁRIOS
A lei penal de um país está diretamente ligada à sua soberania, daí porque
sua validade aparece limitada no espaço dentro do qual se reconhece, dentro da
comunidade internacional, o exercício dessa soberania.
Há situações de fato, porém, em que se mostra possível a aplicação da lei
penal de dois ou mais Estados.
Na solução das possíveis colisões, vários são os princípios geralmente se-
guidos pelo ordenamento jurídico dos diversos países acerca da validade da
sua lei penal no espaço.
A exemplo da maioria das legislações vigentes, a lei penal brasileira só tem
aplicação nos limites do território nacional, independente da nacionalidade do

46
Código Penal para Concursos Arts. 5º e 6º

agente, da vítima ou do objeto jurídico. Adotou-se o princípio da territorialidade


temperada, permitindo, em certos casos, a eficácia da norma de outros países
(“sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional”).
O mesmo artigo dispõe que, por território nacional, abrange-se não apenas
todo o espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à soberania do Estado (solo,
rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa e
espaço aéreo correspondente), mas também, como extensão, as embarcações
e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro
onde quer que se encontrem, bem como as embarcações e as aeronaves brasi-
leiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente,
em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente (art. 5°, § 1°). Apesar de in-
violáveis, a sede da representação diplomática não é considerada extensão do
território estrangeiro.
É também aplicável a lei brasileira aos crimes cometidos a bordo de aero-
naves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aque-
las em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente,
e estas em porto ou mar territorial do Brasil (§ 2°).

2. QUESTÕES DE CONCURSOS
01. (Delegado de Polícia/SC – 2008 – adaptada)
O ordenamento penal brasileiro é aplicável, em regra, ao crime cometido no território na-
cional. O Brasil adotou o princípio da territorialidade temperada: aplica-se a lei brasileira ao
crime cometido no Brasil, mas não de modo absoluto, pois ficaram ressalvadas as exceções
constantes de convenções, tratados e regras de direito internacional.

02. (Delegado de Polícia/CE – 2006 – adaptada)


Um fato criminoso que ocorra em uma aeronave comercial brasileira que esteja sobrevoan-
do o espaço aéreo correspondente ao alto-mar é alcançado pela legislação penal brasileira,
caracterizando um dos casos de territorialidade.

03. (Magistratura Federal – TRF3 – 10º Concurso – adaptada)


Pelo princípio da territorialidade, consideram-se como extensão do território nacional as em-
barcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, e as
embarcações e aeronaves mercantes de bandeira brasileira, onde quer que se encontrem.

Gabarito
01 V 02 V 03 F

Lugar do crime
Art. 6º – Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

47
Art. 6º Rogério Sanches Cunha

1. DICA PARA CONCURSO


Assim como a prática de um crime pode fracionar-se em tempos diversos,
pode também se desenvolver em lugares diversos, percorrendo o território de
dois ou mais países igualmente soberanos, gerando conflito internacional de
jurisdição (crime à distância).
Diante do possível conflito, dispõe o art. 6° que se considera praticado o
crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Foi adotada a teoria
da ubiqüidade, mista ou da unidade. Por força desse critério, sempre que o fato
se deva considerar praticado tanto no território brasileiro como no estran-
geiro, será aplicável a lei brasileira.
Se, apesar de diversos, os lugares pertencem ao nosso país, surge um con-
flito interno de competência (crime plurilocal), solucionado, em regra, pelo
art. 70, caput, do CPP: “A competência será, de regra, determinada pelo lugar
em que consumar a infração”.

2. QUESTÕES DE CONCURSOS
01. (Magistratura Federal – TRF3 – 1º Concurso) Na determinação do lugar do crime,
adotou o Código Penal a teoria:
a) da nacionalidade;
b) da atividade;
c) da ubiqüidade;
d) da territorialidade;
e) do resultado.

02. (Promotor de Justiça – MP/PR – 2008 – adaptada)


Deduz-se do art. 6º do Código Penal que o direito pátrio adotou, quanto ao lugar do delito, a
teoria da ação ou da atividade, estabelecendo-o como sendo aquele onde se realizou a ação
ou a omissão.

03. (Magistratura Federal – TRF3 – 13º Concurso – adaptada)


Com relação ao lugar do crime – matéria relevante apenas para os chamados “crimes à distân-
cia” – nossa lei penal adotou a teoria da ubiqüidade (ou da unidade) segundo a qual o lugar do
delito é aquele em que o agente desenvolveu qualquer ato executório ou onde se consumou ou
devia consumar-se a infração. É irrelevante a intenção do agente.

Gabarito
01 C 02 F 03 V

48

Você também pode gostar