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Choque Cultural: O Mundo e o Céu

Tiago 3:13-18

 
         Você já experimentou choque cultural? Choque cultural acontece quando
enfrentamos estilos de vida, língua, roupa, moeda, religião, valores, perspectivas,
totalmente diferentes dos nossos.          Com certeza você já enfrentou algum tipo
de choque cultural. Quando mudou para uma outra cidade ... Quando mudou de
escola ou emprego, onde tudo é diferente: Horários, serviços, o "jeitão" de fazer as
coisas... quando mudou de igreja. Às vezes enfrentamos choque cultural quando
casamos. Os costumes, as tradições familiares, as maneiras de celebrar
aniversários, feriados, são todos diferentes.
         Como as pessoas reagem ao choque cultural? Quando falamos do cristão em
relação à cultura do mundo, Jesus disse que teríamos que "estar NO mundo, sem
ser DO mundo." Paulo falou para não sermos "conformados com esse mundo, mas
transformados pela renovação da nossa mente". João disse, "Não ameis o mundo,
nem as coisas que estão no mundo" Pedro nos lembra de que tudo que vemos no
mundo, há de derreter e ser reduzido a nada. O autor de Hebreus nos chama de
"peregrinos" em busca de uma cidade celeste.
         Todos esses autores bíblicos identificam uma guerra entre culturas, um
choque cultural entre o mundo em que vivemos e o céu de onde vem nossa
cidadania. O livro de Tiago vai ainda mais longe. Ele não deixa dúvidas sobre os
traços que identificam um cidadão do mundo e um cidadão do céu.
         Tiago 3:13-18 aborda as características que definem a cultura do mundo e a
do céu. A fé verdadeira manifesta-se numa vida transformada, de forma presente e
ativa. O texto nos desafia a rejeitar uma cultura e abraçar outra. A sabedoria (ou
cultura) do mundo é diabólica, egocêntrica, ambiciosa, contenciosa e vem direto do
inferno. Sempre quer levar vantagem. Entretanto a sabedoria (ou cultura) do céu
vem de Jesus, é pacífica e bondosa, sempre pensa nos outros primeiro, é cheia de
amor. Essa cultura celestial quer compartilhar a vantagem que tem em Cristo.
         O texto começa com uma pergunta: "Quem entre vocês é sábio e entendido?"
Muitos entre os leitores talvez pensavam que eram sábios, a ponto de quererem ser
mestres (vs 1). Mas será que eram sábios MESMO? Ou será que tinham adotado a
cultura do mundo e sua definição de sabedoria?
         Definição do Mundo. O mundo define sabedoria como "esperteza". É levar
vantagem, explorar, avançar, manipular. Subir a escada mais rápido que o outro.
Enganar antes de ser enganado. Matar antes de ser morto.
         Definição Bíblica. Sabedoria bíblica significa adquirir a perspectiva de Deus
sobre tudo que acontece no mundo. É subir a escada da Palavra para adquirir a
ótica divina sobre valores, vida, ministério e família. No Velho Testamento
significava ter "jeitão" para viver. Cultura é "jeitão". E o "jeitão do céu" não é
levar vantagem sobre os outros, mas compartilhar a vantagem que tem em Cristo!
É a ética de Jesus, que é amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. Não é ser
servido, mas servir, é dar a sua vida (Mc 10:45).
         Sabedoria bíblica significa investir sua vida para sempre. Viver na presença
de Deus em todos os momentos. Sabedoria bíblica não pisa nos outros para subir
mais alto, mas dá uma mão para ajudar os outros a subirem. Não vem
geneticamente, mas pela Palavra de Deus, aplicada ao meu coração pelo Espírito
de Deus, pela obediência e pela graça. Por isso o salmista declarou
 
"Os teus mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque aqueles
eu os tenho sempre comigo. Compreendo mais do que todos os meus mestres,
porque medito nos teus testemunhos. Sou mais entendido que os idosos, porque
guardo os teus preceitos."  Salmos 119:98-100.

         Sabedoria bíblica significa viver a vida de Jesus na terra, uma vida dedicada
a outras pessoas. É reconhecer que somos abençoados para sermos uma bênção,
não para acumular mais bênçãos para nós mesmos. É mansa, humilde, digna,
cheia de boas obras, focalizada no outro e não em si mesma. "Mostre em mansidão
de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas boas obras."
         Em nosso mundo, viver esse padrão divino realmente é contra-cultura.
Significa remar contra a maré! Será que eu e você estamos praticando a sabedoria
divina, remando contra a maré? Ou será que nos nossos negócios, na escola, no
serviço, já somos idênticos ao mundo? Será que nós também adotamos o padrão de
esperteza, de querer levar vantagem em tudo?

I. A Cultura (Sabedoria) do Inferno: Ambiciosa e


Contenciosa (14-16)
         Cada cultura no mundo tem seus costumes, suas marcas peculiares. Vemos
isso especialmente nas formas de se vestir de cada grupo étnico. A cultura do
inferno também usa uma roupa típica. Não é vermelha, com chifres e tridente, mas
tem um traje facilmente identificável. É o vestuário do diabo e tem cheiro de
enxofre!
         A cultura do mundo (inferno) em relação à cultura do céu diz:
 

"Somente o forte sobrevive" (Deus diz que os mansos herdarão a terra) "Você é
mestre do seu destino." (Mas o céu sabe que Deus é soberano) "Usa pessoas, ama
coisas." (Deus diz, "Usa coisas, ama pessoas") "Comamos, bebemos, amanhã
morreremos" (Deus diz, "Comam e bebam, mas lembrem-se de que tudo que você
faz será lembrado para sempre) "Eu sou número um, e não existe número dois!"
(Deus diz, "Amarás o teu próximo como a ti mesmo."

         Nos versículos de 14 a 16 há duas descrições principais da cultura infernal:


ambiciosa e contenciosa. ESSA CULTURA É ESPERTA E QUER LEVAR
VANTAGEM EM TUDO. A idéia é de ambição e arrogância na vida, com um
único propósito: satisfazer seus próprios desejos, viver para si, custe o que custar
para os outros. E ai de quem ficar na frente dessa pessoa. Faria qualquer coisa
para avançar.

 Inveja amargurada
         a palavra "inveja" literalmente diz "zelo". Zelo pode ser bom ou ruim. Mas
esse é ruim. É interesse demasiado em mim mesmo, um zelo por mim mesmo. EU
cuido de mim. EU me protejo. EU faço tudo em meu próprio interesse. E quando
não tenho meus desejos satisfeitos, fico magoado. Mas esse zelo desorientado e
diabólico também é vázio, e nunca pode ser satisfeito. Quanto mais o ego se
alimenta, tanto mais quer. Por isso é amargurado.
         A ética do mundo está totalmente centrada no eu. Temos que tomar cuidado,
pois existe uma doutrina de amor próprio que passa mascarada como sabedoria
biblica, quando de fato é característica da cultura do inferno. Alguns afirmam que
o homem precisa amar a si mesmo para poder amar ao seu próximo. Mas
confundem o ensino biblico. A Palavra de Deus nunca nos manda amar a nós
mesmos - muito pelo contrário, usa o amor natural que as pessoas tem como o
padrão da medida de amor que devem ter para com os outros. A ética bíblica é
uma ética OUTRO-cêntrica. Essa é a vida de Jesus em nós. Está mais preocupado
com o bem-estar do outro do que consigo mesmo. Declarações sobre "baixa auto-
estima", "falta de amor próprio", "complexo de inferioridade" revelam
preocupações da cultura mundial. Pessoas deprimidas, vázias, em parafuso, às
vezes (nem sempre) passam pelas nuvens pretas pois vivem em torno de si mesmas.
Precisam elevar os olhos e ver outras pessoas ao seu redor, pessoas com
necessidades e dificuldades maiores que as suas. Quando nosso mundo gira em
torno de nós mesmos, quando defendemos os direitos de "numero 1" seguimos a
sabedoria desse mundo e do seu principe. Mas o fruto que colhemos é muito
amargo.

 Sentimento faccioso.
        "ambição egoísta" A idéia é de contendas entre pessoas, causadas justamente
pela competição, pela cobiça, por partidarismo e divisão. A Biblia é muito clara
quando diz que "Deus ODEIA quem semeia contendas entre irmãos" (Pv 6:19). Mas
essa é a cultura do inferno.
 

 Terrena.
        "Não é a sabedoria que desce lá do alto", então deve ser de baixo! Sabedoria
do inferno é o padrão entre os homens. É "da terra". Uma terra em que os mais
fortes devoram os mais fracos. Cada um por si e que os demais que se danem.
Contudo, esses não são os padrões de Deus. Ele disse que "os mansos herdarão a
terra!", "Quem perder sua vida no serviço a outros, achá-la-á."
 

 Animal (não espiritual).


        A palavra descreve o homem "natural" ou seja, o homen não regenerado, que
não consegue viver um padrão sobrenatural e voltado para o bem do outro. É
material e sensual, portanto sub-natural, pois não foi assim que Deus fez o homen.
Vemos essa característica animal logo depois do primeiro pecado, no Jardim do
Éden. Adão parece um animal com suas costas na parede quando confrontado por
Deus. E em resposta, ele vai ao ataque, culpando a mulher e depois a Deus pelo seu
pecado.
         Vemos isso o tempo todo. É só reparar, filas de banco, engarrafamento de
trânsito, disputas pelas últimas vagas em estacionamentos, lutas desesperadas pela
vantagem que queremos ter sobre todos.
 

 Demoníaca.
        Aqui descobrimos a verdadeira origem dessa sabedoria. É a cultura do
inferno! É assim que os demônios vivem. Quando adotamos o padrão de ambição,
amor próprio, divisão e contendas nos revelamos como cidadãos de uma sociedade
totalmente possessa pelo culto de si mesmo, em que cada um devora o outro,
falando mal, acusando, criticando, xingando. Cria pessoas nunca satisfeitas,
descontentes, ou acomodadas. Sempre exigindo mais e mais, mais conquistas, mais
honras, mais dinheiro, mais posses, mais glória. Que maneira horrível de se viver!
 
"Não é ambiciosa minha alma. Não anda a procura de grandes coisas, de coisas
maravilhosas demais para mim..."  Sl 131

 Confusão e toda espécie de coisas ruins.


        Quais os resultados esperados da cultura do inferno, em que é cada um por si?
O primeiro é confusão. A palavra fala de desordem. Encrencas. Esse zelo
amargurado é o que causa brigas em nossos casamentos, entre irmãos, nos
esportes. Leva para úlceras, hipertensão, enfartos, brigas, familias desfeitas,
separação, divórcio, lágrimas, ressentimento, mágoas, igrejas dividas, um
testemunho perdido.
         Jesus disse "Vinde a mim... aprendei de mim, pois sou MANSO E HUMILDE
DE CORAÇÃO e achareis descanso para vossas almas!" Jesus ofereceu vida por
meio da morte--morte para si, para sua ambição, para sua fama, para a defesa dos
seus direitos, para a promoção dos seus interesses. Quando você não se importa
com quem recebe a gloria, fica livre para amar!

II. A Cultura do Céu: Pacífica e Bondosa (16-18)


         A cultura do céu compartilha a vantagem em vez de levar vantagem. Se for
necessário, leva desvantagem. Isso não significa ser "capachão", mas cristão. O
"jeitão" do céu é pensar nos outros antes de mim mesmo.
         Assim como a cultura e sabedoria do inferno tem sua roupa típica, a
sabedoria do alto também se veste de forma única. Essa sabedoria manifesta-se
numa vida transformada-- coração, cabeça e conduta. (13). Sabedoria diante de
Deus, não é tanto uma questão intelectual, mas moral.
 

 Pura
        Pureza de mente, pureza de vida, são ridicularizados em nossos dias. A
sabedoria do inferno é suja, esperta, cheia de gracinhas que gozam da santidade da
pureza moral. Essa sabedoria do inferno já contaminou a terra. Dizem que a
indústria da pornografia nos EUA gera mais de 10 bilhões de dólares por ano. Dez
mil novos filmes pornográficos são produzidos, e mais de 700 milhões de vídeos são
emprestados. A corrupção mundial devora o dinheiro do povo.
         Criticamos a corrupção dos grandes, mas um dia eles eram pequenos como
nós. E a infidelidade nessas coisas pequenas transformou-se nessa grande
corrupção que nos deixa indignados.
 

 Pacífica--não causa, mas cura conflitos!


        Um pacificador está sempre pronto para paz! Quer resolver conflitos a
qualquer custo! Não guarda mágoas! Nao permite que haja barreiras entre os
irmãos.
         Porque sabe viver pela graça, pela aceitação incondicional de Deus, não tem
nada a perder. Nada para defender. Não precisa proteger seus próprios interesses
a qualquer custo. Quando errado, é capaz de pedir perdão. Quando certo, não
precisa brigar até humilhar os outros. Para esse indivíduo, pessoas são mais
importantes que posições.
 

 Indulgente (amável)--moderado, cortês, gentil,


tolerante, manso.
        Não arrogante, não é sábio aos seus próprios olhos, tem "poder sob controle".
É um fruto do Espírito. É uma maneira de ver e tratar as pessoas, que não as usa,
mas as ama.
 

 Tratável (compreensiva)
        A cultura do céu é ensinável, acessível, ouve, se submete, não rancoroso, não
cria motivos para discutir... disposto. Essa pessoa ouve críticas com humildade e
cresce.
 

 Plena de Misericórdia e Fruto da Justíça (Gl 5:22)


        Cidadãos do céus mostram compaixão, mesmo que o outro não tenha razão.
Interesse genuíno pelo outro que leva a abrir mão dos meus interesses, meus
direitos, e tratar o outro com misericórdia. Firmeza com compaixão. "Plena de
misericórdia" significa "ser controlado" pela misericórdia, assim como "cheio do
Espírito" significa ser controlado pelo Espírito. Mas como? Uma pessoa
controlada pela misericórdia sempre deixa que a misericórdia ganhe quando há
um conflito em seu espírito.
 
 Imparcial.
        Não olha somente para si mesmo e seus interesses (2:1-11). Não julga as
pessoas pelo que tem, pelo que sabem, pelo que podem fazer por ela. Tem a
perspectiva de Deus sobre as pessoas.
 

 Sem fingimento -- Não faz da vida um "show".


        Não usa máscaras, nem finge ser o que não é. Pois na verdade é transparente.
Quem é assim? Mais uma vez, descobrimos que não somos nós, mas Cristo. Ele é a
sabedoria de Deus que se tornou sabedoria para nós. E hoje quer viver Sua vida
em nós.
         Qual é a sua cultura? Você semeia a paz, procurando sempre levar
vantagem? Ou compartilha as vantagens que já recebeu em Cristo Jesus (v. 18)?

A CULTURA DO CÉU NÃO PROCURA LEVAR VANTAGEM; MAS


COMPARTILHA A VANTAGEM QUE JÁ TEM EM CRISTO.

Autor: Pr Davi Merkh com Felipe Hirata


 

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