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org António Cartucho, Nuno Moura, Marco Sarmento

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS ROTURAS DA COIFA DOS


ROTADORES

Bolsa
Acromio Acromio

Infra espinhoso
Supra espinhoso

Pequeno Redondo
Sub escapular

Capsula articular Frente Costas

A coifa dos rotadores é constituida por quatro tendões que se

encontram sobre a capsula articular a qual envolve a articulação do ombro.

Estes tendões chamam-se: Sub-escapular (á frente), supra-espinhoso (em

cima) e infra-espinhoso e pequeno redondo atrás. Por acção dos respectivos

músculos os tendões actuam em conjunto para controlar o movimento do

ombro ( veja artigo sobre sindrome de conflito).

Por acções externas (traumatismos) e/ou internas estes tendões

sofrem alterações da sua estrutura e da sua qualidade. Assim uma queda

pode levar a uma rotura de um destes tendões, mas também o processo de

envelhecimento do tendão aliado aos esforços diários, podem desgastar

tanto o tendão que se dá origem a uma rotura. Também um tendão

desgastado, embora sem rotura, por ocasião de um traumatismo de baixa

energia pode romper mais facilmente. Embora estas situações levem a

roturas, têm caracteristicas diferentes e como tal devem ser encaradas de

foras distintas.

Na consulta procuramos saber se já existiam queixas no ombro, se

ouve ou não um tramatismo e qual a sua intensidade, se o inicio das queixas

foi imediato, que intensidade e tipo de dores tem e qual a sua incapacidade

para efectuar movimentos com o ombro. Durante a observação médica

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procuramos sinais de atrofia muscular e de diminuição de força para

podermos valorizar o que vamos encontrar nos exames complementares.

A radiografia mostra as alterações osseas e dá sinais indirectos de

lesão dos tendões, sendo portanto um exame importante. A ecografia é o

único exame que pode mostrar a acção dos tendões em movimento, no

entanto a sua qualidade é muito dependente de quem a faz e não dá

informações sobre a qualidade do tendão e do músculo. A Tomografia Axial

Computorizada (TAC) tem interesse muito reduzido nesta patologia. A

Ressonância Magnética pode mostrar a dimensão da rotura, a sua

localização, a qualidade do tendão e do músculo, sendo o exame mais

importante numa suspeita de rotura da coifa dos rotadores

Na análise da situação a consulta com o seu médico é fundamental.

Em conjunto com os exames complementares, este fica em condições de lhe

apresentar os vários tipos de tratamento e aconselhar qual, no seu caso, tem

maiores probabilidades de diminuir/acabar com a sua dor e melhorar a sua

função de forma duradoira.

Quando a dor é muito forte, impedindo-o por exemplo de dormir á

noite, o seu médico pode indicar que faça uma infiltração. Além de lhe

diminuir a dor ajuda também a perceber se a sua dificuldade em fazer

movimentos com o ombro se deve em grande parte á dor ou se deve

sobretudo á rotura do tendão.

Em roturas que se dão em tendões já doentes e em roturas de parte

da espessura do tendão ou completas mas de pequenas dimensões ( menor

que 1cm), a fisioterapia pode ser uma boa solução. Os objectivos são, na

fase inicial, diminuir a dor e posteriormente optimizar o funcionamento de

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todos os músculos e tendões da cintura escapular, para explorar a

possibilidade de equilibrar mecanicamente o seu ombro e permitir-lhe uma

vida com qualidade.

Há no entanto situações em que sabemos de antemão, por análise

estatistica dos doentes tratados, que a fisioterapia não é a melhor solução.

Numa rotura traumática de um tendão de boa qualidade a opção cirurgica é a

melhor. Hoje em dia a reparação cirúrgica da coifa dos rotadores é feita por

artroscopia. Em mãos experimentadas esta técnica veio permitir conhecer a

as características da rotura e de acordo com elas escolher a melhor e mais

estável forma de a reparar. Este facto permite uma fisioterapia mais precoce

e mais segura e de acordo com vários trabalhos comparativos leva a

melhores resultados mesmo em tendões com menos boa qualidade.

Quando a qualidade dos tendões e músculos impede que a reparação

da rotura leve a um bom resultado, torna-se necessário tomar outras opções.

Em doentes com menos de 55 anos as transferências musculares podem

ser uma boa opção. São cirurgias tecnicamente muito complexas que

consistem em colocar um tendão numa posição anatómica que lhe permita

ter uma acção semelhante á do tendão irreparável. Os resultados para as

roturas do supra-espinhos e infra-espinhoso são bons e consistentes. Já a

associação de duas transferências tendinosas dá resultados menos

consistentes.

Em doentes com mais idade e com roturas maciças, a solução com

mais probabilidades de diminuir a dor e dar uma função compativel com uma

vida independente e com qualidade é uma protese especial (invertida) que

permite levantar o braço sem os tendões da coifa. Trata-se de uma solução

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que foi pensada para doentes na sétima década da vida, tendo a protese sido

idealizada especificamente para a rsolução deste problema. A grande maioria

dos doentes, embora não tenham mobilidades completas, adquiriram um

conforto e uma autonomia que os faz estar muito satisfeitos com o resultado.

Em resumo a rotura da coifa é uma entidade multifacetada. Os

especialistas na area do ombro e cotovelo têm capacidade, para através da

observação médica e dos exames complementares, lhe propor o protocolo de

tratamento que segundo a nossa experiência tem mais probabilidades de o

ajudar. Este texto tem como objectivo informá-lo para que possa participar de

forma mais esclarecida e activa no seu tratamento.

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