ANTUNES, Irandé. Avaliação da Produção Textual no Ensino Médio. In: BUNZEN,
Clécio; MENDONÇA, Márcia (orgs.). Português no Ensino Médio e Formação do Professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006, PP. 163-180.
A autora nesse capítulo, apresenta os requisitos que considera necessários e
pertinentes no que diz respeito à avaliação dos textos produzidos em sala de aula pelos alunos do ensino médio, partindo, primeiramente, de uma reflexão com atenção voltada para uma abordagem avaliativa generalista para depois se deter ao campo da avaliação escrita propriamente dita, restrita e específica.
A partir de uma série de questionamentos pertinentes e devidos ao processo
avaliativo de modo mais geral e abrangente, a autora expõe os aspectos relevantes no momento de se ponderar a respeito do que deve ser levado em consideração para a efetivação significativa de avaliação no sentido de situar os “personagens” desse processo em suas respectivas ações e procedimentos diante do fato de ter de avaliar, o que avaliar, como, para quê e o porquê da necessidade de uma atenção maior para esse aspecto fundamental que permita, realmente, a formação de um indivíduo autônomo em suas análises e escolhas, ou seja, não mais um mero espectador mais um agente ativo diante de sua realidade.
Após as apreciações avaliativas de natureza mais extensiva, serão apresentadas as
questões referentes ao âmbito avaliativo restrito às produções textuais em que se discorre brevemente sobre o conceito do que viria a ser o processo de escrita e como esse processo decorre, no qual se afirma que para se produzir um texto são necessários muitos outros aspectos além do que já se convencionou acreditar como necessários e suficientes para tal finalidade. Também são dispostos todos os procedimentos já indevidamente adotados em sala de aula pelo professor, seguido de considerações em que autora acredita ser relevante no ato de avaliação dos textos escritos pelos educandos e que poderiam ser tomados pelo professor como uma prática de reflexão e análise dos requisitos efetivamente indispensáveis a uma produção textual. Depois das considerações a respeito das avaliações sob o ponto de vista geral e específico, a autora apresenta os parâmetros a seres levados a efeito para a realização dessa avaliação, em que são postos os aspectos integrantes da produção textual, na perspectiva de análise da autora, como os elementos lingüísticos, de textualização e situacionais pragmáticos em que ocorre a escrita desse texto. A partir daí, são postos todos os aspectos importantes no momento de se ponderar a respeito do que deve ser levado em consideração para uma produção textual discente que represente uma compreensão multifacetada e bastante ampla do que vem a ser o processo de escrita textual por parte dos alunos e também do professor.
Em seguida, são demonstrados os reflexos acerca dos parâmetros propostos,
devidamente direcionados aos “personagens” do processo de avaliação textual. Com relação ao professor, Irandé atribui e distribui essas repercussões em avaliações que englobam conceitos envolvendo totalidade, em que os critérios avaliativos partiriam de acertos e tentativas; equilíbrio; consistência; responsabilidade e significância, em que todo o trabalho de sujeito-mediador docente retornaria para a sala de aula com a finalidade de legitimar os esforços desse profissional no sentido de proporcionar as condições de aprendizagem de uma produção textual discente significativa. No que diz respeito ao aluno, são relacionadas algumas ponderações a respeito da aquisição de autonomia discente na tomada de decisões e reflexões, além do entendimento do caráter socialmente convencionado referente à norma-padrão e de que por esse motivo essa deve ser concebida como algo flexível e devidamente adequável às respectivas situações comunicativas em que este aluno estiver inserido, e por fim a devida assimilação compreensiva dos diversos gêneros textuais existentes como modelos de escrita também socialmente convencionados. No que tange à escola, têm-se que a finalidade desta instituição deveria constituir na viabilização e da promoção da inclusão social dos alunos, sobretudo os que já pertencem à classe de excluídos por razões próprias de suas situações de pobreza e discriminação social.
Ao final do capítulo, será brevemente mencionado acerca da proporção percebida
em relação aos pontos abordados sobre a avaliação textual dos alunos de ensino médio, em que a autora considera como ampla, complexa e multidimensional, porém muito mais próxima de algo irrealizável. A avaliação é postulada como um instrumento regulador do processo de aprendizagem em curso, ou seja, um termômetro do desempenho discente e não apenas uma forma de ensino pautado pura e simplesmente na exposição de erros sucessivos sem considerar o que pode ter sido assimilado, apreendido pelo aluno na construção do seu conhecimento.