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Principais aspectos teóricos da Teoria de

John Rawls

Congresso Acadêmico 2010

Professor Ms. Gabriel Setti


John Rawls
 Conhecido Filósofo Político norte-
americano
 Falecido em 2002 aos 81 anos
 Principal Obra “Uma Teoria da
Justiça” de 1971
Introdução

 Filosofia Política x Ciência Política


 Teoria normativa x Teoria empírica
Filosofia Política

 Filosofia: reflexão como as coisas


deveriam ser - pensamento de quais
são os melhores sistemas políticos,
Estados, Governos, Leis etc
 Pensamento filosófico – juízo de valor
sobre qual ou quais são as instituições
ideais
 Ex:Platão e a concepção do Rei-filósofo
Ciência Política

 Investigação voltada para compreender


a realidade dos fenômenos políticos
 Ex: Metodologias quantitativas –
apontam tendências, preferências etc
 Se constitui como um campus já no
século XX se tornando independente da
filosofia.
 Nasce “colada” à economia
Teoria normativa ou prescritiva

 Mais localizada no campo da Filosofia


Política
 Normatiza ou prescreve como a
realidade deveria ser.
 Possui juízo de valor – É preferível este
ou aquele sistema político, esta ou
aquela instituição, maior ou menos
Estado etc
Teoria empírica

 Voltada para a “tradução” da realidade


 Tendência à neutralidade
 Empírico: voltado para a realidade
sensível; o que pode ser observável,
medido, visto, palpável.
 Teoria empírica se relaciona com
ciência política contemporânea
O que é contratualismo?
Teoria de John Rawls

 Localizada mais no campo da filosofia


política e na teoria política normativa ou
prescritiva
 Não abandona totalmente uma análise
empírica
 Abordagem da política a partir de uma
concepção de moral baseada na ideia
de justiça
Sobre a teoria de Rawls

 Se constitui como uma solução


intermediária entre a filosofia da moral
baseada no imperativo categórico
kantiano e o utilitarismo
 Concepção de sociedade baseada em
princípios de justiça como equidade.
A Filosofia moral de Kant

 Imperativo categórico: conceitos morais


universalizáveis
 Estabelecedidos a priori (antes) da ação
 O indivíduo é um fim em si mesmo
 Ética da convicção: Conceitos
universais.
 Não mentir, não roubar, não fazer o mal.
Utilitarismo
 Doutrina moral ou política que avalia a
relação custo benefício das ações
 Ênfase nos resultados.
 Os meios para se chegar aos resultados
não são tão relevantes
 Baseado e princípios economicistas
como o da Teoria da Escolha Racional
Rawls

 Procura elaborar uma teoria que


solucione “intermediária” entre essas
duas concepções morais.
 Principais conceitos de sua teoria:
Princípios de Justiça,
Neocontratualismo e véu da ignorância
Justiça como equidade

 A construção de uma sociedade a partir dos princípios de


justiça:

“Digamos agora que uma sociedade é bem-ordenada não


apenas quando está planejada para promover o bem de seus
membros mas quando é também efetivamente regulada por
uma concepção pública de justiça. Isto é, trata-se de uma socie-
dade na qual (1) todos aceitam e sabem que os outros aceitam
os mesmos princípios de justiça, e (2) as instituições sociais
básicas geralmente satisfazem, e geralmente se sabe que satis-
fazem, esses princípios” Rawls
“Desse modo, os que defendem outras concepções de
justiça podem ainda assim concordar que as instituições
são justas quando não se fazem distinções arbitrárias entre
as pessoas na atribuição de direitos e deveres básicos e
quando as regras determinam um equilíbrio adequado entre
reivindicações concorrentes das vantagens da vida social”
“ Tomadas em conjunto como um único esquema, as instituições sociais mais importantes
definem os direitos e deveres dos homens e influenciam seus projetos de vida, o que eles
podem esperar vir a ser e o bem-estar econômico que podem almejar. A estrutura básica é
o objeto primário da justiça porque seus efeitos são profundos e estão presentes desde o
começo. Nossa noção intuitiva é que essa estrutura contém várias posições sociais e
que homens nascidos em condições diferentes têm expectativas de vida diferentes,
determinadas, em parte, pelo sistema político bem como pelas circunstâncias econômicas
e sociais. Assim as instituições da sociedade favorecem certos pontos de partida mais que
outros. Essas são desigualdades especialmente profundas. Não apenas são difusas, mas
afetam desde o início as possibilidades de vida dos seres humanos; contudo, não podem
ser justificadas mediante um apelo às noções de mérito ou valor. É a essas desigualdades,
supostamente inevitáveis na estrutura básica de qualquer sociedade, que os princípios
da justiça social devem ser aplicados em primeiro lugar. Esses princípios, então,
regulam a escolha de uma constituição política e os elementos principais do sistema
econômico e social. A justiça de um esquema social depende essencialmente de como se
atribuem direitos e deveres fundamentais e das oportunidades econômicas e condições
sociais que existem nos vários setores da sociedade .”
Justiça como equidade e contratualismo

“a idéia norteadora é que os princípios da justiça para a estrutura


básica da sociedade são o objeto do consenso
original. São esses princípios que pessoas livres e racionais,
preocupadas em promover seus próprios interesses, aceitariam
numa posição inicial de igualdade como definidores dos ter-
mos fundamentais de sua associação. Esses princípios devem
regular todos os acordos subseqüentes; especificam os tipos de
cooperação social que se podem assumir e as formas de governo
que se podem estabelecer. A essa maneira de considerar os
princípios da justiça eu chamarei de justiça como equidade.”
Contrato social e véu da ignorância
“Na justiça como equidade a posição original de igualdade corresponde ao
estado de natureza na teoria tradicional do contrato social. Essa posição
original não é, obviamente, concebida como uma situação histórica real,
muito menos como uma condição primitiva da cultura. É entendida como
uma situação puramente hipotética caracterizada de modo a conduzir a
uma certa concepção da justiça. Entre as características essenciais dessa
situação está o fato de que ninguém conhece seu lugar na sociedade, a
posição de sua classe ou o status social e ninguém conhece sua sorte na
distribuição de dotes e habilidades naturais, sua inteligência, força, e coisas
semelhantes. Eu até presumirei que as partes não conhecem suas
concepções do bem ou suas propensões psicológicas particulares. Os
princípios da justiça são escolhidos sob um véu de ignorância. Isso garante
que ninguém é favorecido ou desfavorecido na escolha dos princípios
pelo resultado do acaso natural ou pela contingência de circunstâncias
sociais. Uma vez que todos estão numa situação semelhante e ninguém
pode designar princípios para favorecer sua condição particular, os
princípios da justiça são o resultado de um consenso ou ajuste eqüitativo.
Pois dadas as circunstâncias da posição original, a simetria das relações
mútuas, essa situação original é eqüitativa entre os indivíduos tomados
como pessoas éticas, isto é, como seres racionais com objetivos próprios
e capazes, na minha hipótese, de um senso de justiça. “
2 princípios da justiça

Primeiro: cada pessoa deve ter um direito igual ao


mais abrangente sistema de liberdades básicas
iguais que seja compatível com um sistema
semelhante de liberdades para as outras.
Segundo: as desigualdades sociais e econômicas
devem ser ordenadas de tal modo que sejam ao
mesmo tempo (a) consideradas como vantajosas
para todos dentro dos limites do razoável, e (b)
vinculadas a posições e cargos acessíveis a
todos.
Esses princípios se desdobram em:

“Todos os valores sociais - liberdade e


oportunidade, renda e riqueza, e as
bases sociais da auto-estima - devem
ser distribuídos igualitariamente a não
ser que uma distribuição desigual de um
ou de todos esses valores traga
vantagens para todos.”
“A injustiça, portanto, se constitui
simplesmente de desigualdades que
não beneficiam a todos.”
Rawls

Bons estudos
Prof. Gabriel Setti

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