Você está na página 1de 2

Compostagem

Carlos Roberto Mendes de Sousa Júnior

Nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como o caso do Brasil, a


grande maioria (65% a 70%) dos resíduos sólidos urbanos gerados consiste de
materiais orgânicos facilmente biodegradáveis, passíveis de serem tratados (e
adequadamente devolvidos ao meio ambiente) através da compostagem.

Pode-se definir compostagem como o conjunto de procedimentos que possibilita a


transformação, em tempo relativamente reduzido, mas sob controle e monitoramento
técnicos rigorosos (embora relativamente simples), de rejeitos orgânicos
biodegradáveis em "composto orgânico", isto é, num complexo de materiais
orgânicos estabilizados, ou mineralizados, que pode ser vantajosamente utilizado
como fertilizante e condicionador de solos agrícolas.

A moderna legislação ambiental, particularmente nos países do chamado "Primeiro


Mundo", tem imposto sérias restrições ao uso generalizado do "composto orgânico"
como fertilizante agrícola, dada a ocorrência de contaminação do mesmo por metais
pesados e/ou microorganismos patogênicos, em taxas superiores àquelas admitidas
como toleráveis pela mesma legislação.

Embora a ocorrência desses tipos de contaminação se deva, essencialmente, ao


deficiente controle do processo de estabilização, ou mineralização, dos resíduos
orgânicos que se constituem na matéria-prima da compostagem, o próprio conceito
do interesse efetivo desse procedimento tem sido questionado naquelas realidades.

Esse questionamento, nos últimos tempos e naqueles contextos, tem levado, por um
lado, a considerar-se a compostagem como, simplesmente, um processo de
tratamento preliminar dos Resíduos Sólidos, anterior à sua disposição final em
aterros sanitários, como estratégia para redução da carga orgânica dos efluentes
líquidos desses aterros; e, por outro lado, a restringir-se à fonte de matéria-prima
para a produção de "composto orgânico" para uso agrícola aos restos de podas e
outros resíduos orgânicos "limpos" (recolhidos em separado nos locais em que são
gerados, tais como mercados, supermercados, atacadistas de frutas e verduras),
etc), de forma a impedir, ou minimizar, seu contacto com contaminantes químicos
e/ou biológicos.

Nos sistemas de gestão em massa de RSU, a compostagem acha-se vinculada à


"usinas de triagem", sendo que, nas mesmas, a parcela (eminentemente orgânica
biodegradável) restante dos procedimentos de separação dos materiais
potencialmente recicláveis é geralmente triturada e submetida ao processo de
estabilização em leiras, eventualmente associadas a métodos de aeração mecânica
forçada.


Graduando do curso de Engenharia Ambiental da Universidade FUMEC, dezembro/2004.
Entretanto, a qualidade intrínseca do composto orgânico produzido nessas
condições é fortemente comprometida pelo fato de apresentar-se misturado a cacos
de vidro e resíduos metálicos perfuro-cortantes, cuja separação implicaria em
relativamente sofisticados e onerosos procedimentos, incompatíveis com o preço
alcançado no mercado por esse produto.

Portanto, e muito embora nossa legislação ambiental ainda não tenha adotado para
com o controle da qualidade do processo de compostagem o rigor vigente em países
economicamente mais desenvolvidos, a própria realidade de mercado tem induzido
a que esse muito importante tipo de tratamento se restrinja a resíduos orgânicos
"limpos", manejados em separado de resíduos "contaminantes" desde sua origem.

Conclui-se que a compostagem é de extrema importância para o meio ambiente,


pois diminui o volume de resíduos sólidos e aumenta a produção de fertilizantes para
a agricultura. O que sugere que os órgãos ambientais devam incentivar e decretar
tratamento da compostagem pura e a contaminada para evitar impactos ambientais.

Bibliografia
FIORE, F.A. Apostila de Gestão de Resíduos Sólidos. Belo Horizonte: 2003. 3 – 30p.

Você também pode gostar