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O soneto aborda a vida passada do poeta e a tristeza que ele sente ao recordá-
la. Assim, nas primeiras três estrofes, exprime a sua tristeza em relação à vida
que foi passando e os erros que foi cometendo. Para o fazer, evoca três razões
que justificam um passado infeliz; “Erros meus, má fortuna, amor ardente”,
que, de forma intencional, se reuniram numa metafórica conjura para tramar
contra o poeta: “Em minha perdição se conjuraram” (v. 2). Partindo desta ideia,
o poeta desenvolve o seu lamento ao longo das estrofes seguintes. Assim, o
sujeito poético aprendeu a não ter esperança na alegria que a vida lhe podia
proporcionar: “A grande dor das causas que passaram, / que as magoadas iras
me ensinaram / a não querer já nunca ser contente” (vv. 5-9).
Concluindo que todo o seu percurso de vida foi errado, pois foi sempre iludido
pelo amor: “De amor não vi senão breves enganos” (v. 12), e tendo em conta que
o amor seria o suficiente para o levar à perdição: “Os erros e a fortuna
sobejaram,/ que para mim bastava amor somente” (vv. 3-4), a Fortuna, ou seja
o destino, castigou as suas sempre “mal fundadas esperanças” (v. 11), pois estas
foram sempre criadas por um amor ilusório.
Interpretaçã
Vida desgraçada de Camões.
o da crítica
biografista
O Desconcerto do Mundo
“Experiência amorosa e experiência de vida colocam Camões perante uma
constatação: a de que o mundo, a realidade, é absurda e domínio do
desconcerto, em que premeiam os maus e castigam os bons. Esta
constatação deixou marcas na lírica camoniana, em poemas de revolta, queixa,
desengano, perplexidade angustiada.
Ingratidão, abuso do poder, perseguições são manifestações de um Destino
humano e pessoal que o poeta sente como inexoravelmente hostil. Reflectindo
sobre a sua experiência, o poeta conclui que sempre às maiores expectativas
sucederam os maiores desenganos, que, para ele, vítima da Fortuna, a
felicidade sempre foi uma ilusão e sempre o bem foi passado e o mal presente.
A Mudança, que é condição de tudo, e que poderia ser uma forma de
renovação tal como o é na natureza, no poeta faz-se sempre para pior.
Dai a sua dúvida, a sua perplexidade, o seu não entender, a sua raiva, a revolta
impotente – reflectidos em desabafos autobiográficos, em sonetos e canções.
Outra recorrência é a tópica da alma e o corpo unidos de forma indissolúvel,
que levam o homem a considerá-lo como uma prisão - para Camões o desterro -
onde aquela vivia enclausurada. Assim, era entendido, no Renascimento, via
eoplatonismo, a determinação de que a alma, mesmo cativa, tinha a lembrança
(reminiscência) do Bem Supremo, quando era livre. Dessa lembrança, surge o
desejo e a esperança que são, ao mesmo tempo, causa e efeito das
conturbações psicológicas e amorosas existentes no homem. Em Camões, tal
pode ser verificado na representação lírica de uma vida onde só existiram
mudanças e desencontros, em um estado de desengano e desesperança em
relação às expectativas incertas do futuro. Está claro que o eu-lírico
camoniano "Errei[ou] todo o discurso dos meus[seus] anos/ Dei[eu] causa a que
a Fortuna castigasse/ As minhas[suas] mal fundadas esperanças"//14. Como
solução a esses problemas, só restava tentar fazer das belezas criadas as
reminiscências da Beleza Absoluta; e então, esforçar-se para alcançá-las.
Os seus próprios erros, a fortuna, o amor se juntaram para o perder = desilusão. Perdido,
errou sempre, sem leme, sem rumo no discurso dos anos - no tempo que leva à morte.
Significado do verso "Vai fermosa e não segura": por ser formosa pode ser
assaltada pelo amor e quanto mais formosa mais exposta está aos perigos do
amor.
Caracterização de Lianor:
Caracterização: Vilancete