Você está na página 1de 53

Curso Técnico de Instalações Eléctricas

Disciplina de Práticas Oficinais

Manual do Módulo 7

Instalações Eléctricas Industriais I

Ano lectivo
2009/2010
Eng.º Nuno Sousa
Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Índice

1. Canalizações.....................................................................................................................................3
1.1. Tipos de canalizações ................................................................................................................3
2. Aparelhagem de corte, comando e protecção...................................................................................8
3. Quadros eléctricos e acessórios.......................................................................................................12
4. Iluminação.......................................................................................................................................15
4.1. Fluxo luminoso e eficiência luminosa.....................................................................................15
4.2.Intensidade luminosa................................................................................................................16
4.3.Nível de iluminação ou iluminância.........................................................................................16
4.4. Brilho ou Luminância..............................................................................................................18
4.5.Características de uma lâmpada................................................................................................18
4.6.Tipos de lâmpadas.....................................................................................................................19
5. Correcção do factor de potência (cosφ)..........................................................................................20
5.1. Exercício de aplicação sobre a correcção do factor de potência .............................................25
6. Sistema de terra (protecção e serviço)............................................................................................27
6.1. Protecção das pessoas contra contactos indirectos..................................................................28
6.2. Esquemas de Ligações à Terra em corrente alternada.............................................................29
6.2.1. Esquema TT (R.S.I.U.E.E. artº 598) ....................................................................................29
6.2.2. Esquemas TN (R.S.I.U.E.E. artº 600) ..................................................................................32
6.2.3. Esquema IT...........................................................................................................................35
6.3. Massas e elementos condutores ..............................................................................................37
6.4. Medição da resistência do circuito de terra..............................................................................38
6.4.1. Métodos de medida...............................................................................................................39
6.4.2. Método de queda de tensão com 3 fios.................................................................................40
6.4.3. A regra dos 62%....................................................................................................................41
6.5. Exemplos de sistemas de terra das massas ..............................................................................43
7. Pára-raios........................................................................................................................................45
7.1. Tipos de captores.....................................................................................................................49
7.2. Condutor de descida ou simplesmente descida........................................................................49
8. Bibliografia....................................................................................................................................52

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 2


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

1. Canalizações
Canalização é o conjunto constituído por um ou mais condutores eléctricos e pelos elementos que
garantem a sua fixação e, em regra, a sua protecção mecânica. O tipo de canalização a empregar
em instalações eléctricas industriais, deverá ser escolhido de acordo com as condições ambientes
e de utilização do local.
No estabelecimento das canalizações deverá, na medida do possível, evitar-se submeter as
canalizações a esforços mecânicos desnecessários, reduzindo o número de curvas, de travessias,
etc. Por outro lado, as canalizações deverão ser estabelecidas de forma a poder ser assegurada a
sua boa exploração e conservação. Assim, deverá ser assegurada a possibilidade de verificação
do estado do seu isolamento, da localização ou reparação de qualquer avaria, da acessibilidade
dos aparelhos de ligação, etc.
Os condutores de uma canalização apenas deverão ser colocados depois de terminados os
trabalhos de construção civil que os possam danificar.
A protecção das canalizações contra acções mecânicas deverá ter continuidade assegurada ao
longo de toda a canalização, bem como o número de juntas ou uniões que assegurem a
continuidade da protecção contra acções mecânicas deverá ser limitado ao mínimo possível.
Quanto aos elementos de protecção contra acções mecânicas, estes deverão ser manipulados de
forma a evitar a existência de rebarbas susceptíveis de prejudicar o isolamento dos condutores
isolados ou as bainhas dos cabos.

1.1. Tipos de canalizações


Em função do modo de instalação podemos considerar os seguintes tipos de canalizações:
Canalizações embebidas Uma canalização embebida é constituída por condutores isolados ou
cabos, rígidos, protegidos por tubos, os quais por sua vez são embebidos em roços realizados nos
elementos da construção. As figuras seguintes representam diferentes fases da realização de uma
canalização embebida:

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 3


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

O diâmetro da tubagem utilizada nas canalizações embebidas deve ser calculado de forma a que
a soma das secções correspondentes ao diâmetro exterior médio dos cabos não exceda 33% da
secção recta interior do tubo.
No traçado das canalizações embebidas nas paredes deverão ser evitados troços oblíquos,
devendo, na medida do possível, estabelecer-se troços horizontais ou verticais a partir dos
aparelhos intercalados nas canalizações, ao longo dos rodapés, ombreiras, sancas e intersecção
de paredes.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 4


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Canalizações fixas em superfícies de apoio (canalizações à vista) são canalizações instaladas


sobre uma superfície de apoio (tecto, parede, divisória pavimento, etc.) ou na sua proximidade
imediata, constituindo um meio de fixação.
As figuras representam canalizações fixas, à vista, em superfícies de apoio, com cabo montado
sobre braçadeiras:

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 5


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

A tabela seguinte indica a distância máxima entre abraçadeiras em função do diâmetro externo do
cabo utilizado.

As figuras seguintes ilustram canalizações fixas, à vista, constituídas por condutores isolados ou
cabos, rígidos, protegidos por tubos:

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 6


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Caleiras Uma caleira é um espaço para alojamento de canalizações, localizado no pavimento ou


no solo, aberto, ventilado ou fechado, com dimensões que não permitam a circulação de pessoas
mas no qual as canalizações instaladas sejam acessíveis em todo o seu percurso durante e após
a instalação. Uma caleira pode estar, ou não, integrada na construção do edifício.

Caminhos de cabos Um caminho de cabos é um suporte constituído por uma base contínua,
dotada de abas e normalmente sem tampa. Um caminho de cabos pode ser, ou não, perfurado. As
figuras seguintes mostram exemplos de um caminho de cabos não perfurado e de outro perfurado:

Os caminhos de cabos devem ser instalados de forma a que o ar possa circular livremente entre
os cabos e de forma a que os mesmos possam ser fixados por braçadeiras de fivela.
Os cabos devem ser espaçados de 2 vezes o diâmetro do cabo mais grosso e devem ser estar ao
abrigo da incindência solar. No caso de serem dispostos vários caminhos de cabos, uns por cima
dos outros, devem ser espaçados de pelo menos 30 cm de forma a evitar o aquecimento mútuo.
Pelo mesmo motivo, as canalizações colocadas sobre caminhos de cabos devem ser espaçadas
de 2 vezes o seu diâmetro, ou se forem diferentes, da soma do seu diâmetro. Em caso contrário,
as intensidades admissíveis nos condutores serão mais reduzidas.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 7


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

2. Aparelhagem de corte, comando e protecção

Seccionadores
• Dispositivo mecânico de ligação que na posição de “Aberto” cumpre as condições de isolamento
segundo os critérios de segurança das normas. Utilizam-se para garantir a desconexão da
instalação quando em trabalhos de manutenção
• Não tem poder de fecho nem de corte. Não devem ser manobrados em carga, sob pena de
destruição
• Comando manual - a velocidade de operação é a que o operador aplicar (ocasionalmente
empregam-se molas para acelerar a manobra).
– Elementos principais – Bloco tri- ou tetrapolar e comando lateral ou frontal para abrir ou fechar
os pólos.
– Podem dispor de contacto auxiliar de pré-corte que actua sobre o contactor em caso de
manipulação acidental com carga.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 8


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Interruptores
• Interruptor: aparelho mecânico de conexão capaz de estabelecer, suportar e interromper a
corrente do circuito em condições normais e circunstancialmente em anomalia (curto-circuito, em
condições especificas e por tempo determinado).
• Interruptor automático ou disjuntor: Interruptor projectado para interromper correntes anormais
como as de curto-circuito
• Contactor: aparelho mecânico de ligação com apenas uma posição de repouso estável (aberto
ou fechado), capaz de ser accionado por diversas formas de energia, mas não a manual. Podem
estabelecer, interromper e suportar correntes normais da instalação e ocasionalmente as de curto-
circuito.

Interruptores-seccionadores

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 9


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Contactores
Os contactores podem ser dos seguintes tipos:
• Electromagnéticos – a força necessária para fechar o circuito provém de um electroíman;
Contactor electromagnético:

Apenas quando se alimenta a bobina do contactor, é que os contactos principais se fecham e se


comutam os auxiliares.

• Pneumáticos – a força para efectuar a ligação provém do ar comprimido;


• Electropneumáticos – similares aos pneumáticos, mas com o circuito de comando governado
por electroválvulas.

Categorias de emprego de contactores em corrente alterna:


AC-1: Receptores de corrente alterna com cos ϕ = 0,95 (aquecimento, distribuição,...)
AC-2: Arranque, frenagem a contra-corrente e marcha por impulsos dos motores de rótor bobinado
AC-3: arranque dos motores de gaiola de esquilo com corte em motor lançado
AC-4: Arranque, frenagem a contra corrente e marcha por impulsos dos motores de rótor em
gaiola de esquilo
AC-5a, AC-5b: Comando de lâmpadas de descarga e filamento
AC-6a, Ac-6b, AC-8a: Comando de transformadores, condensadores, compressores herméticos
de refrigeração com rearme manual das protecções de sobrecarga

Categoria de emprego em motores


• A IEC classificou os contactores segundo a sua capacidade de suporte dos esforços decorrentes
da interrupção de correntes superiores à sua corrente nominal e ainda da
sua durabilidade ao serem submetidos a operações repetidas.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 10


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Essa classificação leva em conta:


• a frequência das operações de ligar - desligar,
• valor das sobrecargas,
• factor de potência da carga,
• tipo de operação dos motores: no arranque, na frenagem, na inversão da rotação, etc.

Coordenação das protecções


A coordenação das protecções é o acto de associar, de maneira
selectiva, um dispositivo de protecção contra os curto-circuitos
(fusíveis ou disjuntores) com um contactor e um dispositivo de
protecção contra sobrecargas. Tem por objectivo interromper, em
tempo útil, toda corrente anormal, sem perigo para as pessoas e
assegurando uma protecção adequada da aparelhagem contra
uma corrente de sobrecarga ou uma corrente de curto-circuito.

• Sem coordenação: São grandes os riscos para o operador, como também podem ser grandes
os danos físicos e materiais.
• Coordenação tipo 1: É aceite uma deterioração do contactor e do relé sob 2 condições:
- nenhum risco para o operador;

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 11


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

- todos os demais componentes, excepto o contactor e o relé térmico, não devem ser
danificados.
• Coordenação tipo 2: O risco de soldagem dos contactos do contactor é admitido se estes
puderem ser facilmente separados. Após ensaios de coordenação tipo 2, as funções dos
componentes de protecção e de comando continuam operacionais. É também a solução que
permite a continuidade de serviço.
• Coordenação total: É a solução em que não é aceite qualquer dano ou desregulação dos
aparelhos.

3. Quadros eléctricos e acessórios


A estrutura relativa à distribuição de baixa tensão depende em primeiro lugar do tipo de edifício no
qual se pretende projectar a instalação eléctrica.
Se por outro lado o projecto a executar disser respeito a um ou mais edifícios pertencente(s) a
uma única entidade o projecto deverá ser executado com uma distribuição do tipo radial
arborescente, ou em casos particulares radial pura, com um Quadro de Entrada alimentando um
número de quadros parciais a definir em função da potência instalada em cada um deles e da
funcionalidade da instalação.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 12


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Distribuição Radial Arborescente


Esta distribuição, de uso geral, é a mais
utilizada.
Temos na figura seguinte uma distribuição
radial arborescente, de 3 níveis, com
alimentação dos quadros eléctricos por
condutores ou cabos.

Na figura seguinte temos uma distribuição radial arborescente, com alimentação através de
canalizações pré-fabricadas.

Na figura seguinte temos uma alimentação radial arborescente, com canalizações pré-fabricadas a
nível terminal.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 13


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Distribuição radial pura

Na figura ao lado, temos uma


distribuição radial pura.
É principalmente utilizada para o
comando centralizado de processos,
ou de instalações dedicadas a uma
aplicação precisa, à sua gestão, à sua
manutenção e à sua vigilância.

O quadro de entrada ou quadro geral


deverá ser dotado de um interruptor geral de corte omnipolar.
A intensidade nominal do interruptor geral deverá ser, pelo menos, a correspondente à potência
prevista para a instalação, com o mínimo de 16A.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 14


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

4. Iluminação
Podemos ver que a luz é composta por três cores primárias. A combinação das cores vermelho,
verde e azul permite-nos obter o branco. A combinação de duas cores primárias produz as cores
secundárias – magenta, amarelo e cyan. As três cores primárias doseadas em diferentes
quantidades permite-nos obter outras cores de luz.

Luz é uma radiação electromagnética capaz de produzir sensação visual. Por outras palavras, é
a parte do espectro que podemos ver. Trata-se de uma radiação com comprimento de onda entre
380 e 780 nm (nanómetros), sendo uma parte do conhecido espectro de radiação
electromagnética.

4.1. Fluxo luminoso e eficiência luminosa


Símbolo: Φ
Unidade: lúmen (lm)
O fluxo luminoso é a quantidade de luz emitida em todas as
direcções por uma fonte luminosa. Valores aproximados do fluxo
luminoso: Lâmpada de incandescência de 100 W: 1500 lm;
Lâmpada fluorescente de 40
W: 2600 lm

Eficiência luminosa de
uma lâmpada
É calculada pela divisão entre o fluxo luminoso emitido em
lúmens e a potência consumida pela lâmpada em Watt. A

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 15


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

unidade de medida é o lúmen por Watt (lm/W). Uma lâmpada proporciona uma maior eficiência
luminosa quando a energia consumida para gerar um determinado fluxo luminoso é menor do que
da outra.

Exemplos:
Lâmpada de incandescência de 100 W: 1500 lm; eficiência luminosa = 150 /100 = 15 lm/W
Lâmpada fluorescente de 40 W: 2600 lm; eficiência luminosa = 2600 / 40 = 65 lm/W

4.2. Intensidade luminosa


Símbolo: I
Unidade: candela (cd)
A intensidade luminosa é o fluxo luminoso irradiado na
direcção de um determinado ponto.

De uma forma geral as fontes luminosas não emitem


igualmente em todas as direcções. Deste modo, é necessário
conhecer a intensidade luminosa em cada direcção. A esta
representação esquemática no espaço envolvente da fonte
luminosa chama-se diagrama fotométrico ou diagrama polar e é fornecido pelo fabricante.

O ponto x por exemplo, corresponde a uma direcção de 80º,


tem uma intensidade luminosa de 350 cd:

4.3. Nível de iluminação ou iluminância


Símbolo: E
Unidade: lux (lx)

A iluminância exprime o aspecto quantitativo da iluminação.


O nível de iluminância recomendado para uma dada tarefa
diz respeito à quantidade de luz que se considera necessária
à boa execução dessa tarefa.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 16


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

O nível de iluminância determina a qualidade da percepção visual.

Quanto mais elevado for este nível maior será o conforto e a precisão com que se vê, o que
significa trabalho mais rápido e perfeito, menos enganos, maior segurança, etc.

Um nível de iluminação demasiado elevado é muitas vezes desaconselhado.

Níveis superiores a 1 000 lx aumentam os riscos de reflexão, de sombras demasiado


pronunciadas e de contraste excessivo. Nos escritórios de grandes superfícies demasiado
brilhantes iluminadas, observam-se fenómenos de reflexão, de encadeamento, de contraste
demasiado marcados que podem contribuir para um aumento dos riscos de problemas visuais.

A intensidade de iluminação E, de uma superfície, é o fluxo luminoso Φ recebido na superfície S


por unidade de área: E = Φ / S
Na prática, é a quantidade de luz dentro
de um ambiente, e pode ser medida com
o auxílio de um luxímetro. Como o fluxo
luminoso não é distribuído
uniformemente, a iluminância não será a
mesma em todos os pontos da área em
questão.
Baseado em pesquisas realizadas há
níveis de Iluminância recomendados
para interiores. Por exemplo:
Sala de leitura (biblioteca) 500 lux. Sala de aula (escola) 300 lux.

Exemplos de níveis de iluminação apropriados para certas condições:

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 17


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

4.4. Brilho ou Luminância


Símbolo: L
Unidade: cd/m2 (candela por metro quadrado)

Brilho ou luminância é a intensidade


luminosa produzida ou reflectida por
uma superfície existente.
A distribuição da luminância no
campo de visão das pessoas numa
área de trabalho, proporcionada
pelas várias superfícies dentro da
área (luminárias, janelas, tecto,
parede, piso e superfície de
trabalho), deve ser considerada
como complemento à determinação
das luminâncias (lux) do ambiente, a
fim de evitar ofuscamento.

4.5. Características de uma lâmpada


Vida útil
É definida como o tempo em horas, no qual cerca de 25% do fluxo luminoso das lâmpadas
testadas foi reduzido.

Depreciação do fluxo luminoso


Ao longo da vida útil da lâmpada, é comum ocorrer uma diminuição do fluxo
luminoso que sai da luminária, por motivo da própria depreciação normal do
fluxo da lâmpada e devido ao acumular de poeira sobre as superfícies da
lâmpada e do reflector. Este factor deve ser considerado no cálculo do
projecto de iluminação, a fim de preservar a iluminância média (lux)
projectada sobre o ambiente ao longo da vida útil da lâmpada

Temperatura de cor

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 18


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Expressa a aparência de cor da luz emitida pela fonte de luz. A sua unidade de medida é o Kelvin
(K). Quanto mais alta a temperatura de cor, mais clara é a tonalidade de cor da luz. Quando
falamos em luz quente ou fria, não estamos a referirmo-nos ao calor físico da lâmpada, mas sim à
tonalidade de cor que ela apresenta ao ambiente. Luz com tonalidade de cor mais suave torna-se
mais aconchegante e relaxante, luz mais clara torna-se mais estimulante.

Índice de Reprodução de Cor (IRC)


Este índice quantifica a fidelidade com que as cores são reproduzidas sob uma determinada fonte
de luz.
A capacidade da lâmpada reproduzir bem as cores (IRC) é independente da sua temperatura de
cor (K). Numa residência devemos utilizar lâmpadas com boa reprodução de cores (IRC acima de
80), pois, esta característica é fundamental para o conforto e beleza do ambiente.

4.6. Tipos de lâmpadas


As lâmpadas dividem-se essencialmente em dois grandes grupos: lâmpadas de incandescência
e lâmpadas de descarga.

Lâmpadas de
incandescência
Lâmpadas de néon.
Lâmpadas de vapor de sódio de baixa e alta
Lâmpadas de pressão.
descarga Lâmpadas de vapor de mercúrio de baixa pressão
(fluorescentes) e de alta pressão.
Lâmpadas de iodetos metálicos.
Lâmpadas
mistas

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 19


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

5. Correcção do factor de potência (cosφ)

O factor de potência (cosφ) é a relação entre potência activa (P) e potência aparente (S).

P UI cos ϕ
= = cos ϕ
S UI

Ele indica a eficiência com que a energia está a ser usada. Um alto factor de potência indica uma
eficiência alta e um baixo factor de potência indica uma eficiência baixa.
A maioria das cargas dos sistemas de distribuição de energia é indutiva. Como motores,
transformadores, balastros de iluminação entre vários outros.
A principal característica das cargas indutivas é que elas necessitam de um campo
electromagnético para trabalharem. Por este motivo, elas consomem dois tipos de potência
eléctrica:
Potência activa (P) para efectuar o trabalho de gerar calor, luz, movimento, etc.

Triângulo das potências

S Q
Este triângulo rectângulo tem como hipotenusa a potência
aparente (S). A hipotenusa faz com a base (potência real) um ϕ
ângulo ϕ , (o ângulo ϕ é idêntico ao ângulo de desfasamento P
entre a tensão e a corrente).
Aplicando o teorema de Pitágoras teríamos:
S2 = P2 + Q2
À relação entre a potência real (P) e a potência aparente (S) dá-se o nome de Factor de
potência, que será igual a cosϕ .

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 20


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Desfasamento num…

Circuito resistivo puro: ϕ = 0o


I U

I ϕ
Circuito capacitivo puro:
ϕ = 90 o
U

U
Circuito indutivo puro: ϕ ϕ = 90 o
I

Em corrente alternada devemos considerar três potências distintas: a potência real ou activa ou,
simplesmente potência P, a potência reactiva Q, e a potência aparente S.

 Potência real ou activa (P), no sistema monofásico


P = U x I x cosϕ U(V) ; I(A); P(W)
Mede-se utilizando o wattímetro.

 Potência aparente (S),


S=UxI U(V) ; I(A); S(VA)
Mede-se com um voltímetro e um amperímetro
A unidade é o Volt-Ampére (VA).

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 21


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

 Potência reactiva (Q), no sistema monofásico

Q = U x I x senϕ U(V) ; I(A); Q(VAR)


Mede-se utilizando o varímetro.
A unidade é o Volt-Ampére reactivo (VAR).

Potência activa (P) para efectuar o trabalho de gerar calor, luz, movimento, etc.:

Potência reactiva (Q) para manter o campo electromagnético:

A potência activa é medida em Watt (W) ou kilowatt (kW). A potência reactiva não produz trabalho
útil, mas circula entre o gerador e a carga, exigindo do gerador e do sistema de distribuição uma
corrente adicional. A potência reactiva é medida em Kilovolt-Ampere-reactivo (kVAr).

Exemplo
Uma Instalação onde o consumo (potência activa - kW) é de 950 kW e o valor da potência
fornecida pelo distribuidor (potência aparente - kVA) é de1000 kVA, teremos um factor de potência
igual a 0,95.
cosφ = P / S
cosφ = 950 / 1000
cosφ = 0,95
cosφ = 95%

Porque nos devemos preocupar com o factor de potência?

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 22


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Principalmente para reduzir o valor das contas de energia eléctrica. A distribuidora de energia
eléctrica fornece a potência activa (kW) e a potência reactiva (kVAr) para a instalação na forma de
potência aparente (kVA). Apesar da potência reactiva não ser medida no contador de potência
activa, o sistema de transporte e distribuição da concessionária precisa de ser capaz de
disponibilizar esta potência adicional. Obviamente as concessionárias reflectem aos consumidores
o custo de instalação e manutenção de maiores geradores, transformadores, cabos, interruptores,
etc.

Aumentando a capacidade eléctrica do sistema

Condensadores de potência aumentam a capacidade do sistema de carregar potência.


Melhorando o factor de potência de uma carga, automaticamente se reduz os kVA. Portanto,
podemos, adicionando condensadores, aumentar a potência útil (kW) do seu sistema, sem
aumentar os kVA.
O mesmo princípio se aplica para reduzir as correntes em instalações sobrecarregadas. Corrigir o
factor de potência, de 75% para 95%, por exemplo, resulta numa corrente 21% menor para os
mesmos kW de potência útil.

Melhoria nos níveis de tensão

A queda de tensão provocada pela excessiva demanda de corrente, causa sobreaquecimento e


torna os motores mais fracos. Com a diminuição do factor de potência, a corrente da linha
aumenta agravando a queda de tensão. Adicionando condensadores ao sistema, obtém-se
melhores níveis de tensão, aumenta a eficiência, a performance e a vida útil dos motores.

Diminuição de perdas eléctricas

Há dois tipos básicos de instalações com condensadores: instalações com condensadores


individuais ligados em cargas sinusoidais ou lineares, e instalações com bancos de
condensadores fixos ou automáticos ligados na subestação de entrada de energia ou de
distribuição.
Instalação individual e Instalação em bancos

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 23


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Tipo de instalação Vantagens Desvantagens

Condensadores individuais Mais eficiente e flexível Custo de instalação alto

Mais económico, poucas Menos flexível, requer


Bancos fixos
instalações interruptores ou contactores
Melhor para cargas variáveis,
Bancos automáticos previne sobretensões, baixo custo Custo mais alto do equipamento
de instalação

Correcção individual

Correcção para grupo de cargas

Correcção centralizada das cargas

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 24


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

5.1. Exercício de aplicação sobre a correcção do factor de potência


Considerem-se duas fábricas a consumirem a mesma potência P1=P2=10.000 W, à mesma
tensão (U1=U2=400 V) mas com factores de potência diferentes (cosφ1 = 0,8 e cosφ2 = 0,4).
Vamos calcular a corrente absorvida por cada uma das fábricas através da fórmula:
P = U I cosϕ
I = P / (U.cosφ)
I1 = 10000 / (400 x 0,8) → I1 = 31,25 A
I2 = 10000 / (400 x 0,4) → I2 = 62,5 A

Verifica-se que I1 = 31,25 A e I2 = 62, 5 A, ou seja existe um “consumo” de energia reactiva muito
grande na fábrica 2, o que na realidade significa que há uma circulação de energia que não é
consumida e que se traduz numa corrente que ocupa a rede. Será fácil de concluir sobre as
desvantagens que representa um factor de potência baixo para o produtor e para o consumidor. A
EDP pratica uma espécie de multa a todos os consumidores que tenham um cosφ muito baixo
(<0,8). De notar que nem sempre é fácil ter o factor de potência com um valor conveniente dado
que a potência fornecida pelos motores nem sempre é constante. Daí também não ser muito
correcto aproximar o cosφ=1 podendo deste modo obter-se uma instalação capacitiva fornecendo
energia reactiva para a rede, aparecendo sobretensões. Existem processos electromagnéticos e
mecânicos que impedem a instalação de ser capacitiva. A maneira mais comum de se corrigir o
factor de potência é através da instalação de condensadores em paralelo com a instalação.

Exemplo de cálculo da capacidade dos condensadores

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 25


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Suponha uma determinada fábrica a consumir 50 KW a uma tensão de 230 V (50 Hz) com um
cosφ=0,7. Pretende-se elevar esse cosφ para 0,8. Assim temos:

factor de potência inicial:


cosφi = 0,7
ϕ i = arc cos 0,7
ϕ i = 45,57º
Tgϕ i = 1,02

factor de potência final (com a introdução do condensador):


cosφf = 0,8 Qi
ϕ f = arc cos 0,8
ϕ f = 36,87º P Qf Qc
Tgϕ f = 0,75
Sf
Si
potência reactiva inicial (Qi) sem o condensador:
φi
Qi = P tgϕ i = 50.000 x 1,02 = 51.000 VAR φf

potência reactiva final (Qf) com o condensador a introduzir:


Qf = P tgϕ f = 50.000 x 0,75 = 37. 500 VAR

A potência reactiva (Qc) que o condensador terá de fornecer será:


Qc = Qf – Qi
Qc = 51.000 – 37.500 = - 13.500 VAR

Sabemos que a potência reactiva é dada por:


Qc = - Xc I2
mas como I = U / Xc
teremos Qc = - Xc . (U2 / Xc2)
cortando o Xc do numerador com o Xc do denominador ficará:
Qc = - U2 / Xc
como Xc = 1 / 2πfC
vem
Qc = - U2 / ( 1 / 2πfC)
Qc = - U2. 2πfC
donde se tira que

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 26


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

C = - Qc / ( U2 . 2πf) = 13.500 / (2302 . 2πf) = 812,7 µ F

Exercício: Calcule o ganho de corrente que se obteve com a compensação.


P= U.I.cosφ
I = P / (U . cosφ)
I = 50000 / (230 x 0,7)
I = 311A

P= U.I.cosφ
I = P / (U . cosφ)
I = 50000 / (230 x 0,8)
I = 272A

Obteve-se um ganho de 39A.

6. Sistema de terra (protecção e serviço)


Neste capítulo iremos falar dos sistemas de protecção definidos para as instalações eléctricas,
em particular aquelas envolvidas na indústria, assim no que diz respeito à segurança das
pessoas, segundo o Regulamento de Segurança de Instalações de Utilização de Energia Eléctrica
(R.S.I.U.E.E.), devem ser previstas medidas de protecção contra:

• Contactos directos, em que o utilizador toca


ou empunha directamente os condutores ou as
partes activas, sob tensão eléctrica; os contactos
eléctricos podem ser unipolares ou bipolares,
conforme se sugere na figura.

• Contactos indirectos, em que o utilizador toca ou


empunha ‘massas’ que ficaram acidentalmente sob
tensão eléctrica.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 27


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Nota: A ‘massa’ é, de acordo com o artº 56 do RSIUEE, ‘qualquer elemento metálico susceptível
de ser tocado, em regra isolado das partes activas de um material ou aparelho, eléctricos, mas
podendo ficar acidentalmente sob tensão’.

6.1. Protecção das pessoas contra contactos indirectos


Para se fazer uma protecção efectiva das pessoas contra contactos indirectos, as massas (toda e
qualquer superfície metálica passível de contacto com pessoas, animais ou bens), são aterradas,
ou seja, ligadas electricamente à terra (solo). Existem diversos esquemas de serem efectuadas
estas ligações, estes são chamados de Esquemas de Ligações à Terra (ELT) em instalações de
corrente alternada, e são os seguintes:

- Esquema TT

- Esquema TN

- Esquema IT

O Esquema das Ligações à Terra (ELT), ou regime de neutro, caracteriza o modo de ligação à
terra de um dos pontos da alimentação, em geral o neutro; o meio de colocação à terra das
massas dos equipamentos de utilização. A escolha do ELT condiciona as medidas de protecção
de pessoas contra os contactos indirectos, e em termos de critérios de segurança de pessoas, os
três regimes de neutro são equivalentes se todas as regras da instalação forem respeitadas, cujos
baseiam-se em imperativos de continuidade de serviço e de condições de exploração que
determinam a ou as escolhas dos ELT (ou regime de neutro). Um defeito origina a circulação de
uma corrente, que deve ser interrompida num tempo compatível com a segurança das pessoas,
esta medida de protecção baseia-se no corte automático da alimentação na associação das
seguintes condições:

- A realização ou a existência de um circuito designado por malha de defeito, que permita a


circulação da corrente de defeito, dependendo a constituição desta malha do ELT (TT, TN ou IT)

- O corte da corrente de defeito seja efectuado por um dispositivo de protecção apropriado, num
tempo que depende de parâmetros como a tensão de contacto e a classificação do local quanto
às influências externas, associados ao conhecimento dos efeitos da corrente eléctrica no corpo
humano.

No que respeita à segurança, todos os ELT são equivalentes, desde que as regras não sejam
descuradas. No entanto existem situações especiais: O caso dos blocos operatórios dos
hospitais, onde é impensável um corte ao primeiro defeito. Neste caso o único esquema possível

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 28


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

é o IT; Os centros de informática, em que as correntes de fuga são elevadas, o esquema


recomendado é o TN; Instalações cujo comprimento das canalizações é desconhecido e locais
com risco de explosão, o esquema TT será o mais adequado.

6.2. Esquemas de Ligações à Terra em corrente alternada

6.2.1. Esquema TT (R.S.I.U.E.E. artº 598)


No ponto de neutro da alimentação ligado à terra de serviço, as massas da instalação estão
ligadas a uma tomada de terra de protecção electricamente distinta da tomada de terra de
serviço.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 29


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Esquema TT

Protecção no esquema TT

• Dispositivos diferenciais (preferencialmente)

• Dispositivos de protecção contra sobreintensidades (resistências dos eléctrodos de terra


com valores muito baixos).

Exemplo: instalação de 230/400V, local molhado, UL=25V, RA=5Ω, RB=3Ω

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 30


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

O dispositivo de protecção deve actuar para uma corrente de defeito não superior a:

De acordo com a curva de protecção o dispositivo deve actuar num tempo máximo de 0,13s.

Sensibilidades dos dispositivos diferenciais

Selectividade entre dispositivos diferenciais

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 31


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

6.2.2. Esquemas TN (R.S.I.U.E.E. artº 600)


O esquema TN tem um ponto ligado directamente à terra, sendo as massas da instalação ligadas
a esse ponto por meio de condutores de protecção. De acordo com a disposição do condutor
neutro e do condutor de protecção, consideram-se os três tipos de esquemas TN seguintes:

TN-S: O PE (utilizado na totalidade do esquema) é distinto do condutor de neutro

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 32


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

TN-C: As funções de neutro e de protecção estão combinadas num único condutor

TN-C-S: O N e o PE são comuns somente numa parte do esquema

Protecção no esquema TN

A determinação das condições de protecção pode ser feita das seguintes maneiras:

- Por cálculo, quando o condutor de protecção (PEN no esquema TN-C e PE no esquema TN-S)
estiver, em toda a instalação, situado na proximidade imediata dos condutores activos do circuito
correspondente, sem interposição de elementos ferromagnéticos (situação mais usual);

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 33


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

- Por medição, no caso de não se verificarem as condições anteriores, onde é praticamente


impossível determinar, por cálculo, a impedância da malha de defeito e apenas se pode conhecer
o seu valor por recurso a medições após a execução da instalação.

Impedância da malha de defeito

(K=0,8 para instalações eléctricas)

Para que a protecção contra sobreintensidades também garanta a protecção contra contactos
indirectos opta-se por uma das seguintes protecções:

A impedância da malha de defeito será:

Considerando os condutores de fase e de protecção com as mesmas características:

O comprimento máximo do circuito será, no caso da protecção por disjuntores:

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 34


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

- No caso da protecção por fusíveis

A tensão de contacto (condutores de secção não superior a 120mm2) será:

6.2.3. Esquema IT
No esquema IT, todas as partes activas estão isoladas da terra ou um ponto destas está ligado à
terra por meio de uma impedância, sendo as massas da instalação eléctrica ligadas à terra

IT: Todas as partes activas são isoladas da terra (ou religadas por uma impedância) e as massas
da instalação estão ligadas à terra

Inconvenientes do neutro distribuído:

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 35


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

 O modo de eliminação de um segundo defeito depende do modo de ligação das


massas á terra:
- todas as massas, incluindo as da fonte, estiverem ligadas a um mesmo eléctrodo de terra
(situação corrente nas instalações em esquema IT). A protecção é garantida nas condições
indicadas para o esquema TN;
- as massas estiverem ligadas à terra, individualmente ou por grupos, o esquema da instalação
(IT) transforma-se numa situação semelhante à do esquema TT.

 A protecção das pessoas é garantida pela utilização dos seguintes dispositivos de


vigilância e protecção:
- Controladores Permanentes de Isolamento (CPI)
- Protecção contra sobreintensidades (disjuntores e fusíveis). Estes dispositivos são utilizados nas
situações em que, ao segundo defeito, sejam-lhes aplicadas as condições de protecção definidas
para o esquema TN;
- Dispositivos diferenciais. Estes dispositivos são utilizados nas situações em que, ao segundo
defeito, sejam-lhes aplicadas as condições de protecção definidas para o esquema TT.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 36


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

6.3. Massas e elementos condutores


Massas são, no sentido electrotécnico, as partes condutoras dos equipamentos eléctricos
susceptíveis de serem tocadas, em regra, isoladas das partes activas (condutores ou partes
(condutores destinadas a estar em tensão em serviço normal, incluindo o neutro mas excluindo
por convenção o condutor PEN), mas podendo ficar em tensão em caso de defeito de isolamento.

Nesta óptica são consideradas massas, por exemplo, as partes metálicas acessíveis dos
equipamentos eléctricos (à excepção das dos equipamentos da classe II), as armaduras
metálicas dos cabos e as condutas metálicas com condutores isolados.

Elementos condutores são todos os elementos estranhos à instalação eléctrica susceptíveis de


introduzir um potencial, em regra o da terra.

Consideram-se elementos condutores os elementos metálicos usados na construção de edifícios,


as canalizações metálicas de gás, água, aquecimento e os equipamentos não eléctricos que lhe
estejam ligados - aquecedores, fogões, lava-louças ou lava-roupas metálicos - e os pavimentos,
paredes e demais elementos da construção não isolantes.

Como regra geral de protecção, todas as massas de uma instalação eléctrica deverão ser
eficazmente ligadas ao sistema de terra das massas a partir de condutores de protecção.

Paralelamente, todos os elementos condutores deverão ser eficazmente ligados ao sistema


equipotencial na instalação a partir de condutores de equipotencialidade.

De uma forma geral, os sistemas de terra de protecção são constituídos basicamente pelos
seguintes componentes:

• Eléctrodo ou sistema de eléctrodos de terra .

• Condutores de terra.

• Barramento ou terminal principal de terra.

• Condutores de protecção (PE)

• Ligações equipotenciais.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 37


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Desta forma, apresenta-se a seguinte figura:

6.4. Medição da resistência do circuito de terra


A resistência eléctrica do circuito de terra depende de dois factores:

- A resistividade do terreno circundante;

- A estrutura do eléctrodo de terra.

A resistividade do terreno depende:

- Da composição do solo (argila, cascalho e areia, etc.);

- Do teor de sais minerais;

- Da temperatura (a resistividade aumenta quando diminui a temperatura);

- Da profundidade (a resistividade pode diminuir com a profundidade).

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 38


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Uma forma de reduzir a resistência do circuito de terra é colocar o eléctrodo de terra a uma maior
profundidade (≥ 0,80 m).

Para aumentar a eficácia de um eléctrodo de terra pode usar-se uma série de varetas (a
separação entre as varetas deve ser pelo menos igual ao dobro do seu comprimento), um anel
condutor ou uma malha.

6.4.1. Métodos de medida


Existem diversos métodos para medir-se resistência do circuito de terra, por forma a dimensionar
o circuito de protecção do nosso edifício ou habitação, a reter, enumeram-se os
seguintes:

- Método de queda de tensão com 3 ou 4 fios (Método padrão que utiliza duas
estacas de terra) e um aparelho medidor cujo nome é telurómetro, e
apresenta-se na figura ao lado;

- Método selectivo (Sem desligar o eléctrodo de terra pode-se medir a


resistência de terra utilizando uma combinação de estacas e uma pinça);

- Método de medida sem estacas (Medição da resistência de terra através da utilização de pinças
em vez de estacas de terra).

- Método bipolar

Nos métodos de medida de queda de tensão e método selectivo há necessidade de realizar pelo
menos cinco medidas para estabelecer uma curva característica semelhante à da figura.

A resistência de terra é medida na parte mais plana da seguinte curva:

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 39


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

6.4.2. Método de queda de tensão com 3 fios


A medida da resistência de terra pelo método da queda de tensão implica que se desligue o
eléctrodo de terra do circuito de terra da instalação.

O telurómetro requer três ligações para realizar a medida de resistência de terra no entanto os
medidores mais precisos podem necessitar de uma quarta ligação para eliminar do resultado da
medida, a resistência dos próprios cabos de ensaio, de acordo com a seguinte figura:

O telurómetro injecta uma corrente alternada na terra através do eléctrodo de terra sob teste X e a
estaca de corrente Z. Medindo-se a queda de tensão entre o eléctrodo de terra X e a estaca de
tensão Y e, mediante a lei de Ohm calcula-se a resistência entre X e Y:

RXY = UXY / IXZ

Procedimento:

Este método consiste em utilizar dois eléctrodos de terra auxiliares Y e Z ou eléctrodo de tensão e
eléctrodo de corrente, respectivamente, colocados no mesmo alinhamento. Um dos eléctrodos, o
que se coloca mais distante da terra a medir, serve para injectar no solo a corrente de medida –
chama-se eléctrodo de injecção de corrente Z, o outro serve para a referência de potencial nulo Y.
O correcto posicionamento dos dois eléctrodos auxiliares (Z e Y) em relação à terra a medir X ,
tem uma grande importância para se obter uma leitura correcta.

Ao colocar as varetas, verifique se a estaca de corrente, a estaca de tensão e o eléctrodo de terra


sob teste se encontram em linha recta.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 40


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Para realizar o ensaio, a estaca de corrente Z coloca-se à maior distância possível do eléctrodo
de terra sob teste X. Posteriormente, mantendo a estaca de corrente Z fixa, desloca-se a estaca
de tensão Y pela linha entre X e Z desde o ponto mais próximo de X até ao mais afastado
traçando-se a curva de união entre os pontos medidos.

Uma outra opção é a técnica de declive de Tagg, que consiste em realizar três leituras da
resistência de terra com a estaca de tensão Y a 20%, 40% e 60% da distância entre o eléctrodo
de terra sob teste, X, e a estaca de corrente Z.

6.4.3. A regra dos 62%


Esta regra permite reduzir o número de medidas a realizar. Mas atenção, a regra dos 62% só é
possível aplicar-se se estiver a testar um eléctrodo simples (não uma malha nem uma placa
grande), se o terreno for uniforme e se for possível colocar a estaca de corrente) a uma distância
igual ou superior a 30 metros a partir do eléctrodo de terra sob teste X. A estaca de tensão será
colocada a 62% dessa distância. Deve-se efectuar a medida e para comprovação devem-se
realizar mais duas medidas adicionais, uma com a estaca de tensão 1m mais perto e outra 1m
mais afastada do eléctrodo de terra sob teste. As leituras devem ser praticamente iguais e pode-
se considerar a primeira leitura como o valor da resistência de terra:

62% d
d ≥ 30 m

Como diminuir o valor da resistência de terra

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 41


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Caso haja necessidade de diminuir o valor da resistência de terra de um eléctrodo, pode recorrer-
se a qualquer dos processos seguintes:

• Aumentar o comprimento dos tubos ou varetas enterradas no solo;

• Aumentar a superfície das chapas ou das fitas em contacto com o solo;

• Enterrar no solo um número de elementos suficiente para que, uma vez ligados em paralelo,
se atinja o valor desejado da resistência de terra, convindo que os vários elementos fiquem a
uma distância entre si de cerca de 2m a 3m, ou, no caso de cabos ou fitas disposto
radialmente, estes formem entre si ângulos não inferiores a 60º;

• Aumentar a profundidade a que o eléctrodo se encontra enterrado por forma a atingir uma
camada de terra mais húmida e melhor condutora;

• Aumentar a condutibilidade do solo, preparando-o convenientemente com a adição de


substâncias condutoras adequadas, por exemplo o sulfato de cobre.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 42


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

6.5. Exemplos de sistemas de terra das massas


Nas Fig.s 1 C-4 e 1 C-5 apresentam-se exemplos de sistemas de terra das massas para edifício
unifamiliar e para edifício colectivo.

De relevar que os exemplos propostos prevêem a existência do sistema de terra das massas e do
sistema equipotencial.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 43


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 44


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

7. Pára-raios
A descarga atmosférica pode produzir-se entre uma nuvem e terra, entre nuvens ou dentro da
própria nuvem, quando uma destas nuvens, ou parte dela, está carregada menos negativamente
que a outra. Em qualquer dos casos o raio ou descarga atmosférica, é acompanhado de
fenómenos sonoros (trovão) e luminosos (relâmpago).

As nuvens que mais frequentemente dão margem a raios são os "nimbos" e os "cúmulos", que na
Europa estão entre os 300 e os 1000 m de altura sobre o nível do solo. Em geral, estas nuvens
têm base plana de 3 a 15 Km, que se apresenta carregada negativamente, enquanto que o cume
da nuvem assume carga positiva.

As tensões postas em jogo nas descargas atmosféricas são enormes e podem ser avaliadas,
aproximadamente entre 5 e 10 KV por centímetro de distancia entre nuvens ou entre a nuvem e a
terra. Os valores inferiores correspondem a descarga entre novena que é sempre menos intensa.

Assim, se a distância entre nuvem e terra for de 300 metros, e adoptarmos os maiores valores
(10 KV por cm) a tensão do raio será:

10 x 300 x 100 = 300.000 KV.

As intensidades de corrente das descargas atmosféricas são também bastante elevadas e


oscilam entre 10 kA e 200 kA, embora este último valor se possa considerar excepcional. Podem
considerar-se como valores normais de 10 kA a 50 kA.

O tempo da descarga é muito pequeno e compreendido, consoante os casos, entre 20 e 200


milionésimos de segundo.

Por todas estas razões pode deduzir-se que a potência do raio é grande, uma vez que e dada
pela expressão.

P = U⋅ I

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 45


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

enquanto que a energia total da descarga, em comparação, é muito pequena:

E = U⋅ I⋅ t

Elementos de valorização das grandezas relacionadas com o raio:

- Intensidades de corrente de 100.000 a 200.000 A

- Diferença de potencial de 500 a 1.000 kV

- Duração de 70 a 200 micro-segundos

- Carga eléctrica da nuvem de 20 a 50 coulombs

- Potência libertada de 1 a 8 mil milhões de kW

- Energia de 4 a 10 kWh

- Forma da descarga impulso unidirecional fortemente amortizado.

Como podemos ver, o fenómeno está longe de ficar


definido com os valores indicados, mas pode tomar-
se como boa base de estudo a curva intensidade-
tempo reproduzida no gráfico da figura ao lado, e
que se aceita geralmente como correcta.

Na curva vemos que a frente de onda alcança o seu


valor máximo num tempo compreendido entre 0,5 e
10 micro-segundos, enquanto que a parte final do
raio se amortiza, com um decrescimento quase
rectilíneo, em 150 micro-segundos.

Para esta descarga atmosférica obtém-se um valor de ponta, corrente de valor máximo, de 1000
kA aos 8 micro-segundos aproximadamente, decrescendo em seguida a intensidade de corrente
até ficar reduzida a 500 kA aos 65 micro-segundos.

Dada a elevada grandeza da potência instantânea desenvolvida pelo raio, os efeitos e


consequências da descarga são muito grandes mas sucedem-se num tempo muito curto.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 46


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Pode dizer-se que geral a extensão dos danos produzidos depende da condutividade eléctrica
dos corpos que recebem a descarga. No caso de corpos condutores os danos são mínimos e
quase sempre limitados aos pontos de entrada e saída da descarga

No caso dos corpos serem maus condutores (árvores, edifícios, etc.) os estragos são sempre
grandes, seguidos muitas vezes de incêndios que aumentam ainda mais os prejuízos e perigos.

Quando se trata de pessoas, na quase totalidade dos casos o efeito da descarga é a morte
instantânea, já que a comoção sofrida pelo organismo é enorme e muito violenta, produzindo-se
queimaduras totais ou parciais.

Os danos e destruições ocasionais pelos raios nos edifícios produzem-se, sobretudo, quando a
descarga atravessa partes isolantes, como madeira, ladrilho, pedra, etc., de tal maneira que para
proteger os edifícios é necessário prever elementos e dispositivos para que a descarga passe
para a terra sem atravessar as referidas partes isolantes, isto é, oferecer ao raio um caminho o
mais fácil possível. Canalizando desta forma a descarga evitam-se grandes prejuízos.

Os dispositivos utilizados para a protecção dos edifícios contra as descargas atmosféricas


denominam-se pára-raios. Para que um pára-raios seja tanto quanto possível económico e eficaz,
o correspondente projecto deve ser elaborado em coordenação com o projecto de construção civil
da estrutura a proteger.

Um sistema de pára-raios é, por definição, um conjunto de equipamentos cuja finalidade é


proteger um edifício ou uma estrutura e o respectivo conteúdo contra os efeitos perniciosos das
descargas atmosféricas directas neles incidentes.

Consideram-se partes fundamentais de um pára-raios, captor, condutor de descida e eléctrodo


de terra.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 47


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

captor artificial (Gaiola captor artificial(haste vertical


de Faraday) tipo Franklin)

(condutores de cobertura)

condutor de descida

Os materiais a utilizar nos diversos componentes dos pára-raios são o cobre, o ferro galvanizado
e o aço inoxidável.

Para evitar a corrosão das ligações, deve-se procurar que tanto quanto possível, todos os
elementos do sistema sejam compostos pelo mesmo tipo de material.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 48


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

7.1. Tipos de captores


 Captores artificiais

- Hastes verticais (tipo Franklin): São constituídas por um ou mais elementos condutores
da mesma natureza (cobre ou ferro galvanizado ou aço inoxidável).

- Condutores de cobertura: Destinam-se a conduzir a corrente de descarga desde os


captores até às descidas. Pela sua posição elevada, estes condutores podem servir, eles
próprios, de captores, integrando nesse caso sistemas de condutores emalhados do tipo
gaiola de Faraday.

- Emalhado de condutores (Gaiola de Faraday): É composto, a nível de cobertura, por


um polígono, formado por condutores instalados no perímetro superior da estrutura.

 Captores naturais

Podem ser usados como captores naturais os elementos metálicos existentes na parte superior
da estrutura a proteger e suficientemente dimensionados para suportar o impacto directo de
uma descarga, tais como coberturas de chaminés, clarabóias, depósitos, tomadas de ar dos
sistemas de climatização, etc.

Os captores naturais são integrados nos pára-raios através dos condutores de cobertura.

7.2. Condutor de descida ou simplesmente descida


É a parte do pára-raios destinada a conduzir a corrente
de descarga desde os captores até aos eléctrodos de
terra.

A descida pode ser artificial ou natural.

As descidas artificiais devem ser em condutores nus de


cobre (secção ≥ 16 mm2) , de ferro galvanizado ou de aço
inoxidável (secção ≥ 50 mm2).

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 49


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

O número mínimo de descidas artificiais é de dois. O traçado a seguir pelas descidas deve ser
quanto possível rectilíneo e vertical, de forma a minimizar o percurso entre os elementos captores
e a terra.

As descidas devem ser, em regra, instaladas à vista, fixas à superfície exterior da estrutura a
proteger por meio de elementos de suporte apropriados, estabelecidos à razão de dois por
metro, no mínimo. Cada descida artificial deve ser dotada de um ligador destinado a efectuar as
verificações e medições necessárias.

Podem ser utilizadas como descidas naturais os elementos metálicos existentes na estrutura a
proteger que dêem garantias de continuidade eléctrica, apresentem baixa impedância e possuam
a robustez mecânica necessária.

Como exemplos de descidas naturais referem-se as guias de elevadores, as escadas metálicas


exteriores, etc.

Nas estruturas de betão armado, permite-se o aproveitamento da armadura metálica do betão


para a função de descida natural, condicionado à garantia de continuidade eléctrica da mesma.

Eléctrodo de terra

É um dispositivo constituído por um corpo condutor ou por um conjunto de corpos condutores em


contacto íntimo com o solo assegurando uma ligação eléctrica com a terra.

A ligação à terra tem como finalidade a dispersão na massa condutora da terra da corrente
proveniente de qualquer descarga atmosférica que incida no pára-raios.

Todos os pontos de ligação enterrados devem ser preservados dos efeitos da humidade, por
envolvimento em meio não higroscópico (massa ou fita betuminosa, por exemplo).

O eléctrodo de terra preferencial a utilizar num pára-raios é


o eléctrodo em anel, constituído por um condutor
instalado na base das fundações do edifício ou embebido
no maciço de betão das fundações. Nestes casos, o
eléctrodo em anel deve, preferencialmente, ser constituído
por ferro galvanizado por imersão a quente.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 50


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Alternativamente pode ser utilizado um condutor em anel, enterrado a uma profundidade de


aproximadamente 0,80 m e envolvendo a estrutura a proteger.

Se para as instalações eléctricas do edifício for utilizado um eléctrodo em anel este deve ser
também utilizado como eléctrodo do pára-raios.

Para estruturas de dimensões


tais que o raio do eléctrodo em
anel resulte inferior a 8 m,
podem utilizar-se eléctrodos
do tipo radial (em forma de
“pata de ave”), constituídos por
três condutores (no mínimo de
6 a 8 m cada) derivados de um
ponto comum e enterrados horizontalmente no solo a uma profundidade mínima de 0,8 m.

Se não se optar pelo eléctrodo em anel, a cada descida deve corresponder um eléctrodo de terra.

Constituem eléctrodos de terra naturais as estruturas metálicas enterradas que façam parte ou
penetrem no edifício ou estrutura a proteger. São ainda normalmente utilizadas para aquele fim as
fundações em betão armado, desde que a sua continuidade eléctrica seja assegurada.

Devido ao facto de se tornar difícil verificar as características dos eléctrodos de terra naturais e,
sobretudo, pela dificuldade de garantir a manutenção daquelas características ao longo do tempo
a utilização do eléctrodos naturais não dispensa a instalação de eléctrodos artificiais.

Ligações equipotenciais

Todas as canalizações ou estruturas condutoras enterradas (água, esgotos, ar comprimido,


combustíveis, electricidade, telecomunicações, etc.) cujo traçado se situe a menos de 3 m de
qualquer ponto do conjunto de eléctrodos de terra do pára-raios devem ser interligadas com
aquele conjunto de eléctrodos de terra por meio de condutores de cobre (secção ≥ 16 mm2), de
ferro galvanizado ou de aço inoxidável (secção ≥ 50 mm2).

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 51


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

Prevenção da tensão de passo

A dissipação no solo de uma onda de corrente de descarga origina sempre o aparecimento de um


elevado potencial no conjunto de eléctrodos de terra e, consequentemente, no terreno
circundante, originando normalmente uma situação de risco para as pessoas e animais que ali se
encontrem.

Para diminuir a probabilidade de acidente por acção da tensão de passo, deve ser tomada pelo
menos uma das seguintes medidas:

- estabelecer no local, fazendo parte do eléctrodo de terra, um emalhado de condutores


horizontais enterrados no solo, não devendo as dimensões da malha exceder 5 m x 5 m;

- prever na zona crítica um tapete de material isolante não higroscópico (asfalto por exemplo) com
uma espessura mínima de 50 mm;

- aumentar a profundidade dos eléctrodos de terra para valores superiores a 1 m.

Por outro lado, deve ser dada preferência, sempre que possível, a eléctrodos de terra com a
forma de anel em detrimento de eléctrodos do tipo radial.

8. Bibliografia
• Técnicas e Tecnologias em Instalações Eléctricas, L.M: Vilela Pinto, Certiel – Associação
Certificadora de Instalações Eléctricas.

• http://www.prof2000.pt/users/lpa/Medida%20da%20resist%C3%AAncia%20do%20 circuito
%20de%20terra.ppt.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 52


Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I

• Instituto do Emprego e Formação Profissional - Instalações de Sinalização Intercomunicação e


Protecção Contra Sobrecargas.

Escola Secundária Dr. Serafim Leite 53

Você também pode gostar