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Manual do Módulo 7
–
Instalações Eléctricas Industriais I
Ano lectivo
2009/2010
Eng.º Nuno Sousa
Manual do Módulo 7 – Instalações Eléctricas Industriais I
Índice
1. Canalizações.....................................................................................................................................3
1.1. Tipos de canalizações ................................................................................................................3
2. Aparelhagem de corte, comando e protecção...................................................................................8
3. Quadros eléctricos e acessórios.......................................................................................................12
4. Iluminação.......................................................................................................................................15
4.1. Fluxo luminoso e eficiência luminosa.....................................................................................15
4.2.Intensidade luminosa................................................................................................................16
4.3.Nível de iluminação ou iluminância.........................................................................................16
4.4. Brilho ou Luminância..............................................................................................................18
4.5.Características de uma lâmpada................................................................................................18
4.6.Tipos de lâmpadas.....................................................................................................................19
5. Correcção do factor de potência (cosφ)..........................................................................................20
5.1. Exercício de aplicação sobre a correcção do factor de potência .............................................25
6. Sistema de terra (protecção e serviço)............................................................................................27
6.1. Protecção das pessoas contra contactos indirectos..................................................................28
6.2. Esquemas de Ligações à Terra em corrente alternada.............................................................29
6.2.1. Esquema TT (R.S.I.U.E.E. artº 598) ....................................................................................29
6.2.2. Esquemas TN (R.S.I.U.E.E. artº 600) ..................................................................................32
6.2.3. Esquema IT...........................................................................................................................35
6.3. Massas e elementos condutores ..............................................................................................37
6.4. Medição da resistência do circuito de terra..............................................................................38
6.4.1. Métodos de medida...............................................................................................................39
6.4.2. Método de queda de tensão com 3 fios.................................................................................40
6.4.3. A regra dos 62%....................................................................................................................41
6.5. Exemplos de sistemas de terra das massas ..............................................................................43
7. Pára-raios........................................................................................................................................45
7.1. Tipos de captores.....................................................................................................................49
7.2. Condutor de descida ou simplesmente descida........................................................................49
8. Bibliografia....................................................................................................................................52
1. Canalizações
Canalização é o conjunto constituído por um ou mais condutores eléctricos e pelos elementos que
garantem a sua fixação e, em regra, a sua protecção mecânica. O tipo de canalização a empregar
em instalações eléctricas industriais, deverá ser escolhido de acordo com as condições ambientes
e de utilização do local.
No estabelecimento das canalizações deverá, na medida do possível, evitar-se submeter as
canalizações a esforços mecânicos desnecessários, reduzindo o número de curvas, de travessias,
etc. Por outro lado, as canalizações deverão ser estabelecidas de forma a poder ser assegurada a
sua boa exploração e conservação. Assim, deverá ser assegurada a possibilidade de verificação
do estado do seu isolamento, da localização ou reparação de qualquer avaria, da acessibilidade
dos aparelhos de ligação, etc.
Os condutores de uma canalização apenas deverão ser colocados depois de terminados os
trabalhos de construção civil que os possam danificar.
A protecção das canalizações contra acções mecânicas deverá ter continuidade assegurada ao
longo de toda a canalização, bem como o número de juntas ou uniões que assegurem a
continuidade da protecção contra acções mecânicas deverá ser limitado ao mínimo possível.
Quanto aos elementos de protecção contra acções mecânicas, estes deverão ser manipulados de
forma a evitar a existência de rebarbas susceptíveis de prejudicar o isolamento dos condutores
isolados ou as bainhas dos cabos.
O diâmetro da tubagem utilizada nas canalizações embebidas deve ser calculado de forma a que
a soma das secções correspondentes ao diâmetro exterior médio dos cabos não exceda 33% da
secção recta interior do tubo.
No traçado das canalizações embebidas nas paredes deverão ser evitados troços oblíquos,
devendo, na medida do possível, estabelecer-se troços horizontais ou verticais a partir dos
aparelhos intercalados nas canalizações, ao longo dos rodapés, ombreiras, sancas e intersecção
de paredes.
A tabela seguinte indica a distância máxima entre abraçadeiras em função do diâmetro externo do
cabo utilizado.
As figuras seguintes ilustram canalizações fixas, à vista, constituídas por condutores isolados ou
cabos, rígidos, protegidos por tubos:
Caminhos de cabos Um caminho de cabos é um suporte constituído por uma base contínua,
dotada de abas e normalmente sem tampa. Um caminho de cabos pode ser, ou não, perfurado. As
figuras seguintes mostram exemplos de um caminho de cabos não perfurado e de outro perfurado:
Os caminhos de cabos devem ser instalados de forma a que o ar possa circular livremente entre
os cabos e de forma a que os mesmos possam ser fixados por braçadeiras de fivela.
Os cabos devem ser espaçados de 2 vezes o diâmetro do cabo mais grosso e devem ser estar ao
abrigo da incindência solar. No caso de serem dispostos vários caminhos de cabos, uns por cima
dos outros, devem ser espaçados de pelo menos 30 cm de forma a evitar o aquecimento mútuo.
Pelo mesmo motivo, as canalizações colocadas sobre caminhos de cabos devem ser espaçadas
de 2 vezes o seu diâmetro, ou se forem diferentes, da soma do seu diâmetro. Em caso contrário,
as intensidades admissíveis nos condutores serão mais reduzidas.
Seccionadores
• Dispositivo mecânico de ligação que na posição de “Aberto” cumpre as condições de isolamento
segundo os critérios de segurança das normas. Utilizam-se para garantir a desconexão da
instalação quando em trabalhos de manutenção
• Não tem poder de fecho nem de corte. Não devem ser manobrados em carga, sob pena de
destruição
• Comando manual - a velocidade de operação é a que o operador aplicar (ocasionalmente
empregam-se molas para acelerar a manobra).
– Elementos principais – Bloco tri- ou tetrapolar e comando lateral ou frontal para abrir ou fechar
os pólos.
– Podem dispor de contacto auxiliar de pré-corte que actua sobre o contactor em caso de
manipulação acidental com carga.
Interruptores
• Interruptor: aparelho mecânico de conexão capaz de estabelecer, suportar e interromper a
corrente do circuito em condições normais e circunstancialmente em anomalia (curto-circuito, em
condições especificas e por tempo determinado).
• Interruptor automático ou disjuntor: Interruptor projectado para interromper correntes anormais
como as de curto-circuito
• Contactor: aparelho mecânico de ligação com apenas uma posição de repouso estável (aberto
ou fechado), capaz de ser accionado por diversas formas de energia, mas não a manual. Podem
estabelecer, interromper e suportar correntes normais da instalação e ocasionalmente as de curto-
circuito.
Interruptores-seccionadores
Contactores
Os contactores podem ser dos seguintes tipos:
• Electromagnéticos – a força necessária para fechar o circuito provém de um electroíman;
Contactor electromagnético:
• Sem coordenação: São grandes os riscos para o operador, como também podem ser grandes
os danos físicos e materiais.
• Coordenação tipo 1: É aceite uma deterioração do contactor e do relé sob 2 condições:
- nenhum risco para o operador;
- todos os demais componentes, excepto o contactor e o relé térmico, não devem ser
danificados.
• Coordenação tipo 2: O risco de soldagem dos contactos do contactor é admitido se estes
puderem ser facilmente separados. Após ensaios de coordenação tipo 2, as funções dos
componentes de protecção e de comando continuam operacionais. É também a solução que
permite a continuidade de serviço.
• Coordenação total: É a solução em que não é aceite qualquer dano ou desregulação dos
aparelhos.
Na figura seguinte temos uma distribuição radial arborescente, com alimentação através de
canalizações pré-fabricadas.
Na figura seguinte temos uma alimentação radial arborescente, com canalizações pré-fabricadas a
nível terminal.
4. Iluminação
Podemos ver que a luz é composta por três cores primárias. A combinação das cores vermelho,
verde e azul permite-nos obter o branco. A combinação de duas cores primárias produz as cores
secundárias – magenta, amarelo e cyan. As três cores primárias doseadas em diferentes
quantidades permite-nos obter outras cores de luz.
Luz é uma radiação electromagnética capaz de produzir sensação visual. Por outras palavras, é
a parte do espectro que podemos ver. Trata-se de uma radiação com comprimento de onda entre
380 e 780 nm (nanómetros), sendo uma parte do conhecido espectro de radiação
electromagnética.
Eficiência luminosa de
uma lâmpada
É calculada pela divisão entre o fluxo luminoso emitido em
lúmens e a potência consumida pela lâmpada em Watt. A
unidade de medida é o lúmen por Watt (lm/W). Uma lâmpada proporciona uma maior eficiência
luminosa quando a energia consumida para gerar um determinado fluxo luminoso é menor do que
da outra.
Exemplos:
Lâmpada de incandescência de 100 W: 1500 lm; eficiência luminosa = 150 /100 = 15 lm/W
Lâmpada fluorescente de 40 W: 2600 lm; eficiência luminosa = 2600 / 40 = 65 lm/W
Quanto mais elevado for este nível maior será o conforto e a precisão com que se vê, o que
significa trabalho mais rápido e perfeito, menos enganos, maior segurança, etc.
Temperatura de cor
Expressa a aparência de cor da luz emitida pela fonte de luz. A sua unidade de medida é o Kelvin
(K). Quanto mais alta a temperatura de cor, mais clara é a tonalidade de cor da luz. Quando
falamos em luz quente ou fria, não estamos a referirmo-nos ao calor físico da lâmpada, mas sim à
tonalidade de cor que ela apresenta ao ambiente. Luz com tonalidade de cor mais suave torna-se
mais aconchegante e relaxante, luz mais clara torna-se mais estimulante.
Lâmpadas de
incandescência
Lâmpadas de néon.
Lâmpadas de vapor de sódio de baixa e alta
Lâmpadas de pressão.
descarga Lâmpadas de vapor de mercúrio de baixa pressão
(fluorescentes) e de alta pressão.
Lâmpadas de iodetos metálicos.
Lâmpadas
mistas
O factor de potência (cosφ) é a relação entre potência activa (P) e potência aparente (S).
P UI cos ϕ
= = cos ϕ
S UI
Ele indica a eficiência com que a energia está a ser usada. Um alto factor de potência indica uma
eficiência alta e um baixo factor de potência indica uma eficiência baixa.
A maioria das cargas dos sistemas de distribuição de energia é indutiva. Como motores,
transformadores, balastros de iluminação entre vários outros.
A principal característica das cargas indutivas é que elas necessitam de um campo
electromagnético para trabalharem. Por este motivo, elas consomem dois tipos de potência
eléctrica:
Potência activa (P) para efectuar o trabalho de gerar calor, luz, movimento, etc.
S Q
Este triângulo rectângulo tem como hipotenusa a potência
aparente (S). A hipotenusa faz com a base (potência real) um ϕ
ângulo ϕ , (o ângulo ϕ é idêntico ao ângulo de desfasamento P
entre a tensão e a corrente).
Aplicando o teorema de Pitágoras teríamos:
S2 = P2 + Q2
À relação entre a potência real (P) e a potência aparente (S) dá-se o nome de Factor de
potência, que será igual a cosϕ .
Desfasamento num…
I ϕ
Circuito capacitivo puro:
ϕ = 90 o
U
U
Circuito indutivo puro: ϕ ϕ = 90 o
I
Em corrente alternada devemos considerar três potências distintas: a potência real ou activa ou,
simplesmente potência P, a potência reactiva Q, e a potência aparente S.
Potência activa (P) para efectuar o trabalho de gerar calor, luz, movimento, etc.:
A potência activa é medida em Watt (W) ou kilowatt (kW). A potência reactiva não produz trabalho
útil, mas circula entre o gerador e a carga, exigindo do gerador e do sistema de distribuição uma
corrente adicional. A potência reactiva é medida em Kilovolt-Ampere-reactivo (kVAr).
Exemplo
Uma Instalação onde o consumo (potência activa - kW) é de 950 kW e o valor da potência
fornecida pelo distribuidor (potência aparente - kVA) é de1000 kVA, teremos um factor de potência
igual a 0,95.
cosφ = P / S
cosφ = 950 / 1000
cosφ = 0,95
cosφ = 95%
Principalmente para reduzir o valor das contas de energia eléctrica. A distribuidora de energia
eléctrica fornece a potência activa (kW) e a potência reactiva (kVAr) para a instalação na forma de
potência aparente (kVA). Apesar da potência reactiva não ser medida no contador de potência
activa, o sistema de transporte e distribuição da concessionária precisa de ser capaz de
disponibilizar esta potência adicional. Obviamente as concessionárias reflectem aos consumidores
o custo de instalação e manutenção de maiores geradores, transformadores, cabos, interruptores,
etc.
Correcção individual
Verifica-se que I1 = 31,25 A e I2 = 62, 5 A, ou seja existe um “consumo” de energia reactiva muito
grande na fábrica 2, o que na realidade significa que há uma circulação de energia que não é
consumida e que se traduz numa corrente que ocupa a rede. Será fácil de concluir sobre as
desvantagens que representa um factor de potência baixo para o produtor e para o consumidor. A
EDP pratica uma espécie de multa a todos os consumidores que tenham um cosφ muito baixo
(<0,8). De notar que nem sempre é fácil ter o factor de potência com um valor conveniente dado
que a potência fornecida pelos motores nem sempre é constante. Daí também não ser muito
correcto aproximar o cosφ=1 podendo deste modo obter-se uma instalação capacitiva fornecendo
energia reactiva para a rede, aparecendo sobretensões. Existem processos electromagnéticos e
mecânicos que impedem a instalação de ser capacitiva. A maneira mais comum de se corrigir o
factor de potência é através da instalação de condensadores em paralelo com a instalação.
Suponha uma determinada fábrica a consumir 50 KW a uma tensão de 230 V (50 Hz) com um
cosφ=0,7. Pretende-se elevar esse cosφ para 0,8. Assim temos:
P= U.I.cosφ
I = P / (U . cosφ)
I = 50000 / (230 x 0,8)
I = 272A
Nota: A ‘massa’ é, de acordo com o artº 56 do RSIUEE, ‘qualquer elemento metálico susceptível
de ser tocado, em regra isolado das partes activas de um material ou aparelho, eléctricos, mas
podendo ficar acidentalmente sob tensão’.
- Esquema TT
- Esquema TN
- Esquema IT
O Esquema das Ligações à Terra (ELT), ou regime de neutro, caracteriza o modo de ligação à
terra de um dos pontos da alimentação, em geral o neutro; o meio de colocação à terra das
massas dos equipamentos de utilização. A escolha do ELT condiciona as medidas de protecção
de pessoas contra os contactos indirectos, e em termos de critérios de segurança de pessoas, os
três regimes de neutro são equivalentes se todas as regras da instalação forem respeitadas, cujos
baseiam-se em imperativos de continuidade de serviço e de condições de exploração que
determinam a ou as escolhas dos ELT (ou regime de neutro). Um defeito origina a circulação de
uma corrente, que deve ser interrompida num tempo compatível com a segurança das pessoas,
esta medida de protecção baseia-se no corte automático da alimentação na associação das
seguintes condições:
- O corte da corrente de defeito seja efectuado por um dispositivo de protecção apropriado, num
tempo que depende de parâmetros como a tensão de contacto e a classificação do local quanto
às influências externas, associados ao conhecimento dos efeitos da corrente eléctrica no corpo
humano.
No que respeita à segurança, todos os ELT são equivalentes, desde que as regras não sejam
descuradas. No entanto existem situações especiais: O caso dos blocos operatórios dos
hospitais, onde é impensável um corte ao primeiro defeito. Neste caso o único esquema possível
Esquema TT
Protecção no esquema TT
O dispositivo de protecção deve actuar para uma corrente de defeito não superior a:
De acordo com a curva de protecção o dispositivo deve actuar num tempo máximo de 0,13s.
Protecção no esquema TN
A determinação das condições de protecção pode ser feita das seguintes maneiras:
- Por cálculo, quando o condutor de protecção (PEN no esquema TN-C e PE no esquema TN-S)
estiver, em toda a instalação, situado na proximidade imediata dos condutores activos do circuito
correspondente, sem interposição de elementos ferromagnéticos (situação mais usual);
Para que a protecção contra sobreintensidades também garanta a protecção contra contactos
indirectos opta-se por uma das seguintes protecções:
6.2.3. Esquema IT
No esquema IT, todas as partes activas estão isoladas da terra ou um ponto destas está ligado à
terra por meio de uma impedância, sendo as massas da instalação eléctrica ligadas à terra
IT: Todas as partes activas são isoladas da terra (ou religadas por uma impedância) e as massas
da instalação estão ligadas à terra
Nesta óptica são consideradas massas, por exemplo, as partes metálicas acessíveis dos
equipamentos eléctricos (à excepção das dos equipamentos da classe II), as armaduras
metálicas dos cabos e as condutas metálicas com condutores isolados.
Como regra geral de protecção, todas as massas de uma instalação eléctrica deverão ser
eficazmente ligadas ao sistema de terra das massas a partir de condutores de protecção.
De uma forma geral, os sistemas de terra de protecção são constituídos basicamente pelos
seguintes componentes:
• Condutores de terra.
• Ligações equipotenciais.
Uma forma de reduzir a resistência do circuito de terra é colocar o eléctrodo de terra a uma maior
profundidade (≥ 0,80 m).
Para aumentar a eficácia de um eléctrodo de terra pode usar-se uma série de varetas (a
separação entre as varetas deve ser pelo menos igual ao dobro do seu comprimento), um anel
condutor ou uma malha.
- Método de queda de tensão com 3 ou 4 fios (Método padrão que utiliza duas
estacas de terra) e um aparelho medidor cujo nome é telurómetro, e
apresenta-se na figura ao lado;
- Método de medida sem estacas (Medição da resistência de terra através da utilização de pinças
em vez de estacas de terra).
- Método bipolar
Nos métodos de medida de queda de tensão e método selectivo há necessidade de realizar pelo
menos cinco medidas para estabelecer uma curva característica semelhante à da figura.
O telurómetro requer três ligações para realizar a medida de resistência de terra no entanto os
medidores mais precisos podem necessitar de uma quarta ligação para eliminar do resultado da
medida, a resistência dos próprios cabos de ensaio, de acordo com a seguinte figura:
O telurómetro injecta uma corrente alternada na terra através do eléctrodo de terra sob teste X e a
estaca de corrente Z. Medindo-se a queda de tensão entre o eléctrodo de terra X e a estaca de
tensão Y e, mediante a lei de Ohm calcula-se a resistência entre X e Y:
Procedimento:
Este método consiste em utilizar dois eléctrodos de terra auxiliares Y e Z ou eléctrodo de tensão e
eléctrodo de corrente, respectivamente, colocados no mesmo alinhamento. Um dos eléctrodos, o
que se coloca mais distante da terra a medir, serve para injectar no solo a corrente de medida –
chama-se eléctrodo de injecção de corrente Z, o outro serve para a referência de potencial nulo Y.
O correcto posicionamento dos dois eléctrodos auxiliares (Z e Y) em relação à terra a medir X ,
tem uma grande importância para se obter uma leitura correcta.
Para realizar o ensaio, a estaca de corrente Z coloca-se à maior distância possível do eléctrodo
de terra sob teste X. Posteriormente, mantendo a estaca de corrente Z fixa, desloca-se a estaca
de tensão Y pela linha entre X e Z desde o ponto mais próximo de X até ao mais afastado
traçando-se a curva de união entre os pontos medidos.
Uma outra opção é a técnica de declive de Tagg, que consiste em realizar três leituras da
resistência de terra com a estaca de tensão Y a 20%, 40% e 60% da distância entre o eléctrodo
de terra sob teste, X, e a estaca de corrente Z.
62% d
d ≥ 30 m
Caso haja necessidade de diminuir o valor da resistência de terra de um eléctrodo, pode recorrer-
se a qualquer dos processos seguintes:
• Enterrar no solo um número de elementos suficiente para que, uma vez ligados em paralelo,
se atinja o valor desejado da resistência de terra, convindo que os vários elementos fiquem a
uma distância entre si de cerca de 2m a 3m, ou, no caso de cabos ou fitas disposto
radialmente, estes formem entre si ângulos não inferiores a 60º;
• Aumentar a profundidade a que o eléctrodo se encontra enterrado por forma a atingir uma
camada de terra mais húmida e melhor condutora;
De relevar que os exemplos propostos prevêem a existência do sistema de terra das massas e do
sistema equipotencial.
7. Pára-raios
A descarga atmosférica pode produzir-se entre uma nuvem e terra, entre nuvens ou dentro da
própria nuvem, quando uma destas nuvens, ou parte dela, está carregada menos negativamente
que a outra. Em qualquer dos casos o raio ou descarga atmosférica, é acompanhado de
fenómenos sonoros (trovão) e luminosos (relâmpago).
As nuvens que mais frequentemente dão margem a raios são os "nimbos" e os "cúmulos", que na
Europa estão entre os 300 e os 1000 m de altura sobre o nível do solo. Em geral, estas nuvens
têm base plana de 3 a 15 Km, que se apresenta carregada negativamente, enquanto que o cume
da nuvem assume carga positiva.
As tensões postas em jogo nas descargas atmosféricas são enormes e podem ser avaliadas,
aproximadamente entre 5 e 10 KV por centímetro de distancia entre nuvens ou entre a nuvem e a
terra. Os valores inferiores correspondem a descarga entre novena que é sempre menos intensa.
Assim, se a distância entre nuvem e terra for de 300 metros, e adoptarmos os maiores valores
(10 KV por cm) a tensão do raio será:
Por todas estas razões pode deduzir-se que a potência do raio é grande, uma vez que e dada
pela expressão.
P = U⋅ I
E = U⋅ I⋅ t
- Energia de 4 a 10 kWh
Para esta descarga atmosférica obtém-se um valor de ponta, corrente de valor máximo, de 1000
kA aos 8 micro-segundos aproximadamente, decrescendo em seguida a intensidade de corrente
até ficar reduzida a 500 kA aos 65 micro-segundos.
Pode dizer-se que geral a extensão dos danos produzidos depende da condutividade eléctrica
dos corpos que recebem a descarga. No caso de corpos condutores os danos são mínimos e
quase sempre limitados aos pontos de entrada e saída da descarga
No caso dos corpos serem maus condutores (árvores, edifícios, etc.) os estragos são sempre
grandes, seguidos muitas vezes de incêndios que aumentam ainda mais os prejuízos e perigos.
Quando se trata de pessoas, na quase totalidade dos casos o efeito da descarga é a morte
instantânea, já que a comoção sofrida pelo organismo é enorme e muito violenta, produzindo-se
queimaduras totais ou parciais.
Os danos e destruições ocasionais pelos raios nos edifícios produzem-se, sobretudo, quando a
descarga atravessa partes isolantes, como madeira, ladrilho, pedra, etc., de tal maneira que para
proteger os edifícios é necessário prever elementos e dispositivos para que a descarga passe
para a terra sem atravessar as referidas partes isolantes, isto é, oferecer ao raio um caminho o
mais fácil possível. Canalizando desta forma a descarga evitam-se grandes prejuízos.
(condutores de cobertura)
condutor de descida
Os materiais a utilizar nos diversos componentes dos pára-raios são o cobre, o ferro galvanizado
e o aço inoxidável.
Para evitar a corrosão das ligações, deve-se procurar que tanto quanto possível, todos os
elementos do sistema sejam compostos pelo mesmo tipo de material.
- Hastes verticais (tipo Franklin): São constituídas por um ou mais elementos condutores
da mesma natureza (cobre ou ferro galvanizado ou aço inoxidável).
Captores naturais
Podem ser usados como captores naturais os elementos metálicos existentes na parte superior
da estrutura a proteger e suficientemente dimensionados para suportar o impacto directo de
uma descarga, tais como coberturas de chaminés, clarabóias, depósitos, tomadas de ar dos
sistemas de climatização, etc.
Os captores naturais são integrados nos pára-raios através dos condutores de cobertura.
O número mínimo de descidas artificiais é de dois. O traçado a seguir pelas descidas deve ser
quanto possível rectilíneo e vertical, de forma a minimizar o percurso entre os elementos captores
e a terra.
As descidas devem ser, em regra, instaladas à vista, fixas à superfície exterior da estrutura a
proteger por meio de elementos de suporte apropriados, estabelecidos à razão de dois por
metro, no mínimo. Cada descida artificial deve ser dotada de um ligador destinado a efectuar as
verificações e medições necessárias.
Podem ser utilizadas como descidas naturais os elementos metálicos existentes na estrutura a
proteger que dêem garantias de continuidade eléctrica, apresentem baixa impedância e possuam
a robustez mecânica necessária.
Eléctrodo de terra
A ligação à terra tem como finalidade a dispersão na massa condutora da terra da corrente
proveniente de qualquer descarga atmosférica que incida no pára-raios.
Todos os pontos de ligação enterrados devem ser preservados dos efeitos da humidade, por
envolvimento em meio não higroscópico (massa ou fita betuminosa, por exemplo).
Se para as instalações eléctricas do edifício for utilizado um eléctrodo em anel este deve ser
também utilizado como eléctrodo do pára-raios.
Se não se optar pelo eléctrodo em anel, a cada descida deve corresponder um eléctrodo de terra.
Constituem eléctrodos de terra naturais as estruturas metálicas enterradas que façam parte ou
penetrem no edifício ou estrutura a proteger. São ainda normalmente utilizadas para aquele fim as
fundações em betão armado, desde que a sua continuidade eléctrica seja assegurada.
Devido ao facto de se tornar difícil verificar as características dos eléctrodos de terra naturais e,
sobretudo, pela dificuldade de garantir a manutenção daquelas características ao longo do tempo
a utilização do eléctrodos naturais não dispensa a instalação de eléctrodos artificiais.
Ligações equipotenciais
Para diminuir a probabilidade de acidente por acção da tensão de passo, deve ser tomada pelo
menos uma das seguintes medidas:
- prever na zona crítica um tapete de material isolante não higroscópico (asfalto por exemplo) com
uma espessura mínima de 50 mm;
Por outro lado, deve ser dada preferência, sempre que possível, a eléctrodos de terra com a
forma de anel em detrimento de eléctrodos do tipo radial.
8. Bibliografia
• Técnicas e Tecnologias em Instalações Eléctricas, L.M: Vilela Pinto, Certiel – Associação
Certificadora de Instalações Eléctricas.
• http://www.prof2000.pt/users/lpa/Medida%20da%20resist%C3%AAncia%20do%20 circuito
%20de%20terra.ppt.