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Apresenta

A Rede

Novela de:

Evana Ribeiro

CAPÍTULO 10
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CENA 01 – NY/BANK BOSTON – INT – TARDE


Continuação da cena final do capítulo anterior. Felícia, baleada,
não consegue se mexer. Teresa pára de correr e volta para socorrê-la.
Irina começa a chorar.

TERESA – Ei, tá tudo bem?

FELÍCIA – Holy shit! [Puta merda!]

TERESA – Ca... calma, eu vou chamar alguém pra socorrer... Someone,


help me, please!

Um homem pega Felícia no colo e a leva para fora. Ed e Bradley


apontam os revólveres para todos os clientes, e assaltam todos eles.

CORTA PARA

CENA 02 – NY/RUA – EXT – TARDE


O homem com Felícia no colo fica parado na frente do banco, sem
saber o que fazer. Teresa sai logo depois, com Irina no colo, e passa na
frente, guiando-os.

TERESA – Bring her here, please. [Traga ela aqui, por favor] (indica o
carro de Bradley)

Teresa abre o carro e o homem coloca Felícia no banco de trás.


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FELÍCIA – Thank you very much. (para Teresa) E agora, pra onde a
gente vai?

TERESA – Hospital, né? (entra e entrega Irina para Felícia) Segura um


pouco ela pra mim, tá?

Teresa começa a mexer no carro.

FELÍCIA – O que você tá fazendo?

TERESA (ainda mexendo nos fios) – A nossa sorte é que esse carro é
fuleirinho, dá pra fazer ligação direta numa boa. Apertem os cintos!

Teresa dá a partida no carro. Começa Break song – The Joe


Perry Project. Corta para a externa do carro, que sai cantando pneu.

CORTA PARA

CENA 03 – NY/BANK BOSTON – INT – TARDE


Bradley e Ed já vão saindo do banco, com os pertences de todos
os clientes, que estão rendidos. Só então eles dão pela falta de Teresa e
Felícia.

ED – Mas que droga, elas conseguiram fugir!

BRADLEY – Calma, cara. Com um bebê e uma delas ferida, não devem
ter ido muito longe. Vamos logo.

Os dois saem correndo.


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CORTA PARA

CENA 04 – NY/RUA – EXT – TARDE


Bradley procura o carro e não o encontra.

BRADLEY – Não é possível.

ED – Não é possível o quê?

BRADLEY – O carro sumiu. E, tipo, eu não estacionei ele em local


proibido, entende?

ED – Quer dizer que elas pegaram a droga do teu carro? (começa a


bater em Bradley) E por que você não trancou essa porcaria?

BRADLEY (se defendendo) – Como eu ia adivinhar que aquelas


energúmenas iam fugir? Agora a gente precisa dar um jeito de fugir logo
daqui.

Ed chama um táxi. Quando o motorista estaciona, Ed, em um


movimento muito rápido, o rende e entra no carro com Bradley. O carro
sai em alta velocidade. Sobe Break song – The Joe Perry Project.

CORTA PARA

CENA 05 – CARRO DE BRADLEY – INT – TARDE


Música: Break song – The Joe Perry Project.
Teresa vai dirigindo e olhando constantemente para trás. Felícia,
com Irina no colo, está em pânico.
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FELÍCIA – Olha... Você tem certeza do que tá fazendo?

TERESA – Pra ser bem sincera, não.

FELÍCIA – E se a gente morrer?

TERESA – Vai ser uma morte bonita, vamos sair nos jornais... Pense
nisso.

Teresa volta a se concentrar no caminho.

CORTA PARA

CENA 06 – TÁXI – INT – TARDE


Música continua.
Ed vai dirigindo o carro em alta velocidade, enquanto Bradley
mantém uma arma apontada para a cabeça do taxista. Atrás deles, uma
viatura da polícia.

BRADLEY – Pra onde estamos indo?

ED – Sei lá! Pra qualquer lugar, o importante é esses tiras saírem da


nossa cola.

Ele continua dirigindo, muito sério, aparentando sangue frio. Corta


para a externa. O táxi faz uma curva brusca, sendo seguido de perto
pela viatura policial. A perseguição segue acirrada até que o táxi bate
em outro carro, que bate em um poste, que enverga e bate no vidro de
uma janela do segundo andar de um prédio, quebrando-o. A música
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pára. A viatura consegue parar a tempo de não bater. Dois policiais


saem do carro, vão até o táxi e apontam para Ed.

POLICIAL – Leave the car with the hand over head or I will shot! [Saia
do carro com as mãos na cabeça ou eu atiro!]

Close em Ed, que não se move.

CORTA PARA

CENA 07
Tomada de Recife. Efeito de transição tarde-noite.

CORTA PARA

CENA 08 – CASA DE EMÍLIO/QTO DE MICK – INT – NOITE


Mick está deitado em sua cama, lendo um livro qualquer,
totalmente desarrumado. Miranda entra sem bater.

MIRANDA – Vai sair assim, é?

MICK – Não vou mais.

MIRANDA – Como é? Ah, não, Mickey, você prometeu!

MICK – Mas eu não tô animado pra sair de casa, entende?

MIRANDA – Não entendo, não. (t) Corta essa tristeza, cara! Se você
quiser mesmo esquecer a Teresa, vai ter que se mexer e ir pra rua.
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MICK – Tá bom, me convenceu! Eu vou, só pra você parar de me


encher. (t) Me espera lá embaixo.

MIRANDA – Por quê?

MICK – Porque ainda vou tomar banho...

MIRANDA – Ora, essa... Tu já me viu tomando banho e trocando fralda,


agora vem com essa frescura!

MICK – Cai fora, Miranda!

MIRANDA – Tá bom, tô indo...

Miranda sai. Mick vai para o banheiro.

CORTA PARA

CENA 09 – CASA DE IAN/SALA – INT – NOITE


Elissa está saindo de casa. Ian a interpela.

IAN – Elissa, posso falar com você?

ELISSA – Só cinco minutinhos, que eu tô com pressa.

IAN – É coisa rápida. Tenho uma proposta de trabalho pra você. (t) Um
amigo meu viu suas fotos, gostou muito e...

ELISSA – Ah, já sei! Ele quer que eu tire onda de acompanhante! Ah,
velhote safado...
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IAN – Estou falando de trabalho, menina!

ELISSA – Eu também!

IAN – Escute, minha filha, essa é uma oportunidade muito boa pra você
trabalhar com fotografia, que é uma coisa que você gosta; ganhar o
próprio dinheiro, enfim, fazer algo que preste na vida.

ELISSA (olha no relógio) – Papis, acabaram os cinco minutos. Depois a


gente conversa, tá?

Elissa sai. Ian fica parado na porta, com ar de decepção.

CORTA PARA

CENA 10
Tomada de Nova York.

CORTA PARA

CENA 11 –NY/CHELSEA HOSPITAL/QUARTO DE FELÍCIA – INT –


NOITE
Felícia está deitada em uma cama, com o braço enfaixado.
Aparentemente está bem. Teresa entra.

TERESA – E aí, como é que tá?

FELÍCIA – Como uma pessoa que acaba de levar um tiro no ombro.


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TERESA – Ainda bem que foi só no ombro, hein?

FELÍCIA – É. Podia ser pior. (t) Bem que a minha mãe me avisou...

TERESA – E Olga também... Depois dessa, nunca mais vou duvidar


dessa história de sexto sentido.

FELÍCIA – E o bebê?

TERESA – Irina? Tá bem, deixei ela brincando com uma enfermeira e


vim aqui te ver. Agora tô indo pra casa. Fica bem aí, tá?

FELÍCIA – Pode deixar. Ah, como é seu nome?

TERESA – Teresa, e o seu?

FELÍCIA – Felícia.

Teresa sorri e vai saindo.

FELÍCIA – Ei, Teresa!

TERESA – Sim?

FELÍCIA – Esqueci de dizer... Muito obrigada por tudo, viu?

TERESA – Não há de quê.

Teresa sai. Teresa se ajeita melhor na cama e fecha os olhos.


Sobe A name – Laura Peek and the winning hearts.
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CORTA PARA

CENA 12
Tomada aérea do Recife Antigo.

CORTA PARA

CENA 13 – RECIFE ANTIGO – EXT – NOITE


O movimento de pessoas nos bares começa a aumentar. Em uma
das mesas na calçada de um bar qualquer, estão Minerva, Miranda e
Mick, conversando e bebendo cerveja.

MICK – Cadê as outras pessoas que você chamou?

MIRANDA – Não chamei tanta gente assim. Daqui a pouco tão


chegando.

Corta para o outro lado da rua. Elissa vem em direção ao grupo,


sorridente.

MIRANDA – Oi, Elissa!

ELISSA – Oi, meninas! Oi, Mick, tudo bem?

Elissa agarra Mick e dá um selinho nele. O rapaz fica sem graça.

CORTA PARA

CENA 14 – AP. DE WALTER/BIBLIOTECA – INT – NOITE


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Walter está lendo o site de um jornal alemão.

WALTER (lendo em voz baixa) – Der Mörder von Aliena Svidrigailova ist
gefundet. [O assassino de Aliena Svidrigailova foi encontrado]

Ele continua lendo a notícia em silêncio, e vai ficando com


expressão cada vez mais surpresa e preocupada. Beth entra, trazendo
café. Walter não a vê.

WALTER – Não é possível!

BETH – O que não é possível, Walter?

WALTER – Vem aqui ver.

Beth chega mais perto e tenta ler a notícia em alemão.

BETH – Traduz pra mim, não entendo nada.

WALTER – Aqui tá dizendo que o assassino daquela moça russa, Aliena


Pietrovna, foi encontrado. (t) Mas antes ele seqüestrou duas mulheres e
um bebê... E uma delas é a Tetê. (t) Uma delas foi baleada, mas aqui
não diz qual.

BETH – E você acha que foi a sua irmã.

WALTER – E se for?

BETH – Ai, Walter... Vaso ruim não quebra tão fácil assim.
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WALTER – Eu preciso descobrir logo o que aconteceu com essa


menina...

BETH – Toma o café que eu trouxe, pelo menos.

WALTER – Pode levar, não quero.

BETH – Mas...

WALTER – Tá bom, deixe aí. Agora me deixe sozinho, tá?

BETH (aborrecida) – Tá bom...

Beth sai. Walter pega o celular e disca.

CORTA PARA

CENA 15 – RECIFE ANTIGO – EXT – NOITE


Miranda e Minerva caminham juntas pela rua, conversando.

MINERVA – Não tá na hora da gente voltar pra mesa, não?

MIRANDA – Não enquanto os pombinhos lá não se acertarem.

MINERVA – Tu tem certeza que o Mick quer?

MIRANDA – Bom, certeza certeza não tenho. Mas ele vai querer,
ninguém em sã consciência ia rejeitar a Elissinha.

MINERVA – Ele já rejeitou uma vez...


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MIRANDA – Mas não vai rejeitar uma segunda! Anote isso...

Distraída, Minerva não vê Miguel vindo do outro lado. Eles


esbarram e ela quase cai no chão, mas Miguel a segura a tempo.

MIGUEL – Opa, desculpa...

MINERVA – Não foi nada... (tenta dar um passo, mas perde o equilíbrio)
Ai, meu pé...

MIGUEL - Vem comigo, é bom você sentar um pouco.

Miguel leva Minerva para um canto menos movimentado, eles


sentam na calçada.

MIRANDA – Quer que eu traga algo pra beber, ou gelo pra colocar aí...

MINERVA – Isso, traz mesmo.

Miranda sai correndo. Minerva e Miguel ficam conversando, em off.


Miranda chega à mesa onde estava com Mick e Elissa, e encontra
Elissa sozinha, muito aborrecida.

MIRANDA – Cadê o Mick?

ELISSA – Foi comprar cigarros e não voltou mais!

MIRANDA – Mas eu nem sabia que ele fumava...


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ELISSA – Tu me trouxe aqui só pra levar outro fora do teu irmão, foi?
Era melhor ter ido pra Fashion.

MIRANDA – Dá um desconto pra ele, tu sabe como meu irmão é difícil...

ELISSA – Se aqui tivesse pelo menos algum gatinho interessante pra


noite não ficar tão perdida... É melhor eu voltar pra casa. Fui.

Elissa sai, bufando de raiva.


Longe dali, Miguel e Minerva conversam.

MIGUEL – Tua irmã tá demorando, hein?

MINERVA – Deve tá conversando com a Elissa...

MIGUEL – Vou começar a trabalhar segunda-feira. Vamos ser colegas


agora...

MINERVA – Legal.

MIGUEL – E o seu irmão?

MINERVA – Nada... Nem uma ligação dizendo ‘agradecemos pela


participação’.

MIGUEL – Puxa, que chato...

MINERVA – Mas logo aparece algo legal pra ele, tenho certeza.

MIGUEL – E o seu pé, tá doendo muito?


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MINERVA – Não. (olha para o pé) Mas tá inchado...

MIGUEL – Vocês tão de carro? Se não, eu te levo no hospital pra ver


isso.

MINERVA – Espera só um pouco, pra Miranda chegar...

MIGUEL – Como quiser.

CORTA PARA

CENA 16 – AP. DE DANILO/SALA – INT – NOITE


Danilo está sentado no sofá-cama, enquanto Walter anda de um
lado para o outro.

WALTER – Até agora nenhuma notícia... Isso já tá me matando.

DANILO – Tu tá igual a tua mulher. Definitivamente o casamento te fez


mal. (t) Te acalma, rapaz!

WALTER – E se aconteceu algo de grave com ela? Com as crianças que


tão sob a custódia dela?

DANILO – Pode ser que não tenha acontecido nada. Conhece aquele
ditado que diz que notícia ruim chega voando?

WALTER – A vontade que eu tenho é de pegar o primeiro avião pra Nova


York e trazer aquela pirralha pelos cabelos. Só tem tamanho, só tem
tamanho!
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DANILO – Olha, por que em vez de ficar aí arrancando os cabelos por


causa da Teresa, tu não vai comigo pro Antigo beber e farrear um
pouco?

WALTER – Não, é melhor eu ficar em casa, esperando notícias.

DANILO – Faça como quiser. Eu vou me arrumar pra sair.

WALTER – Até depois.

Walter sai. Danilo abre o guarda-roupa e começa a procurar uma


camisa. Música: Sujeito de sorte – Belchior.

DANILO – Se eu tivesse me casado com a Beth, provavelmente estaria


neurótico que nem o Walter. (t) Ainda bem que foi ele, e não eu!

Danilo, sorridente, continua procurando a roupa, arremessando


várias peças sobre a cama.

CORTA PARA

CENA 17 – BAR BURBURINHO – INT – NOITE


Jacqueline está sentada sozinha em uma mesa, assistindo a
apresentação de uma banda e bebendo algo alcoólico. Em segundo
plano, vemos Anuska e Rodrigo, que parecem conversar algo. Depois,
Anuska vai para uma mesa em outro canto, enquanto Rodrigo se
aproxima de Jacqueline, sem que esta perceba.

RODRIGO – Jacqueline?
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JACQUELINE (sorrindo) – Oi, cunhadinho! Tá sozinho, é?

RODRIGO – Não, Anuska tá comigo. Só vim mesmo dar um oi.

JACQUELINE – Ah... É chato a Elô não ter vindo, né?

RODRIGO – Pois é...

JACQUELINE – É chato namorar assim, né? Com restrições...

RODRIGO – Restrições?

JACQUELINE – Pode se abrir comigo, eu sei que é chato. (t) Uma vez eu
tive um namorado que era assim, como você, devia ter a sua idade...
Qual é a tua idade mesmo?

RODRIGO – Dezoito, quase dezenove.

JACQUELINE – Isso, ele tinha dezoito anos também. E ia pra todos os


lugares... Barzinho, boate, roda de pagode, em todo tipo de balada ele
tava. E eu nunca podia acompanhar, meus pais não liberavam nunca.
(t) Aí depois de um tempo ele se encheu e me largou.

RODRIGO – É uma pena...

JACQUELINE – Você não se enche não?

ANUSKA (chega e vai arrastando Rodrigo pelo braço) – Opa, desculpa


aí, mas eu preciso falar contigo, Rodrigo.
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Os dois vão se afastando, sob o olhar atento de Jacqueline.

RODRIGO – O que foi?

ANUSKA – A garota tava quase te agarrando.

RODRIGO – A gente só tava conversando.

ANUSKA – Ah, e aquele TV Eye dela pra cima de tu foi impressão minha.

RODRIGO – Acho que você tá exagerando.

ANUSKA – Rodrigo, eu conheço bem a Jacqueline. Ela tem essa cara de


santa, mas tem um fogo no rabo que só pela misericórdia. Se eu fosse
você não dava muita confiança pra ela.

Rodrigo não responde nada e bebe um pouco de refrigerante. Em


segundo plano, vemos Jacqueline olhando fixamente para ele.

CORTA PARA

CENA 18
Tomada de Nova York à noite.

CORTA PARA

CENA 19 – NY/CHELSEA HOSPITAL/QUARTO DE FELÍCIA – INT –


NOITE
Felícia está quase dormindo. Uma enfermeira entra.
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ENFERMEIRA – Miss Hoffnagel... [Senhorita Hoffnagel...]

FELÍCIA (abre os olhos) – Yes?

ENFERMEIRA – Your mom has just arrived. May she come in? [Sua mãe
acabou de chegar. Ela pode entrar?]

FELÍCIA – Mama? Yes, sure. [Mamãe? Sim, claro.]

A enfermeira sai, enquanto Felícia se ajeita sentada na cama.

FELÍCIA – Tô sentindo que lá vem bronca... E do tamanho do Brasil!

Instantes depois, Julia entra.

FELÍCIA – Oi, mãe.

JULIA – Como você tá, Felícia?

FELÍCIA – Bem melhor. A bala me pegou só de raspão.

JULIA – Que bom! (t) Por que vamos precisar ter uma conversinha
séria...

Felícia e Julia ficam se olhando, sérias.

********** FIM DO CAPÍTULO 10 **********

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