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Agrupamento Dr.

Sousa Martins
Escola Secundária com 2º e 3º ciclos
Professor Reynaldo dos Santos

Lê com atenção o texto que se segue:

Sentada na soleira da porta, vestida de farrapos e com tantos cabelos brancos como os anos vivi -
dos por este mundo, esta velha tem nos olhos a pureza, a meiguice e o poder de ler no fundo da nossa
alma.
Nas tardes de todos os dias, sentada a seu lado, com as minhas mãos entre as suas mãos encorti-
çadas, tenho aprendido mais do que em todos os livros que já li. Fala-me das suas alegrias, das suas
tristezas, da sua juventude. Então, o seu olhar fixa-se muito ao longe e o seu espírito recua noventa
anos... E, como que por milagre, as rugas fundas do seu rosto desaparecem e recupera a antiga frescura.
Mulher-homem, mulher-escrava, sofreu os partos de cada animal como se fossem seus, regou as
escassas terras com o suor abundante do seu rosto.
Foi bonita, linda mesmo. Ainda hoje se lhe notam vagos traços de uma beleza que o esforço des-
truiu.
E fala, fala sempre...
- Quando eu era nova, não era assim, menina: havia respeito ! Hoje... Ai Jesus !
Mete as mãos calejadas no saco, o seu mais fiel companheiro, e descasca mais alguns feijões.
- Tem que ser assim, menina ! Tenho que ajudar a minha Maria. Ela, coitadita, sozinha não pode...
Cala-se. Começa então a cantar.
- Sabe que canta bem, tia ? – murmuro-lhe baixinho.
Interrompe a cantiga e sorri-me com aquela boca desdentada.
- Já cantei, já, menina... Mas agora estou velha e a minha voz é fraca.
Aperto então as suas mãos e encosto-as com muita força ao meu coração
- Sabe que gosto muito de si, tia ?
Olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas.
- Minha menina, fui eu que a criei...
Não, não foi ela quem me criou. Apenas me conhece de pequenina. Mas que direito tenho eu de
negar esta afirmação a uma velha da aldeia que criou os seus filhos, os filhos dos outros e até os seus
animais ? Se não fez mais, foi porque os seus braços não são tão grandes como o seu coração.

(Helena Dias)
1. «Mulher-homem, mulher-escrava » (l. 9).
a) Classifica estas palavras quanto ao processo de formação.
b) Que pretenderá a autora exprimir ao usá-las para descrever a Tia Maria ?
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2. Relê agora a última frase do texto.
a) Explica o seu
sentido.____________________________________________________________
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b) Escolhe um adjectivo que resuma o melhor possível a caracterização da Tia
Maria.________________

3. Análise morfológica (entre parênteses as linhas do texto onde se encontram as palavras):


E (1) RECUPERA (7)
POR (2) FOSSEM (9)
PUREZA (2) SEUS (9)
SEU (6) BEM (19)

4. Análise sintáctica (entre parênteses as linhas do texto onde se encontram as palavras):


Palavras do texto Função Sintáctica
NOS OLHOS (2)
-ME (5)
SUJEITO DE “RECUPERA” (7)
ANTIGA (7)
PREDICATIVO DO SUJEITO DE “FOI” (11)
DE CADA ANIMAL (9)
C. DIRECTO DE “SABE” (19)
TIA (19)

5. Pontuação: justifica o emprego de (entre parênteses as linhas do texto onde se encontram


as palavras:
a) Uma vírgula antes de “tia”
(19)_____________________________________________________
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b) Uma vírgula antes de “vestida”
(1)__________________________________________________
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c) Travessão antes de “Já”
(21)_____________________________________________________
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d) Travessão antes de “murmuro”
(19)__________________________________________________
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6. Reescreve o texto seguinte, usando correctamente sinais de pontuação, parágrafos,


maiúsculas:

Por mim respondeu o segundo filho entendo que o diamante está em


boas mãos ficará para o meu irmão dizes bem porque és um bom filho
respondeu o pai dando-lhe um abraço mais valioso do que este diamante
replicou o rapaz foi o abraço que me deste nessa altura o rosto do pai
iluminou-se
(António Botto, Contos, adaptado)
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7. Divide e classifica as orações na frase seguinte:

RI E CANTEI PARA QUE NÃO HOUVESSE TRISTEZA

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