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Introdução a Museologia.

                                                 Professor Dr. Martin Grossman

Felipe Salles Silva N°USP 7164117.

Ensaio/Relatório MAM-SP.

Visitar um museu é antes de tudo, explorar a capacidade de dialogo da arte! Ampliam-se nossas
medidas de percepção, a fruição não é espontânea, pressupõe um esforço ante a cultura, entendimento de
relações complexas, do jogo artístico! Não existem regras de apreciação. Quando guiados em um museu,
hierarquizações e organogramas edificam fortes ideologias de sua época, entende-se as estruturas
ideológicas que à sustentam.

No museu moderno, a arte não compete com o espaço, saem às molduras, as figurações, arranjos,
mesmo a cor das paredes! A arte esta em função de si, falando, calando, está. A museografia branca e lisa
reflete a opacidade dos encaixes construtivos do espaço moderno! Tentacular, conceitual; Engrenado a
situação, o sujeito tece elogios à magnificência do branco, este etéreo atemporal! A obra é isolada de tudo
o que possa prejudicar sua apreciação. Tange notar que, com a instrumentalização do espaço de arte a
metalinguagem do objeto de arte foi aos poucos sendo esquecida, a arte passou a ser produzida para o
cubo branco.

Quando em nossa visita ao MAM-SP, fomos recebidos pelo serviço educativo, que prontamente
subjugou nossas dúvidas, um adendo especial foi deflagrado pelo professor, -a museografia-, o espaço
construído para a exposição da obra! Como não nota-la, a museografia esta para a exposição como o
pedestal esta para o busto helênico, elevando-a a face do homem, sustentando, e, no entanto pouco sendo
observada! Períodos, estilos, disposição? Os elementos para exposição da arte podem ser distintos, mas,
sobretudo no museu moderno deve-se racionalizar! Institucionalizando os espaços na medida em que o
espectador, ao deparar-se com o ambiente sacralizado da estética o transpasse (mesmo que não perceba)
racionalmente, sentindo alguma lógica, sensibilizando-se com a construção do espaço; Passou o tempo
em que a obra competia com sua moldura, e que a logística dos encaixes era usada para preencher os
espaços, o modernismo trouxe para o museu à ergonomia do espaço! A iluminação dita adequada, a falta
de cores dita ideológica, novos modelos de administração ditos modernos! Só o que não se trouxe foi o
mal estar causado pelo não cumprimento das utopias modernas, tão criticada por Chaplin, a “vida-
maquina”, a “produção-maquina”, a “arte–maquina”!
A engrenagem do modernismo continuou rodando, o museu não fugiu nem se fez de rogado, pelo
contrário, assimilou novos conceitos introjetados da sociedade! Construído foi o MOMA. Desta forma
abriu-se precedente para a deglutição do moderno feita pelo museu em outros países.

Contudo, o conceito de Moderno no tempo faliu, da utopia do moderno, os corpos sociais recém
formados criaram o seu novo dia a dia, mas seus ideários foram se perdendo. O mesmo pode-se dizer do
museu, criados foram seus espaços e rotinas, mas suas idéias originais foram se perdendo aqui e acolá.
Nesse mesmo momento, das entranhas do progresso, gerada foi a pós-modernidade; (enquanto no
modernismo o auto investimento humano voltou-se para a segurança, a racionalidade e a organização, no
pós-moderno investiu-se em liberdade, uma liberdade de estilos, formas, técnicas, de abolição das
técnicas...) que alterou o curso dos museus o suficiente para que se caracterizassem de nova forma , mas
não para que se apresentassem de forma diferente! Ficamos com espaços modernos que expõem idéias
pós-modernas.

Vimos os conceitos se tornarem mais poderosos que as ideias e por sua vez estas se tornarem mais
poderosas que os objetos, também vimos a banalização da autocrítica que se tornou auto-pieguice
assistimos ainda, Boquiabertos que mesmo após tantos anos de exploração da arte-conceitual, como ela
ainda nos parece rasa, não seria talvez a falta de um espaço adequado para a quebra das demarcações e
fronteiras impostas pelo museu moderno e seus idealismos?

Urge pensar, que reconhecer a perda dos limites habituais talvez seja um próximo passo para o
museu. Como seria o museu dessa Pós-modernidade (líquida), onde o relativo se torna insuportável?
Nossos espaços criados para o entendimento racional se mostraram reflexos da época em que foram
construídos. Foram-se os tempos, é hora de mudar também.

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