Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RAZÃO ÁUREA
PROFESSOR ORIENTADOR
Introdução...................................................................................................................................3
Desenvolvimento........................................................................................................................9
Razão áurea.............................................................................................................................9
Calculando o número áureo....................................................................................................9
Construindo o segmento áureo por meio de régua e compasso............................................10
Construção do retângulo áureo a partir do menor lado.........................................................13
Triângulo áureo.....................................................................................................................14
Aplicações do Teorema.........................................................................................................15
O pentagrama de Pitágoras (V séc. aC. )..............................................................................16
Retângulo áureo....................................................................................................................16
Um problema curioso sobre congruência de triângulos........................................................19
A seqüência de Fibonacci e o número áureo.........................................................................23
Limite de uma seqüência.......................................................................................................24
Seqüências de Cauchy...........................................................................................................25
Curiosidades..............................................................................................................................27
Bibliografia ..............................................................................................................................30
4
Introdução
A contagem, certamente, sempre fascinou a espécie humana. Os “números”, por exemplo, para
os pitagóricos (nome dado aos componentes da sociedade secreta fundada por Pitágoras) regia o
universo. Inclusive o lema dos pitagóricos era “tudo é número”.
Pitágoras nasceu em Samos, uma das ilhas do Dodecaneso, mas se estabeleceu em Crotona,
local chamado de Magna Grécia, hoje Itália.
A escola pitagórica era extremamente conservadora, tendo no bojo um código de conduta rígido
e inflexível. Existem relatos dos quais se atribuem que seus membros eram vegetarianos.
Não há documentos explícitos daquela época, por isso Pitágoras continua sendo uma figura
enigmática e obscura, muito embora fossem muitas as obras escritas sobre Pitágoras, inclusive umas de
Aristóteles, mas se perderam.
Ao transcrever a obra geométrica de Tales, Proclo diz que:
Pitágoras, que veio depois dele, transformou essa ciência numa forma liberal de instrução, examinando seus
princípios desde o início e investigando os teoremas de modo imaterial e intelectual. Descobriu a teoria das proporcionais
A geometria tem dois grandes tesouros: um é o teorema de Pitágoras; o outro, a divisão de um segmento em
média e extrema razão. O primeiro pode ser comparado a uma medida de ouro; o segundo podemos chamar de jóia
Uma das propriedades mais interessante da secção é que, ela se auto propaga.
Veja o que isso significa.
Dado um segmento (Fig. 2) e sobre este um ponto , sendo que divide em média e
extrema razão, isto é, está para assim como está para . Se sobre o segmento maior, aqui
refiro a , marcamos um ponto tal que , então o segmento por sua vez ficará
subdividido em média e extrema razão pelo ponto (isso será demonstrado no desenvolvimento da
monografia). Esse processo pode ser repetido indefinidamente, o que caracteriza a autopropagação.
6
Não se sabe, até onde os pitagóricos foram com este processo, ou se pelo menos fora observado
por eles, ou se tiraram conclusões concernentes ao mesmo. Não se tem conhecimento se os pitagóricos
de cerca de 500 a.C. sabiam dividir um segmento em média e extrema razão, não se deve responder
com segurança, embora, fosse muito provável que sim.
A construção e a divisão de um segmento em média e extrema razão, equivale à resolução de
uma equação do segundo grau. Observe que podemos chamar o segmento , e
temos a equação .
Essa equação já havia sido resolvida pelos babilônios e Pitágoras poderia ter aprendido com
eles como resolver algebricamente esta equação. No entanto, se é um número racional, não existe um
número racional que satisfaça a equação. Pitágoras teria percebido isso? Certamente que não.
Possivelmente os pitagóricos tenham usado, no lugar do método algébrico utilizado pelos babilônios,
algo parecido com aquilo que Euclides usou em: Os elementos II,11 e VI,30; um processo geométrico
para dividir um segmento de reta AB em média e extrema razão. Euclides construía um quadrado
(Fig. 3) sobre o segmento . Em seguida “bissectava” pelo ponto , traçava e
prolongava a reta até tal que . Em seguida completava o quadrado e o ponto
era então encontrado. Veja que o problema estava resolvido, (que será mostrado no
desenvolvimento da monografia).
7
Se fosse possível conhecer a solução que os pitagóricos adotavam para o problema da secção
áurea, certamente muitas respostas teríamos e com bastante êxito no avanço e esclarecimento no que
diz respeito ao nível e características da matemática pré-socrática.
Segundo Boyer (1996, p. 50), “a essência de tudo, na geometria como nas questões práticas e
teóricas da vida do homem, pode ser explicada em termos de arithmos, ou das propriedades intrínsecas
dos inteiros e suas razões, era um artigo de fé fundamental do pitagorismo”. Certamente os pilares do
fundamentalismo e rigor da escola pitagórica, começaram a ruir quando eles perceberam que os
inteiros eram insuficientes para descrever até mesmo algumas das propriedades mais simples e
rudimentares, como por exemplo, comparar a diagonal de um quadrado ou de um cubo ou de um
pentágono com seu respectivo lado. Tais segmentos são incomensuráveis, não importa quão pequeno
ou quão grande seja a unidade de medida. Como ou quando foram feitas essas descobertas não se tem
notícias, ou não se sabem, mas muito se escreveu em decorrência e apoio de uma ou outra hipótese.
Não há fundamentação teórica para a primeira descoberta da incomensurabilidade pelos hindus, nem
mesmo que Pitágoras conhecesse tamanho problema, provavelmente essa descoberta fora feita por
pitagóricos em meados de 410 a. C. Alguns dizem que foi Hipasus de Metaponto no fim do quinto
século a. C, outros dizem que foi meio século depois.
Se construirmos um pentágono regular e traçarmos as cinco diagonais, elas formam um
pentágono regular menor (Fig. 4) e as diagonais do segundo formam um terceiro pentágono regular,
que é menor ainda. Podemos continuar a traçar diagonais e teremos sempre um pentágono cada vez
menor, isso ocorre indefinidamente, assim podemos concluir que a razão da diagonal para o lado num
pentágono regular não é racional. A irracionalidade dessa razão fora mostrada na (Fig. 2), que
argumenta sobre a autopropagação da secção áurea. Talvez esta tenha sido a descoberta da propriedade
que levou a revelação por Hipasus, da incomensurabilidade? Não há documentos que provam isso, mas
a sugestão é aceitável. Então não seria mas que primeiro revelou a existência de medidas
incomensuráveis, pois a solução da equação nos leva a como sendo a razão entre o
Neste trabalho, propomo-nos a estudar a questão sobre secção áurea, organizamos o trabalho da
seguinte forma:
Conceituamos a razão áurea, calculando o número áureo e construindo o segmento áureo por
meio de régua e compasso.
Construção do retângulo áureo a partir do menor lado, através do teorema de Pitágoras.
Demonstramos o teorema que mostra que o triângulo isósceles com ângulos de é
áureo. A partir deste, construímos o decágono regular e o pentágono regular.
Vemos ainda o pentagrama de Pitágoras. O retângulo áureo com outros retângulos embutidos e
a relação entre seus lados e a seqüência de Fibonacci. Algumas curiosidades (aplicações).
Finalmente a seqüência de Fibonacci e o número áureo. Calculando inclusive o limite que nos
leva a este número.
9
Desenvolvimento
Razão áurea
Dizemos que um ponto divide um segmento em média e extrema razão significa que este fora
seccionado de forma notável. Dando origem a dois segmentos desiguais. Partindo desses segmentos
temos a razão áurea, ou seja, a relação que a define como:
da figura ao lado,
Boyer).
Ao longo desta monografia teremos a oportunidade de verificar diversas aplicações nas quais
este número aparecerá “naturalmente”.
Usando régua e compasso, traçamos uma reta perpendicular a , pelo ponto com metade do
comprimento de ;
Veja o traçado:
Com o compasso faça centro em , traçando uma circunferência que intercepte a perpendicular
no ponto de raio .
11
é perpendicular a e
Definição: Um triângulo é chamado isósceles se pelo menos dois de seus lados forem
congruentes.
Demonstração:
De fato, sejam .
fazendo ,
Triângulo áureo
Veja que no triângulo isósceles acima, podemos construir vários triângulos embutidos
semelhantes ao primeiro, estes triângulos são chamados de triângulos áureos, abaixo temos uma
ilustração sobres estes triângulos.
Aplicações do Teorema
O pentágono regular, certamente, era para os pitagóricos a figura mais importante, pois suas
diagonais dão origem ao pentagrama, também chamado de pentágono regular estrelado que era o
símbolo da escola dos pitagóricos.
Dado um pentágono regular e suas diagonais teremos triângulos congruentes onde cada um
deles divide uma diagonal em dois segmentos desiguais, dividindo qualquer uma delas em média e
extrema razão.
17
Retângulo áureo
De fato, como .
Assim .
Dizemos ainda, dados dois números positivos e , que satisfaça a relação , podemos
formar a seqüência:
em que
Generalizando, temos:
que é a seqüência:
Mais adiante voltaremos a estudar esta seqüência de números.
Este raciocínio nos garante, que quaisquer dois elementos consecutivos desta seqüência nos dão
um retângulo áureo e que o processo de retirarmos quadrados de retângulos áureos nos levam a uma
seqüência infinita de retângulos áureos, com tamanhos cada vez menores tendendo a zero.
Veja:
http://jwilson.coe.uga.edu/EMT668/EMAT6680.F99/Erbas/KURSATgeometrypro/golden%20rectangle/goldenrec%26logspiral
Dois triângulos são congruentes se puderem ser sobrepostos por meio de translações, rotações
ou simetrias axiais. Se os seus três lados e seus três ângulos respectivamente correspondentes forem
iguais, eles são congruentes. São os casos de congruência conhecidos: ,
sendo que é o lado do triângulo, é um ângulo interno e é um ângulo oposto pelo vértice.
Existe um problema bastante interessante sobre congruência de triângulos que é o seguinte: é
possível encontrarmos pares de triângulos que possuem cinco elementos congruentes, mas estes
triângulos não são congruentes?
A resposta a esta questão é sim, como podemos ver sua solução a seguir.
Note que os triângulos não podem ter três lados respectivamente congruentes, pois, sendo
assim, eles seriam congruentes. Baseado nessa premissa, concluímos que os elementos que compõem
os dois triângulos estão dispostos da seguinte maneira: três ângulos congruentes e dois lados também
congruentes.
20
Isso indica que os triângulos são semelhantes e, portanto seus lados são proporcionais.
Sejam dois triângulos e seus lados respectivamente. (as letras aqui indicam
lados e medidas de seus lados)
Como fora dito, eles são semelhantes, logo, seus lados correspondentes são proporcionais, no
entanto, nem todas as correspondências são possíveis. Como se segue:
Lados iguais não podem ser correspondentes, se assim o fosse, teríamos:
Em outras palavras, se dois triângulos não congruentes com cinco elementos respectivamente
congruentes, os lados de um dos triângulos serão formados pela Progressão Geométrica e
Há uma propriedade na formação de um triângulo que diz que o lado maior será menor que a
soma dos outros dois lados.
Para satisfazer essa propriedade tomamos um dos triângulos com os números , no qual:
ou
Da primeira condição:
dividindo os termos da inequação por , resultar em e
.
Calculando as raízes:
21
Logo:
Logo:
Juntando os dois resultados, para que sejam lados de um triângulo é preciso que
Observe a figura abaixo: começando com o triângulo de lado , cada par de triângulos com
um lado em comum satisfaz as condições do problema.
23
que é uma seqüência limitada conforme veremos abaixo. Considerado a seqüência de Fibonacci como
um conjunto da forma e a razão de cada número pelo seu antecessor, obtemos
outra seqüência:
Percebe-se facilmente o que ocorre quando colocamos essas razões sucessivas (altura) em um
gráfico, onde, o eixo horizontal é a seqüência de Fibonacci:
As razões vão se aproximando de um valor já conhecido por nós, como o número de ouro
(número áureo), que é representado pela letra grega . Aliás, quando n tende para o infinito, o limite é
exatamente o número áureo .
24
Definição: Diz-se que o número real é limite da seqüência de números reais, e escreve-se
, quando para cada número real , dado arbitrariamente, for possível obter um
inteiro tal que , sempre que . (Elon, vol.1 pág.107)
Simbolicamente temos:
Teorema 1: Toda seqüência convergente é limitada (ver demonstração em Elon, vol.1, pág. 110)
Observação: A recíproca é falsa: a seqüência é limitada mas não é convergente porque
possui limites diferentes.
25
Seqüências de Cauchy
Veremos agora que o critério usado por Cauchy nos dará uma condição, suficiente e também
necessária, para a convergência de uma seqüência de números reais.
Seja uma seqüência de números reais. é uma seqüência de Cauchy se:
Dado um número real , pode-se obter tal que e implica .
Isto significa dizer que seus termos , , para valores suficientemente grandes dos índices
se aproximam arbitrariamente uns dos outros.
Teorema 2: Toda seqüência convergente é de Cauchy. (Demonstração, ver Elon vol.1, pág.126)
Lema: Toda seqüência de Cauchy é limitada. ( Demonstração, ver Elon vol.1, pág.126,127)
Teorema 3: Toda seqüência de Cauchy de números reais é convergente.(Demonstração, ver Elon vol.1,
pág. 127)
Fibonacci, converge, e converge para o número , isto é , que é o número áureo. Para
isso, mostraremos que é uma seqüência de Cauchy e, portanto, pelo Teorema 3, a seqüência
converge.
Seja dado. Devemos mostrar que existe tal que se , então
.
Como é estritamente crescente, é possível encontrarmos tal que
. (*)
Agora, como
concluímos que
Curiosidades
Na figura acima, a letra (h) é na verdade uma espira dourada. Os egípcios quando usavam os
pés e as mãos como hieróglifos, demonstravam um cuidado especial, sobre o corpo, como razão áurea
em suas proporções. Veja que o (p) e o (sh) são retângulos áureos .
O olho de Rá, outro símbolo importante do Egito antigo. Ele simboliza o rei Sol Rá, o mais
importante deus egípcios. Este símbolo é notado nos sarcófagos dos mortos. Pode ser desenhado como
retângulo áureo.
Muitas foram as aplicações da secção áurea, nos seus templos religiosos, em suas pirâmides.
Também a razão áurea foi muito aplicada na Grécia antiga.
Um dos mais antigos momentos já visto é o Partenon Grego (entre 447 e 433 aC), templo
representativo do século de Péricles, contém a razão de ouro no retângulo que contem a fachada
( largura/altura ), isso nos revela a preocupação de realizar uma obra de alta beleza e harmonia. O
arquiteto e construtor dessa obra foi Fídias. Como já sabemos, a inicial do nome do arquiteto é a letra (
) que é designada para denotar o número áureo.
Tem destaque também, à época do Renascimento, em especial com Da Vinci. Em suas obras de
arte, usou muito, da razão áurea, chamada por ele, de, a divina proporção. Leonardo, homem de uma
criatividade exuberante, era um gênio de pensamento original e usou exaustivamente os conhecimentos
matemáticos que possuía, em suas obras. Um, exemplo é a tradicional representação do homem em
forma de estrela de cinco pontas de Leonardo, que foi baseada nos pentágonos estrelados regulares
inscritos na circunferência.
Na Monaliza, observa-se a proporção Áurea em várias situações. Por exemplo, no seu rosto,
pode-se construir vários retângulos áureos.
29
Na natureza, está repleta de seres vivos contendo essas dimensões, “secção áurea”, por isso, nos
fascinam tanto. Em algumas plantas, por exemplo, a avelã, cassis e faia.
No corpo humano, essas dimensões tem sido estudadas com veemência. As secções áureas no
corpo humano estão representadas a seguir:
30
Bibliografia
LIMA, Elon Lages. Curso de Análise.Vol.1, 11.ed. Rio de Janeiro:Associação Instituto Nacional de
Matemática Pura e Aplicada, 2006.
BOYER, Carl B. História da matemática/Carl B. Boyer, revista por Uta C. Merzbach; tradução Elza F.
Gomide – 2.ed. São Paulo: Edgard Blücler,1996.