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1 INTRODUÇÃO
propriamente dito. Ficou estabelecida uma moldura temporal dos últimos dez anos
em relação aos recursos orçamentários/financeiros que são destinados pelo Poder
Público à educação, em especial ao ensino médio.
2 A EDUCAÇÃO NO BRASIL
dizia que a “instrução primária é gratuita para todos os cidadãos” (BELLO, 2001, p.
4), e que segundo Oliveira & Adrião (2002) apud Vieira (2008) na época o Brasil
tinha sido “um dos primeiros países a inscrever em sua legislação a gratuidade da
educação para todos os cidadãos, apesar desta não ter se efetivado na prática”.
Demontra-se a preocupação do monarca com a situação de completo abandono da
educação nesse novo império, o que criou dentro da Assembléia Constituinte a
Comissão de Instrução Pública.
Uma das reformas educacionais consideradas de importância e que
pretendia regular todo o ensino no Império foi a proposta em 1826 por Januário da
Cunha Barbosa, que o distribuía em quatro graus. O primeiro era denominado
“Pedagogias” (educação de crianças), que era para todos e oferecia conhecimentos
elementares independente da situação social ou profissão; o segundo eram os
“Liceus” para formação profissional, como agricultura , arte e comércio; os dois
últimos graus eram destinados à elite vigente, tendo como terceiro grau os
“Ginásios”, que tratava de conhecimentos científicos gerais; e o quarto grau as
“Academias”, com ensino das ciências abstratas e de observação, e estudos de
ciências morais e políticas (SAVIANI, 2006, p. 5372).
O projeto ambicioso de Januário da Cunha Barbosa não foi relevante. Em
seu lugar, a Câmara dos Deputados preferiu ater-se a um modesto projeto limitado à
escola elementar, que passou a ser denominado “escolas de primeiras letras”,
utilizando para suprir a falta de professores, o “método de ensino mútuo”4. A redação
final do artigo primeiro passou a ser: “Em todas as cidades, vilas e lugares mais
populosos, haverão (sic) as escolas de primeiras letras que forem necessárias” (op.
Cit.).
Um ponto importante, que ainda gera inúmeras discussões nos dias atuais
em relação à centralização ou descentralização do ensino fundamental, é a entrada
em vigor do ato adicional de 1834, que determinava que as províncias passariam a
ser responsáveis pela administração do ensino primário e secundário. Saviani (ibid)
comenta que tal situação adveio para legalizar a omissão do poder central no trato
da educação popular.
Situação interessante de ser comentada foi a reforma educacional Couto
Ferraz, de 1854, que trazia o seguinte corolário em seu art. 64, a obrigatoriedade
4
Método do Ensino Mútuo - também conhecido como Método Lancaster ou sistema britânico de
educação, onde o aluno treinado (decurião) ensinava um grupo de dez alunos (decúria) sob a rida
vigilância de um inspetor (BELLO, 2001, p. 4).
22
aos “pais, tutores, curadores ou protetores que tiverem em sua companhia meninos
maior de 7 anos” de garantirem “o ensino pelo menos de primeiro grau” (op. Cit.), o
que obrigava as crianças a frequentar as escolas.
Passamos para o período Republicano, que demonstra na sua organização
escolar, no início, uma influência positivista. Diversas reformas educacionais e
Constituições foram disponibilizadas sobre o tema da Educação. Inicialmente
podemos citar a Reforma Benjamin Constant, que tinha como princípios norteadores
a liberdade e laicidade do ensino, como também a gratuidade da escola primária.
Vieira (2008) ressalta dois pontos importantes dessa reforma: a criação de
um fundo escolar exclusivamente para o desenvolvimento do ensino primário e
secundário do Distrito Federal, sendo baseado em porcentagem dos orçamentos,
rendas, impostos, dentre outras fontes; e a preocupação com a qualidade do ensino,
na determinação de que cada classe de 1o grau tivesse no máximo 30 alunos.
A reforma seguinte foi a de Epitácio Pessoa, de 1901, que não registrou
qualquer preocupação com o ensino primário; firmou-se sim o acordo de não-
interferência e colaboração mútua entre governo federal, estados e municípios,
revelando-se um período mais centralizador da política brasileira.
A reforma Rivadávia Correa, de 1911, pretendeu que o curso secundário se
tornasse formador do cidadão e não simples promotor a um nível seguinte. Segundo
Bello (2001), devido às suas características mais liberais, os seus resultados foram
desastrosos para a educação brasileira.
A década de 1920 foi marcada por diversos fatos relevantes no processo de
mudança das características políticas brasileiras, como a Semana de Arte Moderna
(1922), o Movimento dos 18 do Forte (1922), a Revolta Tenentista (1924) e a Coluna
Prestes (1924 a 1927). Na área de educação, foram feitas várias reformas no âmbito
Estatais. Relevante na Reforma de João Luiz Alves foi a criação, em 1925, do
Departamento Nacional de Ensino, hoje Ministério da Educação. Segundo Vieira &
Farias (2007) apud Viera (2008, p. 80), “a década de 1920 prepara o cenário para as
ideias e tendências que assinalarão os agitados anos de 1930”.
Seguimos com a Revolução de 1930 e a entrada no poder de Getúlio
Vargas, que foi o marco referencial para a chegada do Brasil no mundo capitalista
de produção. Isso colocado, a nova realidade brasileira passou a necessitar de mão-
de-obra qualificada, e houve a vontade política de se investir em educação. Assim
sendo, em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública.
23
ano, vinte por cento, pelo menos, da receita tributária municipal” (op. Cit., p.120).
Fato contrário foi o retrocesso representado pela desvinculação dos recursos para a
Educação (art. 169), porém, tal situação é corrigida com a Emenda Constitucional
(EC) 24/1983.
Segue-se, a partir de 1986, um período de abertura política que culminou
com a Constituição de 1988, a “Constituição Cidadã” como ficou conhecida, pois
dentre seus traços marcantes estão: “a presença do povo e a valorização da
cidadania e da soberania popular” (TACITO, 2002 apud VIEIRA, 2008, p.129). Em
relação à matéria sobre Educação, ela é a mais extensa e detalhada, com dez
artigos específicos e figurando em quatro outros dispositivos.
Tanto a Constituição Federal de 1988 (CF/88), como a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB/96), e outros dispositivos legais ligados
à educação serão vistos em maiores detalhes no próximo tópico deste capítulo.
"cassação branca", uma "vitória dos segmentos médios em favor de seu objetivo de
garantir um percurso escolar mais longo para seus filhos" (ZIBAS, 2005, p. 1070), e
que substituiu "qualidade para o trabalho por preparar para o trabalho [...] e a
habilitação profissional tornar-se não obrigatória, mas uma opção do
estabelecimento de ensino" (id., 1992, p.57).
Na década de 1990, podemos observar o início de um novo ciclo da
educação brasileira "com a democratização do acesso ao ensino fundamental e a
extraordinária expansão do nível médio [...] tal expansão foi acompanhada da
implantação de abrangente sistema de avaliação e ampla reforma curricular"
(CASTRO & TIEZZI, 2005, p.119)
Com o advento da LDB/96, o antigo ensino secundário passou a ter a
denominação atual de ensino médio e começou a fazer parte da educação básica,
junto com a infantil e a fundamental. O art. 35 transcritos a seguir da referida Lei é
que define o que é ensino médio atual:
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração
mínima de três anos, terá como finalidades:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no
ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para
continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade
a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada
disciplina.
O art. 4o que trata do dever do Estado com a educação escolar pública será
efetivado mediante garantia de, entre outros pontos:
elaborado a partir dos eixos norteados pela CF/88, pela LDB e a EC/14 (criação do
Fundef), ambas de 1996, e pelas políticas atuais do setor. Esse plano atende a uma
antiga reivindicação dos educadores brasileiros.
Algumas metas do PNE que estão ligadas ao tema em estudo: elaborar, no
prazo de um ano, padrões mínimos educacionais de infraestrutura para a educação
infantil, para o ensino fundamental e para o ensino médio; promover a revisão dos
cursos de formação inicial para professores e implementar programas de formação
em serviço para eliminar a presença de professores leigos nos sistemas de ensino;
garantir a disseminação das novas tecnologias educacionais nas escolas públicas; e
promover a participação da comunidade na gestão escolar.
Segundo a Assessoria de Comunicação Social do MEC, uma outra meta
importante é a expansão do ensino médio e superior. De acordo com o plano, o
Poder Público deverá promover o aumento da matrícula no ensino médio, buscando
não apenas garantir o acesso a todos os que concluíram o ensino fundamental,
como também aos jovens e adultos que não o cursaram na idade apropriada.
Três pontos importantes que devem ser ressaltados no PNE em vigor e que
agregam substancial ação de caráter positivo no ensino médio são: a possibilidade
de melhorar o aproveitamento dos alunos, de forma a atingir níveis satisfatórios de
desempenho definidos e avaliados pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica (SAEB), pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM); procurar assegurar
que, em cinco anos, todas as escolas estejam equipadas, pelo menos, com
biblioteca, telefone e reprodutor de textos, uma situação ainda em fase de
implantação; e assegurar a autonomia das escolas, tanto no que diz respeito ao
projeto pedagógico como em termos de gerência de recursos mínimos para a
manutenção do cotidiano escolar.
Neste ano termina o período de ação deste PNE, mas segundo informações
em recente levantamento, abrangendo o período de 2001 a 2008, o MEC
diagnosticou que apenas 97 das 295 metas estão sendo cumpridas. Apesar dos
programas de acesso criados nos últimos anos, Enem e Programa Universidade
para Todos (PROUNI)5, o estudo aponta, ainda, que o índice de repetência continua
alto, ao contrário do acesso às universidades e à educação infantil, que estão longe
5
PROUNI - tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de
graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior.
Disponível em: <http://prouniportal.mec.gov.br/index.php>. Acesso em: 13 jun. 2010.
33
8
Para maiores detalhes dos citados programas, acessem o sitio do MEC e em seguida a Secretaria
de Educação Básica. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/>. Acesso em: 13 jun. 2010.
9
Disponível em: <http://provabrasil.inep.gov.br/>. Acesso em: 13 jun. 2010.
36
10
Disponível em: <http://ideb.inep.gov.br/Site/>. Acessado em 07 out. 2010.
37
11
Disponível em: <http://www.enem.inep.gov.br/>. Acesso em:13 jun. 2010.
38
12
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=293&Itemid=358>. Acesso em: 11 jun. 2010.
13
Disponível em: <http://www.inep.gov.br/estatisticas/gastoseducacao/>. Acesso em: 20 jun. 2010.
39
recursos destinados são para o ensino superior, uma construção histórica desde os
tempos do império brasileiro.
Em seu sítio na internet, o INEP tem um link específico para os gastos
públicos em Educação, de onde foram extraídas duas tabelas interessantes que
podem ser visualizadas no Anexo A, e demonstram que o gasto com o Ensino
Superior, inclusive o custo por aluno, é diferenciado.
Como simples exemplo que trata do Investimento por Aluno por Nível de
Ensino - Valores Reais em 2008, o estudante do Ensino Médio teve um custo de R$
2.122,00 e o do Ensino Superior R$ 14.763,0014; ou seja sete alunos do Ensino
Médio vale um do Superior, uma completa inversão de valores socioculturais.
Outro ponto sempre controverso é a baixa remuneração e o desprestígio do
magistério que atua na educação básica. Em uma pesquisa realizada pelo INEP em
2003 e publicada com o título de "Estatísticas dos Professores no Brasil", podemos
verificar que comparativamente no Brasil, o professor de nível médio ganha R$
866,23 contra R$ 2.565,47 do professor de nível superior, para efetuarmos uma
comparação entre profissões similares (INEP, 2003, p. 30).
Segundo a UNESCO (2009), o salário médio do professor brasileiro em
início de carreira é o terceiro mais baixo em um total de 38 países desenvolvidos e
em desenvolvimento. Continuando sobre esse relatório:
3.1 CONCEITOS
Ao procurarmos entender o que significa "potência global", precisamos
primeiramente estabelecer o que se entende por Poder. Segundo o manual da ESG
(2010, p. 30) poder é a "conjugação de vontades e meios". A vontade simplesmente
não é suficiente para satisfazer uma necessidade, interesse ou aspiração de uma
sociedade, que seriam os seus objetivos. É preciso, também, que existam os meios
necessários e suficientes que integralizam o Poder. A partir desse ponto, podemos
conceituar Poder Nacional como a "capacidade que tem o conjunto de homens e
meios que constituem a Nação para alcançar e manter os objetivos nacionais em
conformidade com a vontade nacional" (loc. Cit.).
Podemos então, a partir de Poder, conceituar os demais vocábulos que têm
significado e que estão relacionados a esta pesquisa, começando por RI que,
segundo a enciclopédica eletrônica wikipedia19, visam ao "estudo sistemático das
relações políticas, econômicas e sociais entre diferentes países cujos reflexos
transcendam as fronteiras de um Estado, isto é, tenham como locus o sistema
internacional". Pode-se focar tanto na política externa de um Estado, quanto nas
interações entre os atores internacionais, como as empresas transnacionais, as
organizações internacionais e as organizações não-governamentais.
Potência global ou potência grande20, é definido na hierarquia dos Estados
como uma Nação ou o Estado que, pela sua grande força econômica, política e
militar, é capaz de exercer o poder até por cima da diplomacia mundial. As suas
opiniões são fortemente consideradas por outras nações antes de empreender uma
ação diplomática ou militar.
Outro conceito relevante é o de potência regional, que está relacionado com
a influência de um Estado em seu entorno geográfico. Detlef Nolte (2006) apud
19
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%B5es_internacionais>. Acesso em:
03 jul. 2010.
20
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_pot%C3%AAncia>. Acesso em: 25 jun. 2010.
43
Gratius (2007, p. 7) elaborou um checklist com oito pontos que caracterizam uma
potência regional. Podemos citar três que, especificamente, têm ligação com esta
pesquisa: “dispor de suficientes recursos materiais, organizacionais e ideológicos
para criar um projeto regional; dispor de destacada influência em assuntos regionais;
e possuir notável interdependência política, econômica e cultural regional”.
Segundo ainda o mesmo autor, os parâmetros quantitativos para medição
do poder de um Estado para enquadrá-lo como potência são: “território, população,
capacidade militar, Produto Interno Bruto (PIB) e recursos naturais; somando-se
ainda o nível de desenvolvimento e o poder de sua cultura influenciar outros povos”.
Poderíamos analisar cada um dos parâmetros sob a ótica brasileira, associando ao
entorno geográfico, ou seja, subcontinente sul-americano, ou mesmo ampliando a
análise para o ambiente global.
Um conceito importante é o de país emergente, ou seja, aqueles cujas
economias têm crescido substancialmente nos últimos anos, além de mostrarem
também melhorias em seus índices de desenvolvimento político e social e de
competitividade global, tornando-os diferenciados entre os demais, e entre os países
subdesenvolvidos. O melhor parâmetro para estas avaliações seria o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), que abrange não só o aspecto econômico, como
também outros avanços nas áreas política e social. Faz-se interessante a
comparação entre os diferentes IDH dos países do nosso entorno geopolítico.
Na tabela 8 (Anexo A) pode-se verificar que o Brasil está em quinto lugar,
com 80,8 pontos em 100, no Índice de Poder Potencial (IPP) que, segundo
Gonçalves (2005), é a média simples de três outros índices que expressam o
desempenho das seguintes variáveis: tamanho do território, população e valor da
produção (produto nacional). Este índice foi colocado para que, ao começarmos a
estudar as nossas possibilidades como nação emergente, possamos verificar quais
são nossas perspectivas futuras e nossas potencialidades, apesar do longo caminho
a seguir.
Ressalta-se ainda nesta tabela que dos cinco primeiros países com alto
poder potencial, excetuando-se os EUA que ocupa o segundo lugar (91,1 pontos),
encontramos a China (95,9 pontos), a Índia (88,7 pontos), a Federação Russa (81,9
pontos) e a seguir o Brasil. Excetuando-se os EUA, esses são os países emergentes
da atualidade, conhecidos como BRIC, que serão vistos com mais detalhes
posteriormente.
44
3.2 PERSPECTIVAS
O Brasil está atualmente vivendo um grande momento no cenário político-
econômico-estratégico mundial. Podemos realçar, por exemplo, eventos esportivos,
como os jogos mundiais militares em 2011, a copa do mundo de futebol de 2014 e a
Olimpíadas de 2016, que será a primeira a ser realizada na América do Sul.
Podemos também citar diversas frases, que circulam na mídia mundial, ditas
por personalidades públicas globais e que reforçam a grandeza, o momento, e o
reconhecimento do nosso país, a saber: "Brasil é uma potência global e não pode
ser ignorado", Embaixador americano no Brasil Thomas Shannon; ou "o Brasil é
uma potência global em crescimento, um líder regional e um extraordinário país
membro das Nações Unidas", de Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU21.
Quando da divulgação, em 2007, da descoberta do campo de petróleo de
Tupi, localizada na bacia de Santos, a então Ministra da Casa Civil e atual candidata
à presidência da República, Dilma Rousseff, comentou: "com esta descoberta, nós
deixaremos de ser um país médio que estava conseguindo auto-suficiência para nos
transformarem (sic) em um país de proporções exportadoras, como os países
árabes, a Venezuela e outros22".
Acrescentamos ao mesmo tema uma notícia que saiu no Jornal econômico
argentino El Cronista Commercial: "É a confirmação de que se cumpriu o velho
desejo, marcado a fogo nos dirigentes brasileiros, de ser um ator de peso a nível
planetário [...] o Brasil começa a provar sua roupa de potência global 23".
Um importante ponto das RI, em especial focado no nosso continente, é o
preconizado no parágrafo único do art. 4o da CF/88: "a República Federativa do
Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações", como tem-se comprovado através do Mercado Comum do Sul
(MERCOSUL24), União das Nações Sul-Americanas (UNASUL25), entre outros
21
Disponível em: <http://www.abin.gov.br/modules/articles/article.php?id=6093&%20lang=english>.
Acesso em: 26 jun 2010.
22
Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/ultnot/2007/11/08/ult23u707.jhtm>. Acesso em: 26 jun
2010.
23
Disponível em:
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/11/printable/071114_press2cr>.
Acessado em: 17 jun. 2010.
24
Disponível em: <http://www.mercosul.gov.br/>. Acesso em: 26 jun. 2010.
25
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_de_Na%C3%A7%C3%B5es_Sul-
Americanas>. Acesso em: 26 jun.2010.
45
desde a entrada em vigor do Plano Real, em 1994/5, até o ano passado. O PIB,
durante o período de tempo analisado, dobrou. O Brasil é a oitava economia do
planeta, e com tendência de melhorar sua posição nos próximos anos.
O flagelo da inflação ficou em patamares controlados. Nossa política
econômica usa metas de inflação definidas, fixadas pelo Conselho Monetário
Nacional (CMN) que manteve em 4,5% a meta para 2010, em linha com a
expectativa do mercado.
Podemos ainda verificar que a nossa dívida externa ficou superavitária. De
todos os pontos positivos, esbarramos em um grande gargalo que nos aflige em
relação ao nosso desenvolvimento: somos um dos países com maior carga
tributária, sendo que em 2008, esta foi de 35,8% do PIB (comparável a países
desenvolvidos). Tal situação ocasiona uma atração negativa do capital estrangeiro,
que, em sua maioria, procura especular financeiramente, sendo muito volátil e de
curto prazo.
Vivemos num mundo globalizado e sujeitos a ações positivas e negativas
dos líderes mundiais. Em 2008/9 sofremos uma das maiores crises econômico-
financeira dos últimos tempos, precipitada pela falência do tradicional banco de
investimento estadunidense Lehman Brothers. Em efeito dominó, outras grandes
instituições financeiras quebraram, no processo também conhecido como "crise dos
subprimes". Tal crise foi comparada ao crack da bolsa de valores americana em
1929.
Segundo Gutierrez (2010, p. 3), "a maior parte dos países já saiu da
recessão técnica". O Fundo Monetário Internacional (FMI) refez suas projeções de
crescimento mundial, afirmando que a recessão mundial terminou ocasionado,
principalmente, pelos seguintes fatores: o forte crescimento recente da Ásia, que
está empurrando o PIB mundial; e que as demais economias dos demais países já
experimentam uma estabilização ou até modesta recuperação (op. Cit., p.17).
Na Tabela 10 (Anexo A), com os dados emitidos pelo FMI, verificamos que a
variação de algumas economias após a crise já se apresenta crescente,
confirmando a recuperação mundial. Não podemos deixar de notar as estimativas de
crescimento da China com 10%, da Índia com 8,8%, do Peru com 6,3%, e do Brasil
com 5,5%. Notamos que os países centrais, que são os “desenvolvidos”, terão uma
média de crescimento prevista de 2,3%, sendo destaque neste grupo a Coréia do
47
27
Disponível em: <http://www.epe.gov.br/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 26 jun. 2010.
48
28
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/geografia/g-20-paises-desenvolvimento.htm>.
Acesso em: 26 jun. 2010.
29
Disponível em: <http://www.onu-brasil.org.br/index.php>. Acesso em: 26 jun. 2010.
50
30
Disponível em:
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/03/100316_lula_aut_palestina_ss_np.shtml>.
Acesso em 27 jun. 2010.
51
31
Disponível: <http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/04/reuniao-dos-bric-chama-mais-atencao-do-
que-g7-diz-amorim.html>. Acesso em: 27jun. 2010.
32
Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/default.jsp>. Acesso em: 27 jun. 2010.
52
35
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma organização
internacional de 31 países que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia
de livre mercado. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/>. Acesso em: 27 jun. 2010.
54
3.4 ENSINAMENTOS
O tema deste capítulo é vasto, outros pontos poderiam ser elencados e
discutidos, mas apenas acrescentariam mais páginas no questionamento da nossa
maneira de nos desenvolver e crescer.
Poderíamos tentar, então, resumir o que torna um Estado uma grande
potência:
Grande extensão geográfica e riquezas naturais;
Grande mercado consumidor potencial e sua densidade demográfica
considerável;
Uma economia dinâmica e ágil;
Poder militar considerado, moderno e reconhecido pelos seus pares;
Incentivo na área do saber e do conhecimento buscando sempre a
inovação,
Redução das diferenças socioeconômicas existentes;
Instituições democráticas fortes (política e sociedade); e
Uma ideologia imperial reconhecida nas relações internacionais.
55
36
Declaração de Jomtien, realizada na Tailândia (de 5 a 9 março de 1990) (não paginado).
Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000108.pdf>. Acesso em 06 set.
2010.
57
37
PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - criado com a finalidade de
valorizar o magistério e apoiar estudantes de licenciatura plena, das instituições municipais
públicas e comunitárias, sem fins econômicos, de educação superior. Em 2010, acontece a terceira
edição do programa que oferece bolsas para aprimorar a formação docente e contribuir para
elevação do padrão de qualidade da educação básica. Disponível em:
<http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid>. Acesso em: 06 set. 2010.
60
O Entrevistado T-8 afirma que, embora seja uma iniciativa para o desenvolvimento
da Educação Básica, o FUNDEB "não é suficiente para conferir ao Ensino Médio a
importância que lhe é devida. É de se esperar que políticas mais robustas venham a
somar-se a essas iniciativas".
Foi comentado pelo Respondente T-6 que "grande parte dos recursos
públicos continua a ser aplicada na educação superior, que é o 'chapéu' do sistema
e, por isso mais visível, mais desejada e com maior poder de pressão política". Em
suma, uma melhor redistribuição dos recursos públicos, em especial o destinado à
Educação básica, principalmente porque os recursos são pífios, "pois o custo médio
aluno-ano, que indica o que o poder público investe neste nível, não supera R$
2.500 aluno/ano”, segundo T-7.
Acreditam os entrevistados, em sua maioria, que existe a necessidade de
aumentar o valor alocado à Educação, que hoje é de 4,6% do PIB. Como colocou o
Entrevistado P-1:
38
PARECER CNE/CEB no 8/2010 - Estabelece normas para aplicação do inciso IX do artigo 4. da Lei
n. 9.394/96 (LDB), que trata dos padrões mínimos de qualidade de ensino para a Educação Básica
pública. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br>. Acesso em: 22 ago. 2010.
63
Respondente G-3.
A resposta de A-2 foi muito incisiva em relação à comparação com o exame
PISA: "o ensino médio brasileiro vai incrivelmente mal". Complementa afirmando
que: "os alunos dos 25% mais ricos da sociedade brasileira têm desempenho inferior
aos alunos dos 25% mais pobres dos países desenvolvidos, da OCDE". Neste
mesmo tema, o Entrevistado P-1, do grupo de professores, ressaltou que o Brasil,
além de ocupar um dos últimos lugares neste exame, fez o seguinte comentário:
Como experiência de vida, o Especialista T-2, que viveu por quatro anos na
Alemanha, participa a existência, naquele país central, de um sistema médio
66
considerado dos melhores do mundo: "há duas escolas diferentes: uma que leva
para a universidade e outra para formação técnica capaz de inserção adequada no
mercado". Um exemplo que está dando certo no Brasil e que ele conhece é o
sistema "S" (SENAI, SENAC, etc.), e que poderia indicar um bom caminho para a
inserção do jovem estudante no mercado de trabalho.
Outra solução que se coaduna com o pensamento do entrevistado anterior
foi o exposto pelo Especialista T-3: "o que conheço no mundo aponta para um
ensino médio de tempo integral que efetivamente prepara para a vida, com ligação
teórica e prática, algo similar a nossa rede federal de ensino técnico".
Uma colocação que pode concluir este questionamento foi o que disse o
Respondente P-2: "nossa educação como um todo está em processo, inicia um novo
rumo, uma necessidade de mudança clara [...] vejo que agora há mais do que nunca
um esclarecimento do que representa a educação para uma nação".
Questão 7 - Que outros pontos são importantes para que o nosso país seja
uma potência mundial pela via da Educação?
Como continuação da pergunta anterior, alguns entrevistados responderam
de forma ampla, colocando a educação no centro de decisões políticas genéricas,
que serão compilados primeiro. Outros se mantiveram no foco do ensino médio e da
educação brasileira, que será tratada na sequência. Porém, o Respondente G-4
trouxe, em sua resposta, certa correlação entre essas duas linhas encontradas,
68
quando sinaliza que: "O grande desafio é a construção de uma sociedade mais
livre, democrática e solidária. Portanto, é fundamental promover uma redução nas
desigualdades sociais e econômicas da população".
Na vertente generalista da resposta, temos o Entrevistado T-7 que deixa
claro que "a educação não é a 'galinha dos ovos de ouro' para resolver nossos
problemas". Ele acredita que o ponto crucial passaria por reforma agrária "que já vai
tarde", uma reforma tributária progressiva e não regressiva diminuição drástica da
assimetria entre ganhos de capital e salários, uma reforma do judiciário e da
estrutura política.
Corroborando o entrevistado anterior, o Respondente T-3 acredita que a
educação por si só não muda um País, ela deve estar associada a políticas
estruturantes que "reduzam a nossa infame desigualdade de distribuição de renda:
nesse sentido é fundamental ampliar a reforma agrária, democratizar o acesso a
créditos e reduzir os gastos com os juros".
Ponto convergente entre dois entrevistados, G-1 e P-2, é a afirmação de que
uma nação só prospera com educação e saúde de qualidade, com segurança
pública, oferta de trabalho e distribuição de renda.
Com foco no sistema de educação, o Respondente T-2 acredita que deva
haver investimento em nossas universidades que "estão também muito atrasadas
[...] vejo chance importante investir no professorado para que, estando à frente dos
tempos, ofereça esta mesma chance a seus alunos". Neste caminho, o Respondente
A-2 argumenta que é necessária "a expansão agressiva do ensino universitário, a
melhoria forte na formação de pessoas nas áreas de exatas e o investimento
crescente em pesquisa e desenvolvimento, através do ensino de pós-graduação".
Três entrevistados, A-1, T-1 e T-5, mantiveram-se no caminho da formação
do aluno como um todo, respectivamente comentaram: "o grande gargalo, até o
momento, são os anos iniciais. Como os alunos não aprendem a ler, não podem
usar eficazmente a leitura para se educar. O resto segue daí", disse A-1. T-1
comentou que "o sistema de ensino não atua no vácuo, é necessário contar com
uma população só com escolaridade mais elevada, mas também com compensação
da realidade sociocultural e política do país". Para completar, T-5 acredita "que a
educação é um valor em si, na medida em que dá melhores condições de vida,
profissionais e intelectuais para as pessoas".
69
Questão 8 - O que o Poder Público deve fazer para termos efetivamente uma
Educação de Qualidade?
A ideia desta pergunta foi obter soluções que poderiam ser assumidas pelo
poder público para realmente se criar uma educação de qualidade. Da leitura das
sugestões contidas nos 18 questionários, uma questão participou da maioria, ou
seja, deve-se cuidar melhor dos professores, aqueles que são os principais
responsáveis para que o interesse despertado no jovem aluno continue e aumente
nos seus anos de estudos. O Respondente T-2 coloca o professor em primeiro lugar
nas políticas públicas, e complementa: "refazer por completo a pedagogia e as
licenciaturas, pagar bem (mil reais mensais para uma jornada de 40 horas semanais
é um acinte), para se poder exigir bem. Não se muda a educação, sem mudar o
professor".
O Entrevistado T-8 acredita que o poder público deve atuar como poder
mediador, capaz de canalizar as demandas emanadas do campo científico e
econômico, da comunidade educacional e das famílias, e, assim, conduzi-las ao
encontro do projeto educacional que contemple todas as dimensões do
conhecimento humano. Enfim, "preparar os profissionais da escola para que possam
agir como sujeitos centrais no processo de construção de um projeto educacional de
qualidade".
Continuando neste pensamento, o respondente T-5 argumenta que não há
soluções simples, mas existe uma literatura que aponta os caminhos que devem ser
buscados "na formação dos professores, na autonomia gerencial e
responsabilização dos dirigentes escolares, nos investimentos bem dirigidos e
orientados, na melhora dos currículos, na flexibilização de alternativas de formação".
O Especialista T-7 conclui participando que tais decisões não são impedidas
pela população, mas sim pelas instituições que detêm ou representam o poder
instituído. Ponto também bem comentado foi a necessidade da sociedade acreditar
na exigência de uma educação de qualidade no Brasil, como escreveu o
70
O ensino médio recebe uma massa de alunos que passaram por uma
péssima educação básica, o que dificulta muito o desenvolvimento de
programas técnico-científica e acadêmica [...] Cada vez mais nos damos
conta, em todo o mundo, que a educação começa muito cedo, na pré-
escola, o que significa, em resumo, que não dá para pensar no ensino
médio de forma isolada.
5 POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS
nossa educação, e é neste ponto que o capítulo que estamos começando abordará,
da leitura de todo o referencial teórico e das entrevistas realizadas com especialistas
de notório saber, que políticas e estratégias podem ser propostas para que a busca
de uma educação de qualidade, com fulcro no ensino médio, seja uma decisão de
Estado que leve o nosso País a continuar nos trilhos do desenvolvimento
sustentável, e se torne uma locomotiva de primeira linha nas Relações
Internacionais, deixando de ser um vagão de segunda categoria em eterno
desenvolvimento.
Ao término deste preâmbulo, volta-se agora para o Manual Básico da ESG
volume I (2009, p. 41-42), que trata dos elementos fundamentais, apregoa que a
Política é "um fato natural da convivência humana", e conceitua como "a arte de fixar
objetivos e orientar o emprego dos meios necessários à sua conquista". Os objetivos
são aqueles em que colimam para o atendimento das necessidades, interesses e
aspirações de toda a sociedade, algo que fará com que improvisos e empirismos
sejam evitados, racionalizando a aplicação do Poder Nacional, constituído pelos
seus Homens, meios e vontade. As estratégias são ações que se fizerem
necessárias para o atingimento, passando pelos óbices diagnosticados, dos
objetivos nacionais.
Este Capítulo será desenvolvido colocando-se, em subtítulos, as seis
Políticas de Estado e suas justificativas, as respectivas ações mais importantes de
serem implementadas, e o prazo estimado de execução, que poderá ser
imediatamente (I), no ano de 2011; curto (C), em até dois anos; médio (M) até quatro
anos; e longo prazo (L), a partir de quatro anos. Poderá ocorrer que algumas ações
atinjam mais de uma Política. De forma a caracterizar aonde ela melhor se
enquadra, a organizar o raciocínio e com finalidade didática, cada estratégia
corresponderá a apenas uma Política.
Estratégias sugeridas:
- Assegurar e incentivar a participação efetiva da comunidade na escola (M);
- Criar Fóruns específicos para a educação que decidiram políticas
educacionais com a participação ampla e irrestrita dos envolvidos com a
educação, políticos e a sociedade (M);
- Definir diretrizes curriculares mais flexíveis, retirando-se o currículo
enciclopédico do ensino médio (I);
- Garantir a autonomia didático-pedagógica, administrativa e financeira das
escolas (L);
- Melhorar a formação da equipe gestora, pessoal de apoio e administrativo, da
instituição de ensino, com cursos de atualização e de legislação pertinente à
Educação (C); e
- Dar autonomia administrativa, pedagógica e financeira aos diretores das
escolas de ensino médio, com objetivos e metas de qualidade educacional
cumpridas, com a possibilidade de um bônus a sua instituição por uma
eficiente gestão (L).
41 Accountability - termo da língua inglesa, sem tradução exata para o português, que remete à
obrigação de membros de um órgão administrativo ou representativo de prestar contas a instâncias
controladoras ou a seus representados. Em português seria traduzido por responsabilização.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/>. Acesso em: 10 set. 2010.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao iniciar este estudo, o objetivo geral foi analisar como é tratado pelo Poder
Público o ensino médio público brasileiro, e quais suas perspectivas futuras para um
país que sonha assento permanente no CSNU.
Foram traçados objetivos específicos que nortearam as investigações, tanto
por intermédio do referencial teórico, como em entrevistas com especialistas. Um
destes objetivos foi o de estudar e avaliar as legislações, planos, programas,
projetos e ações que estão sendo desenvolvidas na área educacional. Continua-se,
a partir desse ponto, a estudar as reais possibilidades do Brasil como pretendente a
ser referência mundial.
Sendo a Educação a mola propulsora do desenvolvimento, o ensino médio,
é o elo de ligação entre o início e o continuar da preparação dos nossos cidadãos.
Porém, sem uma base financeiro-orçamentária ideais para o desenvolvimento
educacional almejado, não nos afastaremos dos discursos de campanha, sendo este
o terceiro e último objetivo específico deste trabalho.
Foram avaliadas quatro hipóteses que deveriam ser refutadas ou aceitas no
desenvolvimento do estudo em questão. Todas foram consideradas aceitas, bem
como plausíveis de terem sua ocorrência ainda neste século. Ponto de destaque foi
que os recursos que são atualmente oriundos dos cofres públicos, de todos os entes
federados, não são suficientes para o atingimento de dispositivo constitucional de
prover, por políticas públicas, um ensino médio de qualidade, e, principalmente,
atrativo aos jovens estudantes deste terceiro milênio.
Foi verificado também que a legislação em vigor é confusa, fragmentada,
desfocada da realidade, incompleta e sem dispositivos que possam chamar à
responsabilidade os entes que militam nas veias da Educação, tanto pelo Poder
Público, como pelos profissionais do magistério, apoio e/ou administração. O que
isso acarreta dentro de uma visão holística do problema do ensino médio atual
brasileiro é que ele é considerado um ente indefinido e sem identidade própria, em
suma, sem poder de alavancar o desenvolvimento nacional.
O Brasil tem se caracterizado por possuir frágeis políticas sociais e
institucionais, o que lhe imprime traços marcantes, como a grande desigualdade
social, em que o número expressivo de pessoas abaixo da linha da pobreza e os
baixos índices de escolaridade, assumem formas cada vez mais vis de exclusão
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