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O Livro das Preces III (texto avulso) ......................... .. ..... .

Tiago Oliveira
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Cada gota de chuva que se mistura ao ar pesado do tempo convergente em mim,
Cada lágrima que rega a terra com a sua essência –
Que retira a opacidade da visão desgastada
Pela poeira esvoaçante da manhã aquecida pelo sol,
Da tarde que se conforta no imenso campo relvado dentro de mim,
E que se transforma na noite estrelada das minhas melhores lembranças –,
Se materializa no portal
Que faz entrar o sonho destemido,
O amor aconchegante entre os amantes
E os espíritos que se reconhecem pela intimidade
(Através dos contos que são relacionados e pontuados
Pelas palavras atribuídas à Eternidade...).
Cada gesto de estreitamento para com os sentimentos
Que mantêm viva a chama da esperança –
De tudo aquilo que interfere em benefício ao movimento perpétuo
Da felicidade... A nossa felicidade!...
A alegria compartilhada com a natureza e as almas
Que se aproximam de mim,
Do Amor, que é capaz de salvar a treva de seu destino inexorável,
Que possui o poder de desfigurar a convicção estabelecida
Outrora pelo raciocínio ignaro e presunçoso
Do egoísmo encarnado na paixão...
Do orgulhoso chifre que ostenta a inteligência dos homens
Distanciados da realidade,
Próximos demais da ilusão que cativa com o seu rutilar variegado de primavera,
O seu olor perfumado que se mistura ao vento ululante e repentino,
O seu sorriso sempre solícito,
Que carrega consigo o germe da semente que brota com a presença da confiança.
Cada pensamento mergulhado na análise profunda,
Que alcança a totalidade e a beleza que somente se pode encontrar
Na eloqüência da Verdade –
Na síntese revelada pela captura da imagem
Que só pode ser observada pelo olhar penetrante
Do meu espírito...!
(Que somente aqueles, que são fortes para desprezar a conveniência
Advinda das mentiras entrelaçadas na trama da história da humanidade,
Podem deitar a atenção e conferir a importância
Relacionada ao tempo e ao espaço,
Preenchidos pela vida espraiada na harmonia dos contornos,
Na luminosidade oscilante do horizonte distante da minha presença.)
Que cada frase seja usada para confortar os corações confrangidos
E oprimidos pela escuridão alimentada por eles mesmos;
Que toda exclamação seja erguida para honrar a verdade e dignificar
As nobres ações – o sentimento, que se distanciou da paixão
Que nutre ainda simpatia pelos instintos cultivados pela bestialidade
Do espírito criado pela névoa da ignorância e da vilania...
Que o simples vislumbre do futuro,
Possa me fazer erguer o rosto novamente para o cerúleo perdido do Céu...
Que assim seja...

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