Você está na página 1de 23

111011 rio

de rte
mo
der

110

"\
MAIO 15 1922

klax on Mensario de arte moderna


REDACÇAO E ADMINISTRAÇÃO:
R. Uruguay, n. 14 — Tel. 4098 Centr.
ASSIGNATURAS — Anno 12$000
Numero avulso —1$000
REPRESENTAÇÃO:
Rio de Janeiro — Sérgio Buarque de Hollanda
Rua S. Salvador, 72 - A.
Suissa — L. Charles Baudouin (Le Carmel —
Saconnex d'Arve — Genebra)
Bélgica — Roger Avermaete (Antuérpia —
Avenue d'Amerique» n. 160)
A Redacçâo não se responsabiliza pelas idéias de seus
collaboradores. Todos os artigos devem ser assignados
por extenso ou pelas iniciaes. E' permittido o pseudony-
mo, uma vez que fique registrada a identidade do autor,
na redacçâo. Não se devolvem manucriptos. —

SUMMARIO
KLAXON Redacçâo
A TOI QUI QUE TU SOIS L. Charles Baudouin
AS VISÕES DE CRITON Menottl dei Plcchia
SOBRE A SAUDADE Guilherme de Almeida

Chronicas:
PIANOLATRIA M. de A.
LE TENDANCES ACTUELLES DE LA PEINTURE Roger Avermaete
LIVROS A. C. B. e S. M.
KINE-KOSMOS . . May Caprice
EXPOSIÇÃO HERMANN Henri Mugnier
LUZES E REFRACÇÕES M. de A.
EXTRA-TEXTO V. Brecheret
k 1 a x on
Significação

a lucta começou de verdade em princípios de 1921


pelas columnas do "Jornal do Commercio" e do
"Correio Paulistano" Primeiro resultado : "Se-
mana de Arte Moderna" — espécie de Conselho Interna-
cional de Versalhes. Como este, a Semana teve sua razão
de ser. Como elle: nem desastre, nem triumpho. Como elle:
deu fructos verdes. Houve erros proclamados em voz alta.
Pregaram-se idéias inadmissíveis. E' preciso reflectir. E'
preciso esclarecer. E' preciso construir. D'ahi, KLAXON.

E KLAXON não se queixará jamais de ser incom-


prehendido pelo Brasil. O Brasil é que deverá se esforçar
para comprehender KLAXON.

Esthetica
KLAXON sabe que a vida existe. E, aconselhado por
Pascal, visa o presente. KLAXON não se preoccupará
de ser novo, mas de ser actual. Essa é a grande lei da
novidade.

KLAXON sabe que a humanidade existe. Por isso é


internacionalista. O que não impede que, pela integridade
da pátria, KLAXON morra e seus membros brasileiros
morram.
2
KLAXON sabe que a natureza existe. Mas sabe que
o moto lyrico, productor da obra de arte, é uma lente
transformadora e mesmo deformadora da natureza.

K L A X O N sabe que o progresso existe. Por isso, sem


renegar o passado, caminha para deante, sempre, sempre.
O campanile de São Marcos era uma obra prima. Devia
ser conservado. Cahiu. Reconstruil-o foi uma erronia
sentimental e dispendiosa — o que berra deante das ne-
cessidades contemporâneas.

K L A X O N sabe que o laboratório existe. Por isso


quer dar leis scientificas á arte; leis sobretudo baseadas
nos progressos da psychologia experimental. Abaixo os
preconceitos artísticos! Liberdade! Mas liberdade em-
bridade pela observação.

K L A X O N sabe que o cinematographo existe. Pérola


White é preferível a Sarah Bernhardt. Sarah é tragédia,
romantismo sentimental e technico. Pérola é raciocínio,
instrucção, esporte, rapidez, alegria, vida. Sarah Ber-
nhardt = século 19. Pérola White = século 20. A cine-
matographia é a criação artística mais representativa da
nossa época. E' preciso observar-lhe a lição.

K L A X O N não é exclusivista. Apezar disso jamais

publicará inéditos maus de bons escriptores já mortos.

K L A X O N não é futurista.

KLAXON é klaxista.

k I a \ on
3
Cartaz
KLAXON cogita principalmente de arte. Mas quer
representar a época de 1920 em diante. Por isso é poly-
morpho, omnipresente, inquieto, cômico, irritante, contra-
ditório, invejado, insultado, feliz.
KLAXON procura: achará. Bate: a porta se abrirá.
Klaxon não derruba campanile algum. Mas não recons-
truirá o que ruir. Antes aproveitará o terreno para sóli-
dos, hygienicos, altivos edifícios de cimento armado.
KLAXON tem uma alma collectiva que se caracte-
risa pelo ímpeto constructivo. Mas cada engenheiro se
utilizará dos materiaes que lhe convierem. Isto significa
que os escriptores de KLAXON responderão apenas pelas
idéias que assignarem.

Problema
Século 19 — Romantismo, Torre de Marfim, Symbo-
lismo. Em seguida o fogo de artificio internacional de
1914. Ha perto de 130 annos que a humanidade está fa-
zendo manha. A revolta é justíssima. Queremos construir
a alegria. A própria farça, o burlesco não nos repugna,
como não repugnou a Dânte, a Shakespeare, a Cervantes.
Molhados, resfriados, rheumatisados por uma tradição de
lagrimas artísticas, decidimo-nos. Operação cirúrgica.
Extirpação das glândulas lacrimaes. Era dos 8 Batutas,
do Jazz-Band, de Chicharrão, de Carlito, de Mutt & Jeff.
Era do riso e da sinceridade. Era de construcção. E r a de
KLAXON
A REDACÇÂO

klaxon
4
A TOI QUI QUE TU SOIS
* (INÉDITO)

J e suis celui qui passe et dont on se souvient.


Je dénouerai mes sandales devant ton seuil,
Qui que tu sois, et je ne te d e ma n der ai rien
Que ton accueil,
Et tu m'accueilleras.

Car peut-être déjà m'attendais-tu, pauvre âme,


Depuis des $ ours, depuis des nuits oü ta lampe s'est
(consumée,
Car sans doute déjà tu m'attendais, chère âme,
Comme Ia Yierge mystique attend le Bien-Àimé.

Tu ne serás pas étonné quand je frapperai à ta porte.


Sans doute, ta lampe será morte;
Je nTasseoirai au feu de Tâtre,
J*y sécherai mes jambes et mon manteau; je ne serai
(qu'une présence brunâtre
Et tu ne sauras pas ma face.
Je suis celui qu'on ne connait pas, et qui passe.
Je suis le vagabond des routes de 1'espace.

Tu ne sauras pas combien d'heures je resterai courbé


(dans ce coin,
Les mots que je dírai ne fétonneront point,
Car tu les attendais peut-être,
Et tout portant, cette nuit-Ià, será étrange.
Ces mots qiTavant tu n'avais jamais entendus,
Tu croiras les reconnaitre,
Alors tu me questionneras mais j'aurai déjà répondu.

Je m'en irai comme je serai venu,


Avec mon manteau d*ombre et mon bâton,
Je ne faurai pas dit mon nom,
Mais j'aurai déposé en toi
Tout un fardeau muet d'inquiétude et de joie.
L. CHARLES-BOUDOUIN (do "Miracle de Vivre")

k 1a x o n
AS VISÕES D E CRITON
5 vomitava insultos porque a car-
roça atravancava a rua. Numa
( D ' 0 Homem e a Morte) taverna, bebedos ganiam como
cães. Mães embrulhadas em tra-
pos esbordoavam esqueletos dis-
^ ^ J r i t o n levara-me ao Braz, farçados em creanças. Estas as
onde, num pardieiro, ago- insultavam, atirando-lhes pedras.
nizava um operário que trabalha- E um pobre estendeu-nos a mão
va na Esphynge. Uma lage, esca- que parecia a estrella dissecada
pando á garra articulada de um de um polypo:
guindaste, esmigalhara-lhe me- — Esmola. .
tade do corpo. A posta de carne — Para que?
grangrenada era, na cama bran- Vi, no olhar de Criton, o assas-
ca, uma sanfona arfante jungida sino desejo de estrangular o mi-
a um sacco de pelle cheio de ossos serável. E o architecto disse,
triturados. Aquella massa em abrangendo com a phrase a pra-
agonia palpitava numa ridícula e ça tumultuaria:
braceante ânsia de viver.
— Elles sujam a vida.
Voltávamos a pé do bairro con- No alto do Carmo paramos.
fuso, cheirando a ulha e a miséria. Como uma escara de ferida na
Numa curva de esquina um bon- epiderme de um monstro, o bair-
de abalroára uma carroça. Um ro violaceo no crepúsculo se em-
burro, entalado entre as rodas e polava com os dardos hirtos das
os trilhos, com as patas poste- chaminés fisgadas no seu flanco.
riores trituradas, raspava, com Flammulas de fumaça lembra-
os cascos dianteiros o chão de vam crinas de hippogryphos ga-
parallelepipedos. lopando nas nuvens. E um ceu de
Milhares de homens atrefega- incubo, com cumulus de chumbo,
dos e hediondos mexiam-se co- esmagava o casario cor de chapa,
mo formigas. A vida, anonyma e onde o formigueiro humano, trá-
borborinhante, rodava, ululan- gico e pululante, espumava na
do de ambição e miséria como maldição do Paraíso Perdido, ar-
uma hiena faminta. Um cocheiro rancando dos próprios ossos, aos

k 1a x o n
poucos, a vestimenta ephemera
6 Eu olhava.
de carne com que o Senhor, por — Reajamos! Mudemos a hori-
castigo, lhes mascarára os esque- zontalidade da trajectoria traça-
letos de mortos, para representa- da para a vertical vertiginosa do
rem a farça da Vida. nosso destino dominado, até tom-
Criton disse, sem me olhar: barmos, mais depressa, cegos de
— Elles são settas disparadas luz e de sonho, como ícaro da
para o caos, illuminadas pelo ful- lenda.
gor do minuto transitório Eu olhava. E pensei, acciden-
Porque não antecipar a queda, talmente, que no meio daquelle
vencendo, pela intelligencía e formigueiro voracissimo um ani-
pela vontade, a força inicial que mal e um homem agonizavam,
nos projectou do berço, com a sem que a vida parasse, como pa-
tragectoria marcada de um desti- raria, e o próprio movimento dos
no? Olha: movem-se como ce- astros, no dia em que eu, como
gos . Correm sobre trilhos tra- um Deus vencido, cerrasse os
çados pela fatalidade, indifferen- olhos para a absurda violência da
tes uns aos outros. Parecem for- vida.
migas. Lembram vermes na car-
cassa podre d« um morto. MENOTTI DEL PICCHIA

k 1a x o n
7
SOBRE A SAUDADE

(Das "Canções Gregas")

W l a madrugada toda rosea,


eu desci ao fundo do valle verde
enfeitado de bruma,
para encher meu cântaro de argila porosa
numa água nocturna,
que foi o espelho das estrellas.

Quando a sede
pôz um beijo secco, de fogo, em minha bocca,
eu extendi meus lábios para a argila fosca :
— e o reflexo branco de uma estrella gelada
boiava na superfície da água exilada.

GUILHERME DE ALMEIDA

k l a x on
8
< HltOYHAS
Pianolatria da o é mais. No entanto um Figueras, um Mi-
gnone, que dignos, cuidadosos m e s t r e s ! . . .
Mas quall ha uma fada perniciosa na cidade
JE' costume dizer-se que São Paulo está mu- que a cada infante dá como primeiro presente
sicalmente mais adiantado do que o Rio. E um piano e como único destino tocar valsas de
logo a prova: "Tivemos Caiuos Gomes. Temos Chopín!...
Guiomar Novaes."
"Sou alfa e ómega, primeiro e último, prin-
Não ha duvida. O Brasil ainda não produziu cipio e fim" como no Apocalipse.
musico mais inspirado nem mais importante que
o campineiro. Mas a época de Carlos Gomes E as manifestações mais elevadas da musica?
passou. Hoje sua musica pouco interessa e não E o quarteto e a sinfonia?
corresponde ás exigências musica es do-dia nem São Paulo hão conseguiu ainda sustentar uma
á sensibilidade moderna. Bepresenta-lo ainda sociedade de musica de câmara. E só agora a
seria proclamar o bocejo uma sensação estética. sinfonia parece atrair um pouco os pianólatras
Carlos Gomes é inegavelmente o mais inspirado paulistanos.
de todos os nossos músicos. Seu valor histórico, Bem haja pois a Sociedade de Concertos Sin-
para o Brasil, é e será sempre imenso. Mas fônicos !
ninguém negará que Rameau é uma das mais E no Rio ha tudo isso. Ha tradição de violino,
geniais personalidades da musica u n i v e r s a l . . . de violoncelo, de c a n t o . . . Com que inveja veri-
Sua obra-prima, porém, representada na pouco ficámos ha pouco o admirável conjunto de Pasili-
em Paris, só trouxe desapontamento. Caiu. B' na d'Ambrósio! no Rio ouve-se a sinfonia pe-
que o francês, embora chauvin, ainda não pro- riodicamente. No Rio ha uma educação musi-
clamou o bocejo sensação estética. cal.
A senhorinha Novaes é uma grandíssima In- São Paulo tem apenas uma educação pianisti-
terprete. Sinto prazer em affirmar essa verdade ca, uma tradiçlo pianistica. Necessitamos dum
e prometto, para logo, um estudo carinhoso de quarteto verdadeiramente activo. Precisamos
sua personalidade. Porém a senhorinha Guio- proteger a Sociedade de Concertos Sinfônicos,
mar Novaes e Carlos Gomes provam quando em tão boa hora inaugurada.
muito que temos a fortuna de produzir 2 talentos Só então, livre do preconceito pianistico, São
musicais extraordinários. Paulo será musical.
—E a nossa escola, de piano? r e t r u c a r ã o . . . M. DE A.
Não ha dúvida. Possuimos nossa escola de piano
como, certo, a América do Sul não apresenta ou-
tra. Mas não é o progresso impdacáyel do pia- Les tendances actuelles
no, aqui uma das causas do nosso atrazo musi-
cal? E'. Dizer musica, emSâo Paulo, quási si-
gnifica dizer piano. Qualquer audição de alunos
de Ia peinture
<le piano enche salões.. Qualquer pianista es-
trangeiro tem aqui acolhida incondicional...
Mas é quási só. Certo: ha na cidade virtuosi Posons d'abord cette vêa-ité: il n'y a pas d'oeu-
e professores de canto, violino, harpa etc. de vre parfaite comme il n'y a pas de formule défini-
seguro valor. Mas não ha o que se poderia cha- tive.
mar a tradição do instrumento. Não ha uma
continuidade de orientação firme e sadia. E, Cest lã m'objectera-t'-on, un superbe poncif.
principalmente, não ha alunos. O violinista com J'en conviene mais il n'est pas inutlle de l'é-
estudo de 6 annos é rarissimo. O flautista ain- noncer, puisqu'il y a de nos jour des artistes

k 1a x o n
qui prétendent marcher vers une formule d'art
9 être primordial demaln, le classicisme (qu'il ne
définitive. faut pas confondre avec 1'académisme).
Bn art, il faut considérer les résultats obtenus. (Je néglige naturellement .le genre pompier,
II n'y a pas de tendances ou de procedes condam- seul important par le nombre et Ia médiocritê
nables d'avance. II n'y en a pas davantage qui, de ses adeptes ainsi que par les commandes of-
d'avance, conférent le génie. flcielles et des dícorations dont on 1'abreuve).
Autre poncif dont 1'énoncé m'apparalt com- Quand je parle de trois courants primordiaux,
me indispensable vu 1'état d'esprit régnant: de Je considere Ia peinture uniquement au point de
moins de talent á ses confrères, selon que ceux- vue de Ia facture, le seul, á mon sens, permettant
ci suivent ou s'écartent plus ou moins, de Ia une classification exempte arbitraire.
formule élue par lni. Ainsi le réalisme.
Que le peintre s'enferme dans une formule Bien entendu, je ne prends pas le mot dans
étrolte, nous le comprenons. Qn'U ne pent être le sens restreint qu'on a 1'habitude d'y attacuer.
écletictique dans ses gouts, c'est logique en Par réalisme j'antends toüte peinture demeu-
somme. Trop souvent Ia lutte qu'il doit livrer, rant fidéle, dans le sujet represente, á 1'aspect
pour défendre ses propres idées, est tellement extérieur des objets et des étres.
âpre, qu'il ne peut garder de 1'indulgence ou de Dans le deuxiéme groupe, je range ceux qui
Ia sympathie pour des tendances autres. prennent les aspects extérieurs pour point de
Mais les amis de Ia peinture, les défenseurs départ, mais à qui leur simple reproduction ne
desinteresses de cet art, ne peuvent, sous peine suffit plus. D'aucuns brisent les formes réali-
'être sectaires, avoir de ces hostilités de prín- stes pour montrer simultanément plus d'un a-
cipes ou de ces emballements voulus. Cest spect du sujet. D'autres rompent les lignes par
dire qu'ils doivent être eclectiques. Non pas necessite dynamique. Mais quels que soient les
d'un eclectisme fade qui exclut une attitude motifs ayant conduit 1'artiste à répudier lá re-
tranchée. Au contraire... Un eclectisme qui production plus ou moins fidèle de Ia nature, Ia
s'efforce ãdégager de chaque effort ce qu'il por- forme réaliste des objets constitue Ia base, le
te en lui de fertile et de saln. Un eclectisme qui, point de départ, et demeure tOüjours visible
audacieux, ose tirer des conclusions. dans 1'oeuvre.
II Quant au troisième groupe, il englobe ceux
Essayons de préciser quelles sont actuelle- dont 1'oeuvre ne rappelle plus aucun objet ma-
nient les principales tendances qui rêgnent et tériel, dont 1'oeuvre est parfaitament abstraite
se combattent, pour le plus grand bien de l'art de representation (plans, couleurs, lignes) dont
pictural. Tachons aussi de traduire l'être de 1'oeuvre ne represente aucune image, aucun
chaque tendance. Examinons sa valeur, sa por- aspect du monde palpable.
tée, son a v e n i r . . .
in
Et tout d'abord, ne nous leurrons pas de mots.
Si comme je l'ai dit plus haut, certalns pein-
Négligeons les temnes de cubistes, expression-
nistes, futuristes (et un tas d'autres). Ds repon- tres ne dédaignent pas de cultiver deux de ces
dént á des tendances, non á des écoles. Ces ten- tendances, ou même toutes les trois (Picasso
dances groupent des artistes de tempérament par exemple) il en est d'autres qui s'élèvent vé-
três différents. De plus, certalns artistes pro- hémentement contre ce qu'ils appellent une
duisent des oeovres se rattachant á diverses de compromission. Surtout parmi les peintres du
ces tendances, troisième groupe, il y en a, condamnant sans
Je vois trois courants primordiaux celui du rémission tout peintre ayant gardé uh soupçon
réalisme, celui de Pinterprétation (rupture des de plasticité, genre dont ils annocent, comme
formes plastiques), celui de l'abstraction purê. f a tale, Ia mort, dans un avenir assez rapproché.
Enfin il s'en annonce un autre qui será peut- Je n'y crois pas. Je crols, au contraire, que

k 1a x o n
10
Ia reproduction réaliste des objects et des êtres, il «'efforce à Ia tradnctlon de son émotlon in-
demeurena toujours ã Ia base de Ia peinture. Je tégrale. Ainsi nn village avec des maisons an-
le crois parce que c'est Ia chose Ia plus simpl\ tour de 1'église peut suggérer 1'idée d'.nn en-
Ia plus facile. De plus, le retour du classicisme tassement pêle-mêle. Le peintre jettera donc les
semble confirmer ma manière de voir. maisons entassées sur sa toile, non pas tel qu'est
Le peinture est un langage comme Ia musique le paysage vu photographiqaement, meia tel que
et Ia littérature. Elle doit donc être capable de lui, peintre, les sent.
traduire un état d'âme. Mais c'est un langage Le mouvement est une chose trop importante
s'ébauchant ã peine, II est donc logique et na- pour laisser le peintre indifférent. Certalns mou-
turel que le peintre manie d'abord les couleurs, vemenfcs lui seront une obsession. Vouloir tra-
selon les hasards du sujet, jusqu'à ce que les duire 1'aspect d'une rue de grande ville, avec des
couleurs par leurs oppositions ou leurs harmo- objecte immobiles est une trahison. D'oü necessi-
nies, lui révèlent un sens propre. Dés lors, ií a te d'une interprètation dynamique. (Severini).
trouvé les rudiments d'un langage nouveau. Mais il n'y a pas que le mouvement. Un ob-
Mais jusque lã il fera de Ia peinture d'grément. jet, un simple objet, dans son état statique, peut
Je nomme peinture d'agrement toute peintu- suggérer toute une gamme d'émotions Celles-ci
re réaliste. Cest Ia difference essentielle entre ne sont pas provoquóes par un aspect de l'ob-
le réalisme et le classicisme. Elle n'est falte Jet, mais par tons les aspect» de 1'objet. Or, le
ral, elle est superficielle. Ses recherches ne ten- peintre, du point de vue réaliste n*a q'un as-
dent que vers Ia conquête d'ambiahces visibJes. pect de 1'objet á traduire. Sa mémoire cepen-
On s'efforce de rendre l'atmosphère d'un pay- dant lui raphelle les autres. II sait comment
sage, 1'expressiòn d'une physionomie. •sont les autres. II sait aussi que Ia perspective,
Cette tendance commence donc á Ia repro- en somme, n'existe pae. Cest une particularité
duction seryile de Ia nature (ce qui est stricte- de nos yeux. Le peintre en arrive donc logi-
ment Ia négation de 1'art) jusqu'à Ia tradu- quement, à rompre Ia forme plastique pour mon-
ction aiguê de Tatmospnère des choses, mais trer un object sous différents aspects, pour com-
sans que cette interprètation sorte des formes plèter par une interprètation libre, ce que le
de ia nature. point de vue réaliste a de trop pauvre, de trop
Cette tendance gardera comme adeptes tous limite dans sa vision. (Luote).
les talents moyens, tous ceux qui sagement, en Cette tendance groupe pour ainsi dire toute
s'appliqnant, acquièrent du savoir-faire. Elle ravant-garde picturale. Les peintres foturtetes,
ne permet plus qu'à quelques tempéramens três cubistes et expressionnistes s'y coudoient, &
personnéls de se distinguer difficilment dans peine separes par des nuances. Cette tendance est
un genre possédant un passe lourd de chefs- à 1'heure actuelle, Ia plus importante par rapport
d'oeuvre. à 1'opiniátreté et á l'étendue dés recherches. Quoi-
rv que de date recente, elle a d'lncontestaibles con-
Aussi de nos jours le peintre doué ne se con- quêtes á son actif.
tente plus guère de Ia reproduction fidéle des Les peintres de Ia troinsième tendance (pein-
choses. Ces pages d'agrément ne lui disent pas ture abstrate) forment l'extr'ème-gaúche du grou-
assez. II veut plus, 11 veut rendre les choses pe précédent, avec lequel on le confond géné^ra-
qu'il voit mas il entend y ajouter tout ce qu'il elment.
sent en elles. Son effort, qui commence à Ia Mais si au point de vue de l'évolution, üs
stylisation aiguê, peut le mener de libération, sont três rapprochés de leuns confreres du deu-
en libération, jusqu'au bord de 1'abstraction. xième groupe, au point de vue des résnltats par
J'ai dit qu'il garde Ia matérialité comme base. contre, ils méritent, à mon sens, un classement
Mais 11 1'interprète. La matérialité 1'lnspire, mais absolument dietinct. En effét si pour le vulgai-

k 1a x o n
11
re,. Ia différence visuellement parlant, est mini- grands peuples batisseurs, égyptien, indien, gwc.
me entre une tolle à formes rompnes et une toi- Elle sacrifie Ia folie indépendance de Ia Demture
le purement abstraite, parce que dans l'une — depuis de Ia Renaissance — â l'ordonnanoe
comme dans 1'autre, Ia réalité photographique eévère de 1'ensemble. Elle veut collaborer ã Ia
fait défaut, pour le connaisseur, au contraire, renaissance d'un art monumental oü Ia peinture
les différences, sont essentlelles. aurait sa place nettement dêlimitée.
La peinture abstraite peut prendre comme Cest dire que sous cet aspect, cette tendance
point de départ un object matérlel, pen importe, va donc à 1'encontre de toute virtuosité person-
le point capital, c'est qu'au point de vue du nelle devant collaborer a une construction archi-
résultat elle ne révèle plus aucun caractêre de tecturale, le tableau est lui-même "construit".
plasticité. A ce titre elle se separe entiérement Son a>ction, dans rensemble se manifeste par le
de toutes les autres tendances. Elle commence rythme de ses plans de couleur.
vraiment un genre nouveau. Elle est une con- Enfln, Ia virtuosité trouve moyemi de se mani-
ception entiérement nouvelle. Une émotion, un fester dans un aütre aspect du genre: Ia fan-
sentiment n'ont plus besoin d'un cadre réalis- talsie. L. fantaisie des lignes de couleur jetées
te pour trouver une expresslón directe, done sur Ia toile ou le papier, sans préoccupation ar-
Imparfaite. chltectonique, pour le simple plaisir yeux. L'équi-
La peinture abstrait traduit directament les valent de Ia fantaisie musicale. Id encore il faut
émotions ou les sentatione de l'artiste, sans au- citer Kandinsky.
cune intervention matérialiste (Kandinsky). VI
Cest Ia couleur qui aoquiert Ia vaieur d'un sym- Aprés cet exposé, qui est surtout doctrimaire,
bole. Cette vaieur. n'est pas intrinsèque. Elle il importe de vérifier aux résultats Ia vaieur des
dépend de Ia couleur ambiante et de Ia forme théories.
des plane de couleur. Rendre émotion et sensa- J'ai déjã dit ma façon de penser au sujet de
tion avec des couleurs, comme Ia musique le falt Ia tendance réaliste. Restent les deux autres.
avec desf sons, est une chose si simple, si natu- Jusqú'ici les peintres du deuxième groupe,
relle, qu'on se demande comment cette tendan- qui sont de grands déformateurs, se signalent
ec peut rencontrer tant de détracteurs, si nous par leur Indifférance pour. le coloris te par Ia
n'étions édlfiés depuiis longtemps sur Ia vaieur monotonle de leurs sujets. (Braque-Juan Gris)
du sentiment artistique chez Ia plupart de ces Je désapprouve l'un et 1'autre. La peintre qui se
messieurs de Ia brosse et du couteau. La pein- desinteresse de Ia couleur a -tort, de príncipe.
ture directe exige évidemment de Ia part de La couleur est le langage naturel du peintre et
1'auteur une émotivité toute epéciale. II ne s*a- il est absurde de Ia dédaigner afin de donner
glt plus de se pâmèr devant une vache bien plus d'importance aux recherches de constru-
crettée, devant ume ferme délabrée oü un vieux ction et de déformation. La monotonie des su-
paysan. II y a de quoi désepérer nombre de jets est chose tout aussi .grave. Ainsi Ia nature
peintres. morte règne avec une abondance prolifique. Dés
6 Cette tendance de slgnale par un autre as- lors cela sent lê procede. B. est inadmissible
pect. Elle ne desinteresse pas, comme les au- qu*on reclame une plus grande liberte d'inter-
tres, de l'art primordial dont Ia peinture est is- prêtation pour déformer avec une inlassable
sue: 1'architecture. Au contraire elle s'efforce constance une, nature morte toujours invariable.
de rendre & cette dernière Ia véritable place Point n'est besoin, àu reste, d'user de tant de
parmi les arte plastiques: Ia premiêre. Et volon- théories, de tant d'explicationsi pour ne les ap-
tairement, elle s'assigne le role de collaboratrice pliquer que de façon si restreinte.
de rarchitecture. En ce faisant, elle n'innove Heureusement qu' à côté de cela, il y a d'au-
pas, elle ne fait que continuer Ia tradition des tres peintres donc le champ d'action est plus

k 1a x o n
12
vaste. Et tout d'abord, ceux qui saras briser pré- sont rares mais nombre de leurs réalisations
cisément les lignes, mais par des juxtapositions; sont trop entachées d'un dogmatisme outramt-
en arrivent à des compositions três harmonieu- cier. Enfin, ce qui est plus grave, ils ne leur
ses et três completes d'expression Cest, ã mon est toujours pas possible de distinguer le far-
sens, le véritable expressionnisme, (Chagai!) ceur du chercheur probe. Le champ est si vaste,
Avec moins de sécheresse de Ugne et de cou- le controle si minime qn'ils se trouvent presque
leurs, laissant plus de lattitude à Ia personraalité comme des aveugles les uns en face des autres.
de 1'auteur, cette manière m'apparait comme Et les glorieux tâtonnements de 1'artiste sin-
un des sommets de Ia peinture indépendante. cêre ne se distinguent pas avec Ia netteté néces-
Entre Ia peinture réaliste, forcément limitée dans
saire du travail méticuleux du faiseur. Cest lft
son expression, et Ia peinture métaphysique, elle
une chose terrible. Cest ã coup sur, le plus for-
a sa place bien marquée. A Ia fois brillante et
midable écuiel de cet art en enfance. Tant que
profonde, permettant tous les jeux de Ia fantai-
sie, toutes les audaces de synthese, elle fait de les peintres de cette tendance ne seront pas
Ia peinture un art eomplet. (Le Fauconnier). a«sez sür d'eux-même pour répondre en même
temps des efforts des autres, cet art continuera
VII. sa dure lutte parmi l'hostilité règnante. H fau-
Mai3 je puis difficilement englober sous Ia dra beaucoup de temps. N'oubliOns pas que le
même défindtion les déformateurs ternes et secs réalisme décadent a eu besoin de quelques siè-
qui s'acharnent sur des natures-mortes. Défor- eles pour atteindre son apogée. II faudra, des
mer par sport, pour le simple plaisir de défor- générations d'artistes pour fixer, pour dévelop-
mer, ne peut m'épater. per les conquètes de? premiers pionniers. Ce
D'autant plus qu'on peut se demander pour- n'est qu'alors qu'apparaitra l'époque de Ia pein-
quoi ceux-ci s'árrêtent près du modele tandis ture d'expression. Ce que nous nommons aujour-
que d'autres poursuivent leur idée, et déforment déhui expressionnisme demeure principalement
davantage. Chez eux, tout est conistruit en de Ia peinture descriptive.
vertu d'une logique implacable. Leurs réalisa- C e s t dire que je ne crois pas á Ia vertu de
tions sont des créations de l'esprit. Le role du nombres de théories ayant cours de nos jours.
sentiment y est réduit â sa plus minime ex- Elles ont Ia vaieur d'un moment. EUes essayent
pression. de jalonner Ia route inconnue. Leur role doit se
Mais nous voici en plein dans le troisième borner lá.
groupe, les peintres néerlandais Mondrlaan et Ce n'est pas avec des théories qu'on fait de
Van Doesburg font de Ia peinture abstraite, ou l'art, les théories en sont les conséquences. II
si on prefere métaphysique. Leurs "Composi- nous faut créeer de l'art nouveau, pour avoir de
tions" ne sont abstraites que comme résultat, nouvelles théories,
car nous savons qu'elles sont Ia conséquence
J'en conclua que jusqu'á nouvel ordre Ia
d'un certain nombre de déformations qu'a subi
peinture d'interprétation continuefa à domíner.
un quelconque sujet, par exemple une nature-
Elle est loin d^avoir dit tout ce qu'elle peut dire.
morte. Cela est faux. La peinture abstraite doit
Elle le dirá. Elle le dirá d'uhe voix libérée des
pouvoir se crèer directement, libérrée des con-
étroltes formules.
tingences, Dès lors, sentiment et sensation y
joueront un role plus marquant. II faut qu'elle tue les formules, gaspilleuses
d'énergies vivaces. H faut qu'elle se débarrasse
VIII. de ees faux prêtres, dilettantes, snobe, servils
hnitateurs, fabricante.
Ce qui a été fait dans cet ordre d'idées, est
infime. Les peintres abstraits, non seulement ROGER AVERMAETE

k 1a x o n
13
Livros "Et Ia litérature qui n'est que de quar-
tier, pas même de village..."
BOB CLAESSENS, VOYAGE, Uma dose violenta de sarcasmo, outra de
poéme» en prose, avec bois grave» sensualidade, outra ainda de piedade. Agi-
de Benri Van Straten, préface de te-se: eis a personalidade de BOB CLAES-
Mareei Millet. Edition «Lumiè- SENS.
re", Anvers, Belgique. 8.M.
Com o livro Voyage «Lumière» continua
suas edições artísticas brilhantemente ini- RODRIGO OCTAVIO FILHO
ciadas o anno passado. Sempre ülustrados — ALAMEDA NOCTURNA —
por xylographos de valor, impressos sobre (AHNUARIO DO BRASIL, R I O ) .

bom papel e apresentados com simplidade, O autor reuniu em volume poesias escri-
sens livros devem servir de modelo para os ptas em differentes épocas e a que o tom
editores brasileiros tão avaros de bom gos- geral de melancolia dã uma determinada
to. As gravnras em madeira de Henri Van ligação. Subjectivamente, o desconsolo do
Straten, de Um sensualismo flamengo, são autor é mais de ordem sentimental, que
originaes e suggestivas. A epigraphe do li- intellectual. Objectivamente, o que o im-
vro o define sufficientemente: pressiona é a sombra das arvores, as águas
"Ceei n'e»t pas le voyage d'une Ame. e as folhas mortas, o crepúsculo, as alame-
Cest le voyage d'un homme parmi se» das nocturnas... tudo o que é mais ou
frère»". menos immovel. O dynamismo da vida, es-
sa cinematographia vertiginosa de movi-
Bella periphrase para dizer-nos: eis um mentos multiformes, não lhe causa o míni-
livro de humanidade. Mas BOB CLAES- mo abalo. O autor foge ariscamente da tre-
SENS não é somente um espirito avançado, pidação moderna, mas sem aquelle ruidoso
é também um fiel que canta o seu credo: a susto dos patos que uma Hudson surpre-
vida. Portanto, não é nem um penumbrista hende na estrada de rodagem. Mas si Rodri-
nem um utopista. E' independente. E' mo- go Octavio Filho caminha sobre planos es-
derno. Citações? táticos, isento de tremores, nem por isso os
"Le monde brule comme le corps de Va- seus versos são equilibrados.
mie..." A necessidade imperativa de rimar
Chamma ardente da vida moderna. Ac- actua nos seus versos de tal forma, que
çâo. Lucta. E a victoria virá. produz verdadeiros desastres. Ha sempre
Internacionalista, BOB CLAESSENS um «sonho infindo», um «olhar dolente»
tem também gritos de revolta contra tudo (o "dolente" é a sua obsessão), "uma visão
o que o impede de commungar com os ou- exul" e outras expressões ácidas, perfeita-
tros homens, com os outro paizes. D'ahi mente corrosivas da emoção.
vem, quem sabe, parte de seu ódio contra O autor é um romântico serodio que to-
a literatura d'éeole»: mou do symbolismo as suas expressões mais

k 1a x o n
14 Cecil de Mille acabou com o mau theatro
características. Entretanto, si se fizer a
francez. Idea filha. Max Jacbb. O mau theatro
distilação intellectual, apparecerá subita- francez — Bataille, Bernstein, Lavedan.
mente caudal romântica. Ressurreição da narrativa. A fita em series.
Ha cousas, no livro, de principiante inex- A ficção reaffirmada contra a frieza calculista
periente : do realismo. O calculo sim, n'outro sentido. O
fracasso Zolesco apezar de Signoret e das azas
Evoco ás vezes a vida,
brancas encobrindo os pés cornudos.
que ainda me falta viver: Griffith genial americano. Lyrio Partido. Ideas
Talvez seja uma subida... partidas. Buddhismo a bom preço, utilitário,
Seja, talvez, a descer.. yankee.
Francamente, nem em folhinha! A morte do inútil, do enfadonho, do pala-
A. C. B. vriado sem acçâo e sem experimentação psy-
chologica (nao a de Fetchner e Wundt — a de
Shekespeare, de Farias Brito e do jesuíta Eym-
Kine-Kosmos len).
Charlot sem a/falsa tristeza de Ivan Goll.
Shandowland. Cahos. Mundo. Creação. Plagio Não. Alegre, conio na vida. Atravez de Broad-
do "surge et ambula" a 1$600 e para creanças way. Casa dos Phantasmas.
a 1$100. O riso, a força, o inverosimil scientifico. Mo-
Superficie escola. Previsão das quatro dimen- dernos. Modernos.
sões de Einstein. Tudo, ideas, gestos, gestos
MAY CAPRICE.
sentimentos na coordenada do tempo. Noção de
eternidade: sessões corridas, sessões concorri-
das, tendências do homem ineluetaveis.
O problema do mal — o embuçado, visível,
Esposição Hermann
empolgante, agindo, raptando Pearl White em Si o "bello" é de todos os tempos de todos
motocycleta. Antônio Moreno, anjo da guarda os logares e de todas as espécies, é preciso
territorial. acreditar que o "feio" também ê de todos os
A audácia vertiginosa, Tom Mix, Dom Qui- tempos, de todos o logares e de todas as espécies,
chote de 30 annos, com Dulcineas votadas ao e isso porque aqui, em pleno século vinte, na oc-
sport. Dom Quichotte foi sportman, o primeiro casiâo em que toda a nova geração de artistas
sportsman, crucificaram-n'o por falta de com- se dirige ardentemente para a Belleza, nos foi
prehensâo. Nâo era o seu século. Hoje faria dado visitar a explosiçâo do sr. Hermann. Que
raids, teria marcos commemorativos. peccado commettemos, para eoffrer tão dura pe-
O problema do mal, lado serpente — Gloria nitencia?
Swaneon, não ella, mas os beijos e os olhos cor Fique, porém, tranqnillo o sr. Hermann, que
da esperança torva dos espectadores. Agnes Áy- eu serei delicado. E permltta-me que lhe externe
res. Bebê Daniels. francamente a minha opnilo.
Sobre o clownismo de Charlot e Harold Lloyd, Primeiramente, nunca acreditei que v. s. pre-
a estupidez victoriosa de Charles Ray. Transi- tendesse fazer o que se costuma chamar a "es-
ção. Advento de uma era de ingenuidade. Esta- tatuaria". V. S. que é bastante intelligente
mos ficando clássicos. Classic. (prova disto é o seu systema de reclame) para
E Mutt e Jeff, as comédias de Sunshine, as suppor-se á sombra dos antigos e modernos
comédias iue matam a malícia antes de matar cinzeladores, freqüentou com certeza as Esco-
os que morrem a pau. las de Arte e sem duvida terminou os seus. estu-

k 1a x o n
dos no Museu Grévln ou em alguma fabrica
15 sche Zeitung", a "Revista Coloniale". Ar-
de bonecos de Nuremberg.. tigos assinados por estrangeiros...
Não conheço v. s. e nem tenho motivos de or-
Ao doloroso scepticismo, com que o sr.
dem privada contra a sua personalidade, mas
acho vergonhoso que, valendo-se desse nomo de Mugnier termina seu bello artigo, respon-
"artista", que sé raros merecem, v. s. exponha demos: A arte para o artista legitimo é co-
os seus trabalhos. Entretanto, si essas modela- mo o ar e o pão: elemento de vida. Querem
gens v. s. as utilizasse para mostrar, como se os passadistas tirar-nos o direito de prati-
faz em certas feiras da Europa, as devastações
car a arte. Nos lutamos pois pela nossa,
produzidas pelas moléstias venereas, a sua ex-
posição desempenharia um importante papel como quem luta pela vida. A desesperança
prophylactico e social. Mas qual, nem .isso! a é uma conclusão negativa. Não pode haver
gente sé encontra o opportunismo de v. s.., op- conclusões negativas numa época de cons-
portunismo que é o de um hábil commerciante, trução.
nunca, porém, o de um homem de gosto e muito
menos o de um artista. U
Tudo leva a crer que v. s. jamais viu um "már-
Pelo "Emporium" de Fevereiro o passa
more", e, neste caso, diante da sua sinceridade
seria ser teimoso não querer desculpai-o. dista Piccoli ataca a arte austríaca moder-
Comtudo, existem jornalistas que se fizeram na. E, mais uma vez, se revolta contra as
porta-voz de v. s. e são elles, no fundo, os ver- associações de elogio m u t u o — Por quanto
dadeiros culpados. Si tivessem porventura, fre- tempo ainda se repetirão tolices tais? Ha
qüentado uma Escola de Arte, poderiam ter mos- afinidades electivas.
trado ao povo o que é a "igulgnolade" que v. s.
expõe. Seria possível ao snr. Brecheret preferir
a companhia do snr. Ximenes ao convívio
Em snmma, si nos occupamos de sua exposi-
ção, v. s. pode estar bem certo que não é por cau- do snr. Maestrovic? O elogio mutuo, deri-
sa dos seus manequins de cera: é sobretudo pa- vado da mutua compreensão, é uma sinceri-
ra combater essa propagação da mediocridade, dade orgulhosa e justa. Cada um de nos
de que são tão ciosos os jornalistas de hoje. traz uma Academia Brasileira de Le tiras
HENRI MUGNIER. no espirito. E as eleições são feitas sem
pedidos de voto, nem visitas. São nobres.
Luzes e refracçoes III
O snr. Bauduin escreve em "L'Esprit
Nouveau" de Fevereiro: " A ' arte pela arte,
No "Messager de S. P a u l o " de 8 de Abril, derivado dum desprêso transcendente pela
o sr. Henri Mugnier assina um artigo sobre humanidade activa e produtora o novo li-
"Modernismo", cheio de bom-senso e refle- rismo opõe a arte pela v i d a . . . " . O articu-
xão. E' curioso. Os únicos jornaes que pu- lista terá razão desde que entenda por "ar-
blicaram criticas independentes sobre a te pela vida" aquella que tem como base a
Semana de Arte Moderna foram o "Fan- vida, mas não se preoccupa de a reproduzir
fulla", o "Messager de S. Paulo", o "Deut- e sim de tirar delia uma euritmia de or-

k 1a x o n
10
dem intellectual que a vida não tem, por- sa de escriptores regionaes, apparecida na
que é inconsciente. "Revista do Brasil", variôs jornalistas lem-
A sinceridade em arte não consiste em braram por suas respectivas folhas uma
reproduzir, senão em criar. O seu principio quantidade fenomenal de nomes esquecidos.
gerador é a «consciência singular», pelo KLAXON protesta em nome de todos os lite-
qual um homem é verdadeiramente digno
ratos que ainda desta vez ficaram esquece
se ser chamado poeta — isto é: criador. Ha
dos; em nome de todos os habitantes do
um século atrás Schleiermacher escrevia:
"A poesia não procura a verdade, ou antes, Estado que sabem lêr e escrever, e que uma
procura uma verdade que nada tem de com- vez ao menos durante a existência obscura
mum com a verdade objectiva". de gênios desconhecidos que levam, manda-
IV ram pelo Correio um cartão de boas-festas.
Provocados por uma enumeração gracio- M. de A.

k l a x o n
coma coma

coma coma
/






BRASILIANA DIGITAL

ORIENTAÇÕES PARA O USO

Esta é uma cópia digital de um documento (ou parte dele) que


pertence a um dos acervos que participam do projeto BRASILIANA
USP. Trata‐se de uma referência, a mais fiel possível, a um
documento original. Neste sentido, procuramos manter a
integridade e a autenticidade da fonte, não realizando alterações no
ambiente digital – com exceção de ajustes de cor, contraste e
definição.

1. Você apenas deve utilizar esta obra para fins não comerciais.
Os livros, textos e imagens que publicamos na Brasiliana Digital são
todos de domínio público, no entanto, é proibido o uso comercial
das nossas imagens.

2. Atribuição. Quando utilizar este documento em outro contexto,


você deve dar crédito ao autor (ou autores), à Brasiliana Digital e ao
acervo original, da forma como aparece na ficha catalográfica
(metadados) do repositório digital. Pedimos que você não
republique este conteúdo na rede mundial de computadores
(internet) sem a nossa expressa autorização.

3. Direitos do autor. No Brasil, os direitos do autor são regulados


pela Lei n.º 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. Os direitos do autor
estão também respaldados na Convenção de Berna, de 1971.
Sabemos das dificuldades existentes para a verificação se um obra
realmente encontra‐se em domínio público. Neste sentido, se você
acreditar que algum documento publicado na Brasiliana Digital
esteja violando direitos autorais de tradução, versão, exibição,
reprodução ou quaisquer outros, solicitamos que nos informe
imediatamente (brasiliana@usp.br).

Você também pode gostar