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Responsabilidade do Estado na atualidade

Responsabilidade Subjetiva

Apesar das várias formulações teóricas que obteve ao longo da história,


a responsabilidade civil estatal, modernamente, convive com duas correntes: a
teoria subjetiva e a teoria objetiva.

Para muitos autores, a teoria subjetiva é algo totalmente superado no


que diz respeito à legislação pátria. Certas bibliografias nem sequer
mencionam a influência que a teoria subjetiva da doutrina civilística no direito
atual, ficando a cargo de alguns poucos autores a defesa do papel da culpa na
tarefa de responsabilizar a Administração por seus atos.

Para esta teoria, a ação de reparação desencadeia-se como sanção a


uma conduta negligente ou imprudente de uma pessoa capaz – portanto,
imputável -, em face da lesão de direito subjetivos de outrem, tutelados pelo
ordenamento jurídico; o que implica dizer que a imputação da responsabilidade
civil a alguém nada mais é que a sanção àquele que descumpriu um dever
legal, sendo que a inobservância desse dever violou o direito subjetivo de
outrem.

A doutrina civilista é o grande suporte à evolução da responsabilidade do


Estado, da definição de culpa à noção do ato ilícito que impusera. Entretanto,
responsabilizar subjetivamente um agente público é tarefa demasiadamente
dura, e muitas vezes impossível, pois provar a culpa significar individualizar o
agente culpado, tornando frágil o direito do lesado, sendo que, muitas vezes, a
ação desta era impossível, por não lançar mão de meios para localizar o
culpado.

O art. do Código Civil Brasileiro de 1916, pertencente à fase civilística da


responsabilidade do Estado pelos atos de seus representantes, condicionava-a
à prova de que este houvessem procedido de modo contrário ao direito, neste
termos, assim a aduz a redação do referido dispositivo:

“As pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis por atos
dos seus representantes que nessa qualidade causem dano a terceiros,
procedendo de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei,
salvo o direito regressivo contra os causadores do dano”.

O dispositivo em apreço foi parcialmente revogado pela Constituição de


1946. O art. 107 e seu parágrafo único da Ementa Constitucional n.1 de 17 de
outro de 1969, estabeleciam que:

“As pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos que


seus funcionários, nessa qualidade, causarem a terceiros.

Parágrafo único. “Caberá ação regressiva contra o funcionário responsável,


nos casos de culpa ou dolo”.

Responsabilidade Objetiva

A corrente objetiva divorciou-se por completo do dogma da culpa,


demonstrando que não era a culpa o elemento característico para a
responsabilização do Estado. Para essa doutrina, o que determina a imputação
de responsabilidade ao ente público é o nexo de causalidade entre o evento
danoso ocasionado e o comportamento do órgão ou agente da Administração
Pública que ocasionou, em decorrência de sua atuação, um dano que, pelo
simples fato de impor um prejuízo ao particular, deve ser ressarcido.

A objetivação da responsabilidade do Estado significou verdadeiro


remédio jurídico que se poderia conceber para que a tutela dos direitos
subjetivos e interesses legítimos dos cidadãos estivesse ao resguardo da ação
estatal – ação, esta, que a doutrina, acertadamente, percebeu ser a cada
instante mais intensa. Destarte, o intervencionismo estatal acabou por fomentar
maior objetivação da responsabilidade do próprio Estado.

A Constituição Federal adotou a teoria da responsabilidade objetiva do


Estado, sob a modalidade do risco administrativo. Assim, pode ser atenuada a
responsabilidade, provada a culpa parcial e concorrente da vítima, e até
excluída, provada a culpa concorrente da vítima. Dessa forma, afastam-se as
pretensões de que no direito brasileiro exista a responsabilidade objetiva sob a
modalidade integral, que obrigaria sempre a indenizar, sem qualquer
excludente.
No tocante à modalidade de risco que tenha sido adotado pelo direito
brasileiro, Yussef Said Cahali ente que “deslocada a questão para o plano da
causalidade, qualquer que seja a qualificação atribuída ao risco – risco integral,
risco administrativo, risco proveito – aos tribunais se permite a exclusão ou
atenuação daquela responsabilidade do Estado quando fatores outros,
voluntários ou não, tiverem prevalecido ou concorrido como ‘causa’ na
verificação do ‘dano injusto’.

Nesse sentindo, vamos nos deparar com três situações: a) o dano é


injusto, e deverá ser ressarcido pela Fazendo Pública, pois tem como causa
única a atividade, ainda que regular, da Administração; b) o dano não possui
qualificação jurídica de injusto, e afasta por completo a indenização, quando o
nexo de causalidade leva a uma causa alheia a ação da Administração, tendo
como causa exclusiva o fato da natureza, do próprio prejudicado ou de terceiro;
e c) o dano é injusto, mas sujeito a responsabilização atenuada, quando
concorre com a atividade regular ou irregular da Administração, como causa,
fato da natureza, do próprio prejudicado ou de terceiro.

O Direito Positivo e a Responsabilidade civil da


Administração Pública na Constituição Federal de 1988

O direito brasileiro, após o advento brasileiro, consolidou sua opção pela


objetividade da responsabilização do Estado, já regulamentada em diplomas
anteriores. Assim, se tornou o art. 37, § 6º, da CRFB de 1988, a norma
fundamental da responsabilidade civil, inspirada no princípio basilar do novo
Direito Constitucional de sujeição de todas as pessoas, públicas ou privadas,
aos ditames da nova ordem, onde qualquer lesão a bens jurídicos de terceiros
traz como conseqüência para o causador do dano a obrigação de reparar.
Desse modo, inclui-se no rol de responsabilidade civil as pessoas jurídicas de
Direito Privado (empresas públicas, sociedades de economia mista e
sociedades privadas concessionárias) pelos danos causados, diretamente, pela
execução de serviço público.

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