Professor: André Guimarães RACIONALIDADE, ESCOLHA RACIONAL, AÇÃO COLETIVA E TEORIA DOS JOGOS Introdução A escolha racional é uma abordagem da área de ciência política centrada na ação dos atores políticos. O principal objetivo das teorias da escolha racional é servir como instrumento preditivo do comportamento dos atores. Pressupostos básicos:
Todo ator é racional.
A racionalidade não se relaciona dentro desta teoria com os resultados, mas com os meios utilizados na busca destes resultados. O ator racional é aquele que busca maximizar suas preferências e minimizar seus custos. Em sua abordagem mais tradicional a escolha racional supõe: Que os atores não possuam escolhas intransitivas:
Assim, se ele prefere A>B>C>D é de se esperar que ele
sempre prefira B>D. O ator busca necessariamente resultados ótimos para sua ação. Que as preferências são dadas e imutáveis quando do percurso da ação. VARIAÇÕES DA VERTENTE TRADICIONAL: FÁBIO WANDERLEY REIS E AS IMPLICAÇÕES DA IDENTIDADE E DA CENTRALIDADE NO AGIR RACIONAL Como a racionalidade se associa a noções como identidade e ideologia? Normalmente a noção de identidade , quando associada a ação política denota irracionalidade, pouca reflexão, ação como reflexo do meio. (Reis não concorda) Já o agir ideologicamente orientado é aquele que denota racionalidade, cálculo estratégico, esclarecimento, etc. AUTONOMIA OU CONDICIONAMENTO? PAIXÃO OU INTERESSE? Estas questões, para Reis, remetem a antiga celeuma entre autonomia e condicionamento. Ou seja, em que medida o ator seria autônomo nas suas escolhas e até que ponto seria condicionado pelo meio. Da mesma forma, haveria uma polarização entre um agir interessado e um agir racional. Para Reis este seria um falso dilema uma vez que estas dimensões poderiam facilmente serem integradas dentro da teoria da escolha racional. A RACIONALIDADE E O CONCEITO DE CENTRALIDADE Para comprovar como elementos identitários influenciam no agir racional dos atores Reis analisa o voto durante o período militar. Para ele, os votos dos eleitores das regiões menos desenvolvidas do país, concentrados em partidos, ou no partido de apoio aos militares, se devia a posição social, cultural destes eleitores. Uma vez que eleitores mais próximos ou pertencentes as regiões centrais do país (centros urbanos) seriam politicamente mais “sofisticados”. Estes últimos teriam mais acesso a informações e mais capacidades de processá-las. Assim, o seu agir racional, no que toca ao processo eleitoral naquele momento, estaria diretamente vinculado a centralidade dos atores votantes. RELATIVIZANDO OS PRESSUPOSTOS: FAREJOHN E PASQUINO E O EXEMPLO DOS CLÁSSICOS Para Farejhon e Pasquino a escolha racional, a despeito de ser atualmente uma das principais linhas de abordagem dos fenômenos políticos, peca em alguns de seus pressupostos. A rigidez da noção preferências e crenças (que são tidos dentro da literatura como dados e não construídos seria um destes “pecados”. Para os autores, escritores clássicos como Hobbes, Rousseau e Aristóteles já se utilizavam de procedimentos muitos semelhantes ao da escolha racional, porém flexibilizando a noção de preferências e crenças em relação aos rational choice atuais. A LÓGICA DA AÇÃO COLETIVA: O AGIR RACIONAL DENTRO DOS GRUPOS Mancur Olson trabalha com a teoria da escolha racional, porém focalizando o agir dentro dos grupos (econômicos principalmente). Para ele “não é fato que só porque todos os indivíduos de um determinado grupo ganhariam se atingissem seu objetivo grupal, eles agirão para atingir este objetivo, mesmo que todos eles sejam pessoas racionais e centradas nos seus próprios interesses”. FATORES QUE IMPLICAM NO AGIR EM GRUPO Tamanho do grupo; Presença de elementos coercitivos (moral, financeiro, etc). Presença de incentivos seletivos. A TEORIA DOS JOGOS E A ESCOLHA RACIONAL A teoria dos jogos é uma estilização de uma situação na qual o ator (jogador) deve tomar uma decisão (fazer uma jogada) numa ação interativa com outro jogador. Um dos jogos mais conhecidos nesta área é o dilema do prisioneiro. O dilema do prisioneiro é representativo de uma situação na qual caso o ator aja de forma racional, porém egoísta, fatalmente ele ficará em pior situação do que se tivesse agido visando o bem comum. JOGOS EM MÚLTIPLAS ARENAS: PERSPECTIVA ATOR/OBSERVADOR Tema central do livro: Este livro analisa casos em que um ator, confrontado com uma série de escolhas, não segue a alternativa que parece ser a melhor. Para Tsebelis casos de escolhas subótimas são na verdade casos de discordâncias entre o observador e o ator. 2 CASOS DE DISCORDÂNCIA ENTRE ATORES E OBSERVADORES 1) O observador só tem acesso a uma arena, enquanto o ator está jogando em múltiplas arenas. 2) O jogador inova, criando novas regras, ampliando assim o leque de escolhas sem que o observador perceba. Há assim um projeto institucional em curso. O QUE A ESCOLHA RACIONAL NÃO É: 1) Teoria sem atores: I – análises sistêmicas
II – Funcionalismo
III – Estruturalismo
IV – Teoria da Modernização
Em todas estas teorias, os atores (homens, instituições,
etc) desaparecem das abordagens. Estas teorias privilegiam os processos históricos, sobretudo, os processos econômicos e políticos.