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FIOCRUZ
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto Oswaldo Cruz
Pós-graduação lato sensu – IOC
Educação Científica em Biologia e Saúde
SEXUALIDADE: DESENVOLVIMENTO,
APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES
DE ORIENTAÇÃO SEXUAL NO ENSINO
MÉDIO.
Rio de Janeiro – RJ
2003
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SEXUALIDADE: DESENVOLVIMENTO,
APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES
DE ORIENTAÇÃO SEXUAL NO ENSINO
MÉDIO.
AGRADECIMENTOS
A Deus, nosso pai Oxalá e a todos os Orixás e Guias benfeitores, pela proteção e iluminação
A Rita Lopes, pelo seu amor, pois você estará sempre em meus pensamentos.
A todos os educadores e professores que lutam por uma sociedade mais humana e digna.
A todos os colegas e amigos, que direta e/ou indiretamente, contribuíram para a realização
deste trabalho.
A todos aqueles que lutam por um Mundo mais justo e digno, em que possamos viver,
independentes de religião, crença, raça, sexo, nível sócio-econômico, ou qualquer outra forma
de discriminação.
A Joana D’Arc, Giuseppe Garibaldi, Che Guevara, Carlos Lamarca, Carlos Marighella, Chico
Mendes e tantos outros que lutaram contra a opressão, dando suas vidas pela liberdade,
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS......................................................................................................... 9
LISTA DE GRÁFICOS........................................................................................................ 10
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................... 12
RESUMO............................................................................................................................... 13
ABSTRACT........................................................................................................................... 14
OBJETIVOS......................................................................................................................... 15
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 16
2. METODOLOGIA............................................................................................................. 46
7
SEXUALIDADE E DEBATE........................................................................................ 47
2.7. CULMINÂNCIA............................................................................................................ 50
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................... 53
anticoncepcionais........................................................................................................ 64
3.5. AVALIAÇÃO................................................................................................................. 69
4. CONCLUSÕES................................................................................................................. 82
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 84
ANEXOS................................................................................................................................ 89
9
LISTA DE QUADROS
Santos Dias..................................................................................................... 48
QUADRO 3 Principais opiniões, sobre a prática do aborto, dadas pelos alunos do 3º ano
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 Distribuição dos alunos participantes deste trabalho, por gênero, estado
civil e filhos................................................................................................ 54
etária............................................................................................................ 55
GRÁFICO 3 Atividade sexual nos alunos do 3º ano do Colégio Estadual Santos Dias,
participantes do estudo................................................................................ 55
GRÁFICO 4 Uso de algum tipo de método preventivo por alunos e alunas que são
sexualmente ativas....................................................................................... 60
sexualmente ativos....................................................................................... 60
pesquisa....................................................................................................... 62
GRÁFICO 9 Opiniões dos alunos do 3º ano do Colégio Estadual Santos Dias, sobre a
prática do aborto.......................................................................................... 65
11
GRÁFICO 12 Relação dos temas, sobre sexualidade, que os alunos mais gostaram
durante as atividades.................................................................................... 73
GRÁFICO 14 Resultado das respostas dadas pelos alunos, sobre a Orientação Sexual
adolescentes................................................................................................. 74
12
LISTA DE FIGURAS
simulado”......................................................................................................... 52
“júri simulado”................................................................................................ 52
audiovisuais...................................................................................................... 89
audiovisuais...................................................................................................... 90
13
RESUMO
Atualmente, a primeira experiência sexual vem acontecendo cada vez mais cedo
na vida dos adolescentes, colocando-os frente a frente com situações de responsabilidades e
decisões. Grande parte destes jovens não se acha, ainda, preparada para esses novos desafios,
pela falta de informações e/ou pelas várias informações desencontradas e sem base científica
veiculada pela mídia em geral (jornais, revistas, TV, rádio). A falta de responsabilidade com
que a sexualidade é apresentada expressa-se, por exemplo, na incitação para o sexo via
televisão; no acentuado crescimento de adolescentes grávidas; no grande abismo que existe
entre pais e filhos quando o tema da conversa é sobre sexo; além do pequeno número de
escolas públicas e privadas que se preocupam em oferecer aulas de orientação sexual para
adolescentes. Estes são os incentivadores para a realização deste trabalho, cujo tema principal
é a sexualidade. O trabalho tem como objetivo geral promover a reflexão e o debate sobre a
sexualidade, potencializando o senso crítico responsável do cidadão sobre este tema. Visamos
também orientar o educando sobre a sexualidade; fornecer informações que possam esclarecer
as dúvidas dos educandos em relação ao tema sexualidade; preparando-o para fazer escolhas
com responsabilidade, e se prevenirem de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e de
uma gravidez indesejada. A Orientação Sexual, como atividade, foi inserida no ensino através
de uma metodologia participativa, onde foram mais importantes as discussões e debates sobre
o tema, além da extinção das posturas acadêmicas, rígidas e preconceituosas. As atividades
foram realizadas durante o horário normal das aulas da disciplina de Biologia no 2º bimestre,
com os alunos do 3º ano do Ensino Médio dos turnos matinal e noturno do Colégio Estadual
Santos Dias, localizado no bairro de Neves, em São Gonçalo-RJ. Para um melhor
desenvolvimento, as atividades foram divididas em etapas (ou momentos). Os dados obtidos
neste trabalho sobre Orientação Sexual, sugerem que os alunos reconhecem a importância do
conhecimento da sexualidade, assim como a necessidade de conhecer os melhores métodos de
prevenção para as DST/AIDS e para a gravidez indesejada, através do uso de métodos
preventivos adequados. Todas e quaisquer tipos de informações relacionadas com o tema
sexualidade, são importantes e devem sempre ser oferecidas aos jovens, tanto às crianças,
quanto aos adolescentes. Os programas de Orientação e/ou Educação Sexual de instituições de
ensino são fundamentais, já que permitem uma metodologia participativa, através de
discussões e debates sobre a sexualidade, fazendo com que o jovem escolha o seu próprio
caminho. Contudo, estas informações técnicas oferecidas em escolas, aos jovens, não são
suficientes. Os jovens também devem ser orientados pela família. Somente com o diálogo
aberto, desde a infância e as descobertas sexuais, diminuirá as dúvidas dos jovens, quanto à
sexualidade, tornando-os íntimos com os aspectos da prevenção das DST e dos principais
métodos anticoncepcionais, colaborando de forma positiva em suas futuras escolhas, evitando
futuras experiências equivocadas.
ABSTRACT
The first sexual experience comes happening each day earlier in adolescents’ life,
putting them face to face with responsibilities and decisions situations, nowadays. In fact most
of these young don’t find themselves prepared for these new challenges yet. Principally for
lack of information and/or for a lot of misunderstood and without scientific base information
of the media in general (newspapers, magazines, TV, radio). The lack of consequences, which
is introducing sexuality, for example, the inciting to sex by television; the great increase of
pregnant adolescents; the big abysm there’s between parents and sons when the conversation
theme is about sex; beyond little quantity of public and privates schools that preoccupy
themselves to offer lessons of sexual orientation to adolescents, they’re the stimulating to the
realization of this work, whose principal theme is the sexuality. This work has like general
purpose to propose the reflection and the intellectual debate about the sexuality, besides
increasing the critical sense responsible for citizen about this theme. Besides orientating the
student about the sexuality; to furnish information can explain his doubts in regards to sexual
education; to prepare him to make chooses with responsibility and to prevent himself of
transmissible disease sexually (TSD) and of an undesirable pregnancy. The sexual orientation,
as active, was inserted through of a participated methodology, which the discussions were the
most important about the theme, moreover the extinction of the sterns and prejudices
academics postures. The actives were done while the normal time of the Biology classes of
the second bimestrial, with students of the high school in the day shift and night shift at
Santos Dias School State, located in the neighborhood of Neves, in São Gonçalo-RJ. For a
better development, the actives were divided in stages (or moments). In the end of this work
about sexual orientation, testified a bigger consciousness between students about the
important knowledge of sexuality, as well as to know better methods of the preventions of
TSD/AIDS and the undesirable pregnancy, through the use of appropriate ant contraceptives
methods. Any and every kinds of information related with the sexuality theme, are important
and always must be offered to young, as much children, as adolescents. The programs of
sexual orientation and/or sexual education of teaching institution are fundamental since allow
an actuating methodology of all, through the discussion and debates about sexuality, making
young choose your own path. However, these techniques information offered in schools, to
the young aren’t enough. Family must orient the young. Therefore only straight dialogue since
infancy and the sexual discovery, will decrease the young doubts about sexuality, besides the
young getting more intimate with prevention of the transmissible sexual disease and principal
ant contraceptives methods, avoiding future mistaken experiences.
OBJETIVOS:
OBJETIVO GERAL:
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1. INTRODUÇÃO:
Atualmente, a primeira experiência sexual parece acontecer cada vez mais cedo na
decisões. Grande parte destes jovens não se acha, ainda, preparada para esses novos desafios,
principalmente pela falta de informações e/ou pelas várias informações desencontradas e sem
grande abismo que existe entre pais e filhos quando o tema da conversa é sobre sexo; além do
orientação sexual para adolescentes, são os incentivadores para a realização deste trabalho,
meados dos anos 80, a demanda por trabalhos na área da sexualidade nas escolas aumentou
devido à preocupação dos educadores com o grande crescimento da gravidez indesejada entre
abordagem dessas questões no âmbito escolar, mas atualmente sabe-se que os pais
reivindicam a Orientação Sexual nas escolas, pois reconhecem não só a sua importância para
crianças e jovens, como também a dificuldade de falar abertamente sobre esse assunto em
casa. Uma pesquisa do Instituto Data Folha, realizada em dez capitais brasileiras e divulgada
em junho de 1993, constatou que 86% das pessoas ouvidas eram favoráveis à inclusão de
desvantagens, fazendo com que eles sejam responsáveis na escolha do melhor método
preventivo para o casal. Além disso, ao se trabalhar com o tema sobre métodos
enfatizar que os próprios adolescentes vislumbram três soluções, que na realidade não são
sexuais permitem a reprodução e esta, a perpetuação da espécie. Mas para o ser humano a
atividade sexual não se restringe à reprodução. Ela é fonte de prazer, um dos maiores, talvez o
maior dos prazeres. Além disso, a sexualidade é algo fundamental para nós, pois estar bem
consigo mesmo é indispensável fator de felicidade e, para tanto, é preciso estar bem com a
própria sexualidade. Ao mesmo tempo em que o adolescente sente fluir em seu corpo os
impulsos sexuais, sente culpa e medo do que está sentido. Além disso, vive angustiado e
culposo, porque tem comportamento e anseios diferentes daqueles que os pais recomendam
adolescência se origina do latim: adolescere – que é tornar-se ou vir a ser; crescer ou crescer
até a maioridade. Assim, é um período de transformações, que acontece sempre com conflitos,
e pressões dos grupos que os cercam. Na adolescência, quando a genitália se torna a principal
internos colidem com as forças externas, por possuírem intenções antagônicas. Desse choque,
LOPES & MAIA (2001b, p. 16), descrevem que a adolescência envolve dois
puberdade é o período das mudanças físicas que resultam no amadurecimento sexual, o qual
Para BOCARDI (1998, p. 30), não há uma posição social definida para o
adolescente. Não sendo considerado adulto nem criança, o jovem tem papéis característicos e
imprecisos, com poucas oportunidades de aprender a decidir por si mesmo, a ser responsável
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pelos próprios atos e a tomar iniciativas. Passa a ter como principal tarefa a busca pela
identidade que só irá conseguir ao desprender-se dos pais para obter a independência e
uma fase de transição que tem profundas “raízes” na infância e, concomitantemente, lança
aos processos de amadurecimento emocional, afetivo, intelectual, etc. É então que se inicia o
alunos, e é também comum a omissão dos mais velhos na Orientação Sexual do educando
que impede que o assunto seja discutido profundamente, formando consciências e opiniões.
tabu e grande desafio para as escolas, famílias e meios de comunicação. Muitos informam,
sexualidade ainda é mais silêncio que conversa. Na ideologia veiculada pela maioria da mídia
crescimento. Muitas religiões têm normas morais rígidas que admitem poucos
questionamentos. Por outro lado, mas também com dificuldade, há pais que são cônscios de
seus filhos. Devido as questões culturais, vergonha e preconceitos, muitos pais tem
dificuldade de falar sobre sexualidade com os filhos. Na maioria das vezes os recados são
dados de forma indireta, e que nem sempre os filhos entendem. Como por exemplo: “não vá
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aprontar”, “olha lá o que vai fazer”. Ou usam histórias ruins envolvendo alguma pessoa,
como: “viu o que aconteceu com fulana?”. (PINTO, 2001a, n. p.; SOUZA, 2002, n. p.).
desinformados sobre a sexualidade, não se sentem tranqüilos em estar abordando com seus
métodos preventivos. Existe um certo constrangimento e medo por parte dos pais em estar
falando sobre sexo com seus filhos, como se o diálogo aberto e franco pudesse propiciar ainda
mais liberdade para os jovens iniciarem as práticas sexuais precocemente (BOCARDI, 1998,
p. 51). Em muitos casos a Orientação Sexual dos pais para os filhos, se limita a dizer para as
meninas, sobre os cuidados que elas devem tomar com relação à higiene no período
menstrual. E para os meninos dizem: “cuidado para não pegar nenhuma doença”. O que
falta é uma nova forma de se pensar sobre a sexualidade. Estimular o adolescente a pensar que
a sexualidade é uma nova e intensa maneira de sentir prazer com suas responsabilidades.
Porém o que se faz não é assim. O reforço à sexualidade é feito em cima de conseqüências
definidas e desastrosas. Porém o adolescente deve refletir a respeito, deve conhecer suas
possibilidades e limites com a ajuda de pais e outros educadores, mas com dados reais, não
Entretanto, verifica-se que a tônica das conversas entre pais e filhos tem sido os
esclarecimentos sobre a menstruação e a advertência de que as filhas são muito novas para a
iniciação sexual. Já para os meninos as recomendações são para se protegerem da AIDS nas
relações sexuais. Mesmo em relação às orientações dos pais quanto à menstruação, há uma
ênfase nos cuidados higiênicos que a adolescente deve ter após esse marco biológico. Logo,
permeando a sexualidade. Mas do ponto de vista biológico, a menina está realmente pronta
para procriar, portanto, numa visão cristianizada, apta a ter relações sexuais. Por
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e a Cultura (UNESCO), cerca de 60% dos pais de alunos afirmam ter informações
familiar é tão importante quanto a comunicação verbal. O silêncio, muitas vezes, fala mais do
que um discurso. Uma família que não fala sobre sexualidade pode estar passando para seus
membros a mensagem de que sexo é algo sujo, vergonhoso, sobre o qual não se deve falar,
pensar, ou mesmo fazer. A atitude dos pais, o exemplo que dão aos filhos e a vivência sexual
Sexual.
opções indicadas pelos jovens quanto aos locais preferidos para receberem informações sobre
A grande parte dos jovens recebe estímulos de seu grupo para realizar logo atos
sexuais e, pior que isso, é informada por outros adolescentes um pouco mais velhos que
também receberam péssimas orientações. Estes são, na sua grande maioria, supervalorizados
pelo grupo por serem considerados “cabeças abertas” e “mais experientes”. A conduta dos
vergonhoso ser virgem, em que a menina que ainda não teve sua primeira experiência sexual é
então num grupo em que os pais não receberam Orientação Sexual e não têm tempo para
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educar seus filhos, pois estão ocupados demais com seu trabalho e, quando chegam em casa,
não querem lidar com aquele adolescente cheio de dúvidas e questionamentos sobre diversos
assuntos, principalmente sobre sexo, ou que não sabem como proceder (ROJTENBERG,
2002, n. p.).
As futuras gerações passarão por sérios riscos se a questão não for priorizada e
incluída na agenda pública e nas discussões em casa, em sala de aula e em espaços de arte e
lazer. A família, mesmo sendo o ambiente inicial de aprendizagem, está longe de ser a
e erotizante que, por vezes, reforça estigmas e exalta experiências de vida incompatíveis com
Segundo SUPLICY (1996, p. 11), não podemos esquecer que o adolescente vive
hoje entre duas pressões bastante fortes: de um lado estão os pais e a igreja dizendo, sem
possibilidades de diálogo: “não faça!” De outro lado estão os amigos e a televisão com a
mensagem oposta, mas também sem permitir uma reflexão: “faça!” O adolescente se sente
pressão dos amigos para praticar o sexo: “você é o único que nunca teve uma mulher..., está
todo mundo comentando...” ou, “você é a única virgem da classe...” Sem contar que com o
desenvolvimento hormonal, cresce o desejo e a curiosidade sexual. Sem lugar para poder
que muitos acham, e até eles próprios, tem pouca informação científica sobre os métodos
ouviu dizer que é bom...” Não é porque o adolescente vê sexo na televisão, ou até conversa
mais informações com os pais, amigos, revistas, jornais, sites, TV, entre outros. Muitas vezes
essas informações vindas de diversas fontes, não são as mais fidedignas, tais como: “em que
‘chupar bala com papel’?”, “e se eu tirar antes de ejacular?”, “ela poderá engravidar?”,
“eu devo fazer sexo com o meu namorado sendo virgem e solteira?”, “qual a idade ideal
para iniciar um relacionamento sexual?”, “se eu me masturbar várias vezes ao dia meu pênis
vai crescer?”, “mulher se masturba?”, “os homens iniciam a vida sexual antes das
mulheres?”, “por que as garotas da minha idade não querem só transar?”, “tem que
namorar primeiro?”. Perguntas como estas fazem com que os adolescentes elaborem
fantasias e desejos sexuais e acabam recorrendo aos amigos da mesma idade e que apresentam
Além disso, de acordo com ERCOLIN (2002, n. p.), a televisão cada vez mais
mostra cenas de sexo, jovens transando sem o menor problema, tudo na maior tranqüilidade.
Mas a realidade é bem diferente, pois os adolescentes ainda têm muitas dificuldades e dúvidas
a respeito desse assunto. Envolvidos pela grande exposição ao tema, sentem-se excitados e
pressionados a tomar alguma atitude. Parece que todos transam, na novela das seis, das sete,
erótico como veículo de publicidade dos mais diversos produtos – de cigarros a roupas
da “jovem liberada” como sendo aquela que faz sexo quando e com quem quiser. O grupo
social freqüentado pela adolescente a estimula a ter relações sexuais, chegando a virgem a ser
considerada quase uma pessoa anômala. O relacionamento pré-matrimonial passou a ser visto
pelas jovens como uma forma de auto-afirmação e de liberação da tutela paterna. Se até essa
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época as adolescentes solteiras que não mais eram virgens se envergonhavam desse fato e o
escondiam, vemos hoje que as virgens é que passaram a ter vergonha de seus hímens íntegros!
adolescentes que ainda não tiveram relações sexuais a mentir, para não serem rejeitadas pela
pessoas que não pertencem à sua família e, principalmente, nos dias de hoje, da mídia. Essas
assistem, mas não podem compreender por completo o significado dessas mensagens e muitas
1997, p. 112).
informações. O excesso de apelo erótico aliado à violência que a TV veicula pode levar a
com os adultos, por medo ou vergonha, podem induzir o adolescente e o jovem a subestimar o
problema ou a considerar que podem “fazer amor” sem que corram nenhum risco. O tão
famoso: “comigo não acontecerá” que se não dizem, pensam os jovens, são justificados por
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teorias erradas como por exemplo: “não se engravida na primeira vez”; “basta fazer uma
ducha vaginal depois do sexo que mata o espermatozóide”; “é só ‘tirar antes’ e ‘gozar fora’”
e “tomando uma dose de antibiótico depois do sexo, acaba-se com o perigo de doenças”.
Porém, a primeira relação sexual é tão eficaz quanto qualquer outra em produzir gravidez e
Existem algumas doenças que são transmitidas através do contato sexual quando
Venere é uma das denominações da deusa dos romanos Vênus, a deusa mitológica grega que
protegia o amor e os encontros sexuais. Durante muito tempo foram duas as moléstias
reconhecidas como doenças que poderiam passar de uma pessoa a outra através de uma
relação sexual: a sífilis e a gonorréia. É por causa desta forma particular de aquisição que
foram chamadas de doenças venéreas. Por se acreditar que muito preconceito vinha associado
à palavra “venérea”, esse grupo de doenças foi renomeado para DST. Mas além de
preconceito, o tema traz a associação entre prazer/doença e prazer/morte, o que gera inúmeros
conflitos nas pessoas envolvidas e na sociedade (MAZÍN, 2000b, p. 71; LOPES & MAIA,
2001b, p. 82).
O termo sexo seguro se refere aos comportamentos sexuais que não resultam em
gravidez indesejada ou em DST e HIV/AIDS. Sabe-se que não existe imunidade para essas
entidades. Por isso, tratar de sexo seguro significa referir-se aos comportamentos que se
associam com os mais baixos riscos de incorrer nelas (POLI, 1996, p. 949).
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pelos jovens como sexualmente transmissíveis, chamam a atenção que doenças atualmente
prevalentes como herpes genital e condiloma acuminado são pouco conhecidas, enquanto que
LINS et al. (1988, p. 128), realizaram uma pesquisa com jovens onde quase a
totalidade (93%) tem conhecimento sobre DST. Daqueles que responderam conhecer as DST,
54% apontaram a sífilis, 35% a gonorréia, 18% o cancro mole e 18% a AIDS.
comportamentos nos quais se engajam, que os colocam em maior exposição às doenças. Estes
adolescentes apresentam taxa mais altas de sífilis, gonorréia, clamídia e inflamação pélvica do
que todos os outros grupos etários. As taxas de DST são mais altas entre adolescentes do sexo
LINS et al. (1988, p. 124), revelaram que a incidência de DST estava aumentando
maioria dos jovens em todo mundo. Os dados contidos na literatura revelam que na estatística
mundial, a gonorréia aumentou em 200% no homem e 500% nas mulheres. Mais preocupante
ainda é saber que triplicou a proporção de adolescentes afetados. Dados obtidos no centro de
junho e novembro) do ano de 1984, a gonorréia acometeu 141 indivíduos do sexo masculino
com idade superior a 15 anos, seguido do cancro venéreo simples com 48 casos, do
linfogranuloma venéreo com 25 casos e da sífilis com 17 casos. Já em 1985, nos meses de
janeiro, fevereiro, abril e maio foi registrado na faixa etária de nove a 15 anos, que a
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gonorréia acometeu 146 jovens, o linfogranuloma venéreo 22, a sífilis, 36. Acima de 15 anos,
Estatísticas oficiais apontam o início da atividade sexual cada vez mais cedo entre
anos, hoje, o início da vida sexual ocorre entre os 14 e 15 anos. Além disso, o estudo também
mostra que 45% dos alunos de escolas de 14 capitais brasileiras, já iniciados sexualmente,
afirmam transar com pessoas que pouco conhecem (CATALÃO, 2002, p. 38).
adolescentes estão expostos para adquirirem as DST: (1) fatores fisiológicos; (2) negação que
houve relação sexual; negação que a relação possa ter sido capaz de determinar DST; (3)
e sinais das DST; (6) retardo e/ou medo de buscar auxílio profissional; (7) preconceito,
vergonha e culpa ligados ao exame médico; (8) falta de acesso aos serviços de saúde; (9) uso
de drogas; e (10) impulsividade, excitação erótica, gosto pela experiência que leva a maior
Além disso, PASSOS (1984, p. 05), descreve que a incidência das DST vem
desinformação total acerca do assunto. É sabido que o meio social interfere ativamente na
responsável pela maioria das DST. A família não tem cumprido suas responsabilidades
educacionais e seus próprios líderes são desinformados. As escolas também têm sido
Sexual não é apenas fisiológico ou mecanicista, mas sim o da educação sanitária e das
comportamento que previna a infecção pelas DST e pelo vírus da imunodeficiência humana
direitos de fala entre alunos e professores, sem julgamento do que é certo ou errado.
sejam simplesmente comportamentais, sejam clínicos ou cirúrgicos, que tenham por objetivo
difundidos na nossa cultura são a pílula anticoncepcional e a ligadura de trompas. Isso é tão
verdade que a palavra “anticoncepcional” muitas vezes é usada como sinônimo de pílula no
nosso vocabulário. Mas a anticoncepção é um mundo de várias facetas, para atender pessoas
diferentes, com organismos, valores e vontades diferentes (SOARES, 1994, p. 264; LOPES &
MAIA, 2001b, p. 61). De acordo com BRITO & FAVARETTO (1997, p. 551), os métodos
do espermatozóide masculino com o óvulo maduro na trompa uterina, e tem por objetivo
atuação (CARDOSO, 2002, n. p.): (1) prevenindo a penetração dos espermatozóides no útero,
esterilização que impedem a entrada do óvulo no útero (ligadura das trompas) ou a chegada
Os jovens, moças ou rapazes, precisam conhecer muito bem seu próprio corpo
anatomia do sexo oposto é que o casal pode optar pelo uso de determinado método
possível ter certeza de que o uso de determinado método não ameaça sua integridade física.
Por desconhecer as ações de um certo método preventivo, há jovens que temem seus efeitos e,
assim, entre dois possíveis “riscos”, muitos preferem enfrentar a gravidez (DUARTE, 1995,
p. 38).
31
Fica claro para VALLADARES (2001, p. 83), que a decisão de ter ou não filhos
pertence ao casal. Muitas vezes, a falta de informação adequada pode levar uma mulher à
gravidez indesejada. Por isso, o método escolhido deve propiciar uma sensação de segurança,
não interferindo na espontaneidade da relação sexual, não provocando conflitos com sua
religião, não causando danos orgânicos e adequando-se à idade de quem vai usá-lo. Segundo
que os jovens não usam proteção durante o intercurso sexual. Para MAUAD FILHO et al.
adolescente que procura orientação e na maioria dos casos já mantém uma vida sexual ativa.
Para indicar um método preventivo, é necessário analisar cada caso individualmente, tendo o
idade: a criança, o jovem, o adulto e o velho, cada um a seu modo, experimentam mudanças.
No entanto, existem certas épocas nas quais as modificações que ocorrem em nossos corpos e
rápidas. Nestes, certamente situam-se a gravidez e a adolescência (REIS & RIBEIRO, 2002,
n. p.).
que estas em geral não têm consciência de quão difícil é cuidar de uma criança, bem como das
limitações que isto poderá lhes causar. Na maioria das vezes, a adolescente romantiza a
33
gravidez, esquecendo as outras implicações práticas que advêm com um filho, e que nem
sempre são tão doces. A adolescente só pensa no prazer de ser mãe, e não mede as
conseqüências dos fardos e das privações que esta maternidade traz consigo.
constitui-se como relevante problema de saúde pública no Brasil. Uma intricada rede de
fatores confere à gravidez na adolescência um grau elevado de risco para a mãe e para a
alterações ao curso de vida dessas meninas, podendo acarretar dificuldades no que se refere
aos aspectos escolares, profissionais, afetivos e sociais. No entanto, a gravidez, é vista como
relação ao futuro.
Nas adolescentes grávidas, com idade abaixo dos 16 anos, podem ocorrer
complicações tanto para ela como para o bebê, porque seu próprio corpo ainda está em
elas, a gravidez pode representar uma verdadeira tragédia, e elas lutarão contra todos os
obstáculos a fim de interrompê-la. A mulher que engravida sem o desejar sente seu próprio
OLIVEIRA et al. (1998, p. 57), descrevem que no Brasil acontecem muitos casos
de mulheres que ficam grávidas sem desejarem, em determinada época. Isto ocorre por
diferentes motivos. O principal deles, porém, é que, apesar de não desejarem conceber um
filho naquele momento, essas mulheres tiveram relações sexuais sem que elas ou seus
parceiros houvessem tomado qualquer medida de prevenção. Ou seja, nenhum dos dois
utilizou um método preventivo eficaz. O resultado, então, é uma gravidez não desejada, um
fenômeno que acontece com milhares de mulheres todos os anos. Além disso, cerca da
risco pela maioria dos pesquisadores, por apresentar incidências elevadas de complicações
constituindo ainda uma grave ameaça para o desenvolvimento psicossocial e econômico das
jovens.
Uma das causas de termos tantas gestações inoportunas em nosso meio é a falta de
um trabalho regular de Orientação Sexual nas escolas. O que se percebe é que, de uma
maneira geral, os jovens e as jovens têm informação razoável sobre os métodos preventivos,
pois a mídia tem divulgado bastante esses métodos. Falta um trabalho que propicie aos jovens
propicie transformar essas informações que têm em conhecimento. Outra das causas da
gravidez inoportuna é a falta de diálogo em casa. De uma forma geral, casais adolescentes que
engravidam vêm de famílias onde a sexualidade é tabu, assunto no qual não se toca, um grave
erro de grande parte das famílias brasileiras. Por não terem com quem dialogar sobre a própria
sexualidade, os jovens acabam por fazer uso inadequado da sexualidade recém descoberta
A gravidez precoce tem gerado repercussões na vida dos jovens, como evasão
causas deste quadro são apontados a ausência de Orientação Sexual adequada, a curiosidade
inconsciente de ser mãe e de testar sua fertilidade, e os conflitos familiares levando a uma
adolescente, o que algumas vezes incentiva esta gravidez, gerando um desequilíbrio social
Também REIS & RIBEIRO (2002, n. p.) e VITIELLO & CONCEIÇÃO (1987, p.
902), descrevem algumas razões para que ocorra a gravidez na adolescência: (1) os jovens
pensam ou dizem saber tudo sobre sexo, e não sabem. Pode ser que não tenham informações
corretas ou que não saibam como aplicá-las às suas vidas, ou que seus pais achem que eles já
assunto que ainda traz certo constrangimento. E, principalmente, pode ser que os jovens,
embora saibam das coisas, acreditem que com eles nada acontecerá (“pensamento mágico”);
(2) os jovens são muito imediatistas. Ante a possibilidade de fazer sexo, sobretudo quando
esperam muito por isso, não pensam nas conseqüências: valem-se do desejo imediato,
ignorando os resultados; (3) há casos em que a menina, para atrair sobre si a atenção ou o
afeto da família e dos amigos, ou para segurar o namorado, engravida. Neste caso as
carências afetivas devem ser consideradas seriamente, e com certeza uma gravidez prematura
não é a melhor solução. Além disso, filho não tem o poder de segurar namorado, nem de
dificilmente um bebê facilitará as coisas; (4) muitas vezes uma jovem desamparada, que não
desfrute de uma condição de vida digna, pode pensar que se tornando mãe se libertará da
miséria e obterá o respeito das pessoas. Esta idéia baseia-se na crença de que a sociedade
36
tende a valorizar a figura de mãe e a ter maior consideração pelas gestantes. Logo a jovem se
verá em situação onde terá que trabalhar e cuidar do filho em condições adversas, e a
limitações em seu uso; (6) as adolescentes encaram com reservas os métodos que possam
deixar “pistas”, por ser comum que um excesso de zelo materno mal interpretado leve a
diafragmas, por exemplo, que podem ser descobertos numa incursão à bolsa ou às gavetas da
que “evitar gravidez é função de mulher”. Assim, não somente é freqüente a recusa no uso de
vontade para com os métodos em que a participação do homem é importante, como nos de
abstenção periódica, por exemplo; e (8) finalmente, é preciso saber que o significativo número
alguma forma, com essa questão. Alguns dos métodos para evitar a gravidez são bastante
antigos, outros mais recentes. Todos têm limitações, e é importante que saibamos quais são
elas, para que eventualmente possamos optar por um desses métodos. A prevenção da
sua vida sexual. O ideal é que os adolescentes sejam orientados precocemente quanto aos
métodos anticoncepcionais e que lhes seja dada a maior quantidade possível de informações
antes que se tornem sexualmente ativos (BRITO & FAVARETTO, 1997, p. 549-550). Alguns
Brasil, 20% de todas as gestações acontecem no primeiro ciclo menstrual das adolescentes; a
idade para o início da atividade sexual está diminuindo cada vez mais. As pesquisas revelam
que 50% dos rapazes e 13% das meninas tiveram sua primeira relação sexual antes dos 15
anos de idade; e finalmente, de cada dez mulheres brasileiras, cinco tornaram-se sexualmente
ativas antes dos 20 anos de idade, e três de cada dez têm um filho antes dessa idade.
adolescentes com 19 anos ou menos, durante o período entre 1977 e 1990. Em 1977, 21,07%
dos partos foram de gestantes com 19 anos ou menos: esta proporção foi reduzida para
porcentagem de partos entre gestantes com 16 anos, de 4,65% para 5,30%, o que significou
gravidez na adolescência, mais graves estão relacionados à prática do aborto ilegal, realizado
meses da gestação, sendo designado como ovular quando ocorre até os 15 primeiros dias;
embrionário quando se verifica entre a terceira e a quinta semana e fetal quando ocorre entre a
sexta semana e o sexto mês de gravidez. A partir da expulsão do feto, antes da maturação
completa, passa a ser considerada como parto prematuro, em razão da viabilidade do novo ser.
Além disso, o aborto pode ser espontâneo (ocasionado por causas naturais) ou induzido
(provocado intencionalmente). Feito sob supervisão médica legal, o aborto permite a escolha
fertilidade. Na última década, passou a ser suplantado pela esterilização voluntária (que tem
cerca de 100 milhões de usuários no mundo todo) e pelos métodos preventivos orais (que tem
40 milhões de abortos, sendo a metade deles ilegalmente, o que o coloca como uma das
anticoncepcionais evitam a concepção e/ou a gestação. Portanto está claro que aborto não é
abortamentos provocados entre adolescentes com todos os inúmeros e graves problemas daí
advindos. Calcula-se que, entre os jovens, haja um abortamento provocado para cada criança
da gravidez, o fazem em estado mais avançado de gestação (após a 13ª semana, expondo-as a
conseqüentemente, poucas vezes a adolescente tem a oportunidade de dizer o que pensa. Após
o aborto, é corriqueiro a adolescente perder o namorado, e a família por sua vez nunca mais
de culpa não resolvidos por conta deste aborto, ficando social e emocionalmente vulnerável e
com a auto-estima abalada, o que freqüentemente determina maior propensão aos mesmos
comportamentos de risco: sexo não protegido e uma nova gravidez (CAVALCANTI et al.,
2001, p. 313).
Nos Estados Unidos, onde o aborto é uma prática legal em alguns Estados,
ocorrem mais de 800.000 abortos por ano em mulheres com idade inferior a 25 anos. No
Brasil, onde o aborto é proibido, estima-se que 1.500.000 garotas sem orientação recorram a
ele todo ano. Estes abortos, realizados em clínicas clandestinas e sob péssimas condições de
higiene e saúde, levam aproximadamente 50.000 mulheres à morte por ano, enquanto uma
outra parcela representativa se torna estéril. Uma realidade triste que poderia ser evitada caso
anticoncepcionais. A falta de conhecimento a respeito destes métodos e das D.S.T. tem gerado
uma série de problemas para os jovens adolescentes. O melhor caminho para reverter este
população, principalmente aos jovens. Estas informações podem ser levadas a eles de
principalmente através do diálogo franco, aberto e sem preconceitos entre pais e filhos
De acordo com SOARES (1994, p. 276) e SANTOS (1997, p. 88), os números são
Mundial de Saúde (OMS) calcula-se que sejam feitos três milhões de abortos por ano, 8.200
por dia, seis por minuto. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 10% dos
abortos mundiais ocorrem no Brasil. E em virtude de sua ilegalidade, grande parte desses
abortos se realiza sem nenhuma assistência médica, acarretando a morte de 10% das
mulheres. Ainda segundo a OMS, o aborto é hoje a quarta principal causa que responde pelo
DUARTE & BOUER (2001, p. 77), descrevem que no Brasil cerca de 1,4 milhão
de mulheres façam abortos clandestinamente todo ano. Destas, 300 mil são internadas com
algum tipo de complicação e 10 mil morrem por causa de abortos malfeitos. Segundo BRITO
& FAVARETTO (1997, p. 557-558), as principais e mais graves conseqüências dos abortos
nas escolas desde a década de 20, mas a inclusão nos currículos de 1º e 2º graus (atualmente,
tendo como preocupação a formação global do indivíduo (NASCIMENTO & LOPES, 2000,
p. 107).
41
A Orientação Sexual diferencia-se de Educação Sexual, uma vez que esta última
ambiente social nas questões relativas à sexualidade, enquanto que a Orientação Sexual é um
Orientação Sexual realizada pela escola não substitui nem concorre com a função da família,
mas, antes, a complementa. A família, responsável pela Orientação Sexual das crianças, tem
valores que, de uma forma ou de outra, são passados para elas como valores que devem ser
aceitos e adotados. A escola possui uma diferente condição; contudo, cabe a ela discutir as
aluno está na escola e nela passa grande parte de duas etapas significativas da sua vida: a
infância e a adolescência. Nesse período a sexualidade se manifesta como parte de seu dia-a-
dia com os colegas, surgindo nas curiosidades, nas dúvidas e nos relacionamentos vividos
reconhecida de uma forma inadequada pela escola. Mas a verdade é que a sexualidade é
vivida na escola, pois lá o aluno experimenta o prazer de estar com o outro, em conversas, em
possíveis.
Se a escola que se deseja deve ter uma visão integrada das experiências vividas
pelos alunos, buscando desenvolver o prazer pelo conhecimento, é necessário que ela
reconheça que desempenha um papel importante na orientação para uma sexualidade ligada à
vida, à saúde, ao prazer e ao bem-estar, que integra as diversas dimensões do ser humano
da escola articula-se, portanto, com a promoção da saúde das crianças e dos adolescentes. A
nesta fase, estão quase sempre na escola. Inconseqüentemente, a omissão ou a repressão são
as respostas mais habitualmente dadas pelos profissionais da escola. Parece-nos que este
procedimento não tem sido eficiente no sentido se educar e formar os futuros cidadãos
pelo vírus da AIDS cresce, assim como tantas outras doenças sexualmente transmissíveis,
transversal) a partir de uma consideração das mudanças gerais que as sociedades atravessam
pelo menos desde os anos 20, as quais teriam se aprofundado nos anos 70 e 80 –
da AIDS. PINTO (2001a, n. p.), declara que os PCN obrigam as escolas a incluir em sua
grade, como tema transversal, a Orientação Sexual. A orientação legal é pertinente e vem em
boa hora, além de ter um texto muito bem elaborado e cuidadoso, ressaltando o que de mais
importante pode ser feito com um trabalho de Orientação Sexual na escola. Porém, há o risco
de algumas escolas fazerem de conta que trabalham com Orientação Sexual, quando na
verdade lidam apenas com questões anatômicas e higiênicas como se isso fosse o suficiente.
Outras escolas imaginam, erroneamente, que basta uma ou outra palestra ministrada por
algum especialista e está cumprida a obrigação. A Orientação Sexual na escola pode ser muito
43
sexualidade.
por parte de muitas pessoas. Por total desconhecimento do assunto, pensam que, se ela for
implantada na escola, seus filhos e alunos iniciarão a vida sexual precocemente. O que muita
gente não sabe é que, quando implantamos a Orientação Sexual em uma escola, a tendência é
o jovem sanar suas dúvidas e conseqüentemente não sair afoitamente à procura de qualquer
experiência sexual para saber como é e tirar suas dúvidas (ROJTENBERG, 2002, n. p.).
Como até na televisão se fala sobre sexo, a escola também encampa o tema, mas o
claramente. Tem certas coisas que a gente descobre que até o corpo estranha. Poderia ter um
psicólogo aqui, para atender a gente, uma vez por mês. Às vezes a gente tem problemas e
ninguém para conversar. Com pai e mãe, não dá” (CARVALHO, 2000, p. 72).
Nós, pais, educadores e diretores, temos de entender que estamos vivendo numa
época de excesso de estímulo sexual e em que a mídia promove um certo incentivo para o ato
sexual sem dar a mínima noção de segurança. Vivemos num tempo de confusão, pois estamos
misturando a palavra liberdade sexual com libertinagem sexual. Não adianta esconder, não
informar, fingir que o sexo não existe. Ele está aí para quem quiser experimenta-lo. Não cabe
a mim nem a ninguém proibi-lo. Não adiantaria nada proibir, pois os adolescentes fariam sexo
Alguns alunos sugerem outros conteúdos na escola: “...acho que sexo. Tem
palestra, todo ano. Mas separa rapaz de moça. Não deveria ser assim. Deveria ser todos
juntos, mais bem explicado, deixar conversar, falar, perguntar. Não um papo por cima, como
fazem.” Além desse problema, o que mais preocupa os alunos são os problemas de
problemas familiares, com pais e irmãos. Alguns incluíam em “sexo” conversas mais
pessoais, discussão de problemas, sempre em conjunto, “...já que as aulas são mistas, por que
essas têm que ser separadas?” Outros comentaram, “...é um médico que vem dar a palestra.
Mas poderia ser o professor, a professora, na sala de aula mesmo” (CARVALHO, 2000, p.
71-71).
Sexual oferecida pela escola aborde as repercussões de todas as mensagens transmitidas pela
mídia, pela família e pela sociedade, com as crianças e os jovens. Trata-se de preencher
formar opinião a respeito do que lhe é ou foi apresentado. A escola, ao propiciar informações
desenvolver atitudes coerentes com os valores que ele próprio elegeu como seus. Para um
bom trabalho de Orientação Sexual, é necessário que se estabeleça uma relação de confiança
entre alunos e professor. Para isso, o professor deve se mostrar disponível para conversar a
respeito das questões apresentadas, não emitir juízo de valor sobre as colocações feitas pelos
ponto de vista científico ou esclarecimento sobre as questões trazidas pelos alunos são
fundamentais para seu bem-estar e tranqüilidade, para uma maior consciência de seu próprio
Podemos concluir que toda Orientação e/ou Educação Sexual implica uma
conceitos e valores que nos convencem. Os que nos ouvem e conhecem nossas atitudes
Não se faz Orientação Sexual de maneira dogmática e doutrinária. Nem todavia se pode
carregado de boas intenções e altruísmo. A vontade deve ser o motor das práticas
transformadoras, mas esta somente se completa com a consciência crítica, que deve ser
Por isso devemos ficar atentos, pois os educadores que evitam abordar a discussão sobre a
sexualidade, que não buscam informações para seu aperfeiçoamento e que nada desenvolvem
para adquirir uma habilidade didática para trabalhar o assunto estão radicados na omissão e na
reclamada por todos os educadores tidos como progressistas e que possuam alguma dimensão
de responsabilidade ética sobre sua função social e educacional (NUNES & SILVA, 2000, p.
106 e 118).
46
2. METODOLOGIA:
de conhecimentos e de opções para que o aluno, ele próprio, escolha seu caminho (BRASIL,
1997, p. 121). Por isso a Orientação Sexual, como atividade, foi inserida através de uma
metodologia participativa, onde foram mais importantes as discussões e debates sobre o tema
Biologia do 2º bimestre, tendo como público-alvo deste estudo 265 alunos do 3º ano do
Ensino Médio, sendo três turmas do turno matinal e três turmas do turno noturno do Colégio
práticas;
• Júri simulado;
• Sistematização e redação;
• Culminância.
47
Para evitar repetições no que diz respeito aos procedimentos usados em cada uma
Importante frisar que durante todo este trabalho, os alunos tiveram participação
SEXUALIDADE E DEBATE:
terminarem de escrever suas dúvidas, os alunos colocaram o pedaço de papel dentro de uma
urna, onde o professor pode sortear algumas perguntas para um debate de imediato. Os alunos
perguntas simples sobre sexualidade, onde os alunos também não se identificavam. Foi assim
possível, para o professor, reconhecer as principais dúvidas dos alunos sobre o tema da
sexualidade. Neste primeiro momento, o professor ficou livre para introduzir um novo debate
sobre sexualidade, podendo aproveitar algumas questões levantadas pelos seus alunos.
48
2. Idade:.................................
3. Estado Civil:
( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a)
( ) Separado(a) ( ) Viúvo(a)
Nesta etapa, foram ministradas aulas teóricas sobre a anatomia do aparelho sexual
(retroprojetor e vídeo). Figuras, fotos e esquemas sobre órgãos sexuais; ciclo menstrual e
(ANEXOS – FIGURAS 6 e 7). Sempre usando técnicas de debates e discussões sobre o tema
após as atividades.
exaustivamente pelos alunos em um “júri simulado”. Entre os possíveis temas que poderiam
grupos. Dois grupos foram responsáveis pela defesa do aborto e os outros dois contra o
aborto. Os alunos receberam o texto2, de uma revista que noticiava sobre o tema, para lerem e
servirem de apoio teórico (FIGURA 1). Cada grupo escolheu um advogado para defender a
1
EDUCAÇÃO SEXUAL. Doenças Sexualmente Transmissíveis – Volume 3. SBJ Produções. São Paulo-SP.
1995.
EDUCAÇÃO SEXUAL. Métodos Anticoncepcionais – Volume 5. SBJ Produções. São Paulo-SP. 1995.
DISCOVERY CHANNEL. Sexo – A Atração Vital. Superinteressante Coleções. Vídeos Abril. 1995.
2
PAIXÃO, R. O debate é nacional – O caso de M., grávida aos 11 anos, trouxe o aborto para a vida real. Veja.
[online]. 24/12/1997. Disponível: http://www2.uol.com.br/veja/241297/p_016. html [capturado em 27 de
mai. de 2001].
50
sua tese (favor ou contra) e um componente para fazer parte do júri (FIGURA 2), neste caso
ele não mais fez parte do grupo. Cada grupo representado pelo seu advogado teve três
minutos para expor sua defesa, na primeira rodada. Logo depois, os grupos tiveram um tempo
para revisar suas teses, tendo mais três minutos para a sua defesa. Após esta etapa o corpo de
jurado entrou em discussão para a escolha da melhor defesa (favor ou contra) votando cada
um deles nos dois melhores grupos, independente de serem contra ou à favor. Depois do
julgamento, foi aberto um grande debate sobre o tema entre todos os alunos.
2.7. CULMINÂNCIA:
suas atividades feitas durante o desenvolvimento deste projeto, além de outras possibilidades
51
como peças de teatro, desenhos e textos, desde que confeccionados e/ou elaborados por eles
próprios.
52
FIGURA 1. Grupo de
alunos se preparando para a
atividade do “júri
simulado”, onde o tema
abordado foi a prática do
aborto.
FIGURA 3. Construção de
um texto pela turma, a partir
do tema principal debatido
no “júri simulado”.
53
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO:
alunos, foram:
• “O que é menstruação?”
• “O que é orgasmo?”
Dos 265 (100%) alunos que fizeram parte deste estudo, 93 (35,1%) eram do sexo
masculino e 172 (64,9%) do sexo feminino. Entre os alunos 27 (29,0%) tinham idade entre 15
e 17 anos; 56 (60,2%) entre 18 e 20 anos e apenas dez (10,8%) tinham mais de 20 anos. Já
70%
60,2%
60%
51,8% 53,0%
50%
0%
Masculino Feminino Total
Dentre os 265 (100%) alunos, 22 (8,4%) eram casados, uma (0,4%) viúva e os
239 (90,2%) restantes eram solteiros. De todos os alunos que participaram desse estudo 34
(12,8%) tinham filhos, sendo que 11 eram mães solteiras; um era pai solteiro, que assumiu a
responsabilidade com o seu filho, porém não era casado; duas alunas eram separadas e 20
sexualmente ativa. Entre as meninas, 99 (57,6%) eram sexualmente ativas. No total de alunos,
170 (64,2%) eram sexualmente ativos e 95 (35,8%) alunos não experimentaram o sexo
56
(GRÁFICO 3). Porém, é importante esclarecermos que a maioria dos alunos (64,4%) que
participou deste trabalho está acima da faixa etária dos 18 anos; sendo esperado a iniciação
80% 76,3%
70% 64,2%
57,6%
60%
50%
42,4%
35,8% Masculino
40%
Feminino
30% 23,7% Total
20%
10%
0%
NÃO SIM
ATIVIDADE SEXUAL
Nossos resultados são diferentes dos obtidos por MARTINS et al. (1994, p. 17),
nos quais a maioria dos jovens (65%) ainda não havia tido relação sexual e uma minoria
(13%) já era sexualmente ativa. Além disso, o estudo revelou que o início da atividade sexual
se dá entre os 14 e 17 anos, tanto para meninos como para as meninas. Em estudo da UNICEF
(2002, p. 104), com 5.280 jovens adolescentes entre 12 e 17 anos, 32,8% destes entrevistados
já haviam tido relação sexual e 61,2% não. Entre os adolescentes que responderam que já
haviam feito sexo, 61% eram meninos e 39% eram meninas. Entre os que não mantiveram
comportamento dos adolescentes: no tocante à precocidade das relações sexuais, entre 1986 e
1996 dobrou o número de jovens que teve a sua primeira relação sexual entre os 15 e os 19
anos (REIS & RIBEIRO, 2002, n. p.). O número médio de filhos de mulheres adultas vem
realizados são praticados por mulheres entre 15 e 19 anos. Nossos resultados apontando uma
17 anos de idade, sendo que é nessa faixa de idade que ocorrem os casos de gravidez precoce.
A cada ano, um milhão de adolescentes engravida sem o desejar e cerca de 700 mil brasileiras
com idade entre 10 e 19 anos deram à luz em 1998. na zona rural em 1996, cerca de 20% das
adolescentes tinham pelo menos um filho, índice maior do que nas áreas urbanas, onde o valor
outro indicador entre os adolescentes: a gravidez. Entre os adolescentes pesquisados com vida
sexo, esse estudo identificou índices semelhantes para os meninos que engravidaram as
parceiras (51,6%) e para meninas que revelaram ter engravidado (48,4%). Na divisão por
faixa etária, esse estudo verificou que a gravidez é mais incidente entre 15 e 17 anos (78,7%),
mas que os demais 21,3% estavam numa faixa etária ainda menor, entre 12 e 14 anos. Em
adolescentes que não tiveram o filho foram similares aos que engravidaram seus/suas
58
anos. Entre os adolescentes que afirmam não ter tido o filho depois de constatada a gravidez,
mostrou que dos 170 alunos sexualmente ativos, 127 (74,7%) fazem o uso de métodos
100% 93,9%
90%
80% 74,7%
70%
10% 6,1%
0%
NÃO SIM
USO DE MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS
que não utiliza nenhum método preventivo. A preocupação é maior em relação aos homens,
onde dos 71 (100%) sexualmente ativos, 37 (52,1%) não usam nenhum tipo de método
preventivo. Este fenômeno ocorre provavelmente devido a educação tradicional e/ou informal
59
que os meninos recebem na sociedade, onde a mulher é a total responsável pelo controle da
método preventivo, um índice alto comparado a outro estudo. Por exemplo, PRESTES et al.
(1994, p. 23), encontraram na população de escolares que mantinham relações sexuais, que
68,36% das mulheres o faziam usando algum método preventivo, 26,53% das mulheres não e
5,12% não responderam. Em relação aos homens, 63,5% faziam uso de métodos
anticoncepcionais, 32,84% dos homens não fazem e 3,64% não responderam. Segundo a
UNICEF (2002, p. 104), entre os que disseram que usam preservativo em todas as suas
relações sexuais, 35,1% eram do sexo feminino e 64,9%, do masculino. Entre os que
declararam ter relações prevenidas “às vezes”, 53,3% são meninos e 46,7% são meninas.
Entre os que disseram nunca ter usado preservativo em suas relações sexuais, 64,5% são do
sexo masculino e 35,5% do feminino, resultados diferentes dos obtidos em nosso estudo, onde
Em nosso estudo verificamos também que 93 (100%) mulheres que fazem uso de métodos
cinco (5,4%) a injeção de hormônio; quatro (4,3%) usam a tabelinha; quatro (4,3%) utilizam o
coito interrompido; uma (1,1%) a ducha vaginal e uma (1,1%) a laqueadura de trompas
(GRÁFICO 5).
anticoncepcional, em conjunto com a camisinha, como método preventivo com a sua parceira
(GRÁFICO 6).
60
74,2%
80%
62,4%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 4,3%
5,4% 4,3% 1,1% 1,1%
10%
0%
8,8% Camisinha
Pílula (parceira)
91,2%
61
que o encontrado na pesquisa feita por LINS et al. (1988, p. 129), somente com mulheres.
Esse estudo revelou que 49% das jovens desconheciam os métodos e que entre os métodos
anticoncepcionais utilizados pelas jovens com vida sexual ativa, 21% referiram usar a
(12,4%), DIU (6,2%) e diafragma (0,5%). O coito interrompido e a tabela não foram
grau de escolaridade, percebe-se que a consciência com relação ao sexo seguro cresce
esporádico e o não-uso da camisinha). Entre os que nunca usaram, 36,3% estão entre a pré-
escola e 4ª série, 33,1% estão entre a 5ª e 8ª série do Ensino Fundamental e 11,2% estão no
Ensino Médio. Inversamente, entre os que usam o preservativo todas as vezes, 40,1% estão no
Ensino Médio, 32,1% entre a 5ª e a 8ª série e 14,3% entre a pré-escola e a 4ª série do Ensino
conhecidos por eles (GRÁFICO 7). Estes métodos foram citados na seguinte seqüência:
camisinha masculina, 245 (92,5%); pílula anticoncepcional, 235 (88,7%); dispositivo intra-
(3,0%); ducha vaginal, quatro (1,5%) e pílula do dia seguinte, duas (0,8%).
62
Segundo REIS & RIBEIRO (2002, n. p.), os adolescentes têm o acesso facilitado
apenas 14% das jovens de 15 a 19 anos utilizam métodos preventivos; e somente 7,9% delas,
a pílula.
métodos anticoncepcionais, optando apenas por um dentre aqueles que eles descreveram
56,6%
Camisinha masc./fem.
60%
Para 150 (56,6%) alunos o melhor método preventivo seria a camisinha masculina
e/ou feminina. Este dado demonstra a importância da mídia ao fazer propaganda do uso da
camisinha para a prevenção da AIDS, formando assim uma consciência entre as pessoas no
que diz respeito à prevenção das DST e uso adequado dos métodos anticoncepcionais. Em
pelo seu baixo custo e fácil utilização. Em seguida os outros melhores métodos
dispositivo intra-uterino (DIU), dois (0,8%). Os resultados confirmam a pesquisa feita por
PEREIRA & TEIXEIRA (2000, p. 765), que mostraram que quando perguntados a respeito
dos métodos anticoncepcionais 46,41% dos alunos de escolas do município do Rio de Janeiro,
optaram pelo uso do preservativo, demonstrando ser o método preventivo mais conhecido
entre eles. Este fato pode ser conseqüente a aspectos como: informações veiculadas pela
64
mídia através das campanhas sobre a AIDS, por ser o método de mais fácil acesso e por ser de
preservativo, e dentre os que responderam a esta questão, encontraram 61,7% que sempre
usavam, seguido pelos 32,0% que usavam às vezes e 6,3% que nunca usavam. Assim, 38,3%
anticoncepcionais:
(4,2%) tiveram alguma DST. Entre os rapazes quatro (4,3%) responderam que já tiveram
algum tipo de DST, sendo que a gonorréia ou blenorragia foi citada por três alunos e apenas
um aluno citou a sífilis. Entre as mulheres, sete (4,1%) já tiveram uma DST, com maior
incidência de candidíase (ou outras vulvovaginites) e apenas uma aluna citou o vírus do
Em relação ao aborto, 166 (62,6%) dos alunos conhecem alguém que já o fez.
Entre as mulheres, os números são mais altos, já que 130 (75,6%) destas conhecem alguma
pessoa que praticou aborto, enquanto que entre os homens 36 (19,4%) têm este conhecimento.
Dos alunos participantes deste trabalho, 197 (74,2%) são totalmente contra a
prática do aborto; 53 (20,0%) descreveram que depende da situação, tais como estupro e/ou
65
risco de vida da mãe; enquanto que apenas dez (3,8%) são a favor do aborto e cinco (2,0%)
CONTRA
74,2% 20,0%
DEPENDE
FAVOR
NÃO OPINARAM
3,8%
2,0%
jovens durante a puberdade são as mudanças que se produzem neles. Mas também causa um
certo constrangimento a demora no aparecimento desses sinais esperados de que seu corpo
está virando um corpo adulto. Assim, consideramos um bom ponto de partida, numa aula de
fenômeno próximo da realidade do jovem. Este momento inicial foi aproveitado para frisar a
esquemas sobre órgãos sexuais; ciclo menstrual e fecundação. Vídeos educacionais sobre
66
Durante o debate sobre o aborto, os alunos que eram contra a prática do aborto, se
baseavam principalmente, no fato de ser um crime contra um ser vivo que não tem como se
defender, além de citarem a falta de responsabilidade por parte do casal no que diz respeito às
informações sobre o uso adequado dos métodos anticoncepcionais. Já os alunos que estavam a
favor da prática do aborto, citaram o caso do estupro e do risco de vida para a mãe. Eles
afirmando que não são todos os adolescentes que recebem informações adequadas dos pais
No quadro sintético das opiniões dos alunos sobre o aborto, como conseqüência
dos debates ocorridos na atividade do “júri simulado”, ficou claro que os alunos indicaram
que o motivo do grande número de abortos praticados pelos adolescentes está diretamente
responsabilidade por parte do casal, que praticam sexo sem usar nenhum tipo de método
preventivo.
Por ano, são mais de 600.000 partos de adolescentes no Brasil (PINTO, 2001b, n.
p.), por ano, são feitos algo em torno de 500.000 abortamentos no Brasil, todos clandestinos e
ilegais, uma vez que nossa legislação os proíbe. Com isso, podemos estimar que 1.100.000
adolescentes engravide nos próximos meses. O Brasil, segundo a OMS, é o país onde mais se
67
pratica aborto (10% dos abortos mundiais), sendo que para cada criança que nasce, duas são
abortadas. São 13.090 abortos por dia; 570 por hora; 0,5 por minuto. Como conseqüência do
aborto praticado por parteiras e curiosas, ou por médicos em lugares sem a mínima condição
de higiene, são muitos os casos em que a mulher sofre seqüelas graves. Segundo
BIANCARELLI (1997, n. p.), quase 20% das mulheres que tiveram complicações com aborto
clandestino e foram internadas em hospitais públicos da cidade de São Paulo tinham 19 anos
ou menos. Outras 53% tinham entre 20 e 39 anos. Entre as oito mulheres que morreram de
aborto em 1994 em São Paulo, três tinham 17 anos ou menos. Os estudos indicam que o
número de abortos corresponderia a cerca de 20% de nascimentos. Por essa estimativa, cerca
de 400 mil abortos provocados aconteceriam por ano na cidade de São Paulo.
Fica claro que se faz necessário de esclarecer aos nossos adolescentes que a
criança por pelo menos 18 anos, aprender e praticar habilidades paternas e planejar
necessidades financeiras. Por isso, uma gravidez não programada repercute mais
SCHEMO (2000, n. p.), demonstrou, que em pesquisa feita nos Estados Unidos,
cerca de 84% dos pais querem que a Orientação Sexual explique como obter e utilizar
técnicas de controle de natalidade. Um número ainda maior de pais quer que as escolas
ensinem as crianças como fazer teste para detectar o HIV, como reagir a pressões para fazer
sexo, como discutir métodos anticoncepcionais com um parceiro e como lidar com as
conseqüências emocionais do sexo. Em outra pesquisa no mesmo país, mostrou que os pais
querem que seus filhos recebam informações práticas sobre sexualidade. As questões mais
apontadas sobre como usar a camisinha (85%) e métodos preventivos (84%). Destacam ainda
69
tornar sexualmente ativo (94%), aborto (79%) e Orientação Sexual (76%). Conclui-se que não
é por falta de apoio da família que as escolas devem evitar falar de sexo com os alunos
3.5. AVALIAÇÃO:
destas (QUADRO 4). O papel desta avaliação decorreu das próprias metas educacionais
aprenderam alguma coisa que não sabiam antes, enquanto que 76 (28,6%), responderam que
disseram que este tema era importante e apenas 23 (8,7%) alunos não achavam tão importante
para serem debatidos nas escolas (GRÁFICO 11). Sobre a sexualidade, foi perguntado aos
alunos, qual(is) tema(s) que eles mais gostaram (GRÁFICO 12), métodos anticoncepcionais
foi o tema preferido por 97 (36,6%) alunos, em seguida vieram, DST/AIDS, com 92 (34,7%)
1. Idade: _______.
2. Sexo:
Masculino Feminino
3. Você aprendeu alguma coisa que não sabia? Se respondeu SIM, cite uma:
SIM NÃO
Aprendi:...............................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
4. Você acha que este assunto de sexualidade é importante nas escolas? Por que?
SIM NÃO
Por que?...............................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
5. Sobre a sexualidade, qual tema que você mais gostou?
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
6. Agora você se sente capaz de repassar as informações que você obteve, para outras
pessoas (amigos, colegas de escola ou familiares)?
SIM NÃO
Por que?...............................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
7. Quando falamos a respeito do preservativo, como uma das formas de prevenção às
DST/AIDS e gravidez indesejada, você vê como um incentivo à prática sexual?
SIM NÃO
Por que?...............................................................................................................................
.............................................................................................................................................
71
Acham importante
8,7%
Não acham
importante
91,3%
72
“Sim. Muitas pessoas, hoje em dia fazem o que não devem por falta de
orientação. Também é importante, pois hoje em dia é muito difícil o diálogo
familiar e nas escolas tendo isso não vai solucionar, mas somará para a
melhora.” (aluna – 17 anos)
“Não. Pois penso que isto possa influenciar os jovens para praticarem sexo
livremente.” (aluna – 36 anos)
“Sim. Poder levar informações, e orientar pessoas que não entende sobre a
sexualidade.” (aluno – 19 anos)
“Sim. Nas escolas se tem mais liberdade, mais diálogo. O que não ocorre em
muitas famílias.” (aluno – 17 anos)
GRÁFICO 12. Relação dos temas sobre sexualidade que os alunos mais
gostaram durante as atividades.
36,6%
40% 34,7%
31,7%
30%
0%
Métodos anticoncepcionais DST/AIDS
Aborto Todos os temas
Prevenção de DST/AIDS Gravidez indesejada
Fecundação
80,4%
Acham-se capazes
informações que obtiveram durante estas atividades, para outras pessoas (amigos, colegas de
escola e/ou familiares). Do total de alunos, 213 (80,4%), responderam que sim, enquanto que
(GRÁFICO 13).
entre educadores e pais e/ou responsáveis, sobre o tema sexualidade, ser uma forma de
incentivo ou não ao sexo entre os adolescentes. Foi perguntado aos alunos, se quando falamos
indesejada, eles viam como um incentivo à prática sexual. Dos 265 (100%) alunos, 196
(74,0%) responderam não ter nenhuma relação com o incentivo, enquanto que 69 (26,0%)
alunos achavam que o tema pode incentivar os adolescentes à prática sexual (GRÁFICO 14).
74,0%
Não incentiva
26,0% Incentiva
75
Segundo ERCOLIN (2002, n. p.), conversar sobre sexo não é falar sobre o ato
sexual, é falar sobre ser pessoa, sobre como lidar com o próprio corpo, sobre respeito a seus
limites e aos do outro. É falar sobre como se desenvolver de forma madura e consciente.
se iniciarem sexualmente mais cedo; contudo, os adolescentes de hoje estão quase sempre
adiantados em relação à idade, e convém não esquecer que os acidentes sexuais não
costumam acontecer porque os jovens sabem muito sobre sexo, mas, sim, porque não estão
29).
adolescentes estão sim, despertando para o sexo, e nós, enquanto pais e educadores,
necessitamos estar abertos para ajudá-los a encarar a sexualidade com naturalidade, pois
afinal ela faz parte do desenvolvimento humano, sexo é uma coisa bonita, mostra afetividade,
amor. Assim sendo, falar sobre sexo não vai fazer os nossos adolescentes partirem para uma
vida sexual inadequada, muito pelo contrário; falar sobre sexo ajuda os adolescentes a se
responsáveis perante a sexualidade, gerando menos culpas e medos (AMARAL, 2001, n. p.).
76
“Sim. Porque com o sexo seguro existe mais liberdade, tranqüilidade, então
aumenta sim a prática sexual.” (aluna – 40 anos)
“Não. Porque faz quem quer, mas o negócio é fazer, praticar, mas com
segurança.” (aluna – 19 anos)
77
Segundo trabalho de LINS et al. (1988, p. 127), a orientação que o jovem recebe
sobre Orientação Sexual tem origem nas três grandes Instituições – família, escola, igreja. O
maior índice observado recai sobre a família com 60% abrangendo os dois sexos, seguindo-se
da escola com 48% e dos serviços de saúde com 28%. A participação da igreja tem sido
pequena, observando-se que ocorreram em apenas 11% dos casos. Na família, a origem da
informação recaiu principalmente sobre a mãe (36%), o pai (21%) e os irmãos (19%). Na
escola a orientação recaiu principalmente sobre o professor (47%), seguindo dos profissionais
de saúde com 18%. Esses dados mostram a importância que deve ser dada a preparação do
professor, no que diz respeito à Orientação Sexual, vez que são os mais procurados devido à
NASCIMENTO & LOPES (2000, p. 110), verificaram quais são as pessoas com
quem os alunos mais conversam sobre DST/AIDS, encontrando os amigos com 69,7%; os
pais com 35,7%; namorado/a 23,8%; professor com 13,0% e profissionais de saúde com
7,1%. Além disso, verificaram também os motivos pelos quais os pais não conversam com
seus filhos, sobre DST/AIDS, assim especificados: não gostam de falar sobre o assunto
34,0%; por falta de oportunidade 31,2%; não tem pais 30,0%; pouco diálogo com os pais
12,6% e não dominam o assunto 2,0%. Conseqüentemente fica clara a idéia das dificuldades
que os pais têm para conversar com seus filhos, o que de certa forma pode ser prejudicial para
sexualidade não é uma atitude comum para a maioria dos adolescentes entrevistados.
Enquanto 32% dos entrevistados revelaram ter conversado sobre sua sexualidade, 64% nada
comentaram sobre o assunto. Entre os entrevistados que afirmaram ter discutido a sua
78
seguida, aparecem os familiares (10%), namorados(as) (6%), e professores (6%). Entre os que
não discutiram, a justificativa maior é não ter tido vontade (38%) e não ter com quem discutir
informações mais esclarecedoras (54%). Em segundo lugar fica a escola (48%). Em terceiro,
De acordo com PINTO (2001a, n. p.), geralmente, uma ou duas palestras com os
pais são suficientes para demonstrar para a maioria deles o alto potencial educativo da
Orientação Sexual na escola. Isso pode e deve ser complementado por uma sincera
quando o desejarem, mesmo depois de iniciado o trabalho com os jovens. Nestes contatos e
nessas palestras deve ficar muito claro que a escola não concorre com a família na Orientação
Sexual dos jovens, mas tem um papel complementar, como, de resto, é o seu papel em todo o
processo educacional. É em casa, através dos exemplos, dos afetos e do diálogo que
Atualmente, pesquisas revelam que mais de 50% das mulheres têm problemas
p.). Esses problemas, muitas vezes bastante graves, são geralmente decorrentes da total falta
de apoio no período das descobertas sexuais. A repressão sexual na sociedade, nas famílias,
nos colégios é um dos fatores mais fortes da falta de prazer feminino e da disfunção erétil
masculina na fase adulta. Se não começarmos agora a mudar a nossa filosofia educacional no
que diz respeito à sexualidade, certamente teremos no futuro um mundo com adultos cheios
de problemas. Estamos muito avançados no que diz respeito à tecnologia, mas no que se
refere à sexualidade ainda vivemos na Idade da Pedra. Não sabemos responder à grande
maioria das perguntas sobre sexo, não sabemos o que fazer com nossos filhos quando entram
79
se promove um a palestra sobre sexo. É sinal de que algo não vai bem.
sonhar, escolher ideais com os quais possa identificar-se, refugiar-se na fantasia para realizar
suas experiências e conquistas. As primeiras relações sexuais não serão programadas e sim
situação nova, tendo até a primeira relação sexual com alguém de quem nem gosta tanto,
como forma de compensar frustrações de um namorado que nunca teve ou deixou de existir,
Sexual, transmitidos pelas escolas, vêm cumprindo papel fundamental, já que permitem o
prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS. Porém dar apenas
informações técnicas aos jovens não basta. É muito importante que também sejam orientados
em casa, na família. É essencial que possam fazer perguntas, conversar com amigos e parentes
é que falem e sejam ouvidos. Esse canal de comunicação precisa ser criado e mantido, tanto
com a filha, desde a sua primeira menstruação, quanto com o filho (REIS & RIBEIRO, 2002,
n. p.).
através da confecção de painéis descritivos, textos, peças de teatro elaborados por eles
próprios (FIGURAS 4 e 5). Acreditamos que esse caminho deve ser mais e mais perseguido,
aperfeiçoado, novas atividades agregadas, mas a mensagem principal que queremos transmitir
4. CONCLUSÕES:
Os dados obtidos neste trabalho sobre Orientação Sexual, sugerem que os alunos
ativos não utilizam nenhum método preventivo, apresentando um maior risco para uma
A maioria dos alunos, que participou deste trabalho, concordou que o maior
culpado do grande número de abortos praticados pelos adolescentes está diretamente ligado
responsabilidade por parte do casal, que praticam sexo sem usar nenhum tipo de método
preventivo.
O fato dos alunos citarem que o método preventivo mais conhecido por eles é a
camisinha (92,5%), indica a importância da Orientação Sexual dada pelos pais e educadores
aos adolescentes, além da contribuição dada pela mídia ao se fazer propagandas e campanhas
camisinha masculina e/ou feminina (56,6%) como o melhor método preventivo, pois o
preservativo de látex (camisinha), além de evitar uma gravidez indesejada evita a transmissão
de DST/AIDS.
anticoncepcionais para o casal, enfatizando que não somente a mulher tem responsabilidades,
83
mas também o homem, como responsável ao processo de controle de natalidade e/ou gestação
do casal.
Torna-se claro que a melhor solução contra a gestação indesejada e/ou DST/AIDS
importantes e devem sempre, serem oferecidas aos jovens, tanto às crianças, quanto aos
e debates sobre a sexualidade, fazendo com que o jovem escolha o seu próprio caminho.
Contudo, estas informações técnicas, oferecidas em escolas, aos jovens, não são suficientes.
Os jovens também devem ser orientados pela família. Pois, somente com o
diálogo aberto, desde a infância e com as descobertas sexuais, as dúvidas dos jovens em
relação à sexualidade diminuirão, além destes ficarem mais íntimos com a prevenção das
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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