A paisagem era magnifica. Grandes árvores frutíferas, tais como mangueiras cajueiros abacateiros e uma infinidade de flores coloridas, ornamentavam aquele lugar, onde se descortinava um lindo sitio. Umas pequenas casinhas, mostrava a moradia dos donos do sitio.
Lá ao longe, havia uma lagoa de águas frescas,
onde garças, patos e marrecos banhavam-se todos os dias.
Tudo ali, denotava bom gosto e encantamento.
Pois foi nesse lugar que uma pata amarelinha, fez o
seu ninho e começou a chocar. Um dia o primeiro ovo picou. Depois o outro. E depois o outro Os patinhos foram nascendo e olhando o mundo por entre as penas da Mãe Pata. A senhora dona Pata, sentia-se feliz e achava- os os mais lindos dos filhos. E muito espertos. Que grande é o mundo, disse um deles, com os olhinhos muito abertos.
_Sim meu filho. Mas não pense que ele acaba
ali. Ele vai longe, até o jardim e até a floresta....
Nisso a pata reparou que um dos pequeninos
ainda não saíra da casca.
_Como está demorando, disse ela. É
justamente este ovo que é o maior de todos! Quanto tempo terei ainda que esperar? Uma velha pata que ouviu, e disse então:
_Esse, decerto é um ovo de Perua
_De Perua?!
_Sim isso já uma vez me aconteceu. Tive um
trabalhão com os pequenos, pois os peruzinhos tinham um medo terrível da água!...
_Mas no outro dia o outro ovo picou. E dele saiu
um patinho maior do que os outros. Mas feio e desengonçado... No dia seguinte, de manhãzinha, dona Pata levou a ninhada para perto do riacho. Mas os patos maiores estavam achando aquele patinho marrom, muito feio. que será esse bicho. Não parece pato não! Dizia uma galinha carijó. O galo então, estava muito admirado do tal patinho.
Tomem cuidado com o gatão preto. Não se
afastem muito de min dizia a Mãe Pata.
Chegaram a lagoa e logo dona pata entrou
água a dentro. Os pequenos também. Só o patinho feio e marrom ficou de fora. Os outro entraram e se puseram a nadar acompanhando a Mãe. Que beleza. Todos tão garbosos e alegres. Mamãe estava orgulhosa. Mas o patinho feio, era desajeitado, como ele só, não conseguia nadar. Afundava a todo momento. Teve que sair para fora da água. E foi só gozação dos demais. Dona pata ainda ensinou-os a procurar minhocas e a dividi-las com os irmãos.
Assim aos poucos, deixou que cada um deles
cuidasse de si. Mas os patos mais velhos, judiavam do pobrezinho dando-lhe bicadas. Precisava andar escondido, porque até os irmãos riam-se dele. E diziam:
_Não sei porque o gatão preto, não leva você
para sempre? O pobre patinho ficava sempre isolado dos demais
Um dia tomou uma decisão, iria embora. Já que
não me querem e caçoam de min, aqui não fico. Dona Pata estava distraída, comendo verduras na horta, e ele fez uma trouxa de suas coisas e lá se foi estrada a fora, muito triste.
_Adeus Granja. Adeus mãe e irmãos. E se foi...
Foi andando, foi andando sem destino, com o coração cheio de dor e lágrimas nos olhos. Chegou a um banhado onde estavam patos selvagens. Cumprimentou-os como aprendera de sua Mãe. Mas eles logo foram dizendo:
_Não queremos intrusos aqui. Vá andando, não
se faça de engraçado, pato feio. Pobre patinho, só queria um lugar no mundo para descansar, comer algumas minhocas e nada mais. Como estava cansado, avistou uma casa onde morava uma velhinha, um gato e uma galinha. A velha se alegrou, porque agoira teria mais um bichinho para sua coleção. Mas acontece que a galinha punha ovos, o gato rosnava e o patinho, nada tinha para apresentar. E assim passaram a despreza-lo.
_Ninguém me compreende pensou e decidiu
fugir novamente.
Ao sair correndo, derrubou uma vasilha de leite
E a velha pegou o pau de fazer macarrão e
correu atras do pobre patinho que saiu desesperado para o quintal e de lá para a estrada.
Vários meses se haviam passado. As folhas das
árvores amareleciam e depois voavam ao vento. O frio aumentava tanto que o patinho não mais suportava.
Uma tarde. Quando caminhava entre uns
arbustos com flores coloridas, e um lindo lago, viu um bando de cisnes branquinhos, voando muito alto. Teve vontade de imita-los. Atirou-se na água e pôs-se a nadar. Soltou então um grito tão alto e esquisito, que ele mesmo se espantou.
Mas quando voltaram os dias quentes, o
patinho sentiu-se outro. Com que facilidade ganhava as alturas. Quando percebeu estava sobre um jardim de flores, depois sobre um lago de águas azuladas... Ai, desceu. Que beleza, a primavera! Tudo tinha um aspecto encantador. O sol era mais vivo, as plantas mais verdes, as flores mais perfumadas. Estava admirando tudo aquilo, quando viu chegarem alguns cisnes, com penas irisadas. Lembrou-se daqueles que vira, certa vez quando estava à beira do lago. Como eram lindos! Que felicidade se eu pudesse viver junto dessas aves tão belas! E começou a nadar em sua direção. Nem que me matem. Antes morrer em seus bicos vermelhos do que viver correndo no mundo, sem destino, enjeitado de todos... E foi se aproximando.
E o patinho baixou a cabeça.
Mas que surpresa...!
Olhando para as águas tão limpas do lago viu,
em baixo, outro cisne tão grande e tão belo, como os que vinham ao seu encontro.
Seria a sua própria imagem?!
Certamente que sim. Não era o patinha marrom,
feio e desajeitado que todos desprezavam, mas um formoso cisne. Os companheiros em vês de repeli-lo, acariciavam-no com o bico. O seu coraçãozinho não cabia mais dentro do peito. Nunca imaginara tanta felicidade.
Nisto, chegaram ao lago algumas crianças
batendo as mãos e jogando alimentos para os belos cisnes. Olhem ali, diziam, que lindo aquele novo. Os outros cisnes também achavam e passavam ao seu lado respeitosos.
Diante disso ele se julgou pago de todas as
suas desventuras anteriores, Pois ele tinha uma BELEZA ESCONDIDA.
Assim são as crianças. Conforme vão
crescendo, vão apresentando uma nova beleza, que adquiriram por se educarem e tornarem-se boas e generosas.