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O suicídio se define quando há conhecimento da vítima do que irá resultar seu ato, seja

qual for a razão que a tenha levado a agir desse modo.


Muitos poderiam dizer que esse tipo de ato deve ser objeto de estudo apenas de ciências
como sociologia, por ser individual e pessoal. Porém, a partir do momento em que essa
morte (ou tentativa de) seja explicada por fatos acontecidos na história privada do
indivíduo, ou quem sabe até mesmo do coletivo de uma forma geral, o suicídio passa a
ser objeto de estudo também da sociologia.
Pode se perceber através do quadro apresentado (pp.105) que os países estudados
possuem, exceto quando em anos de acontecimentos excepcionais, uma taxa de suicídio
tende a não variar. Percebem-se ondas e oscilações constantes, causadas pelos humores
das sociedades. É possível até mesmo que se meça uma taxa de mortalidade-suicídio
própria de cada sociedade, tomando-se a relação entre o número global de mortes
voluntárias e a população total (todas as idades e sexos). Percebe-se, portanto, que essa
taxa não só é constante como sua invariabilidade é menor que a de muitos outros
fenômenos demográficos.
Fica claro que a taxa de suicídios está conectada à muitas características de ordem
social, solidárias umas às outras, e é exatamente essa relação o objeto de estudo da
sociologia.

Suicídio Egoísta
O suicídio varia na razão inversa do grau de integração da sociedade
Baseando-se na afirmação anterior, pode se concluir que a sociedade não pode se
desintegrar sem que na mesma medida o indivíduo seja desengajado da vida social,
tornando seus fins preponderantes sobre os fins comuns. O ego pessoal se afirma
demasiadamente face ao ego social. Podemos dar o nome de suicídio egoísta ao tipo
particular que resulta de uma individualização desmesurada. Esse tipo de sentimento
pode tanto acontecer num indivíduo isolado como em correntes sociais, que através de
humores coletivos conduzem os povos à alegria ou à tristeza. O estado de doença da
sociedade e o enfraquecimento do laço social de coesão se manifesta no indivíduo.
Este tipo de suicídio seria maior entre homens que mulheres, visto que são mais
dependentes da solidariedade social que as mulheres, mais acostumadas a solidão (por
ficarem mais em casa que os maridos que trabalham na rua). O homem seria mais
impregnado de sociabilidade, sendo um ser social mais complexo, dependendo sua
moral de várias condições e se perturbando com mais facilidade.

Suicídio Altruísta
Existe também um tipo de suicídio que difere do anterior por características marcantes.
Enquanto o anterior se devia ao intenso individualismo, estado onde o ego escapa do
conjunto e não obedece senão a ele próprio, e outro que decorre do fato do indivíduo
estar estreitamente sob a obediência do coletivo, onde o ego não se pertence, se
confundido a outra coisa que não ele próprio, estando sua conduta fora de si mesmo no
grupo ao qual pertence. A esse tipo de suicídio chamaremos de altruísta.
Nesses casos o homem não se mata por se arrogar no direito de, mas porque se sente na
obrigação de fazê-lo. Renuncia-se da própria vida porque existe algo maior que eles
amam mais que a si mesmo.
Podemos dividir essa categoria em 3 variedades: suicídio altruísta obrigatório (pressão
do coletivo), suicídio altruísta facultativo e suicídio altruísta agudo (suicídio místico de
mártires por exemplo, que quando não se matam se entregam voluntariamente para
serem mortos).
Esse tipo de suicídio pode ocorre tanto em sociedades contemporâneas
("desenvolvidas"), quanto nas sociedades primitivas

Suicídio Anômico
Os suicídios anômicos nada mais são que ascensões bruscas da curva de suicídios , em
períodos em que a sociedade se vê perturbada, seja por crises dolorosas ou por
transformações súbitas, mesmo que favoráveis.
No caso das crises econômicas, faz-se necessário que se diminua o padrão de vida,
ajustando- se a condição atual. No caso dos ricos isso se torna muito difícil, pois
acostumados ao ímpeto de querer sempre mais, seguindo às suas paixões e desejos, é
difícil frear esse movimento. Já nos países pobres, a pobreza protege contra o suicídio,
porque é ela mesma um freio. Há maior conformação com o que se pode ter, agindo
com moderação e tendo maior consciência dos seus limites, nada lhes excitando a
inveja.
É essa incessante busca por mais e mais, que já se tornou marca de distinção moral
baseada na doutrina do progresso que leva a essa falta de controle e limites, estando
desregrada a atividade dos homens que nos momentos de crise levam a esse terceiro tipo
de suicídio. Falta ao homem a marca do coletivo em suas paixões individuais, deixando-
as assim sem freio para as regular. (Podemos então fazer um paralelo entre o suicídio
egoísta e o anômico, visto que em ambos há ausência de afirmação do coletivo).
Esse tipo de suicídio está presente nas principalmente nas sociedades de atividades
econômicas desenvolvidas, como comércio e indústria.

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