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Colégio Estadual Abdias Menezes

GESTAR II - 2º SEMESTRE - 2009

PRODUÇÃO TEXTUAL: A Escola e a Promoção da escrita

Vitória da Conquista – BA
10/2009
PRODUÇÃO TEXTUAL: A Escola e a Promoção da escrita

Colégio Estadual Abdias Menezes

Andréa Cleoni de Andrade Silva Fonseca


Andréa Paiva
Eugênia Sousa Santana
Gilena Honda

Formadoras: Maria Luiza de Almeida Souto


Luciléia Guimarães

Projeto Pedagógico oferecido ao


Programa Gestar II, como requisito
parcial para a formação em Língua
Portuguesa, sob a orientação das
formadoras Maria Luiza de
Almeida Souto e Luciléia
Guimarães.

Vitória da Conquista – BA
2009
SUMÁRIO

1. JUSTIFICATIVA 04

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 05

3. OBJETIVOS 07

4. METODOLOGIA 08

5. PÚBLICO ALVO 10

6. CRONOGRAMA 10

7. AVALIAÇÃO 11

8. REFERÊNCIAS 11
1. PROBLEMÁTICA
Nós, professores de Língua Portuguesa que atuamos na escola pública, temos
vivenciado o fracasso em promover competência escrita entre nossos alunos. A priori,
podemos cair no equívoco de acreditar que estes são incapazes, pela formação que
receberam nas séries iniciais, de desenvolver sua leitura, escrita e desempenho geral, no
uso da língua materna. Porém, nossa função está na contribuição para a transformação
desse quadro, buscando oferecer mecanismos de superação dos déficits trazidos por
esses alunos.

2. TEMÁTICA
Através das ferramentas fornecidas pelo Gestar, o projeto “PRODUÇÃO
TEXTUAL: A Escola e a Promoção da Escrita” se lança como um desafio aos
educadores, para um trabalho dinâmico e produtivo. Seu alvo é oferecer orientação e
mecanismos para que os alunos desenvolvam habilidades práticas de produção textual.

3. JUSTIFICATIVA

Projetos educacionais sérios, desenvolvidos em todo o país, têm recorrido à


formação continuada dos profissionais envolvidos, como uma das principais alavancas
na busca de transformação social. Os descontentamentos, as indignações de
profissionais, comprometidos com seu meio, têm levado muitos desses projetos a se
tornarem realmente frutíferos, no sentido de promover efetiva mudança no quadro da
educação. Essas posturas e práticas nos inspiram a buscar fazer diferença em nosso
contexto.
Apesar dos diversos problemas enfrentados pela educação pública, não é
verdade que as escolas estão impotentes diante dos problemas e se esqueceram de sua
responsabilidade social. Realmente, há muitas escolas e educadores, carentes de
capacitação e de estímulos, sofrendo com um pessimismo doentio que os afasta de uma
visão maior, o que enfraquece seu ânimo e seu poder de mudança. Mas, há boas
experiências também.
A oportunidade de vivenciar a realização de um projeto como esse, voltado
diretamente para nossos alunos, e pautado nos conhecimentos adquiridos no GESTAR
II, revela-se extremamente relevante, na medida em que nos propicia experienciar uma
metodologia dinâmica e um conteúdo consistente. Isso se traduz em enriquecimento da
nossa prática pedagógica. Além disso, o aluno ganha em qualidade, no acesso ao
currículo, por meio de sua participação direta na construção do conhecimento.

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, dão-nos os fundamentos da


Educação Básica. Em seu texto sobre o sentido do aprendizado na área de Linguagens,
Códigos e suas Tecnologias, colocam a relevância do seu ensino. São-nos apresentados
objetivos, diretamente ligados à função social das habilidades a serem desenvolvidas.
Sobre a produção escrita, encontramos no texto:
A aprendizagem do caráter produtivo da linguagem faz parte constante do
controle sobre o texto que será elaborado. O fazer comunicativo exige formas
complexas de aprendizagem. Deve-se conhecer o quê e o como, depois dessa
análise reflexiva, tenta-se a elaboração, com a consciência de que ela será
considerada dentro de uma rede de expectativas autorizadas. (...)
Na vida, na produção do discurso,(...) são muitas as “janelas” a serem abertas
para se escrever um texto, por exemplo. Se o aluno não aprender a abri-las, as
chances de não se chegar a lugar algum ou de não atender aos objetivos
propostos é grande. ( PCNs E. Médio, p.131)

Alguns questionamentos surgem a partir da reflexão sobre essas colocações.


Como o aluno pode abrir essas “janelas”? A escola tem oferecido ferramentas
necessárias para que isto aconteça? Qual o papel dos professores neste cenário?
Infelizmente, a realidade tem revelado contradições e deficiências graves no que se
refere ao ensino. Diante dessa problemática, vejamos o que alguns autores colocam
sobre o desenvolvimento da escrita.
No caderno de Teoria e Prática 6, do Gestar II, encontramos algumas condições
para que se efetive a produção escrita:
A construção da escrita por cada criança e adolescente ou aprendiz depende
da representação que fazem das diferentes funções que a oralidade e a escrita
exercem em nossa cultura. (...) na conversação, os interlocutores (falantes e
ouvintes) se comunicam simultaneamente, se ajudam mutuamente, buscando
entendimento. Por outro lado, no caso da escrita, essa ajuda nem sempre está
ao alcance do escritor, ela tem que ser imaginada por ele.
O autor tem que aprender a dialogar com o próprio texto, internalizar,
modelar de forma variada as questões que possam surgir a partir da leitura de
seu texto, aprendendo a antecipar questões e tentando resolvê-las para que
seu texto não cause problemas de compreensão. (p. 137)

Assim, é relevante que o aluno compreenda, primeiramente, que função cada


modalidade de linguagem exerce. Comunicar-se através do texto escrito vai exigir,
então, que este seja trabalhado na tentativa de aproximá-lo do leitor.
Diante disso, como o professor pode levar o aluno a compreender essa relação
necessária com sua própria produção textual? Mais adiante, no mesmo texto,
encontramos sugestões claras de como proceder:
Uma forma interessante de desenvolver atividades de revisão e edição é
contando com a leitura feita por colegas, seja individual ou coletivamente.
(...) também nessa etapa, saber fazer perguntas é essencial. (...) o papel do
professor é orientar, sugerir e adquirir novos conhecimentos sobre a escrita
de seus alunos para que possa preparar outras atividades ou mesmo ir ao
quadro explicar algum assunto e oferecer alternativas aos problemas que
surgirem. (p. 137)

É no trabalho diário, através daquilo que levanta sobre seus alunos, que o
professor poderá construir caminhos. Receitas prontas, descontextualizadas, não levarão
os alunos a produzir textos coerentes e coesos. Já se sabe que uma longa trajetória de
vida escolar foi insuficiente no desenvolvimento de competências nessa atividade.
Então, nossos alunos não foram alfabetizados como deveriam? Ou ainda, em que
falhou o processo de letramento? De acordo com Vygotsky, que já diagnosticava falhas
no aprendizado da escrita há mais de meio século (citado por Cole):
“Até agora, a escrita ocupou um lugar muito estreito na prática
escolar, em relação ao papel fundamental que ela desempenha no
desenvolvimento cultural da criança. Ensina-se as crianças a desenhar letras e
construir palavras com elas, mas não se ensina a linguagem escrita. Enfatiza-
se de tal forma a mecânica de ler o que está escrito que acaba-se
obscurecendo a linguagem escrita como tal. (...) E o resultado é a produção
de uma fala morta." (VYGOTSKY, 1935, citado por COLE,1984).

Em outra obra, Vygotsky comenta a necessidade de se considerar a ausência do


interlocutor, ao se produzir um texto, o que exige mais elaboração:
"(...) [A comunicação por escrito] dirige-se a um interlocutor ausente, que
muito poucas vezes tem em mente o mesmo assunto que o escritor. Portanto,
deve ser muito mais desenvolvida: a diferenciação sintática deve chegar a seu
ponto máximo e devem-se usar expressões que soariam artificiais na
conversação. A expressão de Griboedov ‘ele fala como escreve' refere-se ao
efeito cômico das construções elaboradas, na fala quotidiana. (..) Na escrita,
como o tom da voz e o conhecimento do assunto são excluídos, somos
obrigados a utilizar muito mais palavras, e com maior exatidão. A escrita é a
forma de fala mais elaborada. " (1934 - 1987)

É importante ressaltar que, quanto mais desfavorecida for a classe social a que
pertença o aluno, mais distante estará a sua linguagem da norma padrão. Isso se revela
desde o vocabulário, até a organização sintática. Assim, na escola pública, cresce a
dimensão do desafio quanto ao ensino da escrita. Não há como ignorar as necessidades
básicas desse aluno, no que se refere à produção textual; é preciso conduzi-lo pela
descoberta dos diferentes gêneros textuais e de sua função; assim como dos diferentes
níveis de linguagem, considerando-se, para ambos, a relevância do contexto, na
adequação da linguagem.
Há que se apresentar a esse aluno, também, o poder da linguagem, tanto na
promoção, como na contestação de ideologias. Para tanto, faz-se necessário uma seleção
de textos, bastante criteriosa, que considere a qualidade da informação e sua adequação
às condições de compreensão dos alunos, conforme sua série e seu nível de
desenvolvimento geral. Assim, não se pode negar a posição política que assume o
educador, seja qual for a sua forma de atuação, alienado ou não.

5. OBJETIVOS

GERAL:
Contribuir para a formação de pessoas mais autônomas no processo de produção
textual, conscientes dos limites e possibilidades da escrita, e conhecedores dos
mecanismos de construção, revisão e exposição de textos.

ESPECÍFICOS:

• Oferecer espaços para o debate sobre o poder da comunicação verbal;


• Oportunizar aos alunos o conhecimento dos mecanismos de produção textual;
• Fornecer informação adequada dentro da proposta do Gestar;
• Estimular e supervisionar a produção escrita, através de atividades diversas.

6. METODOLOGIA
1. O projeto se iniciará a partir da sensibilização e debate sobre o tema “O Poder da
palavra: a função social do texto”, tendo como ponto de partida a apreciação de
textos, representativos de diversos gêneros textuais, e sua funcionalidade.
Conteúdos: Gêneros textuais;
Função social do texto;
Recursos: Folhetos, propagandas, textos xerografados, recortes de jornais e
revistas, livros, filmes, internet (laboratório de informática), cartazes, quadro
branco, pincel p/ quadro, pincel atômico, fita adesiva.
2. Em seguida, serão realizadas leituras individuais e trabalhos em grupo, tendo
como principal foco questões relacionadas aos mecanismos de produção textual
e aos elementos constitutivos dos diferentes gêneros textuais e níveis de
linguagem.
Conteúdos: Gêneros textuais;
Níveis de linguagem.
Elementos essenciais e acessórios de textos;
Dificuldades ortográficas, sintáticas ou semânticas que surgirem.
Recursos: Textos xerografados, livros, filmes, internet (laboratório de
informática), cartazes, quadro branco, pincel p/ quadro, pincel atômico, fita
adesiva, material de uso pessoal do aluno.

3. Passo a passo, diversos textos serão produzidos, analisados, transcritos da


linguagem oral para a escrita, da informal para a formal, individualmente e em
grupos de trabalho.
Conteúdos: Linguagem verbal: oral e escrita;
Norma padrão;
Adequação da linguagem.
Dificuldades ortográficas, sintáticas ou semânticas que surgirem.
Recursos: Textos xerografados, livros, filmes, internet (laboratório de
informática), cartazes, quadro branco, pincel p/ quadro, pincel atômico, fita
adesiva, material de uso pessoal do aluno.

4. Posteriormente, resultados desse trabalho serão apresentados à comunidade


escolar, através de painéis, jornais, boletins informativos, conforme projetos dos
alunos.
Conteúdos: Estética textual;
Comunicação.
Recursos: Material para confecção de cartazes, computador, internet, data show,
pincel atômico, fita adesiva, material de uso pessoal do aluno, material de
mecanografia: papel, xerografia, impressão.

Exemplos de atividades a serem realizadas:


Observação e análise de diferentes gêneros textuais;
Observação e análise de diferentes níveis de linguagem;
Produção de jogos, cartazes, painéis, murais, blogs, slides, etc.;
Atividades diversificadas envolvendo: leituras, pesquisas, entrevistas, debates,
elaboração / produção / apresentação de textos: histórias em quadrinhos, poemas,
paródias, músicas, propagandas, slogans, relatos, biografias, artigos,...

7. PÚBLICO ALVO
Alunos da 8ª série (9º ano) do Ensino Fundamental.

8. CRONOGRAMA
O projeto se realizará no período correspondente à II unidade do ano letivo de
2010 (aproximadamente 30 dias letivos).
As ações serão desenvolvidas pelo professor cursista da área de Língua
Portuguesa.

Fase O que Quem Duração


1- Sensibilizaç • Gêneros textuais • Professor 5 aulas
ão • Função social do texto cursista
e debate
Instrumentali- • Gêneros textuais Professor 10 aulas
zação • Níveis de linguagem cursista
• Elementos essenciais Alunos
e acessórios
• Dificuldades
3- Produção Linguagem verbal Professor 10 aulas
Norma padrão cursista
Adequação da Alunos
linguagem
Dificuldades
4- Exposição Estética textual Professor 5 aulas
Comunicação cursista
Alunos
9. AVALIAÇÃO

A avaliação se dará no decorrer das atividades propostas, através da observação


da participação e desempenho do aluno; também das análises das produções, de
relatórios e de fichas de avaliação individual pelo professor e pelo aluno.

10. REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica.


Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da
Educação, 1999.

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Programa Gestão da


Aprendizagem Escolar – Gestar II. Língua Portuguesa: Caderno de Teoria e Prática 4
- TP4: Leitura e processos de escrita I. Brasília, 2008.

VYGOTSKY,L. S. (1935). A pré-história da linguagem escrita. In: COLE, M. et al.


(Orgs.). A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos
superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

VYGOTSKY,L. S. (1934). Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes,1987.

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