Você está na página 1de 6

Angina e Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)

Autora: Priscila Gomes da Rocha

Data: 15/08/2004

Curso de Especialização em Fisioterapia Respiratória em Terapia Intensiva e Ventilação


Mecânica

Turma: TPN-5
Angina Angina Estável – dor de tórax (esmagamento, aperto ou em peso),
Definição começando lentamente pelo esterno, do lado E do tórax, irradiando para o
É a dor torácica que ocorre quando o coração não recebe um aporte pescoço, mandíbula, ombros, dorso ou braço E, durante alguns minutos,
adequado de O2. Essa dor é causada quando o suprimento de sangue levado a vindo acompanhada de grande mal-estar, palidez e sudorese, podendo ser
uma parte do coração é insuficiente, com isso, o coração não recebe a desencadeada por esforço físico ou stress.
quantidade de O2 e nutrientes necessários.
Diagnóstico
Fisiopatologia *Através da descrição dos sintomas;
*Formação de trombo em uma placa presumidamente rompida, *ECG isquêmico durante uma crise espontânea
fissurada ou erosada, particularmente quando a apresentação é de dor aguda *Utilização de uma dose-teste de nitroglicerina sublingual, tendo
ao repouso; alívio de 1,5 a 3 minutos;
*Inflamação, causando a ruptura da placa, contribuindo para a *Teste de esforço, feito com bicicleta ou esteira, para aumentar as
desestabilização da cobertura fibrosa das placas vulneráveis pela secreção de necessidades sangue e O2;
metaloproteinases da matriz; *Cintilografia Miocárdica;
*Proliferação das células musculares lisas; *Cateterismo Cardíaco, caso haja necessidade de explorar melhor as
*Isquemia de repouso e elevação do segmento ST, devido a coronárias.
vasoespasmos em vasos de aparência angiográfica normal;
*Lesões arteroesclerótica fixas e graves, com trombos superimpostos Diagnóstico Diferencial
(Angina variante de Prinzmetal). *Alteração da coluna cervicodorsal;
*Separação costocondral;
Tipos de Angina *Dor torácica inespecífica.
Instável – é uma condição intermediária entre a angina estável e o
IAM. É caracterizada clinicamente pela angina desencadeada em repouso ou Tratamento
aos mínimos esforços; é de inicio recente (< de 30 dias). *Nitrato – diminui a isquemia miocárdica. Ex: nitroglicerina
Braunwald definiu a angina instável segundo sua gravidade, em três sublingual, tendo o alivio da dor entre 1,5 a 3 minutos, sendo completo após 5
classes: Classe I, angina de inicio recente grave e acelerada (< de 2 meses) e minutos, durante até 30 minutos, podendo ser repetido após 4 a 5 minutos por
sem dor ao repouso; Classe II, angina de repouso durante o mês precedente, 3 vezes (caso o alivio não seja completo);
porém que tenha cessado nas últimas 24 horas; Classe III, angina de repouso, Mecanismo de Ação
que venha ocorrendo nas 48 horas precedentes. Dilatação da região Diminuição
Estável – é uma angina mais longa ou intensa, quando comparada ao estenótica da pD2
normal, com duração superior a 30 minutos.
Dilatação dos
vasos epicárdicos
Quadro Clínico
Fluxo sub
Angina Instável – a dor pode surgir durante o repouso ou mesmo com
endocárdico
paciente deitado, não respondendo adequadamente a cessação do exercício Espasmo
físico.
Aumento do fluxo coronário
Oferta de O²
Diminuição do retorno venoso Diminuição da resistência arterial
Dosagem dos betabloqueadores
Propranolol VO – 120 a 240 mg 2 a 4 x dia
Atenolol VO – 25 a 250 mg 1 a 2 x dia
Diminui a tensão do VE Diminui a Pós-carga Metoprolol VO – 50 a 400 mg 2 a 3 x dia
Nadolol VO – 80 a 240 mg 1 x dia
Consumo de O² *Bloqueadores dos canais de Ca – como segunda opção no
tratamento; são vasodilatadores eficazes, que evitam o espasmo. É mais eficaz
Dosagem dos nitratos na Angina Variante ou de Prinzmetal;
Propatilnitrato SL – 10 mg se necessário
VO – 20 a 30 mg 2 a 3 x dia Mecanismo de Ação
D Isossorbida SL – 2,5 mg se necessário Vasodilatação coronária Dilatação arterial periférica
VO – 60 a 120 mg 2 a 3 x dia
M Isossorbida VO – 60 a 120 mg 2 a 3 x dia Prevenção de espasmo coronário Pressão arterial com pós-carga
Nitroglicerina TRD 16 ou 32 mg 1 x dia Contratilidade
Classe I – nível B para alivio de dor (curta ação) e em associação com betabloqueador Freqüência cardíaca
Oferta de O²
*AAS e Heparina – diminui a incidência de IAM na angina instável,
afinando o sangue; Fluxo coronário Consumo de O²
*Beta Bloqueadores – útil na prevenção e controle da angina
recorrente, diminuindo a PS, FC, contratilidade, DC, demanda de O2 e Dosagem dos nitratos
aumentando a tolerância ao esforço; Nifedipina VO – 20 a 90 mg 1 a 3 x dia
Diltiazem VO – 90 a 360 mg 1 a 3 x dia
Mecanismo de Ação Verapamil VO – 240 a 480 mg 1 a 3 x dia
Tempo de Diástole Freqüência cardíaca Amlodipina VO – 2,5 a 10 mg 1 x dia
Contratilidade
Pressão Arterial *Trimetazidina – efeito semelhante aos betabloqueadores (Trimpoll
Tempo de Perfusão Coronária II); melhora a dor e a capacidade para atividades físicas.
Dosagem da Trimetazidina – 20 mg 3 x dia.
Liberação de Ácidos Graxos Durante *Angioplastia – consiste em um procedimento semelhante a uma
Constrição Coronária Durante Exercício cinecoronariografia, onde a lesão coronária é dilatada através de um cateter
Exercício
especial (Stentil), que possui um balãozinho na ponta, que quando inflado
esmaga a placa de ateroma contra a parede da artéria, desentupindo-a. 20 a
Fluxo Coronário Consumo de O² 30% dos casos, recluem-se em dias ou semanas, sendo que após 1 ano,
quando feito nova angioplastia, 30% dos casos, apresentam os vasos normais;
*Revascularização Miocárdica.
Oferta de O²
Referência Bibliográfica Quadro Clínico
O IAM se caracteriza pela presença de dor precordial de duração
* COTRAN, R.S.; KUMAR, V.; COLLINS, T. Robbins – Patología prolongada (mais de 20-30 minutos), que se difunde para ombros e braços
Estrutural e Funcional. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., (geralmente braço E), podendo irradiar-se para outras áreas do corpo, e que
2000. dentre as diferentes formas, é a que tem pior prognóstico. As características
* HAGOP S.; AKISKAL et al. Manual Merk Angina Pectoris. Net, Brasil, da dor são similares a da angina no peito, variando freqüentemente a duração
disponível em e o fenômeno desencadeante.
http://www.tudoresidenciamedica.hpg.ig.com.br/estudar/mmangina.htm Outros sintomas são:
Acesso em 02 de agosto de 2004. *Fraqueza;
* Angina. Net Disponível em http://www.ufpe.br/utihc/angina.htm Acesso *Suor frio;
em 02 de agosto de 2004. *Fôlego ofegante;
* Entendendo a Angina. Net, Brasil. Disponível em *Náuseas e vômitos.
http://www.alertamedico.com.br/mat/angina.html Acesso em 02 de agosto de OBS. Em alguns casos de IAM, os pacientes podem não apresentar sintoma
2004. algum, os chamados “Coronarianos Silenciosos”, podendo ocorrer
* Angina Instável: Conceitos Atuais de Patogênese e Tratamento. Net, principalmente em diabéticos; com isso, o diagnóstico só poderá ser feito
Brasil. Disponível em http://www.bioquimia.com.br/BioTrabAngina.htm através de um ECG.
Acesso em 2 de agosto de 2004.
* MANO, R. Tratamento da Angina Instável. Net, Brasil. Disponível em Diagnóstico
http://www.manuaisdecardiologia.med.br/dac/DACInstavel.htm Acesso em Segundo a Organização Mundial de Saúde, o IAM só é diagnosticado
02 de agosto de 2004. quando apresentar duas das seguintes alterações: História típica de dor
precordial; Alterações eletrocardiográficas; Elevação enzimática.
Exame Físico
Infarto Agudo do Miocárdio O infartado pode apresentar:
Definição *Fácies de angústia;
É uma das manifestações da doença arterial coronariana, onde há a *Diaforese;
formação de placas de gordura nas artérias do coração. Essa gordura *Palidez cutânea;
interrompe uma ou mais artérias, barrando o fluxo sanguíneo no músculo *Taquifisgmia
cardíaco, ocasionando a insuficiência cardíaca. *Freqüência de pulso irregular (às vezes);
As placas de gorduras (colesterol e triglicerídeos) se formam em *Febre.
deposição e obstruem as artérias. Há vários fatores que deixam o indivíduo
mais vulnerável a um infarto: idade; sexo; histórico familiar; tabagismo; Fases do IAM
HAS; diabetes; colesterol alto; estresse; obesidade e sedentarismo. *Superaguda – ondas T aumentadas, lembrando hipercalemia;
Segundo dados do ministério da Saúde (Datasus), as doenças *Aguda – elevação do ST, diminuição de T e aparecimento de Q;
cardiovasculares constituem a maior causa de óbito em todas as regiões do *Subaguda – onda T invertida, ST retorna a linha de base;
Brasil, variando entre 29,9% no Nordeste e 34,7% no Sul. Os valores atingem *Crônica – ondas Q e elevação de ST.
38,8% na faixa etária entre 50 e 60 anos, e 47,1% acima dos 64 anos. OBS. Infarto de VD é sugerido pela elevação de segmento ST em V1, V4R,
principalmente na presença de infarto inferior.
Exames Complementares * Falência de VE – diuréticos, vasodilatadores (Nipride, Nitratos) e DVA’s;
* Hemograma com as enzimas cardíacas * Choque Cardiogênico – DVA’s + vasodilatadores + digitálico.
* CKMB
* CK/CPK * Prevenção de Área Isquêmica: Utilizando B-bloqueadores
Ecocardiograma Angiografia * Metoprolol 5mg, até 3 x com intervalos de 5 minutos, por via EV;
* Áreas de hipocinesias; Deverá ser realizada na fase aguda do IAM, em caráter observando a FC, TA, ECG, alívio d dor. Manutenção: 200mg/dia de
emergencial dos pacientes com:
* Dilatação ventricular; 12/12horas;
* Insuficiência Contrátil;
* Alterações vasculares; * Propranolol 0,1mg/kg dose, até 3 x com intervalo de 5 minutos entre cada
* Choque;
* Derrame pericárdico; dose; com controle similar ao anterior. Manutenção: 80 a 120mg/dia VO.
* Anormalidades do septo
* Trombo ventricular.
interventricular;
Critério de Alta Hospitalar
* Ruptura de músculos papilares;
* # IAM Inferior
* Isquemia persistente ou recorrente.
NÃO deverão ser submetidos a esse exame, pacientes com * Sem complicações: 8 a 10 dias;
IAM sem complicação e com boa evolução; IAM terminado * Com complicações: de acordo com hemodinâmica.
sem complicação em qual não se considera o tto cirúrgico; * # IAM Anterior
Para controle de tto trombolítico sem intercorrências.
* Sem complicações: 10 a 12 dias;
* Com complicações: de acordo com a hemodinâmica.
Tratamento
* Indicações Gerais:
Referência Bibliográfica
* Internação em UTI, com monitoração continua, sob cateter nasal de O2 a
3/4 l/min, repouso por completo no leito (físico e mental) e visitas restritas até
* European Society of Cardiology/American College of Cardiology.
estabilização do quadro;
Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio. Net, disponível em
* Controle da dor com solução de Dolantina (1 ampola p/ 8ml/H2O), de 2/3
http://www.cardionews.org/jornal/2001/abril/abril2001_03.htm Acesso em 09
cc EV;
de agosto de 2004.
* Sedação com Diazepan 5 mg VO, de 6/6horas ou 8/8horas;
* Infarto Agudo do Miocárdio. Net, disponível em
* Anticoagulante com Heparina 5000 UI EV, seguida de infusão EV continua
http://www.ufpe.br/utihc/infarto.htm Acesso em 09 de agosto de 2004.
de 5000 UI/100ml de S.G. 5% em microgotas, de 6/6horas;
* LEITE, R.S; Krepsky, A.M; Gottschall, C.A.M. Infarto Agudo do
* Antiagregantes Plaquetário – AAS 100mg/dia; Ticlopidina (TASS e CATS)
Miocárdio: Um Século de História. Arquivo Brasileiro de Cardiologia,
250mg 2x/dia; clopidogrel (CAPRIE) 75mg/dia.
volume 77 (nº6), 593-601, 2001.
* Sintomas do Infarto do Miocárdio. Net, disponível em
* Distúrbios Hemodinâmicos: Subgrupos
http://www.boehringer-ingelheim.com.br/ Acesso em 09 de agosto de 2004.
* Normal – B-bloqueador, iniciando com 60/80mg/dia de Propanolol, ou
100-200mg de Metoprolol (seloken). Caso haja alguma contra-indicação,
utilizar bloqueadores dos canais de cálcio (Nifedipina ou Diltiazen);
* Hiperdinâmico – drogas B-bloqueadores;
* Baixo DC – Dextran (volume) e DVA’s (Dopamina, Dobutamina,
Adrenalina);

Você também pode gostar