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A arte do Bispo do Rosário é muito intrigante, assim como a vida e as crenças do artista.
Dentre seus trabalhos, um que desperta grande curiosidade são as faixas de miss, em
que o artista bordou vários registros. A pesquisa tem como intuito investigá-las em seus
diversos aspectos: data de produção, o conteúdo gravado, materiais utilizados, bem
como a compreensão das marcas deixadas pelo artista em seu trabalho.
2- Problemática
Bispo do Rosário vivia confinado em um mundo particular, de onde ele realizou suas
diversas obras. O grupo tem como foco o estudo das faixas de misses, deixadas pelo
Bispo. As faixas feitas em tecido branco e bordadas em azul foram produzidas com o
intuito de representar diferentes misses de estados e países ao redor do mundo. O
entendimento do que tais faixas representavam para o Bispo, bem como as quais misses
ele se referia e o significado das palavras gravadas, é de fundamental importância para
se tentar encontrar parte de um significado em seu mundo.
Bispo do Rosário foi um artista que fez diversos trabalhos, dentre estes trabalhos o que
mais chamou nossa atenção e despertou a nossa curiosidade, foram as faixas de miss.
A intenção é de descobrir o porquê que o artista fazia essas faixas, porque bordava tal
conteúdo nas faixas, qual o material utilizado por ele
3. Objetivos:
- Trabalhar interdiciplinarmente.
- Aumentar o acervo de cada um sobre arte, arte bruta, arte do inconsciente e um Brasil
dos anos 50.
4. Desenrolando a história
Com a intenção de aprofundar mais no assunto Bispo do Rosário, foi escolhido um sub-
tema que será um guia para o andamento do trabalho. Com as pesquisas realizadas em
torno de seu mundo, determinamos como sub-tema, uma de suas obras que nos chamou
mais atenção: As Faixas de Misses.
Arthur Bispo do Rosário nasceu em, a data é controversa, 1909 (segundo a Marinha de
Guerra do Brasil, a qual se dedicou entre 1925 e 1933) ou em 1911 (conforme registros
da companhia de eletricidade Ligth, onde trabalhou como lavador de bonde e
borracheiro por quatro anos). Descendente de escravos africanos veio de uma família de
origem simples. Sofria de esquizofrenia e por isso passou a maior parte de sua vida
assombrado por misticismos e alucinações nas instituições psiquiátricas.
Na noite de 22 de dezembro de 1938, teve alucinações que lhe diziam que deveria
apresentar-se à Igreja da Candelária. Peregrina pelas ruas, dirigindo-se a várias igrejas.
Por fim, chega ao Mosteiro de São Bento, onde declara aos monges ser um enviado de
Deus, incumbido da tarefa de julgar os vivos e os mortos.
A partir desse período, começa a produzir seu trabalho artístico, motivado por um
pedido de Deus para que reconstruísse o universo e registrasse a passagem divina pela
terra. Produziu um acervo de bordados e estandartes. Esses trabalhos, postumamente,
ganharam o Brasil e o mundo com seus traços de arte pop contemporânea e a sua
trajetória.
Ainda segundo Macedo, no século XIX, nos Estados Unidos da América, existiam
concursos como ³miss milho´ e ³algodão´. Até essa época as seleções eram realizadas
apenas com a presença das candidatas. Porém, na segunda metade do século XIX com a
criação da máquina fotográfica, os jornais de Paris passaram a realizar concursos de
beleza por fotografia.
O concurso Miss Universo foi criado no estado da Califórnia, em 1952, pela empresa de
vestuário Pacific Mills. Com o passar dos anos, o evento passou a ser realizado pelas
empresas Kayser-Roth Corporation e Gulf and Western Industries, até ser comprado por
Donald Trump em 1996.
As transmissões televisivas, encabeçadas pela Rede Tupi, passaram a ter peso depois
que sua sede foi transferida de Petrópolis para a então capital federal em 1958. O
concurso brasileiro se tornou o segundo evento mais importante do país, ficando atrás
apenas da Copa do mundo da FIFA.
Em 1963, o Brasil conquista suas duas únicas vitórias, a primeira no Miss Universo com
Ieda Maria Vargas, e a segunda com Martha Vasconcellos. Nesse período o país chegou
às semifinais e finais do concurso por várias vezes. Em 1971, a segunda colocada no
Miss Brasil, Lucia Tavares Petterle, Miss Guanabara, foi eleita Miss Mundo.
Com crises de audiência e retirada de patrocínios, o concurso passou por uma grave
crise financeira e foi exibido pela ultima vez em 1977 pela TV Tupi, retornando ao ar
em 1981 pelo canal SBT.
Bispo viveu na época onde os concursos de misses estavam em se auge, e a maioria das
pessoas acompanhavam as transmissões. Os concursos eram realmente populares na
época. Assim como os concursos, as candidatas gozavam de sucesso e admiração por
quase toda parte do mundo.
Suas obras passam por uma construção simbólica, que se correlaciona com
acontecimentos variados ocorridos durante sua história de vida. Bispo não pode ser
considerado um homem alienado, tendo em vista que lia muitos livros, jornais e
revistas, principalmente as revista ³ð
´ e j´. Porém, seu processo
criativo não recebeu influências do mundo da arte e seu objetivo nunca foi o de criar
obras de arte.
A revista ð
surgiu no final dos anos 19, tendo sua primeira publicação em 10
de novembro de 1928. Patrocinada pelos Diários Associados de Assis Chateaubriand, ð
é considerada a principal revista ilustrada brasileira do século XX, sendo
responsável por toda uma reformulação técnica e estética no meio jornalístico. Entre
várias seções interessantes da revista, uma que se destacou bastante foi a seção de
assuntos relacionados a moda, como por exemplo, ilustrações feitas por Alceu Penna e
matérias de concursos de misses: as eliminatórias estaduais, entrevistas com as eleitas
dos estados, com ex-misses e os preparativos para o concurso de Miss Brasil e, depois,
o de Miss Universo em Long Beach( EUA). O certame era acompanhado pelo país
inteiro através da revista e, aonde chegava a TV, pela Tupi. É importante ressaltar que a
revista, na época, tinha um alcance muito maior do que a televisão.
Samuel Wainer Filho, jornalista interessado na rotina do Bispo, ouviu do próprio Arthur
Bispo do Rosário, diante da faixa com inscrições Miss Afeganistão:
µ¶ - Leio jornal todo dia, anoto tudo, a ação dos países, separo em papéis e faço a faixa,
escrevo os dizeres. Sei que a Rússia invadiu as fronteiras desse país. Eu também sinto
da mesma forma¶¶. (Bispo Apud HIDALGO.1996, p. 122)
As obras do Bispo têm a característica da bricolagem, ou seja, tudo aquilo que se pode
fazer sem a ajuda de um profissional especializado. Todo o seu trabalho foi criado a
partir de objetos que já existiam: sucatas e restos em geral do dia a dia, como o lixo que
era produzido dentro da Colônia Juliano Moreira, uma instituição de grande porte e que
o produzia em grandes quantidades. Funcionários e pacientes nem sempre
compreendiam as motivações religiosas e tendências artísticas do Bispo, mas passaram
a levar para ele todo tipo de sucata, em troca de objetos do escambo local ou
emprenhavam-se na compra de quinquilharias no comércio de Jacarepaguá e Madureira.
Muita coisa ele mesmo garimpava. Arthur Bispo recolhia e guardava esses materiais
para construir outros objetos, com utilidade diferente. Seu trabalho nasceu do que as
pessoas consideravam como lixo.
Os bordados eram feitos com linhas de roupas e cobertores da instituição, que ele
mesmo desfiava. Transformou panos retos em faixas semelhantes as das misses.
E não bastam apenas as faixas, o autor também constrói cetros (distinções de poder sob
forma de bastões curtos. Os chefes de várias culturas adotaram o cetro ao longo dos
séculos como sinal de autoridade) feitos em madeira e revestidos com linhas azuis.
Importante lembrar-nos de que todas as representações de Bispo dirigiam-se a um
receptor especial, para quem ele levaria as coisas deste mundo para mostrar-lhe no dia
do reencontro: Deus.
Cada faixa eleborada por Bispo estampava uma infinidade de palavras bordadas. Em
letras grandes, MISS BRASIL, MISS AMAZONIA, MISS PARÁ, entre outras. No
rastro, pequenas anotações de lugares, impressões, registros autobiográficos. A faixa
dedicada ao Brasil era uma mistura:
Miss Amazônia
Sem data
Rosácea de tecido
Miss Brasil
Sem data
Miss França
Sem data
Faixa 72 cm Cetro 70 cm
5. BIBLIOGRAFIA
Entrevistadores: Mirian Peres da Cruz. São Paulo: Divisão de Artes Plásticas da Casa de
Cultura da UEL, Avenida JK, local: 1.973. 2010.
MACEDO, Roberto. Roberto Macedo: sobre o trabalho de Bispo do Rosário [jul. 2002].
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:MzsqwMJJO4UJ:www.unisino
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http://www.traca.com.br/?tema=padrao&pag=revistaocruzeiro&mod=inicial e
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http://74.125.155.132/scholar?q=cache:PBWAHLVp7roJ:scholar.google.com/+Arthur+
bispo+do+ros%C3%A1rio+lia+muito+e+gostava+de+apreciar+fotos+de+misses-
+a+imagem+da+mo%C3%A7a+casta+e+bela.+Em+1963+Ieda+Maria+Vargas+ganhou
+o+titulo+miss+universo+e+bispo+&hl=pt-BR&as_sdt=2000;Acesso em: 24 out.2010.
http://www.fflch.usp.br/dlcv/revistas/crioula/edicao/01/Artigos/02.pdf;Acesso em: 27
out. 2010.
6. Conclusão:
Bispo do Rosário foi um artista peculiar, que com suas obras levou o mundo a se
questionar sobre a loucura. Entre vários trabalhos magníficos que o Bispo fez, as faixas
de miss se destacaram por nos levar a entender que ele era uma pessoa culta, que
adquiriu conhecimento através de meios de comunicação sociais populares enquanto
estava isolado em um hospício e também enquanto era livre em suas viagens, nos
fazendo acordar e acreditar que pode haver formas de arte em qualquer lugar e em
qualquer pessoa, tudo depende somente do ponto de visto e dos preconceitos.
Inspirando-nos para criar e acreditar mais no trabalho do outro.