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Os artigos publicados entre os anos de 2007 e 2011 foram
pesquisados nas Bases Scholar Google e Lilacs, utilizando os termos: células
tronco, aspectos culturais, aspectos antropológicos, assuntos regulatórios,
bioética e legislação. Os artigos obtidos (em inglês e português) foram
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analisados e suas referências também levantadas, principalmente com
relação às publicações consideradas fundamentais. A legislação referente à
utilização de células-tronco foi obtida junto ao site do Planalto
(www.planalto.gov.br) e Vigilância Sanitária 1.
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tronco, porém trazem o mesmo problema da compatibilidade com o receptor,
caso este não seja o mesmo indivíduo doador (Liskier, 2002; Brivanlou, 2003)
Existe ainda hoje a possibilidade de se obter um zigoto gerado pela
célula de um indivíduo de qualquer idade, por meio de uma técnica que não
requer a fecundação do gameta feminino pelo masculino. Um o vócito,
gameta feminino, tem seu núcleo artificialment e removido da célula, e recebe
em troca, o núcleo de uma célula somática qualquer de um indivíduo (adulto
ou criança). Este zigoto, na verdade um clone do doador (possui todo o
material genético do indivíduo doador, exceto pelo DNA encontrado na
mitocôndria da célula receptora), possui o potencial de se multiplicar até a
fase de blastocisto, quando as células -tronco poderiam ser removidas e
utilizadas no doador (Liskier, 2002; Wilmut et al., 1997)
A tecnologia atual não permite que as células-tronco de adultos se
especializem em qualquer tecido fora aquele de onde foi isolada, de modo
que seu valor terapêutico ainda não se equipara ao das células embrionárias.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/vaticano-reprova-testes-com-celulas-tronco-retiradas-de-
embrioesc
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A pesquisa com as células-tronco é fundamental para entender
melhor o funcionamento e crescimento dos organismos e como os tecidos se
mantêm ao longo da vida adulta. Esse conhecimento é fundamental para
compreender o que se passa com o organismo durante uma doença. O
desenvolvimento de células-tronco fornece aos pesquisadores ferramentas
para modelar doenças, testar drogas e desenvolver terapias efetivas.
A terapia celular, que consiste na substituição de células doentes
por células saudáveis, é um dos potenciais usos das células-tronco no
combate a doenças. Em teoria, qualquer doença em que haja degeneração
de tecidos poderia ser tratada através da terapia celular.
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organismos geneticamente modificados, que podem ter originado o
aparecimento de novas doenças viriais ou o ressurgimento de antigas
moléstias mais virulentas, e os riscos ecológicos, resultantes da queimada,
da poluição, do corte de arvores, da introdução de organismos geneticamente
modificados no meio ambiente ou da redução da biodiversidade (Diniz, 2002).
Do ponto de vista biológico, o embrião, quer fertilizado
naturalmente, quer oriundo de fertilização assistida ou por transferência de
núcleo de uma célula de doador (por clonagem), possui potencial para se
transformar em um indivíduo desde que seja implantado em um útero em
condições adequadas. A remoção das células-tronco inviabiliza o
desenvolvimento do embrião de modo que o restante das células sucumbe.
Ou seja, a remoção das células-tronco de um embrião, com pouco mais de
100 células, que em condições naturais não teria ainda se fixado no útero e
não possuiria qualquer caracterização tecidual ou de órgãos, não pe rmite que
o indivíduo que potencialmente adviria daquela fecundação (ou clonagem)
venha a existir.
Para aqueles que consideram que a vida advém de outros marcos
gestacionais que não a fecundação, não há qualquer óbice à extração ou
mesmo cultivo destas células. Contudo, para aqueles cujos valores atribuem
a vida ao momento da fecundação (e aqui existem alguns que vão além e
acreditam na vida com as primeiras reações químicas da entrada do material
genético do espermatozóide no óvulo), a obtenção das célula s-troncos pode
ser traduzida como um ato de terminação da vida. Como crítica, aqueles que
creditam a vida à fecundação, não podem condenar a utilização do embrião
clonado com fonte de células tronco já que a célula que inicia a formação do
embrião não advêm da fecundação com gametas femininos e masculinos, e
sim a transferência do núcleo de uma célula adulta para uma célula
enucleada com potencial de proliferação (Rocha, 2008). Dentre as teorias
genético-desenvolvimentalistas relacionadas ao início da vida , as mais
mencionados na literatura são:
a. &'()*c+*c)+*,-' : Considera que a vida se inicia quando o embrião
se fixa no útero materno. Fundamenta-se na assertiva de que existe
um maior numero de embriões que não se fixam no útero do que os
que se fixam, sendo portanto, natural a perda desde óvulo fecundado.
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O grupo de células não pode naturalmente se multiplicar a partir de
certo ponto, sem que receba nutrição externa. Caso contrário, as
células mais internas sucumbem à falta de nutrientes. Na
contrapartida, questiona-se que existem bebes que são gerados no
abdômen, ou seja, extra-útero. Na prática, a nidação deve ocorrer no
abdômen, pois o não aporte de nutrientes inviabiliza a evolução do
embrião (Leist et al., 2008; Tannert, 2006).
b. &'()*c +*c #'(.*,-'c +&c /+).&01'2c +'c )21&.*c &(3'2' . Baseia-
se na idéia de que o tecido nervoso começa a se diferenciar entre o
15o e o 40 o dia da vida embrionária e, aproximadamente na 8 a
semana, já permite detecção de atividade elétrica. Sem atividade, não
haveria qualquer possibilidade biológica de consciência, de modo que
o individuo não estaria vivo na nossa concepção de ser humano. Sua
crítica sustenta-se no fato que a não detecção nã o necessariamente
indica que esta atividade não exista, apenas que a tecnologia hoje não
permite avaliá-la. Na dúvida, o marco deveria ser o aparecimento do
sulco neural e não da atividade cerebral (Leist et al., 2008; Tannert,
2006).
4c &'()*c +'c (5
&.6()-'c Esta teoria, utilizada mundialmente como
referência sobre a qual diversos códigos foram criados, surgiu na
Inglaterra em 1984 (Relatório Warnock, Departamento de Saúde e
Seguridade Social do Reino Unido) 2. O Relatório estabelece, após um
estudo científico aprofundado sobre a evolução do embrião, que a
formação do individuo como pessoa não é uma questão de fatos, e
sim uma decisão a luz de princípios morais. Estabeleceu que, até o
14o dia, o que existe são células sem diferenciação (especialização)
que as identifique como um ser humano (algumas ainda se
transformarão na placenta, por exemplo), de modo que este limite
seria apropriado para o estudo destas células. Gêmeos, por exemplo,
nesta fase não são identificáveis, fortalecendo a teoria de que o
embrião não apresentam ainda neste momento, células diferenciadas
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que formarão o individuo como entidade biológica. A crítica incide no
fato de alguns acreditarem que o surgimento do corpo não se
relaciona com o inicio da vida já que todas as células fertilizadas
desde o inicio contém o código genético para se desenvolver em um
ser humano. Criticam ainda o termo pré-embrião, acusando os
pesquisadores de o utilizarem para desmistificar o uso do embrião.
Sgreccia, 2002, personifica esta critica quando estabelece que o
embrião é em potencia uma criança, um adulto, ou um velho, mas não
em potencia um individuo; isso já o é em ato. c
Deste modo, a discussão ética com relação à utilização de embriões
para pesquisa, variará de acordo com os valores morais da sociedade
em que estão inseridos. Nestas discussões, os valores pessoais dos
participantes também são levados em consideração, bem como a
situação em que se encontra o indivíduo. Existem inúmeros modelos
teóricos que propõem fundamentar a interpretação da compreensão
individual de questões morais, do exercício de julgamentos morais, e
adoção de comportamentos morais. Alguns autores sugerem que as
decisões éticas são tomadas tendo como base os valores morais
individuais (Reidenbach & Robin, 1988), outros se baseiam nos nív eis
cognitivos de desenvolvimento moral (Kohlberg, 1969; Kohlberg, 1984;
Rest, 1986; Trevino, 1986; Trevino, 1992) ou mesmo na intensidade
moral da situação (Jones, 1991). Existem ainda aqueles que
desenvolveram modelos de tomada de decisão fundamentados e m
normas sociais, considerando a severidade das conseqüências dos
atos resultantes desta situação (Ferrel & Gresham, 1985; Harrington,
1997). Em outras palavras, quem está próximo de uma situação que
se beneficiaria da utilização da célula tronco tenderia a ser mais
flexível na sua concepção do início da vida, ao contrário dos que estão
distantes da problemática. c
Hoje, as discussões éticas com relação à utilização de células
tronco embrionárias em pesquisa são travadas, na prática, no âmbito dos
Comitês de Ética e de Pesquisa registrados no Conselho Nacional de Ética
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em Pesquisa (CONEP)3, bem como no próprio CONEP. Este processo de
discussão ética de um protocolo de pesquisa e sua aprovação é reconhecido
internacionalmente como cumprimento dos assuntos reg ulatórios quanto a
pesquisa em um determinado país.
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) sobre a conduta ética em pesquisa clínica com seres humanos,
na tentativa de reunir o maior consenso de interpretações sobre o tema no
contexto internacional.
No Brasil, a primeira norma sobre o assunto foi a Resolução do
Conselho Nacional de Saúde n o 1, de 1988, que tratava de diver sos
assuntos, inclusive a ética médica da pesquisa com seres humanos. Esta
norma não foi implementada pela sociedade, e uma nova resolução a
substituiu, esta resultado de um grupo especifico de trabalho so bre pesquisa
em seres humanos, a Resolução 196/96 (Conselho Nacional de Saúde).
Com relação a ³eticidade´ da pesquisa envolvendo seres humanos,
estabelece que deve envolver o consentimento livre e esclarecido dos
indivíduos alvo, ou sujeitos de pesquisa, e deve proteger os grupos
vulneráveis e aos legalmente incapazes. Neste sentido, a pesquisa deve
tratá-los em sua dignidade, respeitá -los em sua autonomia e defendê -los em
sua vulnerabilidade. Todos os projetos envolvendo genética humana e
reprodução humana devem receber autorização do CONEP antes de serem
iniciados. O termo pesquisa em reprodução humana foi em 2000 definido
pela Resolução nº 303 como toda aquela pesquisa que envolver o
funcionamento do aparelho reprodutor, procriação e fatores que afetam a
saúde reprodutiva da pessoa humana, incluindo as pesquisa com intervenção
em:reprodução assistida, anticoncepção, manipulação de gametas, pré -
embriões, embriões e fetos, e medicina fetal.
As diretrizes para análise dos projetos em genética humana vieram
apenas em 2004, com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 340 .
Sobre os aspectos éticos, estabelece que:
³A finalidade precípua das pesquisas em genética deve estar relacionada ao
acúmulo do conhecimento científico que permita aliviar o sofrimento e
melhorar a saúde dos indivíduos e da humanidade.
III.1 - A pesquisa genética produz uma categoria especial de dados por
conter informação médica, científica e pessoal e deve por isso ser avaliado o
impacto do seu conhecimento sobre o indivíduo, a família e a totalidade do
grupo a que o indivíduo pertença.
III.2 - Devem ser previstos mecanismos de proteção dos dados visando
evitar a estigmatização e a discriminação de indivíduos, famílias ou grupos.
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III.3 - As pesquisas envolvendo testes preditivos deverão ser precedidas,
antes da coleta do material, de esclarecimentos sobre o significado e o
possível uso dos resultados previstos.
III.4 - Aos sujeitos de pesquisa deve ser oferecida a opção de escolher entre
serem informados ou não sobre resultados de seus exames.
III.5 - Os projetos de pesquisa deverão ser acompanhados de proposta de
aconselhamento genético, quando for o caso.
III.6 - Aos sujeitos de pesquisa cabe autorizar ou não o armazenamento de
dados e materiais coletados no âmbito da pesquisa, após informação dos
procedimentos definidos na Resolução sobre armazenamento de materiais
biológicos.
III.7 - Todo indivíduo pode ter acesso a seus dados genéticos, assim como
tem o direito de retirá-los de bancos onde se encontrem armazenados, a
qualquer momento.
III.8 - Para que dados genéticos individuais sejam irreversivelmente
dissociados de qualquer indivíduo identificável, deve ser apresentada
justificativa para tal procedimento para avaliação pelo CEP e pela CONEP.
III.9 - Nos casos de aprovação de desassociação de dados genéticos pelo
CEP e pela CONEP, deve haver esclarecimento ao sujeito de pesquisa sobre
as vantagens e desvantagens da dissociação e Termo de Consentimento
específico para esse fim.
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III.14 - Dados genéticos humanos não devem ser armazenados por pessoa
física, requerendo a participação de instituição idônea responsável, que
garanta proteção adequada.
III.15 - Os benefícios do uso de dados genéticos humanos coletados no
âmbito da pesquisa, incluindo os estudos de genética de populações, devem
ser compartilhados entre a comunidade envolvida, internacional ou nacional,
em seu conjunto.
III.16 - As pesquisas com intervenção para modificação do genoma humano
só poderão ser realizadas em células somáticas. ³
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Muitos são os ordenamentos jurídicos e as normas que buscam
tutelar a vida humana. Embora o respeito à vida não deva ser considerado
apenas uma imposição jurídica, ao ser reconhecido pela ordem jurídica,
torna-se um direito primário, personalíssimo, essencial, absoluto,
irrenunciável, inviolável, imprescritível, indisponível e intangível, sem o qual
os outros direitos subjetivos perderiam o interesse para o individuo.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 estabelece
em seu artigo III que toda pessoa tem di reito à vida, à liberdade e à
segurança pessoal. Igualmente importante é o artigo I que estabelece que
todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade de direitos. Ou seja,
todos têm direito de igual proteção da lei.
Em 1966, a Assembléia Geral das Nações Unidas estabeleceu o
Pacto de Direitos Civis e Políticos que, em seu artigo 6 o , §1 o , que o direito à
vida é inerente à pessoal humana e que este direito devera ser protegido
pelas Leis não podendo, qualquer pessoa, ser arbitrariamente privada de s ua
vida. Três anos depois, a Convenção Americana de Direitos Humanos
estabeleceu na Costa Rica, o Pacto de São Jose, que reconheceu que
pessoa seria ³todo ser humano´, ou seja, não distinguia a vida intra ou extra -
uterina. Em seu artigo 4 o, estabeleceu que:
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³Toda pessoa tem direito a que se respeite sua vida. Esse direito deve ser
protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode
ser privado da vida arbitrariamente´
³Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes;´
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Com relação ao Código Penal, a proteção à vida humana encontra
amparo penal com a tipificação dos crimes de homicídio simples e
qualificado, o infanticídio, o aborto e o induzimento, a instigação e o auxilio ao
suicídio.
Especificamente, o assunto foi tra tado na Lei nº 8.974 de 1995, que
estabelecia a criação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CNTBio) que tinha como competência, acompanhar o desenvolvimento e o
progresso técnico e cientifico na engenharia genética, na biotecnologia, na
bioética, na biossegurança e em áreas afins. Neste momento, a manipulação
genética de células germinais foi expressamente vedada, bem como a
intervenção em material humano .
Esta Lei foi revogada em 2005, pela Lei no 11.105 (Lei de
Biossegurança), que em seu artigo 5º autorizou a pesquisa com células -
tronco embrionárias:
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constitucionalidade é colocada a prova quando o leitor considera a vida
inerente à concepção, conforme estabelecido no Tratado Internacional de
São José, ratificado pelo Brasil. Como a Constituição estabelece que o direito
a vida é inviolável e o tratado foi reconhecido pelo Brasil, do ponto de vista
jurídico a manipula ção do embrião seria inconstitucional.
Outro ponto questionável quanto à lei é a sua concepção quanto ao
sentido do termo ³embriões ´. Qual seria este sentido? A atribuição
da variável temporal, no caso 3 anos ou mais, para estabelecer viabilidade
também não merece melhor sorte tendo em vista diversos casos publicados
quanto a viabilidade de embriões congelados há vários anos, inclusive um
congelado há 20 anos (Dowling -Lacey et al., 2010).
Sendo assim, a Lei de Biossegurança foi alvo de Ação Direta de
Inconstitucionalidade, interposta em 2005.
Em resposta à Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3510),
proposta pelo procurador-geral da república Cláudio Fonteles, o STF decidiu ,
em 29 de maio de 2011, que as pesquisas com células-tronco embrionárias
não violavam o direito à vida (Art.5º, caput, Constituição Federal)4 ou a
dignidade humana (Art. 1º, inciso III, Constituição Federal)5 (Supremo
Tribunal Federal - STF, 2008). O relator da ação, o ministro Carlos Aires
Britto, fundamentou o seu voto levantando os seguintes pontos (Supremo
Tribunal Federal - STF, 2008; Azevedo):
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- Embriões que não foram produzidos no corpo de uma mulher, não contam com
a proteção da lei contra aborto.
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importante na vida de uma pessoa, ajuda ndo-a a criar um contexto para sua
existência e a fundamentar, por possuir um poder coercitivo e regulador, as
suas ações.
Como mencionado, um dos principais opositores ao uso de células
embrionárias é a Igreja Católica. Vale a pena citar, que ela não é contra o uso
de células-tronco adultas em pesquisas, ao contrário, o Vaticano já
demonstrou interesse em financiar pesquisa para o tratamento de doenças
intestinais (Associate Press, 2010). Ocorre que ela é contra as pesquisas
com pré-embriões criopreservados, pelo mesmo motivo que condena o
aborto, ou seja, por considerar que a vida humana se inicia na concepção. As
pesquisas significariam não apenas a interrupção da vida, mas a
manipulação da vida humana pelo homem, o que fere a ética católica.
Grupos a favor do uso alegam que a posição da Igreja Católica não
é uma unanimidade entre as diversas denominações religiosas no Brasil.
Assim, parece a eles injusto que as possibilidades, que serão abertas pelo
uso dessa ciência, sejam restringidas por vontade de uma parcela da
população em detrimento ao bem maior da sociedade. Schwartsman defende
bem a posição desses grupos no artigo Sardinhas, ovos e galinhas da Folha
Online (Schwartsman, 2005):
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trabalho da pesquisadora Naara Luna, alguns pontos levantados, que
merecerão maior aprofundamento no futuro, indicam que talvez a
denominação religiosa de uma pessoa não seja o único fator considerado no
seu julgamento sobre célula -tronco embrionária. Alguns indivíduos que se
denominaram católicos não se alinh aram com a opinião da Igreja no assunto
(Luna, 2008).
Tanto as religiões, como os indivíduos, posicionam -se em função
das suas crenças em relação ao início da vida: fecundação, implantação no
útero (nidação), formação do sistema neurológico do feto, nascimento etc.
Exceção talvez seja os espíritas que colocam a definição do momento da
reencarnação como fundamental. A seguir apresenta -se resumidamente a
posição de outras religiões com relação ao uso de pré -embriões (Galileu,
2005):c
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PROTESTANTISMOc
Existem várias denominações protestantes e não há unanimidade
de opinião entre elas. Em geral, consideram importante as pesquisas
com células-tronco para o desenvolvimento da medicina, desde que não
usem células embrionárias, porque acreditam que a vida surge a partir da
fecundação.
JUDAISMO
Nessa religião, a vida começa no 40º dia quando o feto começa a
adquirir forma humana. Os pré -embriões não seriam fetos porque não
foram implantadas no útero e, fora dele, pereceriam. Mesmo assim, deve -
se usar apenas os pré-embriões obtidos a partir da fecundação e
que, por não terem sido implantados na mãe, ser iam descartados ou
congelados. A cultura judáica prioriza a vida humana nascida sobre a vida
humana em desenvolvimento.
Em artigo de 2005, para o Boletim da Associação Scholen
Aleichem, a rabina Sandra Kochmann, coloca que as conclusões no
judaísmo sobre esse assunto ainda não são unânimes porque ³tanto a
pesquisa científica de células tronco como a análise haláhica (conforme a
lei judaica) da mesma ainda estão em fase inicial.´
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ISLAMISMO
No islã, acredita-se que a o início da vida acontece quando a alma
da criança é soprada por um anjo no feto, cerca de 120 dias após a
fecundação. Mas há estudiosos que acreditam que a vida tem início na
concepção.
Segundo o Sheik Ali Abdouni, presidente da Assembléia Mundial
da Juventude Islâmica, ³a religião islâmica permite que sejam feitas
experiências científicas para trazer um benefício para a sociedade e uma
qualidade de vida melhor, mas coloca regras e normas para que ninguém
ultrapasse os limites. Quanto ao uso de células -tronco, é permitido
contanto que não haja venda delas, nem uso inadequado e que a
experiência tenha grande possibilidade de dar certo.´
BUDISMO
A vida é um processo contínuo e ininterrupto . Não começa na
união de óvulo e espermatozóide, mas está presente em tudo o que existe
± nossos pais e avós, as plantas, os animais e até a água. No budismo, os
seres humanos são apenas uma forma de vida que depende de várias
outras. Entre as correntes budistas, não há consenso sobre aborto e
pesquisas com embriões.
HINDUÍSMO
Para Swami Krishnapriyananda, da Sociedade da Vida Divina
Brasil, existem alguns ³hindus´ fanáticos que se esquecem dos
ensinamentos dos Vedas (escrituras) e proíbem tudo. ³ As escrituras falam
que o semideus Senhor Brahmaa, primeiro ser humano cria do pelo
Supremo, criou o mundo material e todas as criaturas que nele vivem. (...)
O hinduísmo não proíbe a pesquisa genética. As pesquisas que envolvam
embriões de corpos humanos e outras espécies deverão ter um fim de
bem-comum, onde o bom-senso deverá estar presente.´
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Como mencionado, no Brasil, não é permitida a clonagem em
pesquisas ou terapias. Várias são as críticas a esse tipo de pesquisa, mas a
principal é o medo de que a clonagem terapêutica leve à clonagem humana.
A célula obtida pela transferência de núcleo se ria um embrião em potencial,
capaz de dar origem a um ser humano. Segundo os pesquisadores, isso
seria improvável porque, para haver clonagem humana, seria necessário
implantar o embrião em um útero e isto não ocorre por acaso ou por erro.
Adicionalmente, a sociedade é capaz de estabelecer limites e punir quando
os mesmos são violados.
Outra crítica está ligada à exploração das mulheres doadoras de
ovócitos, porque estas passam por um processo terapêutico para estimular a
ovulação. Defendendo-se deste argumento, pesquisadores alegam ser
possível, por exemplo, utilizar ovócitos de corpos (mortos) acidentados.
A vantagem do uso da clonagem terapêutica está na possibilidade
de um indivíduo poder criar sua própria fonte de células -tronco, evitando-se,
da mesma forma como ocorre nos transplantes de órgãos, a rejeição e o uso
de imunossupressores.
Outro problema interessante, que a clonagem terapêutica ajudaria
a sanar, é a limitação existente na ³representação étnica´ das células -
embrionárias obtidas a partir da f ertilização . Num país como o Brasil,
por exemplo, a fertilização assistida, por ser um processo caro e não
disponível no sistema público de saúde, está limitada a parcela da população
com alta renda, o que não representa a diversidade étnica da po pulação.
Tratamentos e terapias desenvolvidas poderiam, portanto, ter maiores
chances de resultados em certas etnias, ferindo os direitos de igualdade
entre as pessoas.
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O Brasil tem conseguido algum destaque no exterior com
pesquisas na área. No início de 2009, o Brasil foi o quinto país a produzir
células-tronco pluripotentes induzidas (que podem se transformar em
qualquer célula sem ser criada a par tir de embriões). O que coloca os
pesquisadores brasileiros em condições de igualdade em relação aos
pesquisadores chineses, americanos, alemães e japoneses.
A Rede Nacional de Terapia Celular (RNTC), coordenada pelo
Ministério, previa para 2009, segundo artigo no ¦ do MS, receber R$ 32
milhões: R$ 22 milhões - do BNDES, do Ministério da Ciência e Tecnologia
(MCT) e do próprio MS - para construção de oito Centros de Tecnologia
Celular que produzirão células -tronco e R$ 10 milhões para 49 projetos
envolvendo diferentes pesquisas com células -tronco.
Dentre as pesquisas relacionadas ao uso de células-tronco no
tratamento de algumas doenças, mencionamos:
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de doenças e elaborar protocolos rigorosos para aplicação de terapias no
tratamento de humanos.
Um dos principais obstáculos, ainda a ser enfrentado pelos
cientistas, é o fato de que as células-tronco podem virar células cancerígenas
ou podem não se diferenciar no tipo de célula esperado (por exemplo,
espera-se uma célula muscular e se obtém óssea).
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centram-se ainda nas discussões quanto às restrições ao financiamento de
pesquisas com recurso federal (Diniz & Avelino, 2009).c
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Abaixo, classificação de alguns países quanto à regulação da
pesquisa em células-tronco embrionárias (Diniz & Avelino, 2009) e
representação gráfica da pesquisa com células embrionárias na Europa
(figura 2):c
Canadá
Comunidade da Austrália Reino dos Países Baixos
Confederação Suíça Reino Unido da Grã-Bretanha e
Coréia Irlanda do Norte
Estado de Israel República da África do Sul
Estados Unidos da América República da Finlândia
Estados Unidos Mexicanos República da França
Federação Russa República da Índia
Japão República de Cingapura
Reino da Dinamarca República de Portugal
Reino da Espanha República Islâmica do Irã
Reino da Noruega República Popular da China
Reino da Suécia
República Italiana
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Figura 2. Mapa Europeu de Pesquisa com Células -tronco Embrionárias
Humanas.
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Fonte: Elstener A et al, 2009
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em andamento ou após conclusão. Isto pode ser considerado
realmente ético?
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Brasil Escola. Países onde é permitido usar cé -lulas tronco. Disponível em: <
http://www.brasilescola.com/biologia/celula -mae3.htm > Acesso em: 30 de
março de 2011
c $c
m?pg=dspDetalhes&id_area=124&CO_NOTICIA=10054 Acesso em: 4 de
abril de 2011.
Brasil. Supremo Tribunal Federal. STF libera pesquisas com células tronco
embrionárias. 29 de maio de 2008. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=89917
Acesso em: 4 de abril de 2011.
c c
armazenamento de materiais ou uso de materiais armazenados e m
pesquisas anteriores. Disponível em:
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2005/Res347_en.pdf Acesso em:
4 de abril de 2011.
c c
Kohlberg L. (1969). Stages and sequences: The cognitivity developmental
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