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Enegep2000 E0123
Enegep2000 E0123
RESUMO : Este artigo apresenta uma análise dos Sistemas de Plan ejamento e
Controle da Produ ção utilizados pelas indústrias de confecçõ es sediadas no Ceará,
que é uma das mais repres entativas do Estado. Inicialm ente é feita a
caract erização do setor, mostrando sua importância e probl emas enfrentados. Após
isso, é realizada uma pesquisa bibliográfica abordando o PC P e os fatores de
maior relevâ ncia para a indústria de confecçõ es. É utilizado para este trabalho o
estudo de casos múltiplos, envol vendo cinco em presas sediadas no Ceará nos
portes pequeno, médio e grande, tendo sido usado um questionário para a
obtenção das informa ções. Os dados obtidos são apresentados e analisados. Este
artigo serve co mo um refer encial teóri co sobre o assunto e também como um
indicativo das ações a ser em tomadas no sentido da melhoria dos Sistemas d e
Plan ejamento e Controle da Produ ção das indústrias de confecçõ es.
Palav ras- chave: PC P, indústria de confecções
1. Introdução
A indústr ia de conf ecções do Esta do do C ear á já foi cons ider a da u ma das
ma is r epr es entat ivas, tendo s ido classifica da como o s egu ndo ma ior p ólo de
conf ecções do noss o País. D e acor do com OLI VEIR A & RIBE IRO (1996), as
r egiões Su l e Sudest e concentr a m gr ande par te da pr odu ção, r esp ondendo p or 87%
dos conf ecciona dos t êxt eis. Ainda s egu ndo o mes mo inf or me, os Estados de São
Paulo e Santa Catar ina são os qu e ma is s e destaca m, s endo qu e o C ear á possui f or t e
r epr es entat ividade, s endo dessa f or ma u m s egment o imp or tant e par a o Estado.
A indústr ia de c onf ecç ões p ossu i tip ica ment e u m pr ocess o pr odut ivo p or
lot es, car acter iza ndo-s e como u ma pr odu çã o do tip o int er mit ent e r ep et it iva. Ass im
s endo, o s ist ema de P laneja ment o e C ontr ole da Pr odu ção (PCP) utilizado contr ibu i
f or tement e par a um des emp enho fa vor ável ou des favor ável da or ga nizaçã o, tr azendo
à tona a qu estã o de qual modelo de PCP deve s er adotado par a qu e possa contr ibu ir
par a a maior comp et it ivida de da empr esa.
Poucas são as empr esas de conf ecções qu e p ossu em u m pata mar
or ganizaciona l sup er ior , havendo “u m gr a nde nú mer o de empr esas defasadas, qu e
comp et em via custo de mã o- de- obr a ou t er ceir izaçã o, um meca nis mo ger a lment e
usado em bus ca de ga nhos de pr odutivida de, mas, qu e no Br asil, vem s e
confu ndindo com r edu ção de cust os atr avés da inf or mat ização” (OL I VEIR A &
RIBEIRO, 1996, p.2).
No cas o esp ecífico do C ear á, os últ imos da dos disp oníveis qu e consta m no
Plano de Expa nsã o e Moder nização da I ndústr ia de C onf ecções do Cear á (1994)
aponta m u ma qu eda signif icat iva da par ticipaçã o da Indústr ia de C onf ecções em
r elação a o s egment o industr ia l. Esta mes ma anális e cons ider a qu e a indústr ia de
c onf ec ç ões fa z pa r te de u m c omp lex o pr odut ivo de extr ema imp or tância par a o
Esta do do C ea r á .
O Anuár io do C ear á (SAMPAIO, 1996/97) apr es enta o Estado como o
s egu ndo p ólo t êxt il do país, s endo o s egu ndo ma ior consu midor de a lgodã o do
Br asil com u ma pr oduçã o de 130 mil t onela das de f ios e t ecidos e o t er ceir o ma ior
pr odut or de conf ecções. E ntr eta nt o, “quant o a o s et or de conf ecções, 1996 nã o lhe
mot ivou r azões par a comemor ação. N ele ocor r eu u ma qu eda de 40 a 50% na
pr oduçã o de p eças” (S AMP AIO, 1996, p.631).
No Br a sil, a indústria do vestuár io apr es enta s ér ias limitações em s eus níveis
de qua lidade e pr odut ivida de (FERR AZ et al, 1995).
Est e artigo busca ident ificar e analisar os sistemas de PCP utilizados p ela
indústr ia de conf ecções do Estado do C ear á, atr avés do estu do de mú lt ip los casos,
avaliando ess es s ist emas em t er mos da adequação das t écnicas utiliza das e s eus
r ef lex os no des emp enho do sist ema pr odut ivo. Essa anális e cobr ir á as funções de
longo, médio e cur t o pr azos.
2. O planejame nto e controle da produção e a i ndúst ria de
confecções
E m t er mos de abr angência, o PCP pode s e dedicar a aspect os r elativos a
decis ões de longo, médio ou cur t o pr azos.
2.1. Funções de longo prazo do PCP
Ent ende- s e p or fu nções de longo pr azo aqu elas qu e p ossu em u m
relaciona ment o ma is estr eit o c om o p laneja ment o estr atégico da cor p or açã o,
envolvendo desta for ma asp ect os ma is abr angent es r elacionados à pr oduçã o, tais
como a def inição da estr atégia de pr oduçã o a adotar e estab eleciment o do p la no de
pr oduçã o em fu nçã o do pla no de vendas des ejado, o qu e envolver á a def iniçã o
pr évia dos r ecur s os pr odut ivos necessár ios (mã o-d e-obr a, mat er iais e má qu inas)
par a qu e est e p la no s eja atendido. N est e etapa tamb ém dever á ser r ea liza da a
pr evisã o de vendas, qu e s er á a base fu nda mental par a a def iniçã o do pla no de
pr oduçã o (T UBI NO, 1997).
2.2. Funções de médio prazo
As fu nções de médio pr azo compr eendem aquelas ativida des qu e s e
r ela c iona m c om a def iniçã o do p la no- mestr e de pr oduçã o, qu e é definido a par tir
do p la no de pr odu çã o esta b elec ido.
O MPS (Master Production S chedul e ou Planeja ment o mestr e da pr oduçã o)
coor dena a dema nda do mer ca do com os r ecur sos int er nos da empr esa de f or ma a
pr ogr amar taxas adequadas de pr odu çã o de pr odut os f ina is, sendo u m nível
int er mediár io de p laneja ment o r esp onsá vel pelo pr ocess o de des dobr ament o dos
pla nos estr atégicos, de vendas e de op er ações em pla nos op er acionais (CORRÊ A et
al, 1999).
2.3. Funções de curto prazo
As fu nções de curto pr a z o relaciona m-s e com o p laneja ment o op er aciona l do
PCP, aproxima ndo-s e ass im das atividades liga das às op er ações r ealiza das em nível
de “chã o” de fábr ica, necess ita ndo entã o de ma ior nível de detalha ment o. Abr ange a
gestão dos est oqu es, seqü encia ment o da pr oduçã o, pr ogr a mação das or dens de
fabr icação, acompanha ment o e contr ole da pr odu ção (T UBINO, 1997).
I nclu em- s e ness e nível o MRP, MRP II, ERP, kanban, OPT e os sist emas
híbr idos de PCP.
2.4. A i nd ústria de confecções
Podem s er mu it o var ia das as possib ilida des de pr oduçã o de r oupas devido
aos vár ios t ip os de conf ecções p ossíveis, tais como: calças, camisas, vest idos,
saias, r oupa ínt ima, ar tigos de ca ma e mesa, linha pr aia etc. Esta het er ogeneida de
fica mais evident e s e f or cons ider ar a a fr agmentaçã o do mer ca do p or sex o, idade,
r enda etc (O LI VE IR A & RIBEIRO, 1996). E ntr etant o, o s ist ema pr odutivo
apres enta a lgu mas cara cter íst icas comu ns qu e são apr es entadas aqu i par a clar if icar,
em linhas ger ais, como ele fu nciona.
O set or t em como car acter ística básica s er for t ement e inf lu enciado p ela
moda, p odendo lançar quatr o coleções p or ano: inver no, pr ima ver a-v er ã o, ver ã o e
a lto ver ã o.
Ap ós a def inição dos pr odut os a s er em pr oduzidos, é r ealiza do o cor t e do
tecido pr ocur ando-s e apr oveitá- lo ao máx imo, por int er médio do pr ocess o de
encaix e. Ap ós o cor te, os comp onent es ger ados sã o enca minha dos par a as ár eas de
pr epar ação onde são costur ados, pr epar ando-os par a as sub-monta gens e
montagens, poss ib ilita ndo assim a pr odu ção da r oupa. Ap ós iss o, é f eit o o
acabament o, com a colocaçã o de p eças acessór ias, tais como r eb it es, bot ões, zipers
et c, bem como r et ir adas pontas de linha, insp eçã o f inal e outr os acabament os
p er tinent es. No caso de r oupas jea ns, ant es dest e acaba ment o é r ea liza da u ma
lava gem par a dotá- las da color ação e ma ciez n ecessár ias. Há tamb ém a passador ia
onde é f eita a passagem da r oupa pr onta com f er r os de engo mar . Fina lment e é
r ealizada a embala gem. Estas etapas podem sofr er algu mas var iações em fu nção do
tip o de r oupa qu e está s endo conf ecciona da. (ÌT ALO, 1987; N UNES,1998).
A indústr ia do vestuár io, sendo t ip ica ment e de moda, é u m a mb ient e bastant e
pr op ício à utilizaçã o de t écnicas de flex ib ilizaçã o da pr odu ção, tais como o
JIT /Kanban (T AVARES, 1990).
3. Metodologia de pesquisa
3.1. Método de pesquisa
Para a coleta das infor ma ções necessár ias à ident if ica ção e aná lis e dos
sist emas de PCP utiliza dos p elas indústr ias de conf ecções do Estado do C ear á,
opt ou -s e p elo us o do Estu do de Cas os Múlt ip los.
3.2. O instrumento de pesquisa
N esta pes quisa, f oi utiliza do u m qu est ionár io com p er gu ntas f echa das, semi-
f echa das e aber tas. Esta flex ibilida de qu e f oi utilizada par a as per gu ntas vis ou dar
ma ior mob ilida de par a qu e pudess e s er obt ida a inf or maçã o com o maior gr au de
deta lhe p oss ível, s em entr eta nt o cansar o r esp ondent e já qu e havia o int er ess e de
aprofu ndar a s qu est ões.
3.3. Número de emp resas pesquisadas
Cons ider ando-s e a abor da gem t eór ica pr op osta, cinco empr esas é u m nú mer o
suficient e( DO N AIRE, 1997). Por outr o la do, a opçã o p ela obt ençã o de inf or mações
ma is aprofu nda das relativas ao s ist ema de PCP das empr esas, qu e t em p or
cons eqü ência a necess ida de de u ma ma ior dedica ção dos r es p ondent es, alia do ao
car áter conf idencia l dos da dos, r estr ingem a disp onib ilidade destas em par ticipar em
da p es qu isa.
3.4. O questionário de pesquisa
O qu estionár io é comp ost o de s eis b locos : A,B,C,D,E,F. Cada bloco de
qu est ões busca obt er inf or mações s obr e det er mina dos aspect os r elaciona dos ao
PCP: A - “Dados Gerais Sobr e a Empr esa”; B - “Visão Gera l do PCP da E mpr esa”;
C - “Funções de longo pr azo do PCP”; D - “Funções de médio pr azo do PCP”; E-
“Funções de Curto Prazo”; F - “Outras informações liga das ao PCP”.
4. Aplicação dos questionários e resultados obtidos
4.1. As e mpresas pesquisadas
For am p es qu isadas cinco empr esas fabr ica nt es de r oupas, tr ês s ediadas em
For taleza e duas no mu nicíp io de Mar acanaú, distr it o industr ia l situa do pr óx imo à
capital. Ob jet iva ndo pr es er var sua ident idade e ma nt er o sigilo das inf or ma ções
pr estadas, as empr esas ser ão nest e tr abalho ident if icadas p elos nú mer os 1, 2, 3, 4 e
5.
4.2. Análise dos dados
Os r esu ltados obt idos das cinco empr esas p esqu isadas demonstr a m qu e,
apesar das dif er enças de p or t e, pr odut os e mer cados, elas possu em mu itas
s emelha nças em t er mos de sist ema de p la nejament o e contr ole da pr oduçã o, e
algu mas diver gências, conf or me p ode s er obser va do na tabela 1.
É int er essa nt e obs er var a inex ist ência de u m ór gã o f or mal de PCP na maior
empr esa p es qu isa da, qu e é de gr ande p or t e, e o s ent iment o do s eu ger ent e de
pr oduçã o qu e não vê iss o como u ma necessidade, u ma vez qu e ele cons ider a qu e
"tu do está b em ass im". Ess e asp ect o leva nta a qu estão da imp or tância ou nã o da
exist ência de u m ór gão estr utur ado de PCP par a a melhor ia do des emp enho da
or ganização. M es mo as empr esas p es qu isadas qu e p ossu em u m ór gão de PCP, suas
atribuições, emb ora pertinent es, poss u em p ouca abr angência e r elevâ ncia
estr atégica pa ra a or ga niza çã o, concentr ando-s e bas ica ment e em at ividades
op er aciona is. As atr ibuições mais estr atégicas encontr am-s e nos níveis sup er ior es
da or ganização.
Um asp ect o comu m às empr esas e qu e está bastant e evident e é a ausência de
pla neja ment o de longo pr azo e de u ma def iniçã o f or ma l da estr atégia de pr odu çã o, o
qu e tr az, cons equ ent ement e, indef inição de r u mos nos níveis de médio e cur to
pr azos. Ess e fato, poss ivel ment e, está r elaciona do à instabilida de econômica do
noss o país qu e t or na mu it o vu lner á veis os p lanos de longo pr azo. E mb or a a r ef er ida
instabilida de s eja ver dadeir a, iss o nã o justif ica a falta da det er mina ção dos
hor izont es da or ga nizaçã o. Por outr o lado, e p or cons eqü ência, a inex ist ência de
u ma estr atégia for ma l de pr oduçã o, poss ivelment e, está associa da a visão
pr edomina nt e de qu e a pr oduçã o não ex er ce um pap el estr atégico par a a
or ganização, visã o essa qu e está em desacor do com os t emp os atuais.
Obs er va-s e ta mb ém qu e os ob jet ivos de des emp enho declar ados p elos
r esp ondent es p ossu em cer ta coincidência, u ma vez qu e cust o e qualida de esta va m
s empr e em pr imeir o lu gar , excetua ndo-s e u ma qu e os colocou em s egu ndo.
Entr eta nt o, não f oi obs er va da nenhu ma ligação f or ma l dess es ob jet ivos de
des emp enho com o s ist ema de PCP adotado. Poss ivel ment e essa vincu laçã o não
est eja tão clara para a or ganizaçã o. A consciência de qu e o PCP pode contrib uir
par a a r edu ção dos cust os, u ma vez qu e elimina des p er dícios, poder á est imu lar a
adoçã o de sist emas ma is adequados.
Outr o p ont o comu m, é o us o pr edomina nt e do ar r anjo f ísico celu lar , qu e na
ár ea de conf ecções é cha ma do de “ gr upo compact o”, o qu e contr ibu i par a r eduçã o
dos lead tim e e au ment o da flex ib ilidade. E ntr eta nt o, ess es ob jet ivos p oder ia m s er
incr ementados com o us o do kanban, qu e não é usa do em nenhu ma delas, emb or a
possua m ba ix íss imo t emp o de s etup qu e facilitar ia sua viabilização.
Conf or me p ode s er coletado dur ant e a p es qu isa, ess e t ip o de ar r anjo f ís ico é
de us o diss emina do ness e t ip o de indústr ia. A ut ilizaçã o do ar ranjo f ís ico celu lar é
de mais fácil ut ilizaçã o em conf ecções t endo em vista a ma ior facilida de de
locomoçã o e r ear r anjo dos p ost os de tr abalho.
A aus ência de t écnicas estatíst icas de pr evisão de vendas ta mb ém foi comu m
a todas elas, o qu e contrib ui para tornar fr ágil o p laneja ment o da pr odu ção. Muit o
pr ovavelment e, iss o s e deve a o fato da dema nda ness e s et or t er car acter íst icas
sazona is, com pr odut os qu e mu da m suas car acter íst icas em fu nçã o da moda, e da
pr oduçã o estar baseada em par t e na car teir a de p edidos conf ir ma dos. D eve s er
obs er va do p or ém, qu e algu mas das empr esas p es qu isadas pr odu zem pr odut os com
cer ta estabilida de de dema nda, ou s eja, qu e nã o s ofr em ta nta inf lu ência da moda,
como é o cas o das qu e pr oduzem calças jea ns e ca misas. Ass im s endo, mes mo com
pr odut os qu e var iem em fu nção da moda, iss o nã o inva lida o us o de pr evis ões
estatíst icas, u ma vez qu e, como p ode s er obser vado, algu mas t êm qu e fazer ajust es
post er ior es no pla no de pr oduçã o devido à sua impr ecisã o. Além do ma is, a
pr evisã o pode s er f eita para família de pr odutos, sem des cer a detalhes p or
r ef er ência. As empr esas p es qu isa das demonstr a m ness e asp ect o confiar mu it o na
exp er iência da dir eçã o da empr esa, inclus ive e pr incipa lment e do pr ópr io dono, qu e
indica, p elo s eu s ent iment o, o qu e dever á s er ma is vendido. D emonstr a m ta mb ém,
no cas o das maior es, u ma cer t o poder de inf lu ência ju nt o aos lojistas na of er ta
da qu ilo qu e está s endo pr odu zido.
Exclu indo-s e o fato de t odas usar em ar r anjo fís ico celu lar , as empr esa s
demo nstr am não estar em s int onia com as mod er nas abor da gens ger encia is qu e
apr imor a m o PCP, tais como o JIT , T QC etc, com ex ceção da empr esa 3 qu e usa
par cialment e a lgu mas f er r a mentas da qualidade. N est e s ent ido, pode s er obs er va do
qu e a entr ega de a lgu ns avia ment os é f eit o de u ma f or ma mu it o r ápida devido à
pr ox imida de dos f or necedor es. Ess e fat o p ode facilitar uma par cer ia client e-
f or necedor ext er no no s ent ido de pr op or cionar entr egas JIT , agilizando o pr ocess o
de pr oduçã o e c ontr ibu indo pa r a a r eduçã o dos cust os. M es mo no cas o do
f or neciment o dos t ecidos, iss o ta mb ém p ode s er viabiliza do, u ma vez qu e ex ist em
mu itas tecela gens no C eará.
N enhu ma empr esa p es qu isa da faz uso de pr ocedi ment os estr utur ados par a
def iniçã o do pla no de pr oduçã o, conf ia ndo-s e basica ment e em sua exp er iência.
D evem ex ist ir poss ib ilida des de melhor ia nest e asp ect o, por meio de s oluções ma is
ec onomica ment e viá veis pa r a a def inição do p lano. Como já foi menciona do, a nã o
f or ma liza ção de u m pla no de pr oduçã o (par a um hor izont e de longo pr azo) r atifica a
pou ca pr eocupação das empr esas p es qu isa das com r elação a o pla no estr atégico, com
evident es r eflex os negat ivos nas ações de médio e longo pr azos. Além diss o, por
sua infor malida de, as decis ões car ecem de mensur ações ma is pr ecisas em t er mos
dos cust os das alt er nat ivas de pr oduçã o.
E mb ora algu mas empr esas pes qu isa das us em t écnicas relaciona das à gestão
econômica dos est oqu es, elas ainda são t ímidas, o qu e indica a necess ida de do
a pr imor a ment o dessa gestã o. Pr edomina nesse asp ect o o us o da “pr ática”, car ecendo
assim de asp ect os t écnicos. As empr esas qu e utiliza m a lógica do MRP nã o a usam
int egr alment e, pr edomina ndo ap enas a noção d e a qu is içã o dos mat er ia is em fu nçã o
da de ma nda dos pr odut os f ina is, s em usar entr etant o u ma visão int egr ada de gestã o.
A class if icação ABC é utiliza da só p elas empr esas 2 e 5, entr eta nt o, nã o f oi
ident if ica da nenhu ma r egr a clar a, de ef et ivo us o, para essa class if icaçã o. O
dimens iona ment o dos lot es é f eit o ta mb ém bas ea do, em t odas elas, na pr ática, sem
cons ider ações ma is pr ecisas dess e dimens iona mento em fat or es tais como cust os ou
lead time.
Mes mo consider ando qu e duas das empr esas p es qu isadas utiliza m u m
soft ware par a apoio no s eqü encia ment o da pr odu ção, é pont o comu m a todas o nã o
uso de algor it mos de s eqü encia ment o qu e p oss ib ilit em ef eit os ef et ivos nos
ob jet ivos de des emp enho pr et endidos, tal como o des emp enho na entr ega, qu e
est eve entr e o pr imeir o e s egu ndo lu gar es no d es ejo das empr esas. O uso
pr edomina nt e do PEPS e das “pr ior idades” denota m essa des vincu laçã o entr e
ob jet ivo de des emp enho e a pr ática da pr odu ção. Além diss o, a visã o da OPT não
f oi ident if ica da em nenhu ma das empr esas p es qu isa das.
É pont o ta mb ém comu m a poss ib ilidade de apr imor a ment o dos mét odos de
contr ole e acompa nha ment o da pr odu ção. Como p ode s er obs er va do, apenas a
empr esa 3 usa fer r amentas da qua lidade e ap enas as empr esas 2 e 3 utiliza m mais
a lgu ns indica dor es de pr oduçã o, além do cálcu lo da eficiência, para mensur ar o
pr ocess o. É int er essa nt e obs er var qu e a empr esa 3, qu e utiliza f er r amentas da
qua lida de, apr es enta u m lead time de 6 dias, menor entr e as médias e gr andes e
igual à p equ ena, o qu e p ode estar indica ndo um apr imor a ment o no s eu pr ocess o de
pr oduçã o ger ado p or essas f er r a mentas. Isso tor na-s e ainda ma is r eleva nt e a o s e
levar em cons ider ação qu e é a única qu e tr abalha soment e com p edidos dos client es,
qu e contr ibu i par a um menor nível de pa dr onizaçã o e, cons equ ent ement e, u ma
ma ior comp lex ida de da pr oduçã o.
N enhu ma das empr esas faz us o do kanban, emb or a a idéia pr edomina nt e nas
r esp ostas t enha sido a r eduçã o dos est oqu es. O kanban é p lena ment e p oss ível de s er
usado p or ess e t ip o de indústr ia. Entr eta nt o, há u m fat or inibidor qu e é a var iaçã o
dos modelos em fu nção da moda, o qu e necess itar ia um tr abalho das empr esas no
s entido de pr op or cionar u ma cer ta estabilidade dos pr ojet os dos pr odutos, fat o ess e
qu e nã o é tão comp lex o, tendo em vista qu e mu itas p ossu em u ma linha básica, em
cima dos qua is são feita s varia ç ões em t er mos de apar ência, qu e às vezes nã o são
tão significativa s. E m outr os cas os, como nas ca misas t ear , a var iação entr e
modelos é ins ignifica nt e. Além diss o, há fator es favor áveis à adoção do kanb an,
como o ar r anjo f ís ico celu lar pr es ent e em t odas elas e o r edu zido t emp o de setup.
As r esp ostas da das ao qu estiona ment o r elativo a o gir o dos est oqu es mostr ou
u m des conheciment o dos qu e atua m no PCP em r elaçã o a ess e asp ect o, u ma vez qu e
nã o hou ve r esp osta pr ecisa par a ess e qu es it o, o qu e indica a pouca imp or tância dada
p elos gest or es das empr esas a ess e indica dor como u m mensur ador das pr áticas
des envolvidas na pr odu ção e do s ist ema e PCP adotado. Já o r edu zido t emp o de
setup qu e foi dec la ra do por t odas as empr esas, mostr a uma gr ande vanta gem dess e
tip o de fábr ica já qu e lhe conf er e b oa f lexib ilida de e a poss ib ilida de de tr abalhar
com lot es p equ enos.
Atr avés dessa p es qu isa, após obt er todos ess es r esu ltados, t em-s e o
s entiment o qu e as empr esas par ecem nã o conh ecer as poss ib ilidades de melhor ia
exist ent es em t er mos de PCP, ou entã o, não têm s egur ança de qu e os mod elos
or iu ndos da t eor ia p ossa m sur tir ef eit os pr áticos em sua fábr ica. Esse fat o é
conf ir ma do p elas inf or mações bastant e r edu zidas qu e f or am obt idas a r esp eit o dos
pont os f or t es e fr a c os.
D e u ma f or ma globa l, pode-s e af ir mar qu e as empr esas de conf ecções
p es qu isadas p ossu em b oa mar gem de p oss ib ilida des de melhor ia nos s eus sist emas
de PCP. A adoção de s ist emas híbr idos dev e s er cons ider a da com o us o, por
ex emp lo, do MRP, para o nível macr o de p laneja ment o a gr egado, gestã o dos
mat er iais e emissã o de or dens de compr a, e o ka nba n par a o nível op er aciona l de
fábr ica, ou outr a comb inaçã o p er tinent e. A utilização dessas pr áticas ter ia m
cer ta ment e, r ef lex os p osit ivos no des emp enho da or ga nizaçã o.