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Os Sertões

 Euclides da Cunha (1866 – 1909)


 1º Edição de Os Sertões -1902
Equipe
 Natália Soares
 Simone Borges
 Larissa Montenegro
 Mariana Carvalho
 Bruno Lopes
Vida
 Nasceu na cidade de Cantagalo Rj 20 de
janeiro de 1866;
 Pais luso-baianos que migrarama traídos pela
riqueza do café;
 Familia modesta, ficou orfão de mãe aos 3
anos
 Cursou engenharia na escola do Exercito;
 Casou-se aos 24 anos.
 Chegou a Canudos em 1897;
 Em 1902 publicou a obra Os Sertões;
 Morre em 1909, aos 43 anos.
Características que
encaixam a obra de Euclides
como pré-modernista:
 O livro faz denúncia da realidade brasileira,
 Mistura a linguagem simples e a científica
 Personagens sofridos, socialmente
marginalizados
 Delimitação espacial: Euclides, Nordeste;
Monteiro Lobato, fazendas paulistas; Graça
Aranha, colônia alemã no Espírito Santo e Lima
Barreto, subúrbios do Rio de Janeiro.
O estilo de Euclides da Cunha
 Abuso dos termos científicos;
 Monotonia das frases x Escrita enérgica;
 Trabalho arquitetônico nas frases;
 Processo estilistico claro e uniforme;
 A energia da frase;
 Vocabulario sofisticado;
 Linguagem poética e científica;
Ritmo, expressividade e
movimento
"... e correndo, correndo ao acaso, correndo em grupos,
em bandos erradios, correndo pelas estradas e pelas
trilhas que recortam, correndo para o recesso das
caatingas, tontos, apavorados, sem chefes..."
"Como as rodas dos carros de Shiva, as rodas dos canhões
Krupp, rodando pelas chapadas amplas, rodando pelas
serranias altas, rodando pelos taboleiros vastos,
deixariam sulcos sanguinolentos."
"... tiroteio cerrado e vivo, crepitando num estrepitar
estrídulo de tabocas estourando nos taquarais em fogo."
Estilo dinâmico: Cunha consegue a
sonoridade e a dinamica no texto
com enfases verbais
“...era um belo ensejo para estudarmo-las, corrigirmo-las
ou anularmo-las."

"Porque não no-los separa um mar, separam-no-los três


séculos."

"A inteligência abalada afinal mal se subordina às


condições exteriores ou relaciona os fatos e, em contínuo
descair, baralha-os, perturba-os, inverte-os, deforma-os."
Monotonia: Períodos longos
 “Sem linhas decumeadas, as maiores serranias
nada mais são que planuras altas, extensas
rechãs terminando de chofrê em encostas
abruptas, na molduragem golpeante do regime
torrencial sobre o terreno permeavel e movel.
Caindo por alí a séculos as fortes enxurradas,
derivando a princípio em linhas divagantes de
dremagem, foram pouco a pouco
reprofundando-as...”
Frases enérgicas e sintéticas
 “Não temos unidade de raça. Não a
teremos, talvez, nunca”
 “O sertanejo é, antes de tudo, um forte..”
 “Monte Santo é um lugar lendário.”
 “Canudos era o cosmo.”
Críticas ao estilo
“Um estilo pobre, pela monotonia das frases,
invariáveis no ritmo, uniformes em seu mecanismo
interno...”
Wilson Martins
“Aparato verbal, o luxo vocabular, o tom
sistematicamente enfático, retórico, eloqüente...”
“A pobreza estilística pela repetição dos mesmos
processos de elaboração da frase.”
Franklim de Oliveira
Determinismo geográfico

 O sertanejo é produto do meio agressivo


 O clima desempenha um papel
preponderante na formação psicológica
dos indivíduos
 É impossível uma ação civilizatória em
uma zona tão tórrida
Daí todas as idiossincrasias de uma fisiologia
excepcional: o pulmão que se reduz, pela deficiência
da função e é substituído, na eliminação obrigatória
do carbono, pelo fígado, sobre o qual desce
pesadamente a sobrecarga da vida: organizações
combalidas pela alternativa persistente de exaltações
impulsivas e apatias enervadoras, sem a
vibratilidade, sem o tonus muscular enérgico dos
temperamentos robustos e sangüíneos.
A seleção natural, em tal meio, opera-se à custa
de compromissos graves com as funções centrais,
do cérebro, numa progressão inversa
prejudicialíssima entre o desenvolvimento
intelectual e o físico, firmando inexoravelmente a
vitória das expansões instintivas e visando o ideal
de uma adaptação que tem, como conseqüências
únicas, a máxima energia orgânica, a mínima
fortaleza moral. A aclimação traduz uma evolução
regressiva. O tipo deperece num esvaecimento
contínuo, que se lhe transmite à descendência
até a extinção total.
Determinismo racial
 A miscigenação de raças tao diferentes
origina a formação de um povo debilitado
 A miscigenação produz seres bestiais e
criminosos
 O sertanejo é resultado deste hibridismo
racial
 A mistura de raças mui diversas é, na maioria dos casos,
prejudicial. Ante as conclusões do evolucionismo, ainda
quando reaja sobre o produto o influxo de uma raça superior,
despontam vivíssimos estigmas da inferior. A mestiçagem
extremada é um retrocesso. O indo-europeu, o negro e o
brasílio-guarani ou o tapuia, exprimem estádios evolutivos que
se fronteiam, e o cruzamento, sobre obliterar as qualidades
preeminentes do primeiro, é um estimulante à revivescência
dos atributos primitivos dos últimos. De sorte que o mestiço -
traço de união entre as raças, breve existência individual em
que se comprimem esforços seculares - é, quase sempre, um
desequilibrado.
Determinismo histórico

 Uma cultura como a sertaneja, sem


contato com o progresso e com as
revoluções tecnológicas, está condenada a
produzir anomalias como Canudos
Evolucionismo

 Qualquer, porém, que tenha sido o ramo africano


para aqui transplantado trouxe, certo, os atributos
preponderantes do homo afer, filho das paragens
adustas e bárbaras, onde a seleção natural, mais
que em quaisquer outras, se faz pelo exercício
intensivo da ferocidade e da força. Quanto ao fator
aristocrático de nossa gens, o português, que nos
liga à vibrátil estrutura intelectual do celta, está, por
sua vez, malgrado o complicado caldeamento de
onde emerge, de todo caracterizado.
“Não temos unidade de raça”
A gênese das raças mestiças no Brasil:

O indígena: “Os nossos silvícolas, com seus frisantes caracteres


antropológicos, podem ser considerados tipos evanescentes de
velhas raças autóctones da nossa terra”

O negro (negro branto, ou cafre): “Qualquer, porém, que tenha


sido o ramo africano aqui transplantado trouxe, certo, os
atributos preponderantes do homo afer, filho das paragens
adustas e bárbaras, onde a seleção natural, mais que em
quaisquer outras, se faz pelo exercício intensivo da ferocidade e
da força”

O branco: “Quanto ao fator aristocrático de nossa gens, o


português, que nos liga à vibrátil estrutura intelectual do celta,
está, por sua vez, malgrado o complicado caldeamento de onde
Segue uma extensa e minuciosa descrição climática e
geográfica do Brasil, a partir da divisão de três zonas
distintas: a francamente tropical (estados do norte do
País até o sul da Bahia), a temperada (de São Paulo
ao Rio Grande do Sul) e a subtropical (alongando-se
pelo centro e norte de alguns estados de Minas ao
Paraná) .

O resultado dessa mistura, para Euclides:


“deles não resulta o produto único imanente às
combinações binárias, numa fusão imediata em que
se justaponham ou se resumam os seus caracteres,
unificados e convergentes num tipo intermediário.”
Os dois Brasis: o litoral e o sertão
 O sertão: território do vazio, do desconhecido, o
espaço ainda não preenchido pela colonização.
 O litoral: modernidade e progresso, no dizer da
época, a civilização

Euclides afirma que a mistura das raças é


prejudicial, considera o mulato um degenerado,
mas o sertanejo, que é um mestiço, não:

“é um retrogrado, não é um degenerado”


“O sertanejo é, antes de tudo, um
forte”
 Euclides entendia que o branco era uma “raça
superior”, mas dentre as duas “raças inferiores”, o
índio e o negro, considerava aquele superior à este,
por conta de suas origens, como vimos: os índios eram
considerados autóctones, enquanto os negros, julgados
alienígenas.
 A tese do isolamento/insulamento étnico e histórico:
“Convindo em que o meio não forma as raças
[Euclides de Cunha considerava que] no nosso caso
especial variou demais nos diversos pontos do
território as dosagens de três elementos essenciais.
Preparou o advento de sub-raças diferentes pela
própria diversidade das condições da adaptação”
 Primeira mestiçagem: brancos e índios, no
interior do país. A presença africana não
teria sido significativa nesse processo de
mestiçagem pois:
“o elemento africano de algum modo estacou
nos vastos canaviais da costa, agrilhoado à
terra e determinando cruzamento de todo
diverso do que se fazia no recesso das
capitanias. Aí campeava, livre, o indígena
inapto ao trabalho e rebelde sempre, ou
mal tolhido nos aldeamentos pela
tenacidade dos missionários” 
 O mulato, por sua vez, teria uma origem
fora do nosso país, vez que o “consórcio
afro-lusitano” já havia se estabelecido no
século XV, portanto, antes mesmo da
vinda deles para o “novo mundo”. No caso
do Brasil a concentração destes mestiços
dera-se no litoral.
 Distinção histórica entre os cruzamentos
do sertão e do litoral, e ele se volta para
explicar como se deu a formação de uma
“raça forte”, o sertanejo, para quem
faltara até então um historiador – eis um
grande mérito da obra
 Os sertanejos: insulados da civilização
européia que campeava no
sul. Conheciam apenas suas "caatingas".
O resto do rosto Brasil era-lhes
desconhecido. Eram "as terras grandes".
 Para Euclides, "O abandono em que
jazeram teve função benéfica”: livraram-
se da intensa e prejudicial mestiçagem do
litoral, que trazia elementos de uma raça
evoluída, degradando-os com os
elementos de uma raça que se encontra
em estágio inferior:
 “A mistura de raças mui diversas é, na maioria
dos casos, prejudicial. Ante as conclusões do
evolucionismo, ainda quando reaja sobre o
produto o influxo de uma raça superior,
despontam vivíssimos estigmas da inferior. A
mestiçagem extremada é um retrocesso. O indo
europeu, o negro e o brasílio-guarani ou o
tapuia, exprimem estádios evolutivos que se
fronteiam, e o cruzamento, sobre obliterar as
qualidades preeminentes do primeiro, é um
estimulante a revivescência dos atributos
primitivos dos últimos. De sorte que o mestiço
— traço de união entre as raças, breve
existência individual em que se comprimem
esforços seculares — é, quase sempre, um
desequilibrado.” 
 O sertanejo, um caso à parte:
 O sertanejo é um forte, por um lado por
ter conseguido sobreviver ao seu meio
geográfico, tão hostil e, por outro lado,
por não ter sofrido a decadência física e
moral do mestiço do litoral.
 O sertanejo é como um herói que
atravessa a seca – esta que fortalece o
homem do sertão, intimamente ligado
com a terra.
“A seca é inevitável. Então se transfigura.
Não é mais o indolente incorrigível ou o
impulsivo violento, vivendo às disparadas
pelos arrastadores.Transcende à sua
situação rudimentar. Resignado e tenaz,
com a placabilidade superior dos fortes,
encara de fito a fatalidade incoercível; e
reage. O heroísmo tem nos sertões, para
todo o sempre perdidas, tragédias
espantosas. Não há revivê-las ou episodiá-
las. Surgem de uma luta que ninguém
descreve – a insurreição da terra contra o
homem.”
 “Apertados entre os canaviais da costa e o
sertão, entre o mar e o deserto, num
bloqueio engravecido pela ação do clima,
perderam todo o aprumo e este espirito
de revolta, eloqüentissimo, que ruge em
todas as páginas da história do sul.”
A guerra de Canudos
 Compreendendo o contexto histórico da
obra e do autor;
 Antônio Conselheiro e o advento de
Canudos;
 Psicologia das “massas”.
 Silvio Romero, Nina Rodrigues e
Euclides da Cunha
 Deterministas, Cientificistas e
evolucionistas;
 Compartilhavam os pressupostos correntes
das desigualdades e consequentemente da
inferioridade das raças não brancas.
 Nina e Euclides discordavam de Romero
quanto a uniformidade étnica da
população brasileira.
 Diferentes propostas: Romero considerava
que o branqueamento era a solução; Nina,
a separação e para Euclides a Integração.
 Nina descreve o jagunço como
manifestação do “caráter indomável do
índio selvagem”, essencialmente um
mameluco, um mestiço menos apto à
civilização e à educação. Euclides, ao
contrário, avalia que o sertanejo “é um
retrogrado, não é um degenerado”

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