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CENARIO Infla¢ao: os riscos para o setor Alta inflacionaria nao afeta o crédito imobiliario, mas pode diminuir demanda por iméveis Por Natalia Gomez Diante do avanco da inflagao, © Banco Central ja planeja medidas de aperto monetario para conter a deprecia- ‘clo do Real. Uma das frentes é a desace- Teragio do crédito, grande responsivel pelo crescimento da economia ¢ da pro- pria inflagdo. A decistio mais recente foi estipular aliquota de 6% do IOF (Imposto sobre Operagées Financeiras) para eap- taco de recursos externos. Mas se os negocios do varejo podem ser compro- ‘metidos por estas medidas, o mesmo no deve acontecer com 0 mereado de imé- veis, A forte demanda no Pais e a relago do crédito imobiliério com os recursos da caderneta de poupanga devem garan- tir a manutengdo da oferta de financia- ‘mentos nesta drea. Segundo especialistas, os recursos da poupanga devem atender a demanda do mercado até 2013. Outro fator favordvel € 0 fato de que o indice usado para corregdo de contratos de financiamen- tos imobilirios € a TR e no a taxa Selic, que pode ser elevada para conter a inflagdo. “O foco do Banco Central esté em conter 0 crédito de curto prazo nio os financiamentos de longo prazo, ‘como os imobilirios”, afirma Marcelo Prata, do Canal do Crédito, Para 0 analista do setor imobilidtio da Fator Corretora, Eduardo Silveira, a maior preocupagio do governo neste ‘momento é frear o consumo nos setores de varejo e servigos. Em sua visio, 0 risco de retragdo no crédito imobilirio € praticamente zero, devido ao cenério de aumento de renda e queda do desem- prego. “Para 0 setor imobilisrio, conta mais o endividamento das familias € a confianga do investidor”, afirma. 22-cONSTRUGHO MERCADO 118 -MAIO-2011 © setor bancario também continua confiante. 0 HSBC Bank Brasil, que destinou quase RS 1 bilhdo para esta rea em 2010, prevé erescimento de 50% a0 ano até 2013 no erédito imobi- lidrio, segundo 0 superintendente exe- cutivo Jaime Chigangas. “A demanda para os langamentos tem sido muito grande”, afirma. A Abecip (Associagdo Brasileira das Entidades de Crédito Imobilidrio e Poupanca) também prevé um crescimento de 50% no crédito imobilidrio em 201 1, para RS 75 bilhdes a RS 80 bilhies. Efeitos nocivos A continuidade do crédito, no entan- to, nao significa que o setor saira ileso de um cenério inflacionério. Alguns dos efeitos nocivos sao a alta dos custos das obras, devido ao aumento de prego dos insumos, € uma possivel redugdo do apetite de alguns consumidores na hora de comprar iméveis, caso 0 cenario macroeconémico se agrave. O executi- vo do HSBC acredita que os consumi- dores podem ficar mais cautelosos na hhora de comprar iméveis usados ou trocar de imével. Aalta do custo da obra também é um efeito colateral da inflagdo, explica o analista da Fator, Nos resultados do quarto trimestre, a Cyrela apresentou tuma queda de 3,1 pontos porcentuais em sua matgem bruta de 2010 ante 2009, para 31,4%, devido a uma revisio no custo de obra que geraram um acrés- cimo de R$ 533,6 milhdes no custo orgado. O custo da mao de obra também aumentou devido ao grande némero de langamentos no mercado e 4 demanda © foco do Banco Central esta em conter o crédito de curto prazoe no os financiamentos de longo prazo, como os imobiliarios arco rata Prescerteccanaido aio Ademanda para os lancamentos [por crédito imobilidrio] tem sido muito grande sale cigancas ‘ipurandants enue oO aquecida por profissionais qualificados na construgéo civil Apesar da confianga dos agentes do mercado, a presidente da ABMI (Associagio Brasileira do Mercado lidrio), Virginia Duailibe, diz que ha dividas sobre a continuidade do forte ritmo de crescimento do crédito imobilidrio no longo prazo. a Imol

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