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1 Introdução
Esse trabalho versa sobre transistores de efeito de campo (field effect transistor - FET, do inglês), mais
especificamente, os do tipo metal-óxido-semicondutor-MOS que da junção das siglas inglesas, é
conhecido por MOSFET.
O trabalho começa com uma descrição comparativa detalhada da construção fı́sica e das caracterı́sticas
do MOSFET, comparando seus dois tipos: de enriquecimento e de depleção. Em seguida apresenta
circuitos que se utilizam de MOSFETs e discute suas aplicações como amplificador. Finalmente, aborda
as aplicações básicas em CIs.
A aplicabilidade atual dos MOSFETs é muito grande, já que podem ser fabricados em tamanhos
diminutos, integrando pastilhas de CIs. Como no TJB (Transistor Bipolar de Junção) o MOSFET
controla a corrente entre dois terminais variando a tensão em um terceiro terminal. No caso do MOSFET
isso é feito através da variação de um campo elétrico, propriedade que origina seu nome.
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Figura 1: Estrutura fı́sica do NMOS
Na medida em que VDS aumenta, e se aproxima de VGS , a tensão do canal sofrerá variação de VGS até
a diferença VGS − VDS . Assim não apresentando mais uniformidade no canal, e sim, um estreitamento,
conforme a Figura 2.
Na medida em que aumentamos a tensão VDS o estreitamento do canal do dreno aumenta. Quanto
VDS = VGS −Vt , o canal no dreno torna-se muito superficial, e diz-se que o canal encontra-se estrangulado.
A situação descrita pode ser observada também no gráfico da Figura 3, que apresenta a relação iD versus
VDS .
Um breve comentário deve ser feito sobre o PMOS. Para esse tipo de MOSFET, como já explicado,
ocorre a inversão das posições dos materiais no dispositivo, e consequentemente, a inversão da tensão
para seu correto funcionamento.
Comparamos agora o exposto com o MOSFET tipo Depleção.
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Figura 3: Caracterı́stica iD versusVDS
Considere um NMOS de depleção. Dadas as caracterı́sticas estruturais desse dispositivo, ele não
necessita de uma tensão na porta para a geração do canal, que já existe de fábrica. A questão aqui é
que a condutância do canal pode ser aumentada ou reduzida pela atuação de uma tensão na porta.
Caso apliquemos VGS positivo, o canal tornar-se-á mais condutivo. Caso contrário, mais resistivo,
podendo atingir um valor tal que a corrente iD atinge zero. Essa caracterı́stica é importante para a
utilização do NMOS de depleção como chave. As caracterı́sticas iD versus VDS são similares as do
dispositivo de enriquecimento, exceto que Vt para o dispositivo de depleção NMOS é negativo.
Kn′ = µn Cox
Com µ sendo a mobilidade de elétrons no canal e Cox definido anteriormente.
E que iD para a região de saturação é dado por:
1 ′W
iD = K (VGS − Vt )2
2 nL
A corrente de dreno é proporcional à razão entre a largura (W) e o comprimento (L). Razão essa
conhecida como razão de aspecto do MOSFET. Os valores de W e de L podem ser escolhidos pelo
projetista para que o dispositivo apresente as caracterı́sticas iD versus VDS desejadas.
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Figura 4: Curvas caracterı́sticas de um NMOS Enriquecimento
Como já mencionado, as caracterı́sticas iD versus VDS para os dispositivos do tipo depleção são
semelhantes às do tipo enriquecimento, com a simples exceção de que o valor Vt é negativo.
A Figura 5 apresentam as caracterı́sticas para um NMOS de depleção para o qual Vt = −4V e
Kn′ (W/L) = 2mA/V 2 . Apesar de não explicitada a relação de dependência de iD em relação a VDS , essa
existe e é idêntica à apresentada para o dispositivo tipo enriquecimento.
A Figura 6 mostra as caracterı́sticas iD versus VDS na saturação, indicando os dois modos de operação
(depleção e enriquecimento) que o NMOS de depleção pode assumir..
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Figura 6: Curva caracterı́stica e os modos de funcionamento do dispositivo
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Figura 8: Curva de transferência para o amplificador, com operação em Q
Nela, podemos notar a operação virtualmente linear do circuito para uma estreita faixa nas proxim-
idades do ponto de operação Q, fora da qual a não-linearidade do circuito é acentuada. É importante
notar também a inversão da saı́da em relação à entrada. Quando a amplitude do sinal de entrada atinge
valores muito próximos de VIB ou Vt , ocorrem respectivamente distorção na saı́da (diz-se que o circuito
não tem legroom suficiente) e corte dos picos para um valor constante (o circuito não tem headroom
suficiente). É dever do projetista do circuito escolher um ponto de operação Q intermediário, a uma
distância segura de VDD e de Vt .
O ganho pode ser calculado pelas seguintes equações
W
Av = −RD µn Cox (VIQ − Vt ) (1)
L
VRD
Av = −2 (2)
VOV
onde VRD é a tensão no resistor RD , VIQ é o componente DC do sinal de entrada e VOV é a tensão
de overdrive do transistor.
VG = VGS + RS ID
O resistor age como um estabilizador da corrente ID , razão pela qual chama-se RS de degeneration
resistance. As figuras 10a e 10b mostram um comparativo para o erro cometido pelas duas estratégias
quando os dispositivos têm parâmetros diferentes.
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Figura 9: Operação com tensão de porta fixa
A resistência RG , chamada de resistência de feedback, deve ser alta (da ordem dos M Ω), permitindo
que a tensão no gate seja igual à tensão no drain, uma vez que a corrente IG é nula. Analisando o
circuito, chegamos a
VGS = VDS = VDD − RD ID
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ou
VDD = VGS + RD ID
isso significa que o aumento de ID provoca uma queda de VGS , que por sua vez provoca uma queda de
ID . A influência de RG está no fato de manter ID o mais constante possı́vel. Esse princı́pio assemelha-se
à configuração de feedback negativo no amplificador operacional. Essa configuração pode ser utilizada
como amplificador desde que o sinal de entrada seja aplicado no gate, lembrando que ajustes devem
ser feitos para que as tensões DC (bias do circuito) sejam mantidas, por exemplo, pelo acoplamento
capacitivo da entrada.
(W/L)2
I = IREF
(W/L)1
indicando que a corrente de saı́da depende das caracterı́sticas dos transistores.
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4 Configurações básicas do MOSFET em circuitos integrados
A implementação de resistores em circuitos integrados requer uma área grande do chip. Por esse motivo,
os resistores são, sempre que possı́vel, substituı́dos por fontes de corrente. A essa configuração dá-se o
nome “carga ativa”. As figuras 13a e 13b mostram fontes e sumidouros de corrente.
As outras duas configurações são conhecidas, respectivamente, por ”seguidor de tensão”e ”seguidor
de corrente”, vistas nas figuras 15 e 16.
Os circuitos seguidores de tensão são utilizados como buffers de tensão, permitindo a adição de
cargas sem implicar em queda de tensão e/ou corrente para o aparato posicionado antes do seguidor. Os
seguidores de corrente, por sua vez, agem como buffers de corrente, mantendo o mais constante possı́vel
a corrente no evento de um aumento da carga.
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Figura 15: Amplificador de porta-comum
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(A resistência de saı́da é aproximadamente o valor do resistor de Dreno)
5.2 Amplificador CC
Um amplificador CC é aquele que pode operar até a freqüência zero, sem perda de ganho. A figura 18
apresenta uma das formas de se construir um amplificador deste tipo. Observa-se que o primeiro estágio
é formado por um MOSFET do tipo depleção.
Se neste projeto os MOSFETs tiverem corrente de Dreno de 3mA, cada Dreno fica com +10V . A
tensão de saı́da quiescente é 0V .
(a) Circuito Amplificador Classe C, utilizando VMOS (b) Circuito de acionamento de motor DC, utilizando
VMOS
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5.4 Circuito Acionador Sensı́vel ao Toque com FET de potência
No circuito da figura 19 temos o acionamento de um relé, ou mesmo outro tipo de carga com um MOSFET
de potência.
A elevadı́ssima resistência de entrada desse dispositivo possibilita seu acionamento diretamente pelo
toque no sensor. O resistor R1 determina a sensibilidade do circuito.
O relé empregado depende apenas da alimentação, que deve ser de pelo menos 12V , pois os MOSFETs
de potência operam melhor com tensões mais altas.
Para o acionamento direto de uma carga de potência, o MOSFET deve ser montado em um radiador
de calor.
Referências
[1] Alceu Alves. Apostila de Eletrônica II. Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Estadual
Paulista, 2006.
[4, 1, 3, 2]
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