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Com o advento da conferência de Berlim (1884/1885), Portugal foi forçado a realizar a

ocupação efectiva do território moçambicano. Dada a incapacidade militar e financeira


portuguesa, a alternativa encontrada foi o arrendamento da soberania e poderes de
várias extensões territoriais a companhias majestáticas e arrendatárias. Companhia de
Moçambique e a Companhia do Niassa são os exemplos típicos das companhias
majestáticas. Companhia da Zambézia, Boror, Luabo, sociedade do Madal, Empresa
agrícola do Lugela e a Sena Sugar Estates perfazem o exemplo das de companhias
arrendatárias.

O sistema de companhias foi usado no Norte do rio Save. E, estas dedicaram-se


principalmente a uma economia de plantações e um pouco do tráfego de mão-de-obra
para alguns Países vizinhos. O Sul do Rio Save (províncias de Inhambane, Gaza e
Maputo) ficou sob administração directa do Estado colonial. Nesta região do País foi
desenvolvida basicamente uma economia de serviços assente na exportação da mão-de-
obra para as minas sul-africanas e no transporte ferro-portuário via Porto de Maputo.
Estada divisão económica regional explica a razão da actual simetria de
desenvolvimento entre o Norte e o Sul do País.

O Governo português, impunha igualmente, que o corpo administrativo fosse da maioria


portuguesa e exigia o privilégio de rectificar as leis e regulamentos a serem aplicados no
território sob jurisdição da Companhia. Entre outras de menor importância, as
Companhias Arrendatárias de Prazos mais significativas, foram:

- Companhia da Zambézia, (1898)

- Companhia do Borror e a Companhia do Luabo, (1904)

- Societé du Madal, (1906)

- Empresa Agrícola do Lugela e (1920) Sena Suger Estates.

Companhia da Zambézia

A Companhia da Zambézia, fundada em Maio de 1892, constituída por 126 dos 134
prazos existentes no Distrito de Tete, não possuía privilégios majestáticos, mas era antes
de tudo “ (…) uma máquina de conquista das terras insubmissas dos Distritos de Tete
(em especial a norte do Zambeze) e depois de Quelimane (…)”, com a finalidade de
explorar o mussoco e o trabalhador local. Assim, não será de estranhar que a FRELIMO
interprete estas como companhias que “(…) fizeram a exploração económica e política
do povo moçambicano durante os anos das suas concessões e mesmo depois (…)”. Esta
retrospectiva histórica ilustra que, no actual território de Moçambique, as relações
diárias entre portugueses e indígenas nem sempre foram as melhores, sendo muitas
vezes pautadas por lutas sangrentas, dada existir resistência da parte de alguns povos
rebeldes e sublevados à afirmação da soberania Portuguesa, assim o comprovando o
elevado número de acções armadas desencadeadas para imposição ou restabelecimento
da mesma. Por forma a ultrapassar os problemas levantados por uma população das
mais diversas origens e etnias, era fundamental para o Poder português conhecer os
povos que habitavam o vasto território sobre o qual tinham, mas não exerciam de facto,
direitos de soberania».

A primeira ''sociedade'' (1878) a quem foram feitas concessões em Moçambique, na


região do rio Zambézia, foi a ''Societé des Fundateurs de la Companie du Zambeze'',
organizada pelo oficial do exército português, Joaquim Carlos Paiva de Andrade, que
explorou as minas de carvão de Tete, falidas em 1883. O Governo português, exigiu o
direito de receber 10% dos dividendos distribuídos e 7,5% dos lucros líquidos totais, e a
garantia de recuperação do território pelo Estado, uma vez expirado o prazo do contrato,
findo em 1942. A Companhia obrigou-se, ainda, a manter, estatutariamente, a
nacionalidade portuguesa e a sua sede em Lisboa.

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