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Abril 2011
Reflexão – modelos conceptuais e ideológicos de enfermagem em urgência
RESUMO
A urgência, caracteriza-se pela multiplicidade do tipo de doentes que recorrem à
mesma, enquanto muitos necessitarão de cuidados mais focalizados na descompensação
física, outros necessitarão de cuidados mais focados na descompensação psicológica ou
social ou então holisticamente necessitarão de cuidados que englobem abordagem
complexa com abrangência de todos os sistemas. A aplicação dos modelos teóricos de
enfermagem, nestas circunstâncias torna-se uma tarefa complicada, pois não há
adequação de apenas um modelo na sua integridade como sendo o mais acertado, e
também não existe nenhum modelo criado apenas para a adequação à urgência ou
doente crítico. Faz parte da evolução da enfermagem, a criação de modelos teóricos,
pois são estes que guiam a nossa prática na acção, naturalmente criados pela reflexão na
acção e por isso mesmo, quando as teorias deixam de se adequar às práticas, quer pela
evolução das mesmas ou quer por alguma mudança das circunstâncias ou da sociedade,
colocam-se de lado e criam-se outras.
Palavras-chave: Modelo teórico, evolução de enfermagem, reflexão
ABSTRACT
The emergency care unit is characterized for its multiplicity of people
pathologies that appeal to it, while many need focused cares in the physical needs,
others will need cares more focused in the psychological or social needs or then in
a holistic approach they will need cares that embrace a complex boarding with
focus to all the systems. The application of the theoretical models of nursing, in
these circumstances becomes a complicated task, therefore it doesn’t have
adequacy of only one model in its integral way as being the most correct, and also
it does not exist no model made only for the adequacy to the emergency or critical
care. It is part of the nursing evolution, the creation of theoretical models, they are
the guide to the practice, of course created by the reflection in action and
therefore, when the theories are no longer adjusted to the practices, caused either
by its evolution or for some change of the circumstances or of the society, they are
discarded and created others.
Key Words: Nursing theory, nursing evolution, reflection.
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Mestrado em Enfermagem Médico – Cirúrgica
Reflexão – modelos conceptuais e ideológicos de enfermagem em urgência
ÍNDICE
1- INTRODUÇÃO 4
2- CONTEXTUALIZAÇÃO 5
3- CONCEPTUALIZAÇÃO 6
4- REFLEXÃO 15
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Mestrado em Enfermagem Médico – Cirúrgica
Reflexão – modelos conceptuais e ideológicos de enfermagem em urgência
1- INTRODUÇÃO
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Mestrado em Enfermagem Médico – Cirúrgica
Reflexão – modelos conceptuais e ideológicos de enfermagem em urgência
2- CONTEXTUALIZAÇÃO
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3- CONCEPTUALIZAÇÃO
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é referido em George (2000), a enfermagem pode ser encarada como sendo uma relação
interpessoal, uma vez que envolve a relação de duas ou mais pessoas, visando uma meta
comum. Era este o meio pelo qual se atingia a cura para os doentes, através da discussão
e do reconhecimento dos problemas, com estabelecimento de metas por acordo mútuo
até a resolução dos mesmos. Relação esta que se desenvolvia, especificamente com o
doente, ignorando o seu ambiente, meio social comunidade ou família, como referido
em George (2000).
3.2.2 Virgínia Henderson
A definição de Virgínia Henderson (1955) da enfermagem citada por
[ CITATION Geo00 \p 62 \l 2070 ] “ A enfermagem, basicamente, é o auxílio ao
indivíduo (enfermo ou em boas condições) na realização daquelas actividades que
favorecem a saúde ou a sua recuperação (ou morte tranquila), que ele faria sozinho,
caso tivesse força, a vontade ou o conhecimento necessário. É, da mesma forma,
singular contribuição da enfermagem, a de auxiliar a pessoa a tornar-se independente
desse auxílio o mais breve possível” contém a essência pelo que a enfermagem é
conhecida hoje. Constituída por 14 necessidades essenciais.
Na reflexão sobre as necessidades, conseguimos perceber que, o enfermeiro
apenas vai centrar a sua atenção sobre a necessidade afectada, substituindo a pessoa
nessa actividade, até que se torne independente. Baseados em aspectos físicos e
emocionais do indivíduo, segundo George (2000), reconhece uma falha importante na
concepção desta teoria, como sendo a falta de articulação entre as necessidades
agrupadas nestes dois grupos dos aspectos fisiológicos e as características humanas.
Fica portanto por apresentar um conceito holístico, sendo vago a forma como
Henderson articula entre si estas necessidades e por sua vez com o cuidado de
enfermagem.
Sabemos no entanto, que ainda hoje são usadas as 14 necessidades básicas para
fazer o levantamento dos diagnósticos de enfermagem, contribuindo para um cuidado
de qualidade, tanto na promoção, prevenção ou recuperação da saúde.
3.2.3 Dorothea Orem
A teoria de Dorothea Orem do autocuidado, segundo Meleis (2007) é a que tem
sido mais discutida e usada em Enfermagem. Segundo George (2000), nesta teoria o
enfermeiro providencia a assistência necessária à pessoa, quando esta é incapaz de
desenvolver o autocuidado, fazendo uma excepção adaptada às crianças, em que os
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doente como sendo um sistema comportamental. Assim sendo, define-se que a medicina
tem o seu enfoque na parte biológica do doente enquanto que a enfermagem apenas se
concentra na parte comportamental.
Apoia de certa forma as suas ideias nas concepções de Nightingale, notando-se à
semelhança desta o distanciamento directo da doença, no entanto enquanto Nightingale
se focava nas questões ambientais, Johnson referia-se ao comportamento como factor
controlador da doença. George (2000) refere que, a actuação da enfermeira recai sobre o
comportamento da pessoa, promovendo uma conduta eficiente e eficaz de modo a
prevenir a doença, apoiando-se também na Medicina e no modelo do sistema biológico,
enfoca a doença em si mesmo.
Meleis (2007) abordando a teoria de johnson, refere que o doente é então
reconhecido como um sistema comportamental, com múltiplos subsistemas, sendo
imperativo por parte da enfermagem, reconhecer aqueles que possam estar
dequilibrados podendo potêncialmente provocar uma doença ou a hospitalização.
Segundo ainda o mesmo autor (2007), a teoria de Johnson fornece uma definição muito
útil de pessoa, saúde, problemas de enfermagem, tratamentos de enfermagem, mas não
dá nenhum tipo de definição de processo de enfermagem, interacção ou ambiente.
Denota-se portanto que nesta teoria, existe um senão que se prende com o facto
de que a enfermagem apenas actua perante o reconhecimento de instabilidade, isto é,
apenas no processo de doença e não num estado de saúde para a promoção da mesma,
não tendo sequer em conta a parte fisiológica da pessoa.
3.2.5 Faye Glenn Abdellah
Conhecida pelos vinte e um problemas de enfermagem, desenvolveu o seu
trabalho com o objectivo em promover um cuidado abrangente e centralizado no doente.
Citando [ CITATION Geo00 \p 119 \l 2070 ] “…a enfermagem é baseada na arte e na
ciência moldada nas atitudes, na competência intelectual e nas habilidades técnicas
individuais da enfermeira, visando o desejo e a capacidade de ajudar pessoas, doentes
ou sadias, a enfrentarem as suas necessidades de saúde.”
Segundo Tomey & Alligood (2006), Abdellah pegou nas catorze actividades de
vida de Virginia Henderson e através da investigação em enfermagem, estabeleceu a
classificação dos problemas de enfermagem. No entanto difere de Henderson pelo facto
de estes problemas estarem focalizados nos cuidados de enfermagem, os quais são
usados para determinar as necessidades do doente.
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Esta intervenção, caracteriza-se por ser num momento preciso e não prolongada
no tempo, foca-se em demasia à resolução do problema imediato, descurando aqueles
que pela sua complexidade se prolongam, assim como refere George (2000). Uma das
características mais importantes na teoria de Orlando, como refere ainda este autor, é
que raramente os diagnósticos elaborados pela enfermagem estão errados, pois as
intervenções e a clarificação do comportamento do doente são continuamente
reavaliadas e ajustadas até à resolução do problema.
3.2.7 Imogene M. King
Segundo George (2000), King assentou o seu modelo conceptual, numa estrutura
de sistemas abertos. Este modelo que se baseia em quatro conceitos entre eles, os
sistemas sociais, a percepção, as relações interpessoais, a saúde como um processo
interactivo, irá servir de base para o desenvolvimento da teoria da obtenção de metas.
Os conceitos dos sistemas pessoais são a percepção, o ser, a imagem corporal, o
crescimento e o desenvolvimento, o tempo, o aprendido e o espaço. Os conceitos dos
sistemas interpessoais são o papel, a interacção, a comunicação, a transacção e o stress.
Os conceitos dos sistemas sociais são a organização, o poder, a autoridade, o status, a
tomada de decisão, o controle e o papel.
Esta teoria centra-se no sistema interpessoal e nas interacções que têm lugar
entre indivíduos, particularmente na relação enfermeira-doente. No processo de
enfermagem,cada membro da díade percebe o outro, faz juízos e toma atitudes. Em
conjunto essas actividades culminam em reacção. Daí, resulta a interacção e, se houver
congruência perceptual e as perturbações forem conquistadas, ocorrem as transacções.
O sistema é aberto para permitir o feedback, porque cada fase da actividade influencia
potencialmente a percepção.
Citando [ CITATION Geo00 \p 178 \l 2070 ] “A enfermagem é definida como
um processo de acção, reacção e interacção pelo qual a enfermeira e o cliente
compartilham informações sobre as suas percepções na situação de enfermagem” (King,
1981)
Os cuidados de enfermagem, pressupõem sempre uma intecâmbio relacional
com o doente, pelo que se apresenta como uma limitação, a qual é reconhecida por
King, como referem Tomey & Alligood (2006) quando dizem que a teoria tem sido
criticada por não se poder aplicar-se em áreas de enfermagem em que os pacientes são
incapazes de interactuar devidamente com a enfermeira.
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4- REFLEXÃO
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ao máximo da subjectividade, poderá resultar na utilização de uma teoria que não seja
tão verdadeira às premissas e proposições da mesma e o contrário é igualmente verdade.
Assim, na escolha de um modelo tórico de assistência, devemos obter
informações básicas, que permitam prever o grau de envolvimento do doente no seu
tratamento, algumas estratégias que possam ser mais úteis para este e o grau de
articulação com outros profissionais que a situação possa necessitar. Esta fase
preliminar auxilia direccionar e a estabelecer prioridades na colheita de dados e definir
qual modelo poderá ser mais congruente às condições do cliente.
A análise de selecção do modelo leva também em consideração que alguns são
mais aplicáveis a indivíduos, outros à família e outros à comunidade, alguns
pressupõem as acções centradas no enfermeiro, enquanto outros favorecem o
autocuidado e outros centram os cuidados no doente.
Faz-me então sentido fazer inicialmente uma divisão das teorias de enfermagem,
segundo os paradigmas criados por Kérouac (2007), de categorização, integração e
transformação, simultaneamente nas escolas de pensamento a eles associados para
posteriormente estreitar a selecção para as teorias integradas em cada um deles. Assim:
O paradigma da categorização não tem escola de pensamento associada, uma
vez que se tomava o problema de forma isolada, descontextualizando-a do
doente como um todo, tomando como foco de atenção apenas a parte.
O paradigma da integração, caracteriza-se pela orientação dos cuidados de
enfermagem para a pessoa tomando-o como um todo em inter-relação consigo e
com o ambiente que o rodeia. Compreende as escolas das necessidades, dos
efeitos desejados, da interacção e da promoção da saúde
Paradigma da transformação, que compreende as escolas do ser humano unitário
e a escola do cuidar, dentro desta óptica a pessoa é considerada como
um ser único cujas múltiplas dimensões formam uma unidade, este ser íntegro e
único é indissociável do seu universo. A pessoa está relacionada com o
seu interior e com o seu exterior.
Tendo feito esta divisão, para continuar vou ter que responder às perguntas
chave:
Que fazem os enfermeiros?
Como fazem os enfermeiros?
Porque fazem os enfermeiros?
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estaria mais sujeito a estímulos externos como sendo agentes infecciosos, ou se está
acamado, etc.
Seguidamente ou simultaneamente levanta diagnósticos de enfermagem,
relacionados com os sinais e sintomas como por exemplo hipotensão e anúria em
consequência com choque séptico, com atingimento multiorgânico, intervindo-se
através da administração de fluidos e vasoconstritores, o que se traduz em estímulos que
estimulam uma resposta adaptativa. De imediato estipulam-se metas de aumento da
tensão arterial para os estímulos fornecidos e caso as respostas adaptativas não sejam as
adequadas, reavalia-se toda a situação adaptando os estímulos à nova situação. As
avaliações são sistemáticas e continuadas com o objectivo de verificar a eficácia das
acções de enfermagem implementadas.
Este exemplo, foi um exercício para mim próprio, de forma a validar a
aplicabilidade do modelo de Roy, que me parece ajustada à realidade.
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5- CONCLUSÃO
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BIBLIOGRAFIA
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